• Nenhum resultado encontrado

•Os casos de suspeição ou impedimento de perito psicólogo são de vital importância para o andamento do processo judicial, porque esses aspectos interferem negativamente na avaliação que este profissional fizer do caso apresentado. Além de ser da confiança do juiz e habilitado tecnicamente, o perito não pode ser impedido ou suspeito (art. 148, II, do novo CPC/2015). Nesses casos, o perito pode escusar-se do cargo, alegando motivo legítimo (art. 467, caput c/c art. 468 do novo CPC/2015) ou ser recusado em arguição pela parte (art. 423 do CPC), segundo os procedimentos descritos nos §§ 1º a 3º do art. 148 do novo CPC/20159.

“Art. 148 – novo CPC/2015. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: (...)

II – aos auxiliares da justiça; (...)

Art. 467 – novo CPC/2015. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição.

Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, nomeará novo perito.

Art. 313 – novo CPC/2015. Suspende-se o processo: (...)

III – pela arguição de impedimento ou de suspeição; (...)

Art. 465 – novo CPC/2015. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

Art. 146 – novo CPC/2015. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.

Art. 148 – novo CPC/2015. (...) (...)

§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.

§ 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária.

§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disciplinada pelo regimento interno. (...)”

Por sua vez, uma das causas de impedimento ou suspeição é a ausência de qualificação técnica para a incumbência, o que implica na sua substituição (art. 467 c/c art. 468 do novo CPC/2015). Por sua vez, para evitar eventual arguição dessa natureza, o § 4º do art. 156 do novo CPC/2015 determina que sejam informados ao juiz o nome e os dados de qualificação do perito ou dos membros da equipe que realizarão a perícia, conforme se verifica, in verbis:

“Art. 156 – novo CPC/2015. (...) (...)

§ 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade.

Art. 157 – novo CPC/2015. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.

§ 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la.

Art. 468 – novo CPC/2015. O perito pode ser substituído quando: I – faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;

II – sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado.”

Ademais, conforme vimos anteriormente, a ausência de qualificação profissional ou de aprimoramento técnico e científico viola os princípios de sua obrigatoriedade, previstos na legislação profissional, e por isso este último artigo do novo CPC/2015 também pode ser cumulativamente mencionado na arguição ética contra o psicólogo perito.

E mais: conforme art. 475 do novo CPC/2015, quando se tratar de uma perícia complexa, que envolva mais de uma área especializada de conhecimento, o juiz poderá nomear mais de um perito, e as partes podem indicar mais de um assistente técnico, in verbis:

“Art. 475 – novo CPC/2015. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente técnico.”

É o que ocorre na maioria dos estudos técnicos judiciais em que se recorre também ao Serviço Social para atuar junto com a Psicologia, ou mesmo uma avaliação psiquiátrica (para se avaliar o

perfil de um suposto abusador sexual ou o grau de transtorno mental de quem tenta formular uma falsa acusação de abuso sexual, por exemplo). As partes também podem, a seu critério, indicar profissionais diferentes para cada área específica da perícia.

Pelo art. 474 do novo CPC/2015, o perito deverá informar às partes (e, por extensão, aos seus assistentes técnicos, se tiverem) acerca da data e local do início da perícia, in verbis:

“Art. 474 – novo CPC/2015. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova.”

E mais: conforme se verá adiante, o novo CPC/2015 traz maior ênfase à autocomposição e a métodos de resolução autônoma de conflitos, e permite a livre escolha dos peritos pelas partes, conforme determina o art. 471 do referido Diploma Legal, a saber:

“Art. 471 – novo CPC/2015. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento, desde que:

I – sejam plenamente capazes;

II – a causa possa ser resolvida por autocomposição.

§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados.

§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.

§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz.”

O art. 148, caput e incisos I, II e III, do novo CPC/2015, determina que os motivos para impedimento ou suspeição recaem sobre o juiz, o promotor de justiça, os auxiliares da justiça e demais sujeitos imparciais do processo, in verbis:

“Art. 148 – novo CPC/2015. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I – ao membro do Ministério Público;

II – aos auxiliares da justiça;

III – aos demais sujeitos imparciais do processo.”

Observe-se que nesse rol de profissionais não consta o assistente técnico. Conforme se verá adiante, isso ocorre porque ele é, por natureza, parcial e não isento, por ser exclusivamente da confiança do cliente.Portanto, suas opiniões e posicionamentos não podem/devem ser objeto de representações éticas ou mesmo de impugnações judiciais, porque se referem à convicção que o profissional formou em função das informações prestadas pelo seu cliente – e esta exclusão de impedimento/suspeição também está declarada na Resolução nº 08/2010 do Conselho Federal de Psicologia e deve ser observada e acatada pelas Comissões de Ética dos Conselhos Regionais, descartando a ocorrência de “violação ética” a quem tenta,levianamente, representar contra psicólogo assistente técnico de parte contrária a si), salvo se oriunda de procedimentos antiéticos, assim declarados pela Psicologia (como adulteração de resultados de testes). Por este motivo, ele não está elencado entre os auxiliares da justiça do art. 149 do novo CPC/201510.

Os motivos de impedimento dos sujeitos elencados nos incisos I a III do art. 148 do novo CPC/2015 estão mencionados nos incisos I a IX e §§ 1º a 3º do art. 144 do novo CPC/2015; e os motivos para suspeição do juiz e demais serventuários imparciais da justiça estão elencados nos incisos I a IV do art. 145 do novo CPC/201511. O § 2º e incisos I e II do art. 145 do novo CPC/2015 elenca

os casos em que a arguição de suspeição é considerada ilegítima: “Art. 145 – novo CPC/2015. (...)

(...)

§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I – houver sido provocada por quem a alega;

II – a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.”

Segundo Guimarães (1995), o Impedimento (art. 465, § 1º, I c/c art. 467 do novo CPC/2015, art. 144 do novo CPC/2015 [impedimento do juiz] e art. 148, II e §§, do novo CPC/2015 [impedimento dos auxiliares da Justiça]) consiste na arguição de causas definitivas que proíbem o juiz ou o perito de exercer suas funções no processo; e pode ser provocado por qualquer das partes ou de ofício; a Suspeição (arts. 465, § 1º, I, e 145 do novo CPC/2015 c/c art. 148, II e § §, do novo CPC/2015 [suspeição dos auxiliares da Justiça]) é a arguição, provocada pela parte, de causas temporárias ou dilatórias (que retardam ou adiam uma decisão), que tornam o juiz ou o perito suspeitos de conhecer a causa ou nela atuar, por ocorrer um dos motivos prejudiciais previstos em lei.

Brandimiller (1996) menciona que, em geral, o perito pode escusar-se do encargo principalmente pelos seguintes motivos, dentre outros:

a) força maior que o impossibilite de realizar a perícia ou concluí-la no prazo determinado (ex.: sobrecarga de trabalho, doença, viagem);

b) quando a matéria não for de sua especialidade (agir com humildade e ética, respeitando seus limites de atuação, e não avançando em áreas que não são do seu domínio). Alguns autores, como FERRARI e VECINA (2002); e CALÇADA, CAVAGGIONI e NERI (2001, 2008), enfatizam a importância da equipe interdisciplinar para realizar as perícias, considerando a presença de outros “olhares”, conhecimentos, posturas e opiniões, não trabalhar sozinho.

Então, sob os critérios elencados nos artigos supramencionados, o perito psicólogo pode tornar-se suspeito ou impedido, se tiver comprovadamente envolvimento de parentesco ou amizade com qualquer das partes e/ou com o juiz. Além disso, uma sanção ética de natureza grave ou uma situação irregular perante o Conselho Regional de Psicologia de seu Estado tornam-se fatores igualmente impeditivos do exercício da perícia psicológica.

Em tempo: em 2012 o Conselho Federal de Psicologia promulgou a Resolução nº 17/2012, que dispõe sobre a atuação do psicólogo em diversos contextos. Ocorre que, dos arts. 1º a 7º, a referida Resolução não acrescentou nada que já não tivesse sido contemplado na Resolução nº 08/2010, então seria completamente desnecessária. Além disso, traz uma falha grave ao abordar somente a atuação do perito, desconsiderando a presença do assistente técnico (no que a Resolução nº 08/2010, com todas as suas falhas e lacunas, era mais completa!), repetindo-se aqui o pensamento do Conselho Federal (e, por extensão, dos Conselhos Regionais) de negligenciar a figura do Assistente Técnico ou, no máximo, confundi-la com a do Perito, acreditando, equivocadamente, que o Assistente Técnico deva ser imparcial como o Perito – e, por isso, as Comissões de Ética cometem o erro apontado por Liebesny et al. (1999) de confirmar e aprofundar o equívoco do sujeito em desconhecer e confundir o papel de um perito com o de assistente técnico (p. 73) e punem injustamente o psicólogo assistente técnico por suas opiniões (o que, por si só, já é um crime constitucional) se forem diferentes do sujeito que o representou – então, conforme se verá oportunamente,psicólogos assistentes técnicos estão sendo punidos por manifestar opiniões,

por estarem cumprindo suas atribuições funcionais de serem parciais! Se o psicólogo se manifesta contrário às práticas de Alienação Parental realizadas por determinada pessoa, ela apresenta representação ética contra o profissional, e ele é punido por isto! Nesses casos, as Comissões de Ética dos Conselhos Regionais de Psicologia (e, por extensão, do Conselho Federal, quando corrobora, sem nenhuma fundamentação legal plausível, a atuação da Comissão do Regional) tornam-se igualmente coagentes e cúmplices da Alienação Parental, constituindo-se o que será apresentado oportunamente como Alienação Parental Institucional.

Entretanto, a partir do art. 8º da referida Resolução nº 17/2012, há acréscimos importantes que devem ser mencionados aqui. O art. 8º determina que o psicólogo deve apresentar os indicativos pertinentes à sua investigação que subsidiará a decisão judicial; o art. 9º determina que a recusa do periciando ou de seu dependente em participar da perícia deve ser devidamente registrada; o art. 10 trata da devolutiva (o que raramente o perito faz), nos seguintes termos:

RESOLUÇÃO CFP nº 017/2012

Dispõe sobre a atuação do psicólogo como Perito nos diversos contextos. (...)

CAPÍTULO II

PRODUÇÃO A ANÁLISE DE DOCUMENTOS

Art. 8º – Em seu parecer, o psicólogo perito apresentará indicativos pertinentes à sua investigação que possam diretamente subsidiar a decisão da Administração Pública, de entidade de natureza privada ou de pessoa natural na solicitação realizada, reconhecendo os limites legais de sua atuação profissional.

Art. 9º – A recusa do periciado ou de seu dependente em submeter-se às avaliações para fins de perícia psicológica deve ser registrada devidamente nos meios adequados.

Art. 10 – A devolutiva do processo de avaliação deve direcionar-se para os resultados dos instrumentos e técnicas utilizados.

2.6

A

PERÍCIA

EM

COMARCAS

DIFERENTES,

POR

CARTA