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Para identificarmos as unidades de análise, após alguns ensaios com a preposição para, tomamos como premissas os seguintes critérios resultantes das observações sobre a constituição de manuais técnicos (capítulo3):

- manuais técnicos são constituídos de seqüências textuais cuja finalidade é a de alcançar resultados; tematizam um objeto técnico;

- os recursos de linguagem devem atender às forças do propósito comunicativo, ou seja, a de levar alguém a realizar algo;

- devem evidenciar necessariamente a terminologia da área e as estruturas de texto que manifestam as características da prescrição.

Considerando as três características dos manuais técnicos: finalidade, condução à execução de algo, evidência de terminologia, estabelecemos a busca de unidade de análise que contivesse as seguintes expressões, com traços de injunção – fazer o outro realizar algo:

(a) PARA e estruturas equivalentes: a fim de (loc. prep.), para que (loc. conjunt.), a fim de que (loc.conjunt.);

(b) PARA em início ou em meio de frase; (c) Se, expressão condição para realizar algo; (d) É PRECISO

(e) É NECESSÁRIO

Além desses indicativos para as buscas das unidades de análise, propusemos a busca dos seguintes itens:

- itens com verbo no infinitivo, (considerando as possibilidades de realização delocutivas);

- verbo no infinitivo seguido de substantivo com determinante - verbo no infinitivo com substantivo sem determinante;

- verbo no infinitivo precedido de adjetivo ou particípio. (Ver Apêndice C De todas as buscas realizadas, a preposição para demonstrou maior incidência.

5.2.1 Fraseamentos e termos

Com o tratamento do corpus no Unitex, foi possível realizar os fraseamentos, ou seja, a segmentação necessária para a continuidade dos processos de busca e extração. No período de exame desses segmentos, um segmento chamou-nos a atenção:

(2)

Este conector, localizado próximo ao Buzzer, é utilizado para conectar o módulo de leitura de código de

barras (GND marrom, SEM vermelho, +5 laranja e NC não conectado). (02_manual NeoTempus)

Ora, o segmento acima apresenta características concernentes ao ambiente textual e às condições discursivas como vimos no capítulo anterior. Além dessas características, o segmento evidencia uma das razões da investigação. Ele contém uma estrutura marcada pela preposição PARA. Conforme veremos na seção seguinte, essa preposição apresenta características semânticas que relacionadas aos estudos dos papéis semânticos em Berg (2005), indicam traços semânticos que são incorporados pelo segmento. Na composição do manual, esse segmento tem um papel que ultrapassa a frase, pois:

(a) está imbricado numa situação de comunicação especializada;

(b) explicita a prescrição do que deve ser realizado e empiricamente constitui componente do gênero textual manual técnico;

(c) evidenciam a modalidade delocutiva do discurso;

(d) formam parte de um sistema estruturado sintático-semântico; (e) são recursivos nos manuais.

Essas características apontadas conduziram-nos a retomar o termo fraseamento como um construto para esta tese. Assim, quando o utilizarmos, estaremos considerando os componentes arrolados acima. Se fosse o caso de defini-lo, faríamos a partir dos traços apontados. Assim, fraseamento empregado no contexto desta tese é:

fraseamento:

unidade lingüística que integra uma situação de comunicação especializada indica traços do gênero textual manual técnico, evidencia uma modalidade discursiva, está estruturado sintática e semanticamente e é recursivo nos manuais técnicos.

Assim, fraseamento é identificado nesta tese como o habitat privilegiado dos termos, revela as condições de engendramento das unidades terminológicas, promovendo a ativação dessas unidades que ocupam no sistema lingüístico o nível de unidades léxicas ou semióticas.

5.2.2 A preposição para

A preposição para é relevante ao nosso estudo em razão de ela indicar fatores de finalidade.Em estudo léxico-semântico, Berg (2005) demonstra que as preposições têm sentido e podem exercer papel temático no contexto lingüístico em que se encontram. Especialmente com relação à preposição para, a autora indica quatro classes de propriedades semânticas para a preposição para (ibid., p.111). Seguem as classificações e os exemplos dos estudos de Berg:

• Classe 1: afetado

(87) a. A mãe distribuiu balas para as crianças.

b. Antônio deixou os bens para os filhos.

• Classe 2: estativo-alvo

b. Ele viajou para Paris.

• Classe 3: estativo-beneficiário

(89) a. O padre rezou para os desagregados.

b. Paulo resolveu o problema para os credores.

• Classe 4: estativo-finalidade

(90) a. O técnico treinou os atletas para a competição.

b. Antônio adestra cães para caça.

• Classe 5: estativo-tempo

(91) a. Ele marcou a consulta para três horas.

b. Ele transferiu a festa para a noite.

Embora o estudo tenha se limitado às frases simples (período), as categorias apresentadas colaboram com a percepção que tínhamos ao tratar dos dados. Levando em conta o contexto da preposição nos manuais, percebemos que ela vincula-se ao tipo de texto injuntivo que é texto da prescrição. De acordo com a investigação de Berg (2005), um dos traços semânticos da preposição é o estativo da finalidade.

Constatamos no corpus que a preposição para, realização tanto em início de frase, quanto no interior (em meio de frase). Além disso, ela acolhe as possibilidades de alternação entre a voz passiva e a voz ativa da frase. Esse aspecto gramatical está relacionado ao modo de organização do discurso. Especialmente nos mais, a interessante construção com a preposição, as ações articuladas por ela e a evidência que os o(s) objeto(s) recebe nas estruturas com a preposição para, permitem que a coloquemos em evidência como um

Marcador de Finalidade na estrutura mediada ou comandada por ela. Seguem alguns exemplos do corpus.

(3)

E para inserir uma nova marcação, clique no botão Nova, e digite a nova marcação.

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Os botões localizados na parte inferior da tela são utilizados para localizar um funcionário, pelo nome ou matrícula, visualizar o cadastro, imprimir o crachá e sair da tela.

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Para bloquear um colaborador no relógio, deve-se apagá-lo da memória utilizando a própria função TxFuncionario, bastando para isso, colocar no Código da escala de trabalho e no Parâmetro o valor 255.