• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 1 | Sistemas de Wayfinding

1.3 Os artefatos dos sistemas de wayfinding

1.3.2 Placas de sinalização: pictogramas e símbolos

Em ambientes complexos (a exemplo de estações de metrô e hospitais, onde o tempo é fator determinante) a informação gráfica, conforme Bins Ely (2004, p.29) assume papel de suma importância, já que os usuários normalmente não possuem muito tempo para explorá-las o suficiente para apreender a sua estrutura interna. O desenvolvimento de sinalização (constitutiva de um sistema de wayfinding) implica, em tomar decisões sobre os elementos formais dos sinais-chave, formas, materiais e construção, considerando sua configuração, intenção do projeto, mensagens e audiência (GIBSON, 2009, p.109). O autor menciona que o designer precisa

perceber que, um detalhe da estrutura tridimensional, pode impactar a aparência de um sistema, tanto quanto as cores e a tipografia. Soma-se a isso as representações gráficas dos símbolos e pictogramas, os quais são utilizados amplamente nas placas de sinalização de sistemas de wayfinding, conforme descrito a seguir.

Pictogramas e símbolos

Inseridos no modo de representação pictórico (Waarde, 1993) os pictogramas ou símbolos são, de acordo com Dewar (1999), representações gráficas de uma ou mais características de seu referente (objeto real ou conceito). Segundo o autor, o termo pictograma é entendido como sinônimo de símbolo, ícone (referente a computador), glifo e pictográfico. Os símbolos são geralmente concebidos para ser eficaz sem a utilização de palavras e apresentam vantagens em relação ao texto verbal, conforme mencionadas por Dewar (1999) e descritas a seguir:

42

Capítulo 1 | Sistemas de Wayfinding

• São melhor visualizados em condições adversas;

• São mais compactos – podem representar informação condensada em termos de espaço;

• Podem ser detectados mais prontamente que sinalização escrita;

• São entendidos por pessoas que não dominam a língua nativa do país em que são usados;

• São multidimencionais incorporando características como: cor, forma, tamanho, ou combinações destes em uma mensagem.

A utilização dos símbolos em sistemas de wayfinding é bastante freqüente, pelas vantagens mencionadas anteriormente. No entanto o entendimento dos símbolos no contexto de uso é fundamental. Wyman e Berger (2009) descrevem que os símbolos utilizados em sinalização urbana (como sinalização de trânsito) possuem normalmente um padrão cromático específico, diferenciados dos demais. Eles acrescentam que em rodovias é comum a utilização de símbolos com texto, mesmo sabendo-se que o uso do símbolo sozinho tem melhores chances de comunicar para grandes públicos (WYMAN e BERGER, 2009, p.58). A figura 10 apresenta um modelo de placa de sinalização que utiliza textos e pictogramas.

Figura 10: Exemplo de placa de sinalização com texto e pictograma. Fonte: Aurus estúdio de design, 2010. Foto acervo pessoal da autora.

Diante das tantas possibilidades de representação dos símbolos em placas de sinalização (artefato visual utilizado no sistema de wayfinding) vale salientar

algumas normatizações e tentativas de padronização dos símbolos. Alguns padrões como American National Standards Institute – ANSI e International Standards

Organization – ISO, foram criados para placas de sinalização.Tais padrões explicitam desde cores e tamanhos apropriados a cada tipo de sinalização/mensagem e

até recomendações de formas de representação mais adequadas, sevindo como critérios para sinalização em geral (contemplando sinais de advertência, cores, tamanhos etc.). Várias instituições desenvolveram símbolos que tornaram-se padrão para sistemas de wayfinding como o American Institute of Graphic Arts (AIGA) e a Society for Environment Graphic Design – SEGD (GIBSON, 2009, p.97).

No Brasil a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT disponibiliza algumas padronizações para placas de trânsito, sinalização de segurança relativas a

43

Capítulo 1 | Sistemas de Wayfinding

o modelo da ISO. Nesta pesquisa não foram encontradas, até o momento, dentro das normas brasileiras, padronizações específicas para área de saúde.

Pelo exposto até aqui, é nítida a grande quantidade de fatores que estão envolvidos no desenvolvimento de símbolos para sistemas de wayfinding. Deste modo,

algumas orientações para tornar os símbolos mais efetivos tornam-se úteis. Nesse sentido Wyman e Berger (2009) sugerem que, no desenvolvimento dos símbolos para sistemas de wayfinding, os designers respondam a algumas perguntas:

• os símbolos são facilmente lembrados? • o usuário poderá ler o símbolo?

• o símbolo diz a coisa certa da maneira certa?

Dewar (1998) também fornece critérios para o desenvolvimento dos símbolos, conforme descrito a seguir:

• os símbolos devem chamar atenção ou ser facilmente identificados pela pessoa que necessita da informação;

• devem ser legíveis à distância apropriada, quando visto por breve período de tempo (sinalização de estradas); sob condições adversas de visualização (pouca iluminação, neblina, ofuscamento) ou; em situação em que a

informação tem que ser rapidamente identificada;

• ser claramente compreendido para que a ação em resposta à mensagem seja imediatamente óbvia.

Além disso, o autor acrescenta que a compreensão dos símbolos também envolve: • experiência cultural do usuário (diferenças culturais implicam em diferentes

formas de representação de um mesmo objeto; • contexto em que os símbolos estão inseridos;

• modificações de objetos ao longo do tempo (considerando que os símbolos careçam de atualização).

Muitas outras considerações sobre os símbolos gráficos podem ser apresentadas, no entanto, o intuito dessa pesquisa é apresentar, de modo breve, algumas

das questões envolvidas na concepção de tais símbolos. Assim, a partir da caracterização, orientações, normas e critérios sobre os símbolos apresentadas até aqui, ressalta-se a importância do caráter universal que os símbolos gráficos devem ter. Porém, acredita-se que o contexto (ambiental e cultural) no qual será aplicado, precisa ser priorizado. Consequentemente depreende-se que, para o desenvolvimento de símbolos gráficos efetivos, a participação do usuário torna-se evidentemente necessária.

44

Capítulo 1 | Sistemas de Wayfinding

Sumarização

Este capítulo descreveu conceitos referentes aos sistemas de wayfinding, desde como acontece o processo de orientação espacial nos sistemas, através de definições e abordagens de diferentes áreas do conhecimento. Para tanto, foram apresentadas definições sobre orientação espacial e sua configuração nas áreas da Arquitetura, do Design, da ergonomia, da Antropologia, da Geografia e da Psicologia.

Como já mencionado, observou-se a convergência das abordagens sobre o processo de orientação/wayfinding no referente aos mapas cognitivos, sendo inegável a sua importância para compreensão de como o usuário pode perceber o espaço e agir no espaço. Por outro lado, a teoria do “Domínio Prático” consegue trazer o processo de cognição espacial sob uma ótica até então, não abordada no design de sistemas de wayfinding. Do mesmo modo, os estudos etnolinguísticos são extremamente relevantes, principalmente pela consideração das diferenças culturais.

Acredita-se que as teorias e abordagens sobre os processos cognitivos utilizados para wayfinding, advindo das diferentes áreas citadas, vêm ao encontro dos

objetivos dessa dissertação, principalmente no referente ao entendimento do usuário. Deste modo acredita-se que contribuições positivas para a compreensão de como os usuários percebem e utilizam o espaço podem ser extraídas. Vale destacar, a introdução de estudos da Antropologia que contribuem aqui com um olhar diferenciado que possibilita aos profissionais compreenderem melhor toda a questão cognitiva que está envolvida nos sistemas de wayfinding. Posteriomente foram apresentados os artefatos visuais que podem compor os sistemas de

wayfinding como os mapas de orientação e placas de sinalização. Deste modo, foi possível visualizar o entrelaçamento dos tópicos (cognição no espaço, percepção de elementos de design nos artefatos gráficos de acordo com os objetivos de cada material), necessários para a transcrição do processo de orientação em representações visuais. Foram então fornecidadas algumas recomendações para o desenvolvimento de mapas de orientação e placas de sinalização, principalmente no que concerne ao desenvolvimento de pictogramas e símbolos.

É clara a complexidade dos sistemas de wayfinding diante do exposto até aqui. Acrescente-se a essa complexidade de informações para compreensão do espaço e desenvolvimento dos artefatos gráficos, a aplicação desses em um ambiente também complexo, com usuários em situações de estresse, dor e medo. Eis o ambiente hospitalar. Informações sobre aspectos específicos de ambientes construídos de atendimento à saúde como hospitais, bem como seus usuários, serão apresentados no próximo capítulo.

45

Capítulo 1 | Sistemas de Wayfinding