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2.4 Leis ambientais no Brasil

2.4.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS

Ao longo das últimas décadas, a humanidade vem passando por um rápido e maciço processo de crescimento populacional e urbanização, o que levou a grande maioria da população a viver em cidades.

Apesar do Brasil já ser um país com mais de 80% da população vivendo em áreas urbanas, as infraestruturas e os serviços não acompanharam o ritmo de crescimento das cidades. Os impactos do manejo inadequado de resíduos sólidos e da limpeza urbana deficiente são enormes sobre o dia a dia da população, quer seja em relação aos aspectos ambientais, quer seja pelos aspectos sociais e econômicos.

O crescimento demográfico, a intensificação das atividades humanas e a melhoria do nível de vida são responsáveis pelo aumento exponencial das quantidades de resíduos sólidos gerados, bem como pela alteração das suas

Página | 26 características, constituindo um grande problema para as administrações públicas. Como fator agravante, o manejo inadequado dos resíduos sólidos, desde a geração até a destinação final ( por exemplo, em lixões a céu aberto ou até em cursos d’água), pode resultar em riscos ambientais, sociais, econômicos e à saúde pública.

Para enfrentar estas questões, o Governo Federal, os Governos Estaduais e Municipais têm formulado políticas e adotado práticas de gestão com vistas à prevenção e ao controle da poluição, à proteção e à recuperação da qualidade ambiental e à promoção da saúde pública.

De entre estas políticas, estão a Política Nacional de resíduos Sólidos, a Política Nacional de saneamento Básico e o Plano Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos, do Estado.

Recentemente aprovada, após mais de 20 anos de discursão no congresso, a Lei nº 12 305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS no país.

Regulamentada pelo Decreto nº 7404, 23 de dezembro de 2010, a referida lei apresenta diversos pontos importantes para aa gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos dentro do país, respeitando-se, prioritariamente, a seguinte ordem: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e por fim a disposição final ambientalmente adequada (em aterros, por exemplo).

A lei previu a expansão da coleta seletiva de materiais recicláveis às moradias, com a inserção prioritária das cooperativas ou associações de catadores (formadas por pessoas físicas de baixa renda, dispensando-se a licitação para sua contratação) e determinou que as prefeituras fizessem a compostagem dos resíduos orgânicos.

A PNRS também visa à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto entre fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, cada um com sua parcela de participação no processo, desde a obtenção da matéria- prima até seu correto descarte após o uso. A participação de cada um é fundamental para o devido cumprimento da Lei.

São Luís não se diferencia muito do quadro nacional, gasta um percentual mínimo do orçamento municipal com a limpeza urbana e produz toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia. No entanto, igualmente aos demais municípios do Estado e não muito diferente da maioria dos demais estados do Brasil, esse volume é depositado de forma inadequada em lixões a céu aberto. Outras milhares de toneladas/dia são geradas por outros tipos de resíduos, como da construção civil, saúde, perigosos etc.

Página | 27 O grave é que ainda estamos na idade da pedra no que se refere à coleta seletiva, à reciclagem dos resíduos secos e à compostagem e biodigestão dos orgânicos. O grande desafio da prefeitura é avançar rapidamente nesses aspectos, pois, de acordo com dados do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Maranhão, o estado do Maranhão teve no ano de 2010 uma geração estimada de 5733 toneladas por dia de Resíduos Sólidos Urbanos, o que corresponde a uma geração de 2 092 545 toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos por ano no estado.

O Brasil produz 220 mil toneladas de lixo domiciliar, o que representa mais de um quilo por pessoa. Ao menos 90% de todo esse material poderia ser reaproveitado, reutilizado ou reciclado. Apenas 1% acaba sendo aproveitado para ter um destino mais nobre do que o de se degradar e contaminar o nosso ambiente. Mesmo assim, mais de um milhão de pessoas trabalham e sobrevivem da reciclagem desse lixo. Os especialistas calculam que o Brasil deixa de ganhar ao menos R$ 8 bilhões por ano ao não reciclar toda essa grande quantidade de resíduos gerados no país.

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a quantidade de resíduos sólidos gerados no Brasil em 2011 totalizou 61,9 milhões de toneladas, 1,8% a mais do que no ano anterior. Do total coletado, 42% do lixo acabaram em local inadequado.

O crescimento na “produção” desses resíduos de 2010 para 2011 foi duas vezes maior do que o aumento da população, que ficou em torno de 0,9% no período.

O estudo revela também que, em 2011, foram coletados 55,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Sendo que 42% desses resíduos foram parar em locais inadequados como lixões e aterros controlados. E, ainda pior, cerca de 10% de tudo o que é gerado acaba tendo destino ainda pior em terrenos baldios, córregos, lagos e praças.

A preocupação com os resíduos vem sendo discutida há algumas décadas nas esferas nacional e internacional, devido à expansão da consciência coletiva com relação ao meio ambiente. Assim, a complexidade das atuais demandas ambientais, sociais e económicas induzem a um novo posicionamento dos três níveis de governo, da sociedade civil e da iniciativa privada.

Página | 28 A aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, após vinte e um anos de discussões no Congresso Nacional, marcou o início de uma forte articulação institucional envolvendo os três entes federados – União, Estados e Municípios, o setor produtivo e a sociedade em geral - na busca de soluções para os problemas na gestão resíduos sólidos que comprometem a qualidade de vida dos brasileiros. A aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos qualificou e deu novos rumos à discussão sobre o tema.

A partir de agosto de 2010, baseado no conceito de responsabilidade compartilhada, a sociedade como um todo – cidadãos, governos, setor privado e sociedade civil organizada – passou a ser responsável pela gestão ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. Agora o cidadão é responsável não só pela disposição correta dos resíduos que gera, mas também é importante que repense e reveja o seu papel como consumidor; o setor privado, por sua vez, fica responsável pelo gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos, pela sua reincorporação na cadeia produtiva e pelas inovações nos produtos que tragam benefícios socioambientais, sempre que possível; os governos federal, estaduais e municipais são responsáveis pela elaboração e implementação dos planos de gestão de resíduos sólidos, assim como dos demais instrumentos previstos na PNRS (www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos).

A busca por soluções na área de resíduos reflete a demanda da sociedade que pressiona por mudanças motivadas pelos elevados custos socioeconômicos e ambientais. Se manejados adequadamente, os resíduos sólidos adquirem valor comercial e podem ser utilizados em forma de novas matérias-primas ou novos insumos. A implantação de um Plano de Gestão trará reflexos positivos no âmbito social, ambiental e económico, pois não só tende a diminuir o consumo dos recursos naturais, como proporciona a abertura de novos mercados, gera trabalho, emprego e renda, conduz à inclusão social e diminui os impactos ambientais provocados pela disposição inadequada dos resíduos.

A expressão Environmental Education (Educação Ambiental) foi usada pela primeira vez em 1965, durante a Conferência em Educação na Universidade de Keele, na Grâ-Bretanha. Neste evento, ficou consentido que a educação ambiental devia se tornar uma parte essencial da educação de todos os cidadãos e não apenas dos estudiosos da área das ciências biológicas (Dias, 2001).

Página | 29 De acordo com a Carta de Belgrado, 2012, o desenvolvimento da educação ambiental é uma das principais ferramentas para reverter a crise ambiental que se estabelecia (Leite; Mininni- Medina, 2001).

Inteligentemente, a Carta de Belgrado já reconhecia a Educação Ambiental como a ferramenta necessária para o estabelecimento de uma nova ética global, “uma ética que promova atitudes e comportamentos para os indivíduos e sociedades, que sejam consoantes com o lugar da humanidade dentro da biosfera; que reconheça e responda com sensibilidade às complexas e dinâmicas relações entre a humanidade e a natureza, e entre os povos”.