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Técnica inovadora para a transformação da pele em couro com o uso do Tanquinho de Lavar Roupa (curtimento)

ESPÉCIES COMUNS

3.3.2 Técnica inovadora para a transformação da pele em couro com o uso do Tanquinho de Lavar Roupa (curtimento)

Ao longo dos anos, a preocupação ambiental vem se constituindo em um tema frequente nas discussões acerca dos processos industriais e da adoção de tecnologias limpas nos mais variados ramos de produção.

Bandeirado Pescada Gó Pescada Covina Bagre Cavala Anxova Pargo Camurupim Tainha Guaravira

ESTABELECIMENTOS PESO MÉDIO/ Dia

1. Feira Livre do Monte Castelo (pequeno porte) 2. Feira Livre do João de Deus (médio porte) 3. Feira Livre da Cohab (grande porte)

4. Mercado Público da Forquilha (pequeno porte) 5. Mercado Público do Anil (médio porte)

6. Mercado Público Central (grande porte) 7. Porto Pesqueiro da Camboa (pequeno porte) 8. Porto Pesqueiro Coqueiro (médio Porte) 9. Porto Pesqueiro Portinho (grande porte) 10. Rede de Supermercados

Peso do resíduo por estabelecimento

Página | 38 O processo de curtimento é, por sua vez, uma das atividades de maior toxicidade na cadeia produtiva do couro e desperta sucessivas pesquisas com foco na redução da geração de poluentes.

Embora Asnuz (1995), tenha afirmado que sais de crómio adicionados aos banhos curtentes na proporção de 14% sobre o peso do couro apresenta menor características tóxicas ao meio ambiente, os efeitos poluentes dos banhos com a presença de sais de crómio são bastante nocivas. Por este motivo, busca-se a diminuição do material poluente, fazendo-se uso de produtos menos agressivos ambientalmente, como os curtentes naturais extraídos de plantas.

Além da preocupação com a diminuição do material poluente, o apelo ecológico para a confecção de artefatos de couro de peixe que possam vir a ser comercializados no Brasil e no mercado europeu, também apresenta relativa importância no cenário mundial, possibilitando um incremento no valor de venda final do artefato produzido com essas peles.

O mercado nacional é suprido por taninos vegetais originados do quebracho (extraído do lenho), da mimosa e da madeira do mangue (em ambos extraídas da casca). A afinidade do tanino com o couro é chamada de adstringência e quanto maior a referida adstringência, maior o poder curtente.

O projeto de curtimento de pele de pescada amarela com o uso do tanquinho de lavar roupa, iniciado em 2006, teve como objetivo não só beneficiar a pele do pescado, mas desenvolver o processo através de uma tecnologia mais acessível economicamente, se comparado ao valor do fulão que chega a ser vinte vezes mais caro, utilizar produtos que causem menos impactos como tanino vegetal, além de provocar impactos positivos nos indicadores sociais e ambientais, com foco nas famílias da comunidade da pesca, fomentando oportunidades de trabalho e geração de renda como estratégia emancipatória para o desenvolvimento autosustentável.

O processo de curtimento de pele desenvolvido a partir da utilização do tanquinho de lavar roupa (Figura 3.1) caracteriza-se como um método inovador, pois a tecnologia antes aplicada apenas para o uso doméstico surge como uma alternativa viável para a realização do processo e possibilita a minimização do problema da falta de reaproveitamento dos subprodutos do pescado que em sua grande maioria, são caracterizados como rejeitos com sua disposição final, única e exclusivamente, os lixões.

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Figura 3.1 - Tanquinho de lavar roupa

Tanto pelo método tradicional de curtimento, utilizando o fulão, equipamento de madeira ou fibra usualmente utilizado para desenvolver o processo de curtimento de peles de animais (Figura 3.2), quanto pelo método de utilização do tanquinho, as etapas são praticamente as mesmas. Uma das diferenças do processo de curtimento utilizando o tanquinho de lavar é que a remoção das escamas ocorre na etapa de descarne e não na etapa de depilação e caleiro como ocorre normalmente no processo de curtimento (Figura 3.3).

Página | 40 No decorrer do processo, as fibras são transformadas em couro ou em peles passíveis de serem processadas. Com este tratamento, a pele se torna um produto imputrescível e com qualidades físico-mecânicas, como maciez, elasticidade, flexibilidade e resistência à tração e resulta em uma matéria-prima de qualidade e de aspecto peculiar inimitável, após o curtimento, devido à sua resistência e desenho formado na sua superfície, principalmente as peles de peixes com escamas.

O desenho exótico das peles de peixe com escamas, após curtimento, compensa o seu reduzido tamanho, em se tratando das espécies de pequeno porte, como a tilápia. O desenho original dessas peles que dificilmente pode ser imitado por chapas de impressão sobre outros couros, impede a falsificação desse tipo de produto, principalmente se as lamélulas de inserção da escama forem mais alongadas como, por exemplo, a pele da pescada amarela.

De acordo com Junqueira et al. (1983), o arranjo estrutural das fibras colágenas da derme compacta, assim como a espessura desse estrato, permite que a pele apresente grande resistência às diferentes forças de tração. Por essa razão, a pele de algumas espécies de peixes pode ser utilizada comercialmente com a finalidade de se utilizar na confecção de artefatos de couro.

Segundo Craig et al. (1987), tem sido verificada nas peles de algumas espécies a distribuição das fibras colágenas de acordo com o seu tamanho. Os parâmetros que indicam a tração (carga de força, tensão de tração e elasticidade) podem ser correlacionados com a quantidade e a orientação das fibras colágenas. E a espessura da derme é determinada, principalmente, pela proporção das fibras colágenas na pele (Fujikura et al., 1988).

Quanto ao tamanho do peixe está diretamente relacionando com a espessura da pele, pois à medida que o peixe vai crescendo vai aumentando a espessura e, conseqüentemente, a quantidade de fibras colágenas, fibras estas que reagirão com os agentes curtentes, dando a característica de resistência ao couro, a pescada amarela, apresenta significativas vantagens, em tais características, em relação a outras espécies em estudo, como a tilápia, por ser um peixe de grande porte.

Entretanto, para melhor aproveitamento da pele pela indústria coureira, deve- se considerar a espécie, tamanho, qualidade de pele, além de sua beleza, principalmente para os peixes que apresentam escamas, pois o desenho característico formado pelas lámelulas de proteção da inserção dessas escamas, que resulta em um aspecto típico e difícil de ser imitado, garante uma padronagem exclusiva de alto impacto visual.

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Figura 3.3 – Etapa de remolho e pré-descarne

A qualidade do couro envolve vários fatores na produção desse produto, como o tamanho e espécie do peixe, o método de conservação, espessura da pele e as técnicas e produtos envolvidos na produção do couro.

As principais etapas pelas quais as peles passam durante o curtimento são, de um modo sequencial: - Salga e Ribeira, - Pré-remolho, - Remolho, - Pré-Descarne e Descamação, - Caleiro, - Descarne, - Desencalagem, - Purga, - Píquel, - Curtimento, - Neutralização - Recurtimento, - Tingimento, - Engraxe, - Secagem, - Amaciamento.

Na maioria das etapas são utilizados produtos químicos que alteram o pH e outras características físico-químicas da água utilizada no processo (Souza, 2007). O processo de confecção do couro de peixes leva em média três dias para se obter o

Página | 42 produto pronto. Depois da descamação e do descarne a pele é colocada no tanquinho de lavar, onde são realizadas as diferentes etapas (Figura 3.4).

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4. Resultados e