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O aumento da produção de resíduos vem provocando impactos ambientais, devido a sua taxa de geração ser bem maior que a taxa de degradação (Fiori, et al

2008). Contudo, devido à implantação de leis ambientais que determinam como um de

seus princípios a responsabilidade compartilhada e define as possíveis consequências pelo não cumprimento delas, vem provocar ações graduais em favor do meio ambiente em prol da minimização dos efeitos nocivos provocados pelo despejo continuo de resíduos sólidos e líquidos.

Em se tratando dos subprodutos do peixe, embora esses resíduos não devessem sofrer disposição final em lixões ou em aterros sanitários, pois suas características orgânicas e facilidades de putrefação causar aumento da população de insetos, odores desagradáveis e contaminação de lençóis freáticos, essa prática é muito comum. (Barros, 2007).

Vários são os zoneamentos existentes, cabendo destacar o zoneamento urbanístico que regula o uso e a ocupação do solo; o zoneamento ambiental, também chamado de zoneamento ecológico econômico, disciplinado pela Lei n° 6938/81 e pelo Decreto n° 4297/2002.

O zoneamento ecológico econômico tem por objetivo ordenar o território, definindo usos compatíveis com as diretrizes gerais da lei que o criou, estabelecer medidas e padrões de proteção ambiental e organizar as decisões de agentes públicos e privados. É regido por princípios relacionados com a função socioambiental da propriedade, a prevenção e a precaução com o meio ambiente, o poluidor-pagador e o usuário-pagador; a participação informada e o acesso eqüitativo e a integração.

Sendo assim, a utilização do resíduo do processamento de peixes para obtenção de novos produtos deve ser realizada de forma correta possibilitando um aumento da receita e contribuindo para preservação ambiental.

Vários são os cenários que estão sendo vítimas do processo sem nenhuma análise de impácto, como por exemplo, a falta de informações precisas quanto ao número de artes existentes no litoral maranhense. A ausência de tais informações dificulta o processo investigativo quanto estimativas de produção, assim como, as avaliações dos impáctos causados por petrechos específicos. Sabe-se que embora a pesca seja considerada artesanal, vem acarretando sérios impáctos sobre os ecossistemas pelo uso de artes destrutivas e influências antrópicas.

Embora as artes sejam consideradas de tecnologias simples, não implica dizer que não causem danos aos ecossistemas e recursos. Algumas tecnologias muito

Página | 21 rudimentares, como as tapagens e zangarias, são altamente prejudiciais aos recursos e ambiente.

2.3.2 Impacto Económico

No Estado do Maranhão, a pesca litorânea é praticada ainda de forma artesanal, constituindo-se em uma atividade de subsistência. As condições apresentadas em termos de tecnologias de capturas existentes no litoral maranhense e registros de dados quantitativos da produção de pescado deixam muito a desejar, pois demonstra a fragilidade em não explorar todo o potencial marinho e estuarino que o Estado oferece, e por sua vez, não possui uma metodologia totalmente eficaz de controle, acompanhamento e registro da produção local.

Em virtude das características geográficas, o golfão maranhense e, portanto São Luís recebe uma intensa invasão do continente pelas águas marinhas, cujo resultado é o aparecimento de largas faixas de sedimentos lamosos, colonizados por denso cinturão de mangues. Sem dúvidas, a costa maranhense eleva o seu potencial em termos de biodiversidade (Camargo, 2001; Almeida et al., 2007), com uma grande representatividade também de peixes comerciais (Almeida et al., 2007).

A captura estadual é dominada por espécies estuarinas, particularmente cianídeos e bagres. Dentre os cianídeos destaca-se a Cynoscion acoupa seguida pela Macrodon ancylodon, que juntas apresentam valor de produção de 6030 ton/ano.

A pele da pescada amarela está entre as 3 mais procuradas e bem cotadas no mercado haja vista a sua leveza, tamanho, beleza e resistência de suas lamélulas, de textura e inigualável e inimitável (sem similar) padrão (Figura 2.8). Sua resistência é maior do que couro bovino. As peles são comercializadas nos seguintes tamanhos: 10 cm x 50 cm, 13 cm x 60 cm e 18 cm x 80 cm. Ideais para confecção de produtos de diversos seguimentos.

Apesar de não se ter dados concretos na literatura quanto ao volume de resíduos gerados desde a comercialização de peixes, com a retirada das vísceras, até o processo de filetagem, com o descarte da pele, das escamas, cabeça e toda a parte óssea, no município de São Luís, acredita-se que pelo volume de peixes capturados no litoral do estado anualmente, o volume de resíduos também deve ser proporcional. O levantamento de dados relacionados à quantidade de resíduos orgânicos de peixes gerados e, a forma de descarte, é de fundamental importância para que se possa avaliar os aspectos e os impactos económicos e principalmente, ambientais que vem sendo causado.

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Figura 2.8 – Pele da Pescada Amarela (Cynoscion acoupa)

2.3.3 Impacto Social

O último recadastramento nacional realizado no ano de 2005, pela SEAP (Secretaria Espacial da Agricultura e Pesca), no Estado do Maranhão foi recadastrado 70 000 pescadores com um aumento de 337,5%, tomando com referência o recadastramento realizado em 2004 que não ultrapassou 16 000 (Beckman, 2006).

Apesar do número nos cadastros, a gestão da SEAP-MA acredita que esse número corresponde apenas a 50% das pessoas que desempenham a atividade no estado; de acordo com a estimativa do órgão, o número de pescadores no Maranhão pode chegar a 150 000, embora os dados da SEAP (2007) apontem um número de 45 726 pescadores cadastrados no Maranhão.

Mesmo com a quantidade de pessoas que vivem da atividade pesqueira, as relações de trabalho são predominantemente do tipo familiar com indicadores profissionais precários. Os pescadores vivem em condições sub-humanas, a maioria mora em casas de taipa. Para São Luís e adjacências, os tipos de residências são mais estruturadas.

A pesca representa para o Maranhão uma importante fonte de renda, com grande impácto social, onde cerca de 80% da população costeira dedica-se a essa atividade, o quadro que no momento se apresenta é de falta de organização social, indicadores sociais preocupantes, rendas baixas e muitos conflitos. Nesse contexto, é ressaltado que as condições socioeconómicas dos pescadores permanecem em constante quadro de pobreza, e muitos vivem em condições desumanas.

A atividade pesqueira no Brasil, assim como, no Maranhão cresce de forma desordenada, sem uma política pública de base científica e visão multidimensional que considere os aspectos sociais, ambiental e económico.

Página | 23 O que se tem percebido é um verdadeiro descaso por parte dos órgãos que deveriam estar empenhados em fazer cumprir de forma organizada, o dispositivo legal através do estabelecimento de uma legislação específica que possa garantir a exploração destes recursos através de portarias, decretos, leis e instrução normativa, que visem à sustentabilidade do sistema e proporcionem melhores condições de trabalho para os pescadores.