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Identificação dos recursos mobilizados e apresentação das limitações do

IV. Enquadramento Metodológico do Estágio

4.4. Identificação dos recursos mobilizados e apresentação das limitações do

A conceção de um projeto, independentemente da sua área de ação, implica a mobilização de recursos de diversas naturezas que devem ser previstos aquando o planeamento do mesmo. De que adianta definir estratégias e atividades imponentes se, no contexto real de ação, não há recursos materiais, físicos e outros para garantir a sustentabilidade e operacionalização das mesmas? Por tal, na fase de conceção do projeto e inclusive durante o diagnóstico de necessidades, tive sempre preocupação em perceber se o que antecipava e planeava era, na realidade, operatório. Deste modo, evitava constrangimentos desnecessários. Como desenvolver um espaço de mediação através da criação de um gabinete se a instituição não fosse dotada de infraestruturas suficientes para tal? Questões semelhantes foram sempre tidas em atenção e deste modo, as estratégias que defini gozaram de uma garantia de acessibilidade no que respeita os recursos físicos e não só. Esta questão foi sempre gerida entre mim, a coordenadora da instituição e a minha Acompanhante, responsável do projeto “Laços”, assegurando-se os meios necessários para o pleno desenvolvimento do meu projeto de estágio. Sublinho a preocupação constante da coordenadora da instituição, que desde o primeiro contacto me deixou completamente à-vontade para solicitar o que fosse necessário, afirmando que o que estivesse ao alcance dela e da instituição, me seria de imediato facultado, para que eu usufruísse de todas as condições basilares para incrementar o referido estágio com qualidade. Nesse sentido, fui sempre questionando e pedindo autorização para ter acesso a esses recursos e neste sentido, não tenho qualquer crítica, constrangimento ou limitação a apontar.

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Apesar do registado, julgo que os recursos vão muito mais para além das infraestruturas e de todos os materiais físicos que me foram disponibilizados. Por isso, saliento que valores como a colaboração, vontade de integração, entreajuda, disponibilidade, atenção, auxílio permanente entre muitos outros, foram “recursos” que encontrei nesta instituição e que sei que me foram incansavelmente disponibilizados ao longo dos meses em que estive inserida na instituição. Foram não só essenciais para o desenvolvimento do meu projeto mas também para o meu desenvolvimento pessoal e profissional. De modo geral, todos os colaboradores desta instituição, desde o presidente às senhoras da limpeza, me facultaram estes “recursos”, o que me manteve motivada, empenhada, interessada, com vontade de retribuir todo este envolvimento com um trabalho de qualidade.

Para além disto, a instituição assegurou outros recursos como um gabinete de mediação, mesas, cadeiras, computadores, acesso à internet, fotocopiadora, impressora, material escolar (como capas, canetas, lápis, marcadores, folhas, cola, etc), armários para guardar a documentação relativa ao meu projeto, salas, telefones, auditório de conferências, entre outros. Sempre me deixaram à- vontade para usar todos os espaços da instituição o que favoreceu em muito a minha integração na mesma.

No entanto, o meu projeto de estágio foi alvo de algumas limitações aquando a sua implementação. Essas limitações fizeram-me repensar sobre algumas atitudes e posturas pessoais. Será que eu não podia ter feito mais e melhor? Será que se eu fizesse de modo diferente, estas limitações não teriam sido despoletadas? Será que eu fui, de facto, uma boa profissional? Dediquei muito tempo a refletir sobre estas e outras inquietudes mas nunca consigo obter uma conclusão clara. Mas uma certeza tenho: dei o meu melhor, mesmo nos momentos mais complicados e perante os constrangimentos que surgiram ao longo destes meses. A verdade é que, a nível pessoal, este ano foi demasiadamente difícil e sei que, dentro das minhas próprias limitações, dei tudo para não transparecer os meus problemas pessoais para o contexto profissional.

Neste sentido, sublinho como primeira limitação identificada a baixa adesão à reunião de divulgação, promoção e levantamento de expetativas/necessidades relativas ao meu projeto de estágio e consequentemente ao projeto “Laços”, realizada a 31 de Janeiro de 2014. A reunião foi devidamente convocada por escrito (cf. apêndice 30), convocatória essa entregue com a devida antecedência a todos os pais cujos filhos frequentam a instituição (desde o jardim de infância ao CATL). Os colaboradores da instituição também foram convidados para estarem presentes. No entanto, a adesão do público foi muito baixa. A coordenadora e respetivas educadoras já me tinham informado de que, normalmente, os pais não se envolvem nestas iniciativas e os presentes são sempre muito poucos e,

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por norma, são sempre os mesmos. Apesar de já estar preparada para esta limitação mantive sempre a esperança de que íamos conseguir ter o auditório composto, até porque o tema era novo e poderia despoletar curiosidade. Isso não aconteceu mas de frisar que os presentes mantiveram uma postura muito ativa, questionaram e mostraram interesse pelo nosso trabalho, pela nossa área. Esta limitação foi deveras limitadora. Era realmente importante que os convocados estivessem presentes pois teriam possibilidade de conhecer a mediação, o projeto “Laços” e as minhas intervenções no âmbito do estágio. Deste modo, o gabinete poderia ter sido mais dinamizado, o projeto “Laços” podia ter mais procura, eu poderia ter chegado a mais casos e a mediação tinha oportunidade de ganhar espaço no âmbito daquele contexto.

Uma segunda limitação experienciada remete-nos para o pouco conhecimento acerca de Mediação. Esta limitação foi constante e teria sido facilmente ultrapassada se os implicados tivessem estado presentes na reunião realizada em Janeiro uma vez que, tanto eu como a minha Acompanhante, elaboramos uma cuidada apresentação em que explicamos o que é a mediação, quais as suas áreas de intervenção e como a mesma se processa. Esta limitação foi observada fundamentalmente no que respeita a alguns colaboradores da instituição. No entanto, sempre que eu era associada a “psicóloga”, tinha o cuidado de explicar que essa associação não era adequada, justificando de forma breve a minha forma de atuação. Apesar de observar que as pessoas a determinado momento até começavam a compreender qual era a minha função e profissão, senti que a mediação não era completamente valorizada por todos. Para colmatar esta necessidade o ideal seria desenvolver uma formação sobre mediação direcionada para os colaboradores da instituição, em especial para as educadoras; no entanto, as limitações de tempo não me permitiram. Por isso, de forma a atenuar esta limitação, sempre que possível fazia alusão a minha área, explicava que a colaboração das educadoras era importante para a sinalização de alguns casos e a verdade é que, especialmente uma educadora, teve em atenção esse meu discurso. No entanto, senti que especialmente o gabinete podia ter sido mais valorizado.

Por último, outro aspeto limitador que posso apontar foi o tempo. No início do ano tinha a sensação de que provavelmente as estratégias que tinha planeado seriam insuficientes. Agora percebo que esse entendimento era realmente fruto da minha inexperiência. O tempo passou literalmente a voar e o estágio foi rapidamente concluído. Popularmente diz-se que “as coisas boas acabam rápido”, talvez seja este o motivo responsável por ter despoletado em mim esta sensação. Efetivamente, não tenho dúvidas de que gostei muito do trabalho que desempenhei. Mas queria mais, queria fazer mais

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mas o tempo não o permitiu. Os dias parecem durar duas horas, as semanas passam como se fossem dois dias e os meses acompanham a mesma lógica.

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V. Apresentação e Discussão do Processo de Intervenção/Investigação

“A mediação não é boa ou má em si mesma, é o que dela fazem os atores” (Bonafé-Schimitt, 2006, p. 38). É chegado o último capítulo do relatório de estágio, o que não lhe retira importância, muito pelo contrário. Pretendo, nesta secção, elucidar o leitor sobre as atividades desenvolvidas e as minhas formas de intervenção, apresentando-as e analisando-as de forma mais particularizada de acordo com os objetivos que foram definidos e com os referenciais teóricos mobilizados no capítulo III. A minha intervenção-investigação e as estratégias que criei e implementei para a dotar de sentido foram já, de certo modo, apresentadas ao longo dos capítulos anteriores. No entanto, neste capítulo faço uma apresentação mais sistematizada e completa de todo o processo de estágio.

Assim, são objeto de apresentação e análise as diversas atividades desenvolvidas e as estratégias mobilizadas.