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3.3.1 Aspectos determinantes para a imigração

Os trabalhadores em todo o mundo em busca de melhores oportunidades de remunerações e condições de trabalho desocupam seus países originários e partem para outro com promessas e sonhos de que possam melhorar suas vidas cotidianas. A OIT identifica esse fenômeno das migrações laborais como fato antigo em nossa sociedade, obtendo particularidades maiores frente o fenômeno da globalização (CARVALHO, 2015, p. 7471-7472).

Na visão de Osvaldo Ferreira de Carvalho (2015, p. 7472), a migração tem despertado o interesse a décadas de diversas organizações como a OIT que:

Preocupada com este fenômeno, desde 1920, a OIT tem estado na vanguarda dos esforços desenvolvidos para garantir e manter um tratamento justo aos trabalhadores migrantes e suas famílias, tendo em vista que com a ausência de políticas públicas mais abrangentes, uma série de revezes pode afetar as sociedades e os trabalhadores migrantes. Consequentemente, um número significativo de emigrantes e imigrantes sofre privações e abusos de seus direitos mais fundamentais, além de enfrentarem más condições de trabalho, discriminação e exclusão social.

Colaborando com o exposto, no dizer de Francisco das C. Lima Filho (2008), a migração sempre existiu e tem se intensificado com o passar dos anos com o mundo globalizado. Os imigrantes se motivam a sair de seus países, muitas vezes pobres, para os desenvolvidos em busca de ―trabalho e de melhores

condições de vida, não raras vezes fugindo de perseguições políticas, religiosas, de guerras, da fome, etc,‖ o que nota-se ser uma realidade compartida por toda a sociedade.

Logo o fenômeno da imigração é realizado pela população de todos os continentes, como os filipinos que buscam trabalhos em todo continente Europeu, equatorianos que abandonam seu país e imigram para a Espanha e ―milhões de mexicanos, centro-americanos e caribenhos esperam encontrar nos Estados Unidos um local para melhorar sua vida e a dos seus familiares‖ (LIMA FILHO, F., 2008).

Os trabalhadores de cada nação possuem o direito de circulação normalmente dentro de seu território nacional, porém quando expandem suas migrações para outros países, exige-se permissão de entrada e permanência do país receptor seja como turista, visitante ou imigrante, conforme as próprias normas determinadas pelo direito internacional público, quando não dispensada por tratados bilaterais. ―No que se refere ao exercício de trabalho remunerado, o estrangeiro só pode trabalhar no país que o recebe se estiver legalmente autorizado a isso‖ (SALADINI, 2011, p. 12).

―O Brasil é um país de imigração. Uma nação cuja etnia é composta de diversas nacionalidades, produto das várias correntes imigratórias, muitas vezes incentivadas pelo Governo para povoar e desenvolver várias de nossas regiões‖. A imigração teve origem no Brasil com a sua colonização pelos portugueses, posteriormente com a vinda de escravos da África e até os dias de hoje que embora em menores proporções, os movimentos migratórios ainda persistem no Brasil com destaque da imigração de bolivianos e argentinos, que buscam melhores oportunidades de trabalho e qualidade de vida (BARRETTO, 2003, p. 199-200).

Conceitua Francisco das C. Lima Filho (2008), que os brasileiros apesar de também imigrarem em busca de melhores oportunidades de trabalho, o Brasil não deixa de ser um país receptor, relatando que:

Levando em conta os países da América Latina a Bolívia certamente é o país de onde mais emigram trabalhadores para o Brasil, especialmente para São Paulo onde quase sempre são explorados por empresas do ramo de tecelagem sem quaisquer garantias laborais, muitos em condições análoga a de escravo. Na grande maioria esses trabalhadores moram amontoados em porões sujos sem ventilação ou salubridade, sendo submetidos às mais desumanas privações, muitos em situação irregular sem a menor possibilidade de reclamarem contra a violação de seus direitos. Quando adoecem são coagidos a não deixar o trabalho, a exigir seus direitos ou denunciar maus-tratos [3], o que demonstra a gravidade do problema que

infelizmente não tem sido enfrentado da forma devida. Esse quadro deixa evidenciado que a migração é uma realidade planetária e se agrava na medida em que as condições de vida nos países pobres ou em desenvolvimento se tornam mais precárias especialmente no campo do mercado de trabalho, nomeadamente com a globalização que tem como alvo o mercado consumidor sem maiores preocupações com o ser humano trabalhador que é visto como peça produtiva descartável a qualquer momento.

O Brasil, embora identificado como país em desenvolvimento, possui um destaque econômico visível comparado a outros países ao qual faz divisa, como Paraguai e Bolívia. Diante esse aspecto associado com a proximidade e facilidade de inserção no território brasileiro, a imigração ilegal de trabalhadores é um fato que se tornou frequente acontecer (SALADINI, 2011, p. 13-14).

O trabalhador imigrante quando migra ilegalmente de um país para outro, muitas vezes desconhece o respaldo jurídico que preserva seus direitos, o que muitas vezes facilita para que se torne um alvo natural de exploração. Ele se sujeita a qualquer trabalho imposto por seu empregador, em condições laborais totalmente desumanas. ―No pior dos casos, a situação dos trabalhadores migrantes assemelha- se à escravatura ou ao trabalho forçado.‖ Nesses casos, é rara a procura desses trabalhadores pelo judiciário por medo de serem expulsos ou presos pelo país receptor (LIMA FILHO, F., 2008).

Nesse sentido, como descrito por Ana Paula Sefrin Saladini (2011, p. 13- 15), o ingresso do imigrante no território do país receptor presume a garantia de alguns direitos fundamentais, apesar de existir alguns limites enquanto a isso, muitos desses trabalhadores desconhecem essas normas que auxiliam a manter suas condições mínimas de trabalho, expondo ainda que:

No campo fático, e não obstante as garantias constitucionais, parte da massa de trabalhadores estrangeiros que ingressa no Brasil o faz de maneira irregular, sem submeter-se aos trâmites legais de imigração, o que impede que obtenham autorização legal para exercer trabalho remunerado no país. Em consequência, tais pessoas iniciam seu trabalho na condição de ilegais, e muitas vezes permanecem trabalhando sem observância das condições mínimas de segurança, higiene e remuneração condigna, sendo frequentes os casos em que são submetidos a condições análogas às de trabalhador escravo, o que não se restringe às regiões inóspitas ou às fronteiras, mas atinge também os grandes centros. Instala-se um círculo vicioso: o trabalhador se deixa explorar porque tem consciência que está em situação irregular, e, se procura a proteção do sistema legal, pode ser expulso do país; e o empregador (que muitas vezes também é estrangeiro, mas com permanência regular no país) promove a exploração porque se sente resguardado da denúncia em razão do medo de expulsão do trabalhador explorado.

Ademais, na opinião de Rodrigo de Lacerda Carelli (2007, p. 4), o tão famoso fenômeno da globalização, apesar de crescente por todo o mundo, lamentavelmente, ainda não atingiu todos os aspectos humanos, delimitando-se apenas à livre circulação de bens e capitais. Ignorar isso e permitir a entrada descontrolada de trabalhadores imigrantes no país ―levaria certamente, pelo menos neste início de Século XXI, à desestabilização imediata para o mercado nacional de trabalho, com prejuízos enormes à sociedade brasileira‖.