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A imprensa brasileira em tempos de império não se distancia do início da atividade inicial da imprensa no Brasil, visto que o primeiro periódico brasileiro data de 1808, junto com a vinda da família real portuguesa. A cena inicial se dá pelos pioneiros “Gazeta do Rio de Janeiro” e “Correio Braziliense”, o primeiro sendo jornal oficial e o segundo, crítico à Coroa. Contudo, ambos eram iguais em muitos pontos como a defesa da monarquia como forma de governo e o repúdio a ideais revolucionários.

Acerca da independência, o “Gazeta do Rio de Janeiro” se declarou a favor antes do “Correio Braziliense”, por conta, sobretudo, do caráter oficial que tinha. Marco Morel analisa essa situação da seguinte forma:

É possível enxergar nuances nessa polarização, às vezes maniqueísta, entre esses dois jornais luso-brasileiros, vistos mais tarde como brasileiros apenas. Os dois faziam parte do mesmo contexto político e mental e, ainda que com diferenças, partilhavam um universo de referências comuns. (MOREL, 2011, p. 32).

Próximo à volta de D. João VI a Portugal, com as investidas da Revolução Constitucionalista, a imprensa ganha alvará de liberdade e publicação, outrora impedido por censura determinada pelo próprio regente.

Morel (2011) ainda conta que, na época, não era o termo ‘jornalista’ que abrigava os responsáveis pelas publicações, mas sim ‘redatores’ ou ‘gazeteiros’. Apesar de circularem em regiões específicas, abordavam temas que correspondiam a toda extensão do país, podendo abordar até assuntos internacionais. Os periódicos foram sendo criados, em primeiro estágio, nas capitais provinciais de grande importância econômica e política. Os preços dos jornais eram acessíveis, em sua maioria. O estilo panfletário era o dominante.

A maioria dos homens letrados dessa geração, independente do posicionamento político, escrevia no chamado estilo panfletário, que expressou uma das fases mais criativas e vigorosas dos debates políticos mundiais e da imprensa brasileira em particular, só vindo a desaparecer da segunda metade do século XX. O estilo panfletário [...] alcançava eficácia por várias características retóricas interligadas, como: capacidade de convencer e de atacar, espírito mordaz e crítico, linguagem literária, sátira, requerendo ao mesmo tempo densidade doutrinária e ideológica e agilidade para expressar, em situações específicas e circunstanciais, uma visão de mundo geral e definida. (MOREL, 2011, p. 37).

O público leitor era divergente. Morel (2011) garante ainda que embora a imprensa da época ganhe o caráter de elitista, seus leitores eram diversos, pois correspondiam a grupos que sofriam intersecções, desde nobres até mesmo ex-escravos que sabiam ler.

A partir da independência, os periódicos se dedicam, em sua maioria, a causas políticas e também abriga uma boa parte de literatura, algo que havia iniciado no período joanino (MARTINS, 2011), ainda que com ressalvas. Desde antes do 7 de setembro, os jornais já eram meios de veiculação de ideias de oposição ou a favor de Pedro I. Com a questão da independência, muitos periódicos surgiram e ganharam força com a luta.

Um exemplo é a revolta de 1817, em Pernambuco, onde Frei Caneca desponta como uma das figuras que usou suas palavras no “Tiphis Pernambucano” para protestar contra as ações déspotas do príncipe regente, o que custou sua vida. Isso se torna comum na extensão das primeiras décadas do período imperial. Assim como os grupos políticos, os jornais também se dividiram na então guerra entre portugueses e brasileiros no primeiro reinado. Eles são introduzidos como objetos da luta política e ideológica.

Durante o governo de Pedro I, o número de jornais aumentou, e despontam alguns nomes importantes para a história da imprensa brasileira, como o de Teófilo Otoni, Líbero Badaró e Lopes Gama. Os jornais do período inicial do império, como afirma Marco Morel (2011, p. 41), são frutos de várias redes de sociabilidade dentro do que estava em vigor na época, ou seja, são frutos do período histórico-político em que viviam. Nelson Werneck Sodré (1983, p. 110) afirma que a imprensa definiria a situação no fim do primeiro reinado, culminando na abdicação do imperador.

Na época, muitos periódicos em tamanho menor ganharam espaço. Os chamados ‘pasquins’, que eram pequenos com uma ou duas colunas, proliferaram-se no período inicial das regências e tiveram grande atuação em meio aos conflitos e a propagação dos ideais revoltosos surgidos nesse período. Nos primeiros anos das regências, surgiram cerca de 50 pasquins. De 1832, Nelson Sodré (1983, p. 122) conta cerca de 50 jornais no território do país, com grande viés político em sua linha editorial:

A imprensa definia-se quanto à orientação, nos três campos, o dos conservadores de direita, embalados no sonho da restauração, o dos liberais de direita, que faziam papel de centro, e o dos liberais de esquerda [...] era violentamente combatido pelos jornais das outras duas facções. (SODRÉ, 1983, p. 122-123).

Apesar da hegemonia da política nos jornais, havia também alguns outros que se dedicavam à economia. Estes faziam seu trabalho em cima da perspectiva de produção de alimentos, como o café e o açúcar, além de produtos de origem animal. Um dos exemplos desses

jornais mais segmentados foi um periódico que teve sua origem em 1821, o primeiro de caráter noticioso a circular, segundo Simões Junior (2006). O “Diário do Rio de Janeiro” noticiava diariamente o preço dos alimentos, passando a ser chamado de “Diário de Manteiga” por conta disso. Teve ainda um grande trabalho de propagação do que hoje são grandes clássicos da literatura nacional.

Como se mantinha afastado das questões políticas, não noticiou nem mesmo a Independência, o acontecimento mais importante de seus primeiros anos. Publicou, no entanto, Cinco minutos (1856), Diva (1856), O guarani (1857) e A viuvinha (1857), de José de Alencar. Seu último número foi publicado em 1878. (SIMÕES JUNIOR, 2006, p. 5).

De 1830 a 1850, como garante Simões Junior, é a fase artesanal da imprensa brasileira. Os periódicos, em sua maioria, eram redigidos e impressos por uma só pessoa, o que dificultava e demorava o processo de produção.

Apesar disso, durante os nove anos de regência, a imprensa brasileira se desenvolveu com as revoltas. Muitos foram os pasquins criados para exaltar ou propagar os ideais revoltosos, estabelecendo ainda mais a relação dos jornais com a política. Marco Morel descreve o processo importante da imprensa em um dos períodos mais conturbados da história brasileira:

E foi justamente no período das regências (1831-1840) que ocorreu no Brasil uma verdadeira explosão da palavra pública, com crescimento visível de associações, de motins, rebeliões… e de periódicos, embora, claro, nem todos fossem rebeldes. A imprensa constituiu-se como formuladora de projetos de nação distintos entre si (apesar das convergências) e de uma cena pública cada vez mais complexa, na qual emergiam atores políticos diferenciados. (MOREL, 2011, p. 42).

Morel ainda faz um panorama geral sobre quem aparecia nos jornais: eram sempre soldados, oficiais de média patente, lavradores arrendatários, profissionais liberais, parte do clero regular e secular, camadas pobres urbanas livres, homens negros e brancos. As mulheres se destacavam como leitoras, poucas vezes protagonizando escritos ou manifestos políticos, que eram comuns para a época.

Tais pasquins, tão presentes neste período artesanal, eram de vida curta. Alguns não passavam até mesmo do primeiro número, como afirma Sodré (1983, p. 158). Outros deixavam de circular, mas retornavam com outros nomes. Mesmo com a rapidez de duração, “não é possível, entretanto, deixar de enquadrar como imprensa periódica esse produto específico do meio brasileiro naquela época tormentosa”. (SODRÉ, 1983, p. 159).

Estudiosos afirmam que o período do Segundo Reinado foi de consolidação para a imprensa brasileira. Ana Luiza Martins (2011, p. 45) destaca que a partir das regências, os

jornais continuam o seu foco na política, mas passam a exercer mais o papel como prestador de serviços, muito pelo lado econômico, permitindo que os periódicos se transformem em empresas. Simões Junior (2006) relembra a fase a partir deste período, chamando-a de ‘empresarial’ na história da imprensa brasileira. É neste período também que a literatura se faz presente por meio dos famosos folhetins.

Apesar de anteriormente os regentes e imperadores terem tomado medidas contra a imprensa, como uma espécie de censura, no reinado de Pedro II, as coisas correram para a mudança. É então uma característica no mundo inteiro: mesmo com o impedimento, a imprensa não deixa de existir. Muito pelo contrário, ela avança.

Em todos os países os governos tentaram conter o desenvolvimento da imprensa porque ela dificultava o exercício do poder: a engenhosidade dos legisladores criou um arsenal de leis, regulamentos e dispositivos diversos destinados a limitar a liberdade da imprensa e entravar a difusão dos jornais, mas a eficácia do controle e da repressão foi sempre temporária, pois a evolução política geral (ampliação do corpo eleitoral, progresso do parlamentarismo…) aumentava o interesse pela política em camadas sociais cada vez mais extensas. A instrução, cuja generalização foi rápida nesse período, ampliava regularmente o público potencial da imprensa; a urbanização foi outro fator importante do seu desenvolvimento. De um modo geral, a elevação do nível cultural das classes abastadas, assim como das massas populares, aumentava a curiosidade e diversificava os gostos do público: a imprensa era então o único instrumento capaz de satisfazê-los. (ALBERT; TERROU, 1990, p. 29)

Um ponto importante a se considerar para a abertura de uma maior produção jornalística no Brasil era o cultivo de café, que agia majoritariamente na economia brasileira, permitindo maior tecnicidade nas tarefas, incluindo a do jornalismo. Os periódicos, que antes eram produzidos por uma pessoa, passaram a reinventar seu modo de trabalhar, a partir dos avanços tecnológicos.

Nelson Sodré conta a forma com que a imprensa seria usada neste período:

Para esses tempos, para essa gente, para a estrutura nova que pouco a pouco se firma e se consolida, a imprensa deve estar em suas mãos, deve servi-la, deve contribuir para a consolidação da estrutura escravista e feudal que repousa no latifúndio e que não admite resistência. (SODRÉ, 1983, p. 182).

Em contrapartida ao uso da imprensa no período regencial, no Segundo Reinado as coisas tendiam à mudança. Sodré (1983, p. 183) ainda destaca que na época, havia a imprensa política e a imprensa literária, que era abrigada em revistas ou em jornais especializados. Os jornalistas não eram homens de letras, cenário que mudaria do meio para o final do império, contando com a mescla dos de jornalismo e literatura, contrário ao que era no início.

Após o Golpe da Maioridade, os jornais reacionários foram perdendo força, chegando a ser poucos os que ainda resistiam apenas em viés político, e isso não só na capital, mas também em outras províncias.

As mudanças do reinado de D. Pedro II, a lei de proibição ao tráfico negreiro e a revolução de costumes também refletem nos jornais. Em 1852, a baiana Violante Velasco lança o Jornal das Senhoras, abrindo a possibilidade da figura feminina no jornalismo brasileiro.

Cada província possuía sua gama de jornais, alguns ainda resistiam no caráter político, apesar do cenário ser aberto para mudanças. Na segunda metade do século, a hegemonia jornalística se posiciona para um lado conservador, mesmo com pontos liberais, mas nunca radicais (SODRÉ, 1983). Neste tempo também, capítulos de grandes obras foram inseridos nos jornais, como “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida.

Os jornais também reservam um espaço razoável para anúncios. É importante ressaltar que, dentro dos anúncios, havia a figura dos escravos negros. Em muitos periódicos pela extensão territorial brasileira, espaços eram reservados para quem quisesse vender um escravo ou comunicar sua fuga. Apesar da crueldade, era o pensamento de uma sociedade escravocrata, que tinha suas bases econômicas sobre o tráfico negreiro, por isso a demora nas leis abolicionistas. Apesar disso, tais anúncios ajudaram na identificação étnica de muitos negros traficados da África, visto que nos jornais eram descritos com tantas minúcias, como que em gabinetes policiais (FREYRE, 1979).

Esta fase do período jornalístico do Brasil, na segunda metade do século, destaca-se por ser feito pelos homens de letras, por isso a presença intensa de literatura nos jornais, abrigando capítulos e trechos das obras em cada edição. Sodré (1983, p. 192) cita ainda que estes homens de letras escreviam para os jornais e também peças teatrais. Contudo, a censura aos palcos era maior, sendo então os jornais o meio de desenvolvimento de suas criações e pensamentos.

Machado de Assis se destaca neste período para além de sua aptidão literária. Seu olhar de repórter diante das decisões políticas no Senado faria com que ele mesmo, mais tarde, comentasse sobre essa sua carreira no jornalismo. Na década de 1860, surgem muitos jornais literários. Na província de São Paulo, os grupos acadêmicos mantinham a imprensa viva e com ideais liberais e abolicionistas. As muitas turmas trouxeram nomes importantes como Rodrigues Alves, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa e Castro Alves.

Nelson Sodré faz a análise deste período, contrapondo a imprensa acadêmica e a imprensa oficial:

Eram sinais precursores, porém, e a mocidade acadêmica apenas antecipava, como sempre entre nós, o que estava por eclodir. Porque, na Corte e em sua imprensa, persistia o incontrastado domínio da vazia oratória parlamentar e dos insipientes movimentos literários nos jornais que mal faziam recordar a vibrante imprensa da Regência. (SODRÉ, 1983, p. 197).

Paralelo à imprensa literária, corriam também os assuntos inerentes à nobreza criada pela Coroa, cheia de condes, marqueses e barões e suas respectivas famílias. Assuntos como comportamento, casamento, romance e moda passam a encher as casas deste público, por meio de seções ou até jornais específicos para os temas. Machado de Assis escreve para um desses, o “Jornal das Famílias”, levando seus contos às mulheres, às quais era destinado o jornal.

As mulheres, inclusive neste período, ganham força na ala de leitoras, visto que os jornais destinados a elas aumentam de número, e é o tempo em que o pensamento colonial com relação ao feminino é deixado de lado para abrigar a cultura francesa das belas roupas e costumes europeus, incluindo os folhetins.

Os famosos folhetins fazem muito sucesso neste tempo, conquistando leitores. Vindo também de cultura francesa, eram como novelas narradas de edição em edição nos jornais. É o formato que abrigou a literatura e trouxe à cultura brasileira grandes obras, como “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo. Outros folhetins causaram polêmica na sociedade da época, como “O Ateneu”, de Raul Pompeia.

Ao lado dessas seções, que se localizavam sempre ao pé da página, as crônicas e contos também fazem sucesso, Machado de Assis ganhou destaque com seus escritos. Esta opção pelos folhetins, apropriados da França, era uma forma de combate ao pensamento e à cultura lusitana, como garante Mariana Couto (2013). O ideal era se afastar de tudo o que envolvia Portugal, embora entre os lusitanos os folhetins também fossem comuns.

Durante as décadas, a forma de impressão foi se reinventando, outrora na xilografia, por meio de tipos com madeira ou metal. Passa a ser então utilizada a gravura em pedras ou lâminas de zinco. A impressão com cor, a partir de 1859, qualificou a imagem nos jornais. Ana Luiza Martins relata que, neste período, foram poucas as reformas gráficas nos muitos jornais, mas já construíam identidade.

Na perspectiva material daqueles impressos, o formato das publicações - jornal e revista - permaneceu praticamente o mesmo até meados do Império, conhecendo melhorias em função de episódicos avanços técnicos. A anterior divisão da política nos jornais e a literatura nas revistas fundia-se agora no jornal, pois eram literatos os homens da imprensa que acabavam por fazer política. (MARTINS, 2011, p. 56-57).

As gravuras ganharam maior presença nos jornais com os avanços das técnicas, dando mais amplitude para estabelecerem suas opiniões e linha editorial através de críticas. Por serem

de fácil entendimento e utilizando o humor como ferramenta de opinião, logo ganharam com a popularização. Mais para o fim do império, a cultura se estabelecia através de livros e jornais, fazendo com que editoras e livrarias surgissem como modelo de negócios. Em sua maioria, vinham da Europa e fixavam filiais no Brasil.

Outra característica importante dos jornais da época era a diversidade de seções. Nem sempre a política e a literatura detinham todo o espaço. Em alguns jornais havia pedaços em que eram comentados acontecimentos ou fatos que o leitor apontava, como meio de reclamação ou reivindicação. (MARTINS, 2011). Este é um dos motivos para a popularização dos jornais na época, e isso no mundo todo. Como confirmam P. Albert e F. Terrou (1990), a curiosidade dos leitores garante a popularização, tal como o preço baixo devido às publicidades e a democratização da vida política.

Se nos primeiros anos do Segundo Reinado os acontecimentos tiram de cena o liberalismo e afirmam o poder monárquico, a partir da década de 1860, com as leis abolicionistas, crises na base econômica e com a questão militar no Paraguai, o cenário tende a mudar na imprensa.

A respeito da Guerra do Paraguai, os jornais levavam à tona e questionavam sempre as ações estabelecidas. Desde o recrutamento de homens para os conflitos, até de questões subjacentes a isso, como a alforria dos escravos que eram mandados para a guerra. Temas que eram discutidos e que abalavam as estruturas do governo.

Com os constantes debates contra a Guerra do Paraguai e seus feitos, somadas às discussões abolicionistas fazendo retornar um pensamento liberal, entra em cena na imprensa as palavras republicanas que antes disso tinham pouco espaço.

A época pedia crítica, vibração, combate. Todos queriam reformas. A imprensa teria de acolher a inquietação generalizada, discutir as reformas, influir em seu andamento. Não era suficiente o luxo das gravuras, a apresentação gráfica aprimorada, a adoção de técnicas mais avançadas. O país vivia uma fase de mudança; uma dessas fases em que o conteúdo se adianta à forma, até que o conteúdo novo acabe por exigir mudança na forma e o aprimoramento exterior se equilibre com a expressão nova que se impõe. (SODRÉ, 1983, p. 223).

Reformas, portanto, em todo o sistema brasileiro, passou a abrigar os temas da imprensa em tempos de fim de império. A imprensa do governo discutia sobre os problemas, mas não de forma a conclamar mudanças como a outra parte dos jornais. Os jornais republicanos ganham sua notoriedade a partir da década de 1870. (SIMÕES JUNIOR, 2006).

O jornalismo abolicionista tinha em Luiz Gama, André Rebouças e o jovem Castro Alves seus grandes nomes. Os escritos fizeram com que a abolição da escravidão negra no

Brasil se tornasse a maior campanha do país, unindo grupos elitistas, camadas médias, estudantes, funcionários públicos, parte da Igreja e influentes da população negra.

A cada linha de atuação, emancipacionista ou abolicionista, e a cada sociedade libertadora ou clube abolicionista, ensaiou-se e/ou editou-se um jornal. Consta que até mesmo os filhos da princesa Isabel - envolvida com a abolição, sobretudo, por sua formação católica - publicavam um jornalzinho abolicionista no Palácio de Petrópolis. (MARTINS, 2011, p. 75).

A Lei Áurea foi recebida com festa, mas não diminuiu a luta pelo fim do império. Em junho de 1889, o jornal Gazeta da Tarde publicava: “Os dias de monarquia estão contados”, o que não deixava de ser verdade. Publicações com essa fizeram com que resoluções proibissem os jornais de fazerem propagandas republicanas. Pouco a pouco, a imprensa retorna com a aparência que tinha em tempos de Regência, com ideais fortes e palavras concisas, com um ponto em comum: a república.

Mas a ideia da República foi encampada e propalada por uma imprensa vivaz, onde militaram liberais, jovens oficiais, cafeicultores do sudeste e os quadros do Partido Republicano Paulista (PRP), que fizeram dos prelos o instrumento preferencial da campanha republicana. (MARTINS, 2011, p. 73).

Raul Pompeia, como relata Martins (2011, p. 78) ser a síntese do homem de imprensa da época, contou em reportagem a saída da família real para o exílio, após os eventos do 15 de novembro de 1889. A imprensa, em sua maioria, triunfara. Os jornais que não tinham caráter republicano não demoraram muito para a sua migração de ideais, salvo poucas exceções.

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