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Incentivos na estrutura de preços regulados

4.2 TIPOS DE INCENTIVOS

4.2.7 Incentivos na estrutura de preços regulados

Nem todos os preços têm sua determinação livre pelo mercado. Diante da escassez de recursos, de grandes custos de infraestrutura, quando há a necessidade de que certos agentes e setores subsidiem outros e quando é necessário que mais indivíduos tenham acesso a certos bens e serviços, existirão elementos para que os preços sejam regulados.

Geralmente os preços regulados ocorrem em serviços públicos, como luz, água, esgoto, transportes públicos, etc. Incentivos nos preços regulados acontecem, por exemplo, quando são estimulados o uso e a geração de energia alternativa159, ou um novo modal de

transporte (como é o caso do TRENSURB da região metropolitana de Porto Alegre). E desestimulados, com aumento de tarifa, quando há falta de água devido às secas.

4.2.8 Apoio institucional e assistência comercial

São os casos onde o Estado, por meio órgãos ou entidades criadas para prestar assistência e apoio, transmitem conhecimentos, técnicas, oferecem cursos e amparo aos agentes econômicos que buscam atuar em seus mercados com mais qualidade e eficiência. Exemplos dessas entidades são aquelas que compõem o sistema “S”, como SENAI, SENAC, SESI, SENAR.

De grande relevância há também a EMBRAPA, que presta enorme apoio aos produtores rurais, desenvolvendo técnicas e transmitindo conhecimento para

157 Art. 43 da Lei Complementar 123 de 2006. 158 Art. 44 e 45 da Lei Complementar 123 de 2006.

159 Vide Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – Proinfa estabelecido pela Lei

aprimorar as atividades agrícolas. Além disso, hoje contamos com uma série de incubadoras de empresas, custeadas pelo Poder Público, visando o desenvolvimento empresarial e tecnológico brasileiro. Neste novel cenário, destaca-se o TECNOSINOS - Parque Tecnológico de São Leopoldo-RS e o PORTO DIGITAL – Parque Tecnológico de Recife-PE pela participação conjunta do Estado, da iniciativa privada e de Universidades na proposição de incentivos para empresas de tecnologia e inovação.

4.2.9 Desoneração tributária

Dentre os tipos de incentivos, a desoneração tributária talvez seja a forma mais ordinária e amplamente usada, por isso, também a mais conhecida. Trata-se dos meios utilizados para a redução da incidência da tributação em determinadas atividades econômicas ou regiões. É o que a doutrina tributária costuma chamar de “extrafiscalidade”, pois seriam as ações estatais onde o recebimento de valores para o fisco não é o principal objetivo. O objetivo primordial é indicar à iniciativa privada aqueles setores e/ou regiões escolhidos para promover o desenvolvimento e que, portanto, serão “os mais baratos – menos onerosos” na ótica fiscal.

Na tese de doutorado já citada neste trabalho, Renata de Figueiredo Brandão160

apresenta um elenco das principais medidas utilizadas pelo Estado para atrair os entes privados e assim impulsionar os setores, as atividades e as regiões de interesse social e econômico verificadas pela administração pública. São elas:

 Isenção: A isenção seria o afastamento da norma tributária vigente daquele bem, produto, setor ou região que o Estado busca incentivar e desenvolver.

 Crédito Presumido: Trata-se de uma técnica legislativa que confere ao contribuinte um “valor ficto” que será utilizado no abatimento do valor do tributo a ser pago. Tal crédito pode surgir, por exemplo, quando o contribuinte utilizar bens ou serviço incentivados. Neste caso, poderá o legislador conferir que o “custo” de tais bens ou serviços seja descontado do valor do imposto a ser pago. A mesma coisa

acontece também no

plano exclusivamente fiscal. Numa cadeia produtiva, para evitar-se que haja bis in idem, ou seja, para evitar se pague “tributos sobre tributos”, o contribuinte pagará somente os tributos daquelas atividades que foi responsável; já os tributos pagos anteriormente serão classificados como crédito, que serão abatidos do valor total a ser pago ao tesouro.

 Diferimento tributário: É da modalidade que posterga o momento do recolhimento do tributo. Isso acontece também em cadeias de circulação. Percebendo o legislador que um dos elos da cadeira de produção/circulação é mais fraco e necessita ser incentivado, a regra fiscal passa a determinar que os tributos daquela operação sejam recolhidos em momento posterior, ou seja, em um elo/etapa mais evoluída da produção/circulação.

 Redução da base de cálculo: Todos os tributos incidem sobre um fato econômico, que é valorado e concebido como base de cálculo; portanto, é sobre a base de cálculo que incide no tributo. No caso da redução da base de cálculo, o legislador autoriza que o contribuinte calcule o tributo sobre um “valor” menor do que seria devido pela estipulação normal da base de cálculo.

 Alíquota zero: Alíquota zero e isenção total são institutos que muito se aproximam em razão de que seus efeitos no mundo jurídico têm como consequência o não pagamento do tributo. Segundo as lições trazidas em sua tese, a Dra. Renata de Figueiredo Brandão indica que isenções abarcariam todos os tributos que incidissem sobre determinado bem ou atividade; já a alíquota zero “anularia” a cobrança de apenas um único tributo, ficando os demais aptos a serem cobrados de forma costumeira. Essa é, por sinal, a ideia que se depreende da súmula 576 do STF: “É lícita a cobrança de imposto de circulação de mercadoria sobre produtos importados sob o regime da alíquota zero.”

 Depreciação acelerada: Todos os bens materiais que compõem o patrimônio de uma empresa sofrem desgastes com o tempo, que são tratados como despesas pela legislação fiscal. E é da diferença entre despesas e receitas que surge lucro, o qual, por sua vez, será tributado com imposto de renda e contribuição social. Então o registro das depreciações é um elemento que faz com que a empresa pague menos

impostos ao final do período. No caso da depreciação acelerada, o Estado permite que depreciações que levariam 10 anos para serem totalmente verificadas (com uma taxa 10% a.a.) possam ser, por exemplo, consideradas depreciadas em 4 anos (taxa de depreciação de 25% a.a.). Neste exemplo, então, o contribuinte beneficiado com a depreciação acelerada poderia descontar 15% a mais em cada ano daquilo que serviria para a quantificação do seu lucro.

 Remissão: Para bem compreendermos a remissão basta equipará-la ao perdão. Portanto, é a hipótese em que, por lei, o contribuinte fica dispensado de pagar o tributo que seria normalmente cobrado. A remissão, conforme aponta o art. 172 do Código Tributário Nacional – CTN, é modalidade de extinção do crédito tributário.

 Anistia: Como a remissão é o perdão do crédito tributário, a anistia é o perdão das penalidades pecuniárias integrantes da obrigação tributária. Do mesmo modo que a remissão, ela somente pode ser operada por lei. É um exemplo de anistia a autorização que o Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ deu aos Estados através do Convênio ICMS 91/05 de dispensar o pagamento de juros e multas relacionados com débitos fiscais do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).

5 A CONCORRÊNCIA COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO