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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 ECOFISIOLOGIA DA GERMINAÇÃO DAS SEMENTES EM

4.2.3 Influência do substrato e do tamanho das sementes na germinação e

Observando-se a Tabela 19, pode-se verificar que o efeito do tamanho das sementes de P. sellowii se pronunciou no substrato sobre areia com as sementes grandes obtendo maior porcentagem de germinação (84%) do que as sementes misturadas e pequenas (ambas com 76%). Também no substrato sobre areia, a germinação foi maior que sobre papel mata-borrão (68%), sobre vermiculita (28%) e sobre papel toalha (20%), formando um gradiente decrescente de médias, utilizando- se sementes grandes, mas se repetiu este comportamento com as sementes misturadas e pequenas. No substrato sobre papel mata-borrão, as germinações foram inferiores à sobre areia, mas não diferiram significativamente quanto ao tamanho (68, 60 e 66% para grandes, pequenas e misturadas respectivamente). No substrato sobre vermiculita, as germinações foram ainda inferiores ao papel mata- borrão, mas as sementes pequenas (32%) e as misturadas (37%) foram significativamente iguais e superiores às grandes (28%). Já no substrato sobre papel toalha a germinação caiu drasticamente para 20% (grandes), 16% (misturadas) e 8% (pequenas), mas com a mesma tendência das grandes serem superiores.

O IVG foi diminuindo com o tipo de substrato, obtendo-se superioridade no substrato sobre areia, seguido de papel mata-borrão, vermiculita e por último papel toalha, praticamente tanto para sementes grandes, como para misturadas ou pequenas. O tempo médio de germinação foi mais curto quando se utilizou areia e papel mata-borrão. Sobre vermiculita, o tempo médio aumentou, aumentando ainda mais sobre papel toalha, com isto, a velocidade média de germinação caiu na mesma proporção, tudo sem denunciar efeito do tamanho das sementes.

O papel toalha mostrou-se inadequado para utilização em testes de germinação com a espécie, o papel mata-borrão e a vermiculita foram intermediárias, tanto para germinação como para o vigor e em sobre areia foi

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TABELA 18: Médias de porcentagem, índice de velocidade, tempo médio e velocidade média de germinação de sementes de P.

sellowii em quatro temperaturas sob quatro regimes de luz, no planalto norte catarinense em julho 2005.

20°C 25°C 35°C 20-30°C GERMINAÇÃO Temperatura Regimes de luz G (%) IVG tG (dias) VG G (%) IVG tG (dias) VG G (%) IVG tG (dias) VG G (%) IVG tG (dias) VG LUZ BRANCA 63 a A 0,78 a A 22 a B 0,046 a A 59 a A 0,73 a A 22 ab B 0,046 a A 1 a B 0,02 a C - - 47 a A 0,40 a B 30 a A 0,034 a A ESCURO 45 a A 0,55 a AB 22 a B 0,046 a A 60 a A 0,77 a A 21 b B 0,048 a A 3 a B 0,09 a C - - 58 a A 0,54 a B 28 b A 0,036 a A VERMELHO 45 a A 0,55 a AB 20 a C 0,051 a A 61 a A 0,68 a A 24 a B 0,042 a AB 0 a B 0,00 a C - - 44 a A 0,38 a B 29 ab A 0,034 a B VERMELHO LONGO 40 a A 0,52 a A 21 a B 0,047 a A 63 a A 0,69 a A 24 a B 0,042 a A 0 a B 0,00 a C - - 50 a A 0,43 a A 30 a A 0,034 a B

Obs.: médias seguidas de letras minúsculas iguais na coluna (luz) e maiúsculas na linha (temperatura) não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

TABELA 19: Médias de porcentagem, índice de velocidade, tempo médio e velocidade média de germinação de sementes de P.

sellowii de três tamanhos sobre quatro substratos, no planalto norte catarinense em julho 2005.

AREIA PAPEL MATA-BORRÃO PAPEL TOALHA VERMICULITA

GERMINAÇÃO Substrato Tamanho da semente G (%) IVG tG (dias) VG G (%) IVG tG (dias) VG G (%) IVG tG (dias) VG G (%) IVG tG (dias) VG GRANDE 84 a A 1,42 a A 16 a C 0,06 b A 68 a B 1,08 a B 18 a C 0,06 b B 20 a D 0,15 a D 33 a A 0,03 c D 28 b C 0,36 b C 21 a B 0,05 a C PEQUENA 76 b A 1,32 a A 15 a C 0,06 b A 60 a B 1,05 a B 15 b C 0,07 a A 8 c D 0,07 b D 30 b A 0,03 b C 32 abC 0,41 a C 20 a B 0,05 a B MISTURA 76 b A 1,41 a A 14 b D 0,07 a A 66 a A 1,12 a B 17 a C 0,06 b B 16 b C 0,18 a D 24 c A 0,04 a D 37 a C 0,50 a C 20 a B 0,05 a C

Obs.: médias seguidas de letras minúsculas iguais na coluna (tamanho) e maiúsculas na linha (substrato) não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

verificado o melhor desempenho. As sementes de tamanho grande obtiveram melhores germinações no substrato recomendado, mas não houve efeito do tamanho quanto ao vigor.

Para melhor aproveitar um lote de sementes, muitas vezes é recomendável separá-las por classe de tamanho, uma vez que as diferentes classes podem apresentar diferenças de energia germinativa (VALERI et al., 1984). Este mesmo autor cita ainda vários trabalhos comprovando que o tamanho da semente pode interferir positivamente na germinação. Sturion e Carneiro (1984), afirmam que esta relação pode estender-se para maior vigor das plantas quanto maior o tamanho das sementes. Estas constatações estão baseadas com o que preconizam Carvalho e Nakagawa (1983), onde as sementes de maior tamanho geralmente foram mais bem nutridas durante seu desenvolvimento, possuindo embriões bem formados e com maior quantidade de substâncias de reserva, sendo consequentemente mais vigorosas. Porém, o autor alerta que o tamanho da semente não tem influência sobre a germinação, porque este é um fenômeno que depende de outros fatores.

Popinigis (1985), afirma ainda que o tamanho das sementes em muitas espécies, é indicativo de sua qualidade fisiológica. Para o encontrado neste estudo, como não houve diferenças em relação ao tamanho, as sementes maiores de P. sellowii, podem ser mais vigorosas para manifestação fisiológica mais adiante no seu desenvolvimento, mas não para a germinação. Resultados semelhantes podem ser encontrados para outras espécies. Alves et al. (2005) concluíram que a germinação de sementes de Mimosa caesalpiniifolia não foi influenciada pelo tamanho das sementes, mas o vigor das sementes apresentou relação direta com o seu tamanho, justificando-se a adoção de classes de tamanho para formação de mudas. O baixo sincronismo na germinação das sementes de Euterpe edulis (palmiteiro) não é causado por diferenças no tamanho das sementes (ANDRADE et al., 1996). As sementes maiores do gênero Eucalyptus em geral, trazem maiores rendimentos somente na produção de mudas e melhor aproveitamento das sementes (CAPRONI, 1992). Assim como no trabalho de Negreiros et al. (2005), o tamanho das sementes influencia no estágio de vigor de plântulas e não na germinação propriamente dita de espécies de palmeiras.

Quanto ao substrato, as regras para a análise de sementes (BRASIL, 1992), trazem as indicações de uso dos diversos substratos recomendados para testes de germinação de sementes, inclusive os utilizados neste estudo, enfatizando a forma

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de uso e as características de cada um. Hirano et al. (2003), preliminarmente testaram a influência do substrato sobre a germinação de sementes de P. sellowii, obtendo o rolo de papel como superior (76%), a areia (66%) e vermiculita (64%), um pouco inferiores e iguais entre si, e o ágar (44%) foi inferior a todos. O resultado discrepante foi que o substrato rolo de papel não foi testado neste estudo e os índices conseguidos foram de iguais a superiores usando substrato sobre areia. Além disso, a areia possui vantagens operacionais em relação ao rolo de papel, pois seu custo é menor e o manuseio no laboratório é mais facilitado. Em outro tabalho envolvendo P. sellowii, Leonhardt et al. (2003), estudaram a qualidade fisiológica das sementes em relação a coloração dos frutos e utilizou o substrato sobre areia como padrão para todos os tratamentos.

Percebe-se, portanto, que para sementes de P. sellowii, é recomendável o uso de sementes grandes em substrato sobre areia, para se obter maior porcentagem de germinação, porém para maior vigor, condicionado por maior velocidade e menor tempo de germinação, o substrato também é o sobre areia, mas não há ganhos, separando-se as sementes por tamanho. Conforme Floss (2004), se a semente absorve água pelo tegumento, quanto maior a área de contato com o substrato, mais rápida é a absorção, portanto, o resultado pode ser justificado em função da forma das sementes da espécie, que obtém maior superfície de contato com o substrato formado por areia do que os com papel ou vermiculita, colaborando para um umedecimento mais efetivo do tegumento e consequentemente maior rapidez na embebição das sementes.

4.2.4 Qualidade física e fisiológica das sementes de diferentes populações e árvores