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OU ACOLHIMENTO EFETIVAÇÃO DA CONSULTA,

5 RELATO, DISCUSSÃO E AVALIAÇÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA E ASSISTENCIAL

5.3 Apresentando os encontros desenvolvidos com os trabalhadores

5.3.3 II Encontro para o Diálogo

A segunda oficina aconteceu no dia da reunião do planejamento mensal do mês de setembro, onde estavam reunidos todos os trabalhadores da ULS. Após o término das discussões sobre a pauta do mês, iniciamos o diálogo sobre o PDA Programa Docente Assistencial. Inicialmente, os acadêmicos explicitaram o tema a ser abordado e o motivo de escolha deste. Participaram além dos trabalhadores, os acadêmicos de medicina que fazem estágio na ULS, totalizando 28 participantes.

Foi proposta uma dinâmica de aquecimento e integração, chamada Dinâmica do Nó (VIZZOLTO et al, 1995) no qual as pessoas ficam de pé e dão as mãos. Cada um deve prestar atenção em quem está do seu lado direito e esquerdo. Em seguida, as pessoas soltam as mãos e, ao sinal do facilitador, saem andando pela sala. Quando o facilitador dá um novo sinal, os participantes param onde estão e voltam a dar as mãos para os mesmos colegas que estavam de mãos dadas antes, formando-se um nó. O facilitador pergunta então se as pessoas podem desfazer o nó, só que não podem soltar suas mãos.

Para conseguir cumprir com o objetivo da dinâmica, o grupo tem que trabalhar em conjunto, prestando atenção nos movimentos uns dos outros e entendendo, ritmo e limitações de cada participante. Todos participaram com entusiasmo, conquistando o objetivo proposto. A partir disto, mostraram-se mais à vontade, entrosados e falantes, quebrando a formalidade do momento.

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Com todos sentados em um grande círculo, iniciamos então com a teorização sobre Programa Docente Assistencial - PDA. Abordamos um pouco da história, surgimento e como era o projeto inicial, de acordo com o material fornecido pela coordenadora da ULS e com informações obtidas na conversa com o Prof. Dr. Marco Aurélio Da Rós, docente do Departamento de Saúde Pública da UFSC, um dos organizadores do PDA. Após breve explanação, foi dada a palavra para a Professora Dra. Maria de Fátima Marques da Silva, também docente do Departamento de Saúde Pública da UFSC, que atua na ULS com acadêmicos de medicina por intermédio do PDA, ela foi a nossa convidada para falar sobre o funcionamento do PDA na prática e ainda sobre as mudanças curriculares dos cursos superiores da área de saúde com a implementação do programa.

Reconhecemos que enquanto facilitadores devemos preservar o exercício de respeitar à autonomia, à dignidade e a identidade de cada indivíduo. Esses atributos [...] fazem parte da dimensão individual e da classe dos educandos cujo respeito é absolutamente fundamental na prática educativa progressista (FREIRE, 2005, p.42). A partir de um círculo realizado pelos facilitadores, tivemos a oportunidade de subsidiar uma [...] ação dialogal entre educadores-e-educandos (BRANDÃO, 1993, p.24) fortalecendo [...] uma atividade comum em que todos se ensinam e aprendem (BRANDÃO, 1993, p.43).

Os trabalhadores ouviram atentamente, fazendo poucos comentários. Ocorreu uma exceção com um dos participantes que foi quem mais fomentou o problema eleito, porém se demonstrou desinteressado ao longo do encontro, ausentando-se antes do fim deste.

Seguindo com a teorização (TACLA, 2002), foi promovida uma nova dinâmica: Quem parte e reparte, fica com a melhor parte (BACKES et al, 2004), em que numa caixa colocamos vários fragmentos de textos sobre PDA (anexo F) em papéis coloridos. A caixa ia passando no círculo e cada um do grupo retirava um destes fragmentos, lia em voz alta para repartir com os outros e dizia se concordava ou discordava do que estava escrito. Os fragmentos tratavam do conceito do programa, suas funções, metas e atribuições. Alguns foram modificados para que ficassem errados, no sentido de promover uma manifestação do conhecimento primeiramente do leitor e depois do grupo sobre o assunto, promovendo um debate.

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Quando todos haviam terminado, finalizamos a conversa pedindo que pensassem em uma ponte. De um lado da ponte estaria a realidade vivenciada, com os problemas relacionados ao PDA e do outro lado estaria o que gostaríamos de estar vivenciando, a realidade transformada. Para chegar lá, foi proposta a construção de hipóteses de solução (TACLA, 2002) para estes problemas, como se fossem blocos de tijolos que constroem o caminho para alcançar o outro lado. Após uma reflexão, os trabalhadores levantaram as seguintes hipóteses:

Receber um salário diferenciado ou um abono salarial por trabalhar em conjunto com o PDA.

Apesar de saberem que é uma conquista de difícil obtenção, os trabalhadores colocaram que seria motivador e daria mais vontade de trabalhar se estivessem recebendo um pagamento para fazerem mais essa atividade, além de sua ocupação usual. Ainda foi avaliado pelos acadêmicos que os mesmos não se sentiriam mais uma responsabilidade dos trabalhadores, como se estivessem atrapalhando ou aumentando a carga de trabalho dos outros, já que estariam recebendo para contribuir na formação profissional.

Trabalhadores participarem da elaboração do cronograma dos acadêmicos.

Tal ação foi considerada parte importante para uma melhor aceitação do PDA, já que todos distribuiriam os horários e atividades em conjunto, não havendo uma imposição do trabalho como acontece atualmente, já que o cronograma vem pronto para os trabalhadores.

Valorização dos trabalhadores.

Principalmente os acadêmicos enfatizaram a importância que deve ser atribuída aos trabalhadores, os quais são parte fundamental na melhoria da qualidade do processo de formação acadêmica. Faz-se indispensável aos acadêmicos a inclusão no campo de trabalho, para alcançar uma formação diferenciada e comprometida com a população, e os trabalhadores que estão ali inseridos são elementos chave deste processo.

Foram avaliadas as hipóteses de solução (TACLA, 2002) que poderiam ser aplicadas à realidade neste momento, já que entendemos que estas deveriam transformá-la. A

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primeira e terceira hipótese de solução são de conquista em longo prazo. A primeira é dependente de uma esfera maior, através de políticas de saúde que valorizem os trabalhadores, e a terceira depende de uma mudança de atitude e consciência por parte dos acadêmicos que estão em campo. Para tal, foi promovido o debate sobre o assunto ainda no momento do Encontro. Já a questão de montar o cronograma dos acadêmicos em conjunto com os trabalhadores, só será possível a partir do próximo ano, e ficou sob responsabilidade dos trabalhadores o pedido de tal ação.

Ao final, questionamos o que os participantes tinham achado do Encontro e se tinham sugestões para os próximos. A avaliação foi positiva, os participantes que deram opinião colocaram que achavam importante ter este tipo de debate no serviço e que tinha sido muito enriquecedor. Agradecemos a participação de todos, já convidando para o III Encontro para o Diálogo e falando sobre a importância do momento vivenciado por nós junto com eles.

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