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5.2 Identificação dos Grupos Eficiente e Ineficiente

5.2.2 Indicadores de Desempenho

Nota-se que praticamente todas as medidas foram favoráveis aos produtores eficientes, os quais apresentam produção média anual de 70.824,7 litros, considerando-se o conjunto de produtos da atividade convertidos em equivalente leite, enquanto os produtores ineficientes têm produção anual de 35.496 litros, diferença de 99,5% (TABELA 20).

Contudo, a relação entre vacas em lactação e número total de vacas se mostrou praticamente igual entre os produtores eficientes e ineficientes, 68 e 69%, respectivamente.

Ainda assim, os produtores eficientes obtiveram uma produção média por lactação de 1.926,65 litros, ao passo que os ineficientes produzem 1.128,78 litros, representando uma diferença de 70,7%, que resulta em uma produtividade das vacas em lactação de 6,42 litros para os produtores eficientes e 3,76 litros/vaca lactação/dia para os produtores ineficientes, considerando-se uma lactação de 300 dias. Se considerarmos o número total de vacas do rebanho, observa-se que a produtividade das vacas é de 4,12 litros para os eficientes e 2,62 litros/vaca/dia para os ineficientes.

Em relação à produtividade da terra, os produtores eficientes apresentaram resultados apenas 5,25% superior aos ineficientes, o que deve ser explicado pela maior área disponível para os primeiros.

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Indicadores de Desempenho Unidade Eficientes Ineficientes Eficiente/Ineficiente (%)

Volume da produção anual Litros 70.824,74 35.496,17 99,5

Vacas em lactação/total de vacas % 67,86 69,20 (1,93)

Produção por lactação Litros/vaca lactação 1.926,65 1.128,78 70,7

Produtividade vacas em lactação Litros/vaca lactação/dia1 6,42 3,76 70,7

Produtividade total de vacas do rebanho Litros/vaca/dia1 4,12 2,62 57,2

Produtividade da terra Litros/hectare/ano 656,62 623,85 5,25

Produtividade da mão-de-obra Litro/R$ 10,74 5,12 109,0

Produtividade do capital imobilizado Litro/R$ 0,79 0,68 16,0

Produt capital circulante Litro/R$ 3,61 1,99 81,0

Produtiv custo operacional total (COT) Litro/R$ 2,28 1,42 60,5

Produt inversa capital imobilizado R$/Litro 1,52 1,95 22,0

Produtividade capital circulante –

produtividade COT - 1,33 0,57 133,0

FONTE: Dados da pesquisa.

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Estes resultados confirmam a tendência de crescimento da produtividade da terra, demonstrada em pesquisa realizada pela EMBRAPA (2001) sobre a evolução da produção de leite, na qual foi visto que entre 1985 e 1996 na região noroeste do Ceará houve um crescimento de aproximadamente 45% neste indicador. Porém, no presente estudo constata-se um aumento médio de 356% em relação os dados de 1996, muito superior à tendência esperada, o que indica que, na amostra estudada, a produtividade da terra está acima da média da região.

A produtividade da mão-de-obra é 109% superior para os produtores eficientes, de forma que são produzidos 10,7 litros para cada real gasto com mão-de-obra, contra 5,1 litros produzidos pelos produtores ineficientes.

Quanto à produtividade do capital imobilizado verifica-se que para cada litro de leite produzido os eficientes imobilizam R$ 1,52, contra R$ 1,95 observado para os ineficientes, representando um desempenho 22% superior. Por outro lado, percebe-se que os produtores eficientes têm maior custo relativo com mão-de-obra familiar e depreciações de benfeitorias e máquinas, pois a diferença média entre a produtividade do capital circulante e a produtividade do capital operacional total é 133% superior para os produtores eficientes. No entanto, estes apresentam melhor uso dos fatores de produção.

Os indicadores econômicos permitem observar o melhor desempenho dos produtores eficientes, para os quais se constata que para cada real desembolsado é gerado, em média, R$ 1,96, valor 71,9% superior aos produtores ineficientes (TABELA 21).

Quando se consideram as depreciações e a remuneração da mão-de-obra familiar, os produtores eficientes auferem R$ 1,34 de renda líquida, 67,5% superior aos produtores ineficientes, indicando que os produtores eficientes têm capacidade de cobrir o custo operacional total, como também geram um resíduo para remunerar os fatores de produção.

Os ineficientes conseguem cobrir apenas 80% deste custo, apontando para uma descapitalização média dos produtores ineficientes de 20% ao ano. Deste modo, os custos com mão-de-obra familiar e depreciações de benfeitorias e máquinas não estão sendo totalmente pagos e, por conseguinte, não estão sendo remunerados o empresário, o capital investido e a terra.

A análise da sensibilidade às oscilações do mercado, obtida pela relação entre preço de venda e o custo médio de produção, mostra que os produtores eficientes absorvem uma redução de até 30% no preço do leite, mantendo a capacidade de cobrir o custo operacional total. O custo operacional total dos produtores eficientes é, em média, 39,8% maior que o dos ineficientes, no entanto, a renda bruta daqueles é 117,6% superior, em média,

o que se atribui à relação positiva do preço de venda e custo médio de produção, como também ao volume produzido.

Por outro lado, o custo médio de produção dos produtores ineficientes é 64,8% superior aos eficientes, o que gera um déficit médio de 22% do preço de venda em relação ao custo médio de produção. Isto indica a necessidade de uma imediata redução nos custos para obter competitividade e lucratividade, permitindo a continuidade na atividade a longo prazo.

O ponto de nivelamento de rendimento, que indica a produção mínima necessária para cobrir o custo de determinado nível de produção, dado o preço unitário para o produto, mostra que os produtores ineficientes têm produção 20,8% inferior à mínima requerida para cobrir os custos de produção, o que se torna mais preocupante ao se considerar que a pecuária leiteira representa 84% da receita da propriedade para os ineficientes, ao passo que para os produtores eficientes esta representa 81%.

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Variáveis Unidade Eficientes Ineficientes Eficientes/Ineficientes (%)

RB/COE Ud 1,96 1,14 71,93

RB/COT Ud 1,34 0,80 67,5

Preço recebido R$/litro 0,57 0,59 (3,4)

COT médio R$/litro 0,54 0,89 (39,3)

Preço recebido/COT médio Ud 1,30 0,78 66,66

Custo operacional total R$/ano 30.681,17 21.946,40 39,8

Renda Bruta R$/ano 42.054,23 19.324,83 117,6

Ponto de nivelamento de rendimento litros 68.235,52 42.880,00 59

Renda atividade leiteira/RB % 80,9 84,06 (3,1)

Margem bruta R$/ano 16.758,28 2.061,07 713

Margem líquida R$/ano 11.373,06 - 2.621,57 533,8

Taxa de retorno sobre o capital investido % 22,00 3,00 633

Índice de lucratividade % -2,93 - 53,43 1723,5

Os produtores eficientes apresentam margem bruta de R$ 16.758,28, em média, superando em 713% o valor obtido pelos produtores ineficientes. Este valor residual da renda bruta, depois de descontados os custos variáveis, deverá remunerar os custos fixos, a mão-de- obra familiar e o capital investido, além da capacidade empresarial do produtor. A margem líquida, que representa a renda bruta após descontados todos os custos operacionais, é 533,8% superior para os produtores eficientes em relação aos ineficientes.

Quanto ao retorno sobre o investimento, obtido pela relação entre a margem bruta e o capital investido em benfeitorias, máquinas e animais, a situação se repete. Os produtores eficientes apresentaram índice médio de 22%, enquanto os ineficientes têm taxa de 3%, representando uma diferença de 633,3%, demonstrando que a taxa de retorno do capital investido para os produtores ineficientes não é atrativa, pois é inferior ao rendimento da caderneta de poupança, tida como custo de oportunidade referência em aplicação financeira, que apresenta tradicionalmente 6% a.a. de juros.

O índice de lucratividade, que mostra o percentual médio disponível da renda total após o pagamento de todos os custos operacionais, apresenta-se negativo tanto para eficientes como ineficientes, com valores de -2,93 e -53,43%, respectivamente. Por se tratar de valores médios, este resultado indica a existência de produtores eficientes com margem líquida negativa, o que foi observado em 46% dos produtores eficientes, correspondente a 6 produtores.

5.3 Análise dos Produtores Ineficientes

Foram selecionados, para a análise, os produtores com maior ineficiência técnica dentro dos estratos de eficiência obtidos na DEA, considerando-se o primeiro estrato com eficiência menor que 0,3, o segundo com eficiência de 0,3 e menor que 0,6, e o terceiro com eficiência de 0,6 a menos que 0,9, visto que os produtores com medida de eficiência a partir de 0,9 são considerados eficientes.

Por outro lado, os respectivos benchmarks foram escolhidos de acordo com o maior peso na projeção do produtor ineficiente para a fronteira eficiente, apresentando os maiores λ no conjunto de soluções, como também pela maior quantidade de vezes que tenha sido considerado benchmark.

Tais produtores são identificados por meio da numeração previamente atribuída no momento da tabulação dos dados, fazendo com que o produtor ineficiente, representante do menor estrato de eficiência, seja chamado 38. Em ordem crescente de eficiência, o estrato

seguinte foi representado pelo produtor ineficiente 22, e o estrato de maior eficiência dentre os ineficientes, representado pelo produtor 20. O produtor 33 foi selecionado como

benchmark para os três produtores ineficientes, sendo apontado como par eficiente nos três

casos e tendo-se apresentado como benchmark para o maior número de produtores.

Ao representar o estrato de menor eficiência, o produtor 38 apresenta evidentemente a menor medida de eficiência da amostra. Pode-se observar na TABELA 22 que este produtor poderá reduzir proporcionalmente 79,4% a utilização dos insumos considerados e continuar produzindo a mesma quantidade de produto, e ainda restará margem para redução nos gastos com medicamentos, energia elétrica e combustíveis, como também com manutenção e reposição de máquinas e benfeitorias, de forma que as reduções totais seriam de 79,5, 93,5, 90 e 87,9%, respectivamente. Estas reduções decorrem da existência de folgas, ou excedentes, após a retração proporcional para todos os insumos. Percebe-se que a maior redução total ocorreu nos gastos com energia elétrica e combustíveis, seguida pelos fluxos de serviços de máquinas e benfeitorias e, depois, medicamentos.

Para o produtor 38 existem 3 produtores eficientes pares que servem de referência, sendo que dentre estes o produtor 33 se apresenta como benchmark para outros 26 produtores, o que faz deste a principal referência na projeção para a fronteira eficiente.

Ao se comparar estes produtores, segundo alguns indicadores de desempenho, verifica-se que a produtividade da terra para o produtor 38 é 58% menor que seu par eficiente, enquanto a produtividade das vacas em lactação é 44,7% menor.

Quanto às produtividades do trabalho e do capital imobilizado, constata-se que o produtor 38 consegue produzir 1,82 litro de leite para cada real gasto com mão-de-obra e imobiliza R$ 4,40 para cada litro de leite produzido, enquanto o produtor 33 produz 20,45 litros de leite para cada real gasto com mão-de-obra e imobiliza apenas R$ 0,70 para cada litro de leite produzido. Os valores obtidos pelo produtor 38 para a produtividade da mão-de-obra e produtividade do capital imobilizado foram 64,31% e 125,64% inferiores à média dos produtores ineficientes, respectivamente. O par eficiente 33, por outro lado, teve valores 91,1% e 46% maiores que a média dos produtores eficientes para as produtividades da mão- de-obra e do capital imobilizado, respectivamente.

Através da diferença entre as produtividades do capital circulante e do capital operacional total pode-se dizer que o produtor 38 tem menores custos com mão-de-obra familiar e/ou tem menor gasto com depreciação de máquinas e benfeitorias que seu par eficiente 33.

A renda bruta do produtor 38 é 93% inferior à obtida pelo produtor 33, e as margens bruta e líquida são 116 e 122% menores, respectivamente, indicando que o produtor ineficiente não consegue cobrir os custos operacionais e, conseqüentemente, não haverá resíduo para remunerar a mão-de-obra familiar, as depreciações de benfeitorias e máquinas, assim como os fatores de produção.

A análise da sensibilidade às oscilações do mercado indica que o produtor 38 opera com uma defasagem de 71% do seu preço de venda em relação ao seu custo unitário de produção, visto que o litro de leite comercializado a R$ 0,50 custa R$ 1,76 para ser produzido, o que sugere a existência de outras razões além da rentabilidade, como a inobservância e/ou o próprio desconhecimento do custo de produção para a permanência na atividade; esta situação negativa certamente implicará na desistência da atividade a curto prazo. Por outro lado, o produtor 33 suportaria uma redução no preço do leite de até 75%, mantendo a capacidade de cobrir todos os custos operacionais.

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Estratos de eficiência/Produtores selecionados

Especificação Unidade E < 0,3 0,3 • E < 0,6 0,6 • E < 0,9 Benchmark

38 22 20 33

Medida de eficiência técnica - 0,206 0,349 0,602 1,000

Redução proporcional dos insumos % 79,4 65,1 39,8 -

Produção anual Litros 11.485,00 62.008,18 57.108,33 97.836,11

Área Hectares 28,00 390,00 141,40 100,00

N° vacas em lactação Ud 9,00 30,00 35,00 45,00

Produtividade da terra Litros/hectare/ano 410,18 159,00 403,88 978,36

Produtividade vacas em lactação Litros/vaca lactação/dia 2,30 4,67 5,44 7,25

Produtividade do trabalho Litros/R$ 1,82 4,33 4,92 20,45

Produtividade capital imobilizado R$/litro 4,40 1,71 1,08 0,70

Produtividade capital circulante Litro/R$ 0,68 1,51 2,62 4,59

Produtividade capital operacional total Litro/R$ 0,57 1,28 1,90 4,08

Renda Bruta R$ 5.742,50 34.104,50 34.265,00 88.052,50

Margem bruta R$ -11.248,62 -6.985,30 12.455,91 66.730,70

Margem liquida R$ -14.455,39 -14.369,20 4.155,43 64.046,06

Preço venda/custo unitário Ud 0,28 0,70 1,13 3,60

Quanto ao produtor 22 que está na faixa de eficiência entre 0,3 e menor que 0,6, verifica-se que existe, para este, a possibilidade de redução proporcional, de 65% no uso dos insumos sem que a quantidade produzida se altere. Feita essa redução proporcional os gastos com mão-de-obra, medicamentos e fluxo de serviços de máquinas ainda poderão ser reduzidos, chegando-se a uma redução total de 78,7, 77,2 e 72,9% para estes, respectivamente.

Comparando-se o desempenho entre os produtores 22 e 33, ineficiente e

benchmark, respectivamente, observa-se que todos os indicadores são melhores para o

produtor eficiente. O volume anual de leite produzido pelo produtor 22 é 36,6% menor que seu par eficiente, o qual apresenta produtividade da terra 83,7% maior. No entanto, quanto à produtividade das vacas em lactação, o produtor 22 obteve um desempenho 12,25% superior, o que pode ser explicado pela menor quantidade de vacas em lactação.

As produtividades do trabalho e do capital imobilizado mostram que o produtor 22 obtém 4,33 litros de leite para cada real gasto com mão-de-obra e imobiliza R$ 1,71 para cada litro de leite produzido, o que, em relação ao produtor de referência, significa produtividade da mão-de-obra 78,8% menor e valor do capital imobilizado 144% maior. Os gastos com mão-de-obra familiar e depreciações são 54,9% menores para o produtor 22, o que é demonstrado pela menor diferença entre as produtividades do capital circulante e do capital operacional total.

A renda bruta do produtor 22 é 61% menor que a de seu par eficiente, levando-o a auferir margens bruta e líquida 110 e 122% menores, respectivamente. Estes valores se traduzem na incapacidade de cobrir os desembolsos necessários para a produção e remunerar os fatores de produção, levando a uma descapitalização gradual, que inviabiliza a permanência na atividade, mesmo a curto prazo. Esta situação também pode ser percebida pela relação entre o preço de venda e o custo unitário de produção, em que se observa uma defasagem de 29,5% para o produtor 22, que deve buscar a redução dos custos para se manter na atividade a curto prazo e buscar a reduzir o custo de produção com maior rapidez possível, como única alternativa para viabilizar a atividade.

No estrato de maior eficiência, dentre os ineficientes, o produtor 20 apresentou medida de eficiência igual a 0,602, representando a possibilidade de redução proporcional de 39,8% no uso de insumos. Além dessa redução proporcional ainda há margem para redução nos gastos com concentrados, mão-de-obra, medicamentos, energia e combustíveis, manutenção e reposição de benfeitorias, chegando-se a uma redução total para estes da ordem de 63,6, 82, 75,9, 58 e 48,7%, respectivamente.

Da mesma forma dos casos anteriores, todos os indicadores de desempenho são melhores para o par eficiente apontado como referência. No entanto, nota-se uma menor disparidade à medida em que a eficiência se eleva. O produtor 20 obteve um volume de produção anual equivalente a 57.108 litros, o que corresponde a uma produção 41,6% menor que o produtor 33, e inferior, também, à produção do estrato anterior. A produtividade da terra é de 403,88 litros /hectare/ano para o produtor ineficiente, e a produtividade de vacas em lactação de 5,44 litros/vaca em lactação/dia, respectivamente, menores em 58,7 e 16,34% que o produtor 33.

Com relação às produtividades dos fatores trabalho e capital verifica-se que o produtor 20 obtém 4,92 litros de leite para cada real gasto com mão-de-obra e imobiliza R$ 1,08 para cada litro de leite produzido, significando um rendimento da mão-de-obra 75,9% menor e capital imobilizado 54,2% superior para o produtor ineficiente. Desempenho semelhante ocorre com a diferença entre as produtividades do capital circulante e do capital operacional total, demonstrando que o produtor ineficiente 20 apresentou maiores gastos proporcionais com mão-de-obra familiar e/ou depreciações com benfeitorias e máquinas, superando os demais estratos e seu benchmark. A renda bruta do produtor ineficiente deste estrato é 61% menor que seu par eficiente, e as margens bruta e líquida são 81,3 e 93,5% menores. No entanto, foi o único entre os produtores analisados que apresentou estas medidas positivas, indicando a capacidade de pagamento de todos os custos operacionais e a existência de resíduo para remunerar os fatores de produção.

O produtor deste estrato também foi o único dentre os analisados que apresentou relação positiva entre o preço de venda e o custo de produção, indicando a capacidade de absorver redução de até 13,2% no preço do leite, mantendo a capacidade de cobrir todos os custos operacionais. Esta margem, embora seja 95% menor que a apresentada pelo produtor 33, demonstra a rentabilidade e a possibilidade de permanência na atividade.

Analisando-se os produtores dos três estratos de eficiência entre si, percebe-se o melhor desempenho em praticamente todos os indicadores na mesma direção do crescimento da eficiência. Os volumes produzidos dos produtores 38, 22 e 20 foram 11.485, 62.008 e 57.108 litros, nessa ordem demonstrando um crescimento de 440% do segundo para o primeiro estrato e uma redução de 8% do terceiro para o segundo estrato. A maior produtividade da terra foi obtida pelo produtor do menor estrato de eficiência, de forma que foram registrados 410, 159 e 403 litros/hectare/ano em ordem crescente dos estratos de eficiência.

A produtividade de vacas em lactação mostra um crescimento de 62% do segundo para o primeiro estrato. No entanto, o terceiro estrato apresentou uma redução de 21% em relação ao anterior. Por outro lado, as produtividades do trabalho e do capital imobilizado seguem a tendência esperada, ou seja, o desempenho se mostra melhor de acordo com o aumento da eficiência. Assim, verifica-se que o número de litros produzidos para cada real gasto com mão-de-obra é 137% superior do segundo para o primeiro e 13,6% maior do terceiro para o segundo. O resultado da produtividade do capital imobilizado tem comportamento inverso ao valor obtido, ou seja, quanto menor o capital imobilizado, melhor o desempenho, onde se observa crescimento no sentido da maior eficiência, com imobilizações de R$ 4,40, R$ 1,71 e R$ 1,08 por litro de leite produzido, para os produtores 38, 22 e 20, respectivamente.

Quanto à renda bruta observa-se um considerável aumento de 493% do segundo para o primeiro estrato, enquanto para o estrato seguinte o aumento foi de cerca de 0,5%. As margens bruta e líquida têm comportamento semelhante, registrando aumentos de 37,9 e 0,6% do segundo para o primeiro estrato; para o terceiro os aumentos foram de 278 e 128,9%, respectivamente.

A vulnerabilidade às oscilações do mercado segue esta tendência, tendo em vista que o produtor do primeiro estrato não possui nenhuma capacidade para absorver reduções no preço do leite, operando com uma defasagem de 71,5% em relação ao custo de produção; para o segundo estrato a situação é semelhante, mas a defasagem apresentada é de 29,6%, enquanto o produtor 20, do terceiro estrato, demonstra situação bem diferente, auferindo uma margem positiva de 13% do preço de venda frente ao custo de produção, sendo o único dentre os três estratos com desempenho que permite a permanência na atividade.

Realizada a projeção das reduções percentuais possíveis, os indicadores médios foram recalculados, apresentando, conseqüentemente, resultados significativamente melhores. Verifica-se a possibilidade de aumentos na receita pela produção de leite em 2%, e 23% pela venda de animais e aumento na variação do inventário, ao mesmo tempo que os gastos com concentrados seriam reduzidos em 47% e o gasto com mão-de-obra teriam redução de 62%, sendo que estes representam 32 e 40% do custo operacional total, fazendo com que tais reduções representem significativo impacto nos custos de produção. Por outro lado, os gastos com medicamentos, em média, seriam reduzidos em 63%, mas estes representam apenas 3% dos custos operacionais totais (TABELA 23).

Os custos com os fluxos de serviços de máquinas poderiam ser reduzidos em 59%, e os custos com o fluxo de serviços de benfeitorias em 64%; no entanto, estes também

trazem pequenos impactos sobre o custo total, visto que colaboram com apenas 7 e 10% de todos os custos operacionais, respectivamente. Os custos de energia elétrica e combustíveis, que guardam relação direta com os fluxos de máquinas e benfeitorias, obtiveram margem de redução semelhante, 56%, representando 7% dos custos operacionais.

Projetando-se os produtores para uma situação eficiente, através dos respectivos aumentos e reduções na produção e uso de insumos, nota-se um aumento médio de 8% no volume produzido e de 9,6% na renda bruta. Por outro lado, o custo operacional total sofreria uma redução de 58,6%.

A relação entre renda bruta e custo operacional total passaria, com estes ajustes, de 0,8 para 2,02, um aumento de 152%, indicando a geração de R$ 2,02 para cada real gasto, o que resultará na existência de renda líquida para remunerar a terra, o capital e a capacidade empresarial do proprietário, após o pagamento de todos os custos operacionais (TABELA 24). Tal fato pode ser observado também através da margem líquida, que passaria de negativos R$ 2.621,57 para positivos R$ 12.103,70, indicando a viabilidade, rentabilidade e permanência do produtor na atividade.

As produtividades da terra e da mão-de-obra aumentariam em 15 e 215,6%, respectivamente, visto que o primeiro resulta apenas do aumento projetado da produção, já que a área não foi considerada nos problemas de programação linear, enquanto para o segundo, além deste, contribui também a redução percentual dos custos com mão-de-obra. Pelo mesmo raciocínio entende-se que as produtividades do custo operacional total e do capital imobilizado aumentariam, em média, 154,9 e 3,6%, fazendo com que haja uma redução de 67% no custo unitário do leite.

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