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2 TEORIA DA OTIMIDADE

3 TEORIA DA OTIMIDADE E CONEXIONISMO

4 RESTRIÇÕES CONJUNTAS

4.3 Implicações do uso da Conjunção Local na aquisição fonológica

A restrição de Conjunção Local parece ser criada por necessidade extrema em uma determinada língua, ou seja, quando a interação entre as restrições que a compõem é incapaz de fazer emergir o output ideal. Essa restrição, portanto, não é passível de violação e deve estar posicionada sempre acima das restrições que a constituem na hierarquia. Se a restrição [A & B] estivesse ranqueada abaixo das restrições individuais A e B, perderia a sua função principal na hierarquia: impedir a violação simultânea de A e B.

Sugiro, portanto, que o posicionamento acima na hierarquia e a inviolabilidade das restrições conjuntas atuem como mais uma limitação no funcionamento das mesmas.

A limitação aqui sugerida, no entanto, parece trazer um problema para o uso das restrições conjuntas na análise dos dados da aquisição em contextos que mais tarde impliquem a violação da restrição conjunta.

O referido problema pode ser constatado na análise proposta por Bonilha (2000) – também na análise de Levelt, Schiller & Levelt (2000), pois a restrição [NotComplex

(nucleus) & NoCoda](σ) deve ser demovida abaixo das restrições de fidelidade Dep I/O e Max I/O para que uma estrutura silábica CVVC possa emergir. A restrição conjunta passaria a estar posicionada no mesmo estrato das restrições que a constituem, perdendo o seu principal papel na gramática da língua.

Em Bonilha (2000), para que o processo de aquisição de uma estrutura silábica do tipo CVVC possa ser explanado, é preciso retomar a aplicação do algoritmo de aprendizagem de Tesar & Smolensky (2000). A aplicação do referido algoritmo conduz, portanto, à demoção de [NotComplex (nucleus) & NoCoda](σ) para o mesmo estrato das restrições Not Complex(nucleus) e NoCoda. Observem-se os Quadros 03, 04 e 05.

perdedor < vencedor marcas - perdedor marcas-vencedor

a<c ses < sejs Max I/O - NoCoda Not Complex (nucleus) NoCoda – NotComplex (nucleus) & NoCoda (σ)

b<c sej < sejs Max I/O

Not Complex (nucleus)

Not Complex (nucleus) NoCoda – NotComplex (nucleus) & NoCoda(σ)

Quadro 03 – Levantamento de restrições violadas pelos pares ses < sejs e sej < sejs

Perdedor < vencedor marcas - perdedor marcas-vencedor

a<c ses < sejs Max I/O - NoCoda Not Complex (nucleus) NoCoda – NotComplex (nucleus) & NoCoda(σ)

b<c sej < sejs Max I/O

Not Complex (nucleus)

Not Complex (nucleus) NoCoda – NotComplex (nucleus) & NoCoda(σ)

Quadro 04 – Eliminação de restrições compartilhadas pelos pares ses < sejs e sej < sejs

Perdedor < vencedor marcas - perdedor marcas-vencedor

a<c ses < sejs MAX I/O Not Complex (nucleus) NotComplex (nucleus) & NoCoda(σ)

b<c sej < sejs MAX I/O NoCoda

NotComplex (nucleus) & NoCoda(σ)

Quadro 05 – Pares de candidatos ses < sejs e ses < sejs prontos para ativar demoções

Primeiramente, procede-se ao levantamento das restrições violadas por cada um dos elementos dos pares informativos. Após o levantamento das restrições violadas pelos candidatos perdedor e vencedor, procede-se ao processo de cancelamento de marcas,

conforme o Quadro 04. Somente após a aplicação do cancelamento de marcas é que se iniciará o processo de demoção de restrições, tendo por base as restrições violadas no Quadro 05.

Considerando que, após a aplicação do cancelamento de marcas, mais nenhuma restrição é violada por ambos os elementos dos pares, o processo de demoção de restrições pode, então, começar a ser aplicado.

Partindo da atual hierarquia apresentada pelo aprendiz, em que {Not Complex(nucleus) & NoCoda(σ)}>>{DEP I/O, MAX I/O}>>{Onset, NotComplex (nucleus), NoCoda}, ao proceder à análise do par informativo a < c, constata-se que as restrições NotComplex (nucleus) e [NotComplex(nucleus) & NoCoda](σ) devem ser dominadas pela restrição MAX I/O para que o candidato c possa ser escolhido como forma ótima. Considerando que a restrição NotComplex(nucleus) já ocupa um estrato abaixo da restrição MAX I/O na atual hierarquia do aprendiz, apenas a restrição [NotComplex (nucleus) & NoCoda] (σ) deverá ser demovida, conforme (26):

(26)

H4={DEP I/O, MAX I/O}>>{Onset, NotComplex(nucleus), NoCoda, [NotComplex(nucleus) & NoCoda] (σ)}

Observe-se que a restrição [NotComplex(nucleus) & NoCoda](σ) não constitui um novo estrato na hierarquia porque o par informativo analisado não determina que essa restrição esteja ranqueada abaixo das restrições Onset, NotComplex(nucleus) e NoCoda. [NotComplex(nucleus) & NoCoda](σ), portanto, é ranqueada no estrato mais alto quanto possível da hierarquia.

A análise do par b < c não trará alterações para a hierarquia H4, sendo esse, portanto, um par não informativo. Ao proceder à análise do par b<c, contata-se que as restrições NoCoda e [NotComplex(nucleus) & NoCoda](σ), violadas pelo candidato ótimo, devem ser demovidas abaixo da restrição MAX I/O, violada pelo candidato subótimo, mas a atual hierarquia do aprendiz, H4, já demonstra esse ranqueamento.

Em Levelt, Schiller & Levelt (2000), o rerranqueamento de restrições é postulado sem que os autores se posicionem quanto ao algoritmo de aprendizagem que está sendo

aplicado, no entanto, a construção das hierarquias, propostas pelos autores, parece evidenciar que Faith está sendo promovida no decorrer da aquisição fonológica.

Para explicitar o terceiro estágio de aquisição – com a realização de sílabas V e CV -, por exemplo, a restrição Faith passa a ser ranqueada acima da restrição Onset. Na verdade, a restrição de fidelidade passa a dominar as restrições de marcação, uma a uma, evidenciando os diferentes estágios de aquisição. O fato de os autores considerarem, aparentemente – já que nenhum posicionamento é assumido e não há a aplicação lógica de um algoritmo -, a promoção da restrição de fidelidade acaba garantindo que a restrição conjunta utilizada permaneça acima das restrições que a constituem. Observe-se o exemplo em (27) que evidencia a aquisição de CVCC em um estágio anterior à VCC:

(27a)

Produção de CVCC

Hx={[*ComplexCoda & Onset]}>>{Faith}>>*ComplexCoda>>Onset (27b)

Produção de VCC

Hx+1={Faith}>>{[*ComplexCoda & Onset]}>>*ComplexCoda>>Onset

Ao contrário do algoritmo de Tesar & Smolensky (2000), utilizado por Bonilha (2000), o ranqueamento proposto pelos autores não posiciona a restrição conjunta no mesmo estrato das restrições que a constituem. Ainda assim, deve-se ressaltar que a restrição conjunta perde o seu papel principal que é proibir o pior do pior, pois não há mais uma restrição entre ela e as restrições que a constituem que possa ser violada. Observem-se (28) e (29):

(28)

Conjunção Local exercendo sua função A&B>>C>>A, B

(29)

Conjunção Local sem papel na hierarquia

a) C>>A&B>>A, B (Levelt, Schiller & Levelt, 2000) b) C>> A&B, A, B (Bonilha, 2000)

c) C>>A, B>>A&B (hipotético)

Em (30 a,b,c), as hierarquias dispostas em (29 a,b,c) são explicitadas com dados da aquisição do PB.

(30a)

/sei/ MAX I/O NotComplex

(nucleus) & NoCoda (σ) Not Complex (nucleus) NoCoda a-) se *! b-)sej * /pas/ a-) pa *! b-) pas * /seis/ a) sej *! * b) ses *! * c) sejs * * *

(30b)

/sei/ MAX I/O NotComplex

(nucleus) & NoCoda (σ) Not Complex (nucleus) NoCoda a-) se *! b-)sej * /pas/ a) pa *! b) pas * /seis/ a) sej *! * b) ses *! * c) sejs * * * (30c)

/sei/ MAX I/O Not Complex

(nucleus) NoCoda NotComplex (nucleus) & NoCoda (σ) a-) se *! b-)sej * /pas/ a) pa *! b) pas * /seis/ a) sej *! * b) ses *! * c) sejs * * *

Como pode ser observado através dos tableaux em (30 a,b,c), a restrição conjunta [NotComplex(nucleus) & NoCoda ](σ), independente de seu ordenamento – acima das

restrições que a constituem, conforme (29a), compartilhando o mesmo estrato, conforme (29b), ou abaixo das restrições NotComplex(nucleus) e NoCoda -, não exerce nenhum papel na emergência das sílabas CVV, CVC e CVVC no PB. Para um input CVVC, o output ótimo emerge por não violar a restrição Max I/O, ranqueada acima das restrições de marcação Not Complex (nucleus) e NoCoda. Esse, com o atual quadro de restrições, só não emergeria se a restrição conjunta estivesse ranqueada acima da restrição de fidelidade e, consequentemente, também acima das restrições que a constituem. Portanto, independente de se considerar [NotComplex(nucleus) & NoCoda ](σ) posicionada acima das restrições que a constituem (Levelt, Schiller & Levelt, 2000), ou compartilhando estrato com as mesmas (Bonilha, 2000), ainda assim, a restrição conjunta passa a não exercer papel na gramática do PB que já permite a realização de uma sílaba CVVC. Quando ranqueadas abaixo das restrições de fidelidade, as restrições conjuntas se tornam, basicamente, meras repetições das restrições que a constituem.

O que pensar diante de tal constatação? Que as restrições conjuntas propostas por Bonilha (2000) e Level, Schiller & Levelt (2000) não são pertinentes, pois são demovidas no processo de aquisição? Descartá-las poderia parecer o caminho mais simples, no entanto, os dados da aquisição continuam apontando para a sua militância.

Aceitar a proposta dessas restrições parece sugerir que a construção das restrições conjuntas pode ser desencadeada por dificuldades do aprendiz na aquisição da língua. Restrições como [Not Complex (nucleus) & NoCoda](σ) seriam unidas por uma dificuldade do aprendiz, não por evidências da língua, ou seja, do output do adulto. Outro problema, no entanto, parece surgir dessa possibilidade: quantas restrições conjuntas poderiam ser criadas apenas para resolver essas dificuldades? Não estaríamos aqui retrocedendo à proposta de Kiparsky e Menn (1977)39? Quantas restrições inativas acabariam compondo a gramática?

Pareceria mais coerente entender que o operador & só seria ativado para a construção de uma restrição conjunta que realmente cumprisse o seu papel na gramática, tendo em vista serem essas específicas de língua, ou seja, as restrições só seriam unidas

39 Para os autores, as crianças, no processo de aquisição fonológica, aplicam regras que são específicas a esse período, ou seja, não constituem a gramática do adulto. Não há, pois, uma relação de continuidade na aquisição fonológica, uma vez que as regras aplicadas pelas crianças simplesmente são suprimidas, sem deixar pistas de que existiram na sua gramática.

quando motivadas por evidências no output do adulto. Novamente, os dados da aquisição continuam apontando para outra direção.

O fato é que, considerando que as restrições conjuntas emergem na aquisição fonológica, seu funcionamento está diretamente relacionado à aplicação do algoritmo de aprendizagem, pois é através dele que a criança constrói a forma de input e demove as restrições de forma a atingir a hierarquia da língua alvo. Portanto, talvez seja interessante pensar no operador & como mais uma função do algoritmo de aprendizagem.

O que é necessário, no entanto, para que o operador & seja ativado? Não haverá a possibilidade de que o mesmo seja ativado independente de evidências no output do adulto? Pelos dados da aquisição do PB e do Holandês, parece que sim.

É interessante observar que as restrições conjuntas referem-se sempre a formas marcadas nas línguas. Não há, por exemplo, uma restrição conjunta que proíba a realização de uma palavra prosódica constituída por duas sílabas CV. As restrições conjuntas são utilizadas, com base na especificidade de cada língua, para impedir o pior do pior, ou seja, sílabas CVV e CVC são marcadas em comparação a uma sílaba CV, mas uma sílaba CVVC apresenta uma estrutura ainda mais complexa.

Sob esse prisma, parece possível, sim, considerar que as restrições conjuntas sejam criadas pelo aprendiz como uma forma de lidar com as estruturas mais complexas da língua, quando a demoção das restrições que a constituem já foi efetivada, possibilitando a emergência de uma estrutura que o aprendiz ainda não está apto a realizar. A formação da restrição conjunta estaria sendo motivada por dificuldades na aquisição fonológica, ou seja, o operador & seria ativado exatamente pelo fato de a restrição conjunta exercer uma função: impossibilitar a produção de uma estrutura marcada que o ranqueamento baixo de restrições simples já permite.

O que sugerir, no entanto, para impedir a proliferação desnecessária dessas restrições na gramática do aprendiz, já que, quando demovidas, passariam a não ter papel na gramática? Uma sugestão, justamente vinculando o operador & ao algoritmo de aprendizagem, seria considerar que, após a demoção de uma restrição conjunta para o mesmo estrato das restrições que a constituem – como é evidenciado na hierarquia em (29b) -, essas restrições seriam desunidas exatamente por não possuírem mais papel ativo na gramática. Assim como se considera a possibilidade da existência de um operador &,

haveria também um operador de desconstrução. As restrições conjuntas que não fossem demovidas abaixo das restrições que as constituem, não sofrendo, portanto, violação, seriam mantidas e permaneceriam na gramática de acordo com a especificidade de cada língua.

Além do ordenamento correto das restrições que compõem a gramática, os aprendizes teriam que ativar as restrições conjuntas que realmente irão exercer função na gramática.

Quanto ao acionamento de restrições conjuntas que não exercerão papel na gramática alvo, esse ocorrerá pelas dificuldades do aprendiz em lidar com determinadas estruturas. O acionamento das restrições conjuntas que não militam na gramática alvo não chegam a configurar um retrocesso à proposta de Menn e Kiparsky (1977), pois a relação de continuidade entre a gramática da criança e a gramática do adulto permanece, ou seja, restrições que constituem a gramática da criança permanecem atuando na gramática do adulto, somente sob um ordenamento diferenciado. As restrições conjuntas que não cumprem papel na gramática apenas transitam pela gramática do aprendiz, sendo desconstruídas ainda durante o processo de aquisição.

É preciso salientar que a construção de restrições conjuntas que não militam na gramática do adulto não seria mais um mecanismo de atingir à gramática alvo, mas um recurso, disponibilizado pelo sistema de processamento, para lidar com a não realização de estruturas mais complexas. Pode-se observar, conforme (31), que a hierarquia H4 - que ampara a realização de uma estrutura silábica CVVC -, equipara-se à hierarquia H3 no que se refere ao ordenamento das restrições de marcação que permanecem na gramática alvo do PB.

(31)

H3={[NotComplex(nucleus) & NoCoda](σ)}>>{MAX I/O, DEP I/O}>>{NoComplex (nucleus), Onset, NoCoda}

H4={MAX I/O, DEP I/O}>>{NoComplex (nucleus), Onset, NoCoda}

A diferença existente entre as hierarquias H4 e H3 é a existência da restrição conjunta. O mecanismo utilizado pelo aprendiz para a aquisição da estrutura silábica

CVVC, continua sendo, considerando o algoritmo de aprendizagem utilizado por Bonilha (2000), apenas o processo de demoção de restrições.

Observe-se que o funcionamento da restrição de Conjunção Local é diferente do funcionamento das outras restrições que compõem a gramática, pois há a necessidade de que essa esteja ranqueada sempre acima na hierarquia. Isso realmente pode acenar para a construção dessas restrições através do operador &.

A existência de um operador de desconstrução parece ser lógica ao considerarmos a existência do operador &. Conforme McCarthy (2002), considerando a existência do operador &, os aprendizes teriam um modesto quadro de restrições inato, com parte da

aprendizagem sendo dedicada a descobrir quais restrições universais são conjuntas em sua

língua. Considerando que a OT é inerentemente tipológica, e que a união do individual e

do universal que a OT alcança através da troca de ranqueamento é provavelmente a idéia mais interessante da teoria, o autor sugere que, a princípio, considere-se que as restrições conjuntas estejam em CON, porém, extremamente restringidas por limitações no que concerne aos tipos de restrições que podem estar associadas e aos domínios a que se referem.

Se há uma lógica que realmente restringe os tipos de restrições que podem ser conjuntas e delimita o estabelecimento de domínios possíveis, por que sobrecarregar a gramática com um número ainda mais excessivo de restrições? Por que não simplificar? Pode-se sugerir que as restrições conjuntas funcionem (i) pela existência, em CON - devido as características intrínsecas de cada restrição – de limitações nos tipos de restrições que podem ser conjuntas; (ii) pela ativação do operador & no algoritmo de aprendizagem. A universalidade de CON é mantida, pois o mesmo quadro de restrições conjuntas poderá ser potencialmente formado em todas as línguas.

Concorda-se com McCarthy (2002), no entanto, quanto a necessidade de se considerar que o diferente ranqueamento das restrições é a principal fonte do estabelecimento de diferentes padrões de língua particular e, portanto, esse deve ser exaustivamente buscado antes que restrições conjuntas sejam postuladas pelo analista.

4.4 Conclusão

De acordo com o que foi discutido no presente Capítulo, conclui-se que, sob um enfoque conexionista da Teoria da Otimidade, as restrições conjuntas passam a constituir um mecanismo que funciona com base no peso atribuído às restrições, pois somente restrições que apresentam um peso maior podem desencadear o processo de junção.

A reanálise da proposta de Bonilha (2000) comprova que a restrição conjunta [Not Complex (nucleus) & NoCoda](σ) é necessária para evidenciar, para alguns sujeitos40, o III estágio de aquisição da sílaba no português - produção de sílabas CVV e CVC, e a não realização de sílabas CVVC – através do ranqueamento [Not Complex(nucleus) & NoCoda](σ)>>Max I/O, Dep I/O>> Onset, Not Complex (nucleus), NoCoda.

As considerações tecidas a respeito do uso das restrições conjuntas na aquisição fonológica sugerem que a realização de estudos sobre a forma que as restrições conjuntas surgem na gramática poderão trazer contribuições no que concerne ao tipo de restrições que podem constituir uma restrição conjunta.

Os dados da aquisição corroboram o funcionamento das restrições conjuntas proposto por Smolensky (1995, 1997): no III estágio de aquisição, violar as duas restrições de estrutura silábica – NotComplex(nucleus) e NoCoda – é pior que violar uma delas por vez, apesar dessa violação única implicar uma violação de fidelidade.

Assim como Smolensky (1995, 1997), sugiro que as restrições conjuntas sejam formadas a partir da ativação do operador &. Apesar da existência do operador, a universalidade de CON é mantida, pois o mesmo quadro de restrições conjuntas poderá ser potencialmente formado em todas as línguas.

Também é sugerido que o posicionamento acima na hierarquia e a inviolabilidade das restrições conjuntas atuem como mais uma limitação no funcionamento das mesmas.

Neste capítulo, também foi possível apresentar algumas sugestões a respeito do uso das restrições conjuntas no processo de aquisição da fonologia:

a) a conjunção local perde o seu papel na hierarquia de restrições quando: (i) C>>[A&B]>>A, B; (ii) C>>[A&B], A, B; (iii) C>>A,B>>[A&B];

40 Considerando as possíveis diferenças de resultados encontradas entre a análise de dados transversais e longitudinais.

b) sugere-se o funcionamento do operador & como uma função, não da GU – conforme proposta de Smolensky (1997) -, mas do algoritmo de aprendizagem; c) o operador & não é ativado apenas por evidências do output, mas por dificuldades

encontradas pelo aprendiz na aquisição fonológica, considerando as análises de Bonilha (2000) e Levelt, Schiller & Levelt (2000);

d) restrições conjuntas são formadas por restrições que estão ranqueadas acima nas subhierarquias universais;

e) como as restrições conjuntas se referem sempre a formas marcadas nas línguas, parece possível considerar que as mesmas sejam criadas pelo aprendiz como uma forma de lidar com as estruturas mais complexas da língua - quando a demoção das restrições que as constituem já foi efetivada, possibilitando a emergência de uma estrutura marcada que o aprendiz ainda não está apto a realizar;

f) após a demoção de uma restrição conjunta para o mesmo estrato das restrições que a constituem, essas restrições são desunidas, pois a restrição conjunta perde o seu papel na gramática;

g) as restrições conjuntas que não são demovidas, não sofrendo, portanto, violação, serão mantidas e permanecerão na gramática de acordo com a especificidade de cada língua.

A aquisição fonológica, de acordo com essa proposta, passa a ser vista como o reordenamento de restrições e a construção de restrições conjuntas que realmente irão exercer papel na língua alvo.

Considerando que a ativação da restrição conjunta [Not Complex (nucleus) & NoCoda](σ) funciona para proibir a realização da estrutura silábica CVVC, a aquisição desse tipo silábico continua estando vinculada, pela proposta do algoritmo de aprendizagem utilizado por Bonilha (2000), ao processo de demoção de restrições.

5 METODOLOGIA

Neste capítulo, serão abordados os aspectos relativos à metodologia utilizada: escolha do tipo de sujeito – longitudinal x transversal -, descrição dos dados e variáveis pertinentes quanto à sílaba, acento e segmento. Também se fará referência a algum detalhamento específico quanto à codificação dos dados no que se refere a estruturas passíveis de interpretações diferenciadas na literatura.