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Capítulo 2 | Wayfinding em Ambiente Hospitalar

6. Equipes multidisciplinares de design: Como processo colaborativo cada área

3.6 Importância do Design Centrado no Usuário/Pessoa para o processo de design

Em decorrência das relações com os usuários e a tendência da projeção das futuras experiências humanas (partindo dos pressupostos apresentados anteriormente) estarem cada vez mais complexas, é importante reconhecer o papel do design centrado no usuário. O que foi levantado nesta dissertação é uma pequena amostra dos principais pontos do design centrado no usuário. Vale ressaltar sua relevância nos aspectos econômico, social e ambiental, sem desconsiderar todas as questões políticas que permeiam esses aspectos. A utilização da abordagem do DCU pode contribuir de forma positiva com instituições empresas, profissionais e claro, usuários. Maguire (2001) apresenta algumas características importantes quando se utiliza a abordagem centrada no usuário, as quais também são disponibilizadas pela ISO 9241-210. Embora essas características tenham sido descritas referentes à usabilidade de um sistema, nesta pesquisa elas estão sendo entendidas sob a perspectiva da usabilidade de um sistema de informação, seja ele digital ou analógico:

Aumento da produtividade: Quando um sistema é concebido de acordo com

a forma de trabalho do usuário e princípios de usabilidade a execução da operação acontecerá de forma efetiva;

Redução de erros: projetando para o usuário pode diminuir significantemente

a taxa de erros, evitar inconsistências, ambigüidades e outras falhas que o projeto pode vir a apresentar;

Aumento da aceitação: a participação do usuário melhora na aceitação do

sistema como resultado indireto de um sistema bem projetado e fácil de usar; • Melhora da reputação: Um sistema bem projetado irá promover uma resposta

positiva do usuário e do cliente, melhorando a reputação da empresa no mercado (ISO, 2010, p. 587-588).

Além das características citadas, as quais beneficiam todos os envolvidos na concepção e uso do produto, outras mais estão implícitas. De acordo com a ISO 9241-210, outros benefícios da adoção do design centrado no ser humano dizem respeito ao ciclo de vida de um produto, sistema ou serviço. Ou seja, a consideração de todos os aspectos desde a concepção, design, implementação, suporte,

utilização, manutenção até a eliminação (ISO 9241-210, 2010, p. 4). Embora não mencionado na ISO cabe citar outro aspecto do ciclo de vida que pode estar junto aos demais que é a reciclagem, ou seja, o retorno ao início do processo de um ciclo sustentável.

As descrições da ISO 9241-210 apontam que a abordagem centrada no ser humano pode trazer benefícios na dimensão econômica da sustentabilidade na medida em que: (a) atende às necessidades e habilidades dos usuários; (b) melhora a utilização, qualidade, eficiência, gerando soluções com boa relação de custo-benefício e reduzindo a probabilidade de que sistemas e serviços sejam

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Capítulo 3 | A inclusão do usuário no processo de wayfinding

descartados ou rejeitados pelos usuários (ISO 9241-210 p.4) o que implica em uma dimensão ambiental, embora não mencionada. Na dimensão social a ISO preconiza que a abordagem no ser humano resulta em sistemas, produtos e serviços melhores para a saúde, bem-estar e engajamento dos usuários, incluindo pessoas com

desabilidades.

Também o envolvimento do usuário propicia outra leitura de âmbito social. Deve- se considerar o que tem motivado os usuários a serem incluídos nos projetos de produtos, sistemas ou serviços. No design participativo, Santa Rosa e Moraes (2012) declaram que esses motivos podem estar relacionados aos aspectos:

• políticos e sociais (usuário influenciando seu local de trabalho e o design melhorando a qualidade de vida);

• geográfico e contextual (usuários e designer com diferentes perspectivas devido a cultura e contexto geo-político-social);

• pragmático (usuário propiciando melhorias na eficiência, eficácia e satisfação, aumentando qualidade e aceitação) (SANTA ROSA e MORAES, 2012, p.18). Pelo que foi dito, a abordagem centrada no usuário, com sua concepção holística, tem potencial de atender o ser humano e seu entorno de modo mais integrado, considerando também requisitos de design para a sustentabilidade.

No entanto, a prática do DCU exige que empresas repensem a maneira de fazer negócios, desenvolver produtos e pensar sobre seus clientes. De acordo com Rubin e Chisnell (2008 [1994]) não existe nenhuma fórmula mágica, mas aplicação dos princípios comuns da abordagem em empresas que praticam DCU. Para o autor, sem perceber que instituir o DCU requer uma mudança significativa na cultura da empresa, elas estão tentando criar programas imediatos, ao invés de construir programas ao longo do tempo (RUBIN e CHISNELL, 2008 p.14 e 93, [1994]).

No design, a prática do DCU precisa ser planejada levando em conta os novos papéis dos profissionais da área. De acordo com Sanders e Stammers (2008) o pesquisador de design muda seu papel de tradutor para facilitador do processo de criação conjunta, conduzindo, orientando, dando suporte para as pessoas envolvidas. Os autores complementam que o designer passa a ter novos papéis:

Pensadores (por possuírem habilidades em pensamento visual, na realização

de processos criativos, em encontrar informações e falhas e tomar decisões); • Criadores e exploradores de novas ferramentas e métodos de design gerador;

Possuidores de uma visão geral dos processos de produção e contextos

empresariais e tecnológicos;

Especialistas em pontos estratégicos do produto.

Vale complementar que esses novos papéis irão necessitar de novas posturas dos designers. Isto vem de encontro à menção de Krippendorff (2000) de que,

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Capítulo 3 | A inclusão do usuário no processo de wayfinding

para que o Design Centrado no Humano (DCH) seja possível, considerando o paradigma atual, é necessário que os designers aprendam (educação em design) técnicas colaborativas de projeto, maneiras de envolver stakeholders, não apenas como sujeitos ou informantes, mas como participantes ativos. O autor defende que o design é para e com pessoas diferentes dos designers. Ele complementa que o DCH não pressupõe que o entendimento dos designers seja melhor do que aquele de stakeholders (engenheiros, vendedores, ativistas ecológicos, usuários) (KRIPPENDORFF, 2000, p.95).

Sumarização

Neste capítulo, foram apresentados primeiramente aspectos que estão envolvidos no Design Centrado no Usuário, como princípios, formas de participação do usuário e outros conhecimentos necessários. Tais conhecimentos versaram sobre a colaboração e o diálogo entre as várias disciplinas envolvidas, sem os quais o projeto centrado no usuário não acontece. Foram então descritas definições acerca de processo de design, sua composição, abordagens, focando no entendimento dos processos lineares e circulares, que incluem o usuário, chegando enfim, em atividades e recomendações para processos centrados no usuário. Foi apresentado também como têm sido relatados os processos de design para sistemas de

wayfinding e suas abordagens no referente à inclusão do usuário, através de comparação entre os processos. Tais processos apresentaram-se no intuito de auxiliar os profissionais a entenderem as possibilidades de conformação, a flexibilidade e o dinamismo que os processos podem ter. Além disso, foi descrita, sucintamente, a contribuição de métodos e técnicas da ergonomia para inclusão dos usuários no processo de design para wayfinding. Por fim, foi apresentada a importância de aplicação da abordagem centrada no usuário concernente aos benefícios para a academia e mercado.

No próximo capítulo será apresentada a segunda parte dessa pesquisa com a abordagem e procedimentos metodológicos adotados, análises realizadas e os resultados obtidos.