• Nenhum resultado encontrado

2.3 QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES FLORESTAIS

2.3.2 Influência da luz na germinação

Umidade, oxigênio e temperatura favoráveis são essenciais para a germinação de todas as sementes. No entanto, as sementes de algumas espécies

também requerem luz para germinar. O mecanismo do controle da germinação pela luz é similar àquele que controla, também, a indução floral, o alongamento do caule e a formação de pigmentos em frutos e folhas (MALAVASI, 1988). A luz, nem sempre é um fator imprescindível e limitante para a germinação das sementes. A capacidade de germinação, em relação a luminosidade, também varia de espécie para espécie (RIZZINI, 1971).

Muitas espécies cultivadas são indiferentes à luz para germinar (fotoblásticas neutras), entretanto, o estímulo luminoso é bastante variável em sementes de várias espécies selvagens (MAYER e POLJAKOFF-MAYBER, 1979). Há sementes que germinam unicamente no escuro (fotoblásticas negativas), outras que germinam somente em luz contínua (fotoblásticas positivas), enquanto outras germinam após terem recebido uma breve iluminação. No entanto, sabe-se que sementes não fotoblásticas podem exigir a presença de luz quando mantidas sob condições ambientais desfavoráveis. A luz promove o controle respiratório, a síntese de enzimas e de hormônios, exerce efeito sobre a permeabilidade dos tegumentos e o metabolismo dos lipídios (TOLEDO e MARCOS FILHO, 1977).

A classificação das sementes quanto à sensibilidade à luz torna-se então necessária para a condução dos testes de germinação. A resposta das sementes à luz é influenciada pela condição a que é submetida durante o processo germinativo, tratamento recebido após a colheita, condições de crescimento da planta genitora e a constituição genética dos genitores (LOPES et al., 2002). O mesmo autor concluiu que as sementes de Muntingia calabura L. (calabura), não germinaram na ausência de luz e observou maior porcentagem e velocidade de germinação com luz branca e no comprimento do vermelho, apresentando portanto, fotoblastismo positivo.

A maioria dos germinadores usados para as sementes que requerem luz para germinar, são equipados com fonte suplementar (MALAVASI, 1988). As Regras para Análise de Sementes estabelecem, baseadas na sensibilidade das sementes à luz, os procedimentos em relação aos cuidados no controle da luz para os testes de germinação (BRASIL, 1992).

A luz branca pode ser um fator de inibição à germinação quando a exposição for demorada. Os autores comentam que, em muitas espécies, as sementes são suscetíveis unicamente a fotoinibição prévia, apenas enquanto as células da radícula estão se alongando (MARTINS-CORDER et al., 1999).

15

A maior proporção de germinação ocorre na região do vermelho (660 a 700 nm, predominantemente à 670 nm), seguido por uma zona de inibição na região do vermelho-extremo (acima de 700 nm). O comprimento de onda abaixo de 290 nm inibe a germinação, com uma segunda zona de inibição na região do azul (440 nm). A promoção ou inibição da germinação pela luz é o resultado de uma reação química foto reversível, contida pelo fitocromo, pigmento de natureza proteica, encontrado nas plantas em duas formas interconversíveis. A exposição da semente a luz vermelha (660 nm) converte o fitocromo para a forma ativa biológica, forma de fitocromo de absorção do vermelho-extremo, e a germinação acontece. A exposição a luz vermelho-extremo (730 nm) converte o fitocromo para a forma de fitocromo de absorção do vermelho e a germinação é bloqueada (MALAVASI, 1988).

Em Acacia mearnsii (acácia-negra), os índices de germinação de sementes apresentaram-se mais elevados em fotoperíodo de 12 horas de luz. A espécie não é exigente em termos de luminosidade para a sua germinação. No entanto, a falta de luminosidade (24 horas de escuro) provocou o aparecimento de plântulas estioladas, comprometendo a sobrevivência (MARTINS-CORDER et al., 1999).

Ao estudarem a influência da luz nas sementes de Peltophorum dubium (canafístula), submetidas ao estresse hídrico, Perez et al. (2001) concluíram que as sementes são resistentes ao estresse hídrico simulado, com limite máximo de tolerância variando entre -1,4MPa e -1,6MPa, tanto na luz como no escuro. Na presença de luz contínua, houve redução da germinação com o uso de manitol, enquanto o valor que reduziu 50% da germinação foi encontrado em sementes no escuro.

Para P. Sellowii (pessegueiro-bravo), Hirano et al. (2003) concluíram que o comprimento de onda da luz não interferiu no índice de velocidade de germinação (IVG), mas na presença e ausência de luz, obteve maiores germinações do que em vermelho e vermelho longo. Recomendaram portanto, testes de germinação para a espécie sem a necessidade da presença de luz. Silva et al. (2001b), estudando regimes de luz para Mimosa caesalpiniaefolia (sansão-do-campo), obtiveram resultados que indicam que as sementes são capazes de germinar tanto sob o dossel, onde predomina luz vermelha-extrema, como em clareira, onde predomina luz vermelha. Na germinação de sementes de Guazuma ulmifolia (mutambo), não houve efeito da luz para a porcentagem e velocidade de germinação, revelando o comportamento oportunista da espécie e a baixa exigência lumínica das sementes,

indicando que elas estariam aptas para germinar em condições de clareira e sob dossel (FIGLIOLIA et al., 2001). Outra espécie que pode ser classificada como fotoblástica neutra é Dimorphandra mollis (faveira), pois Figliolia et al. (2001), obtiveram germinação tanto na presença como na ausência de luz. Para Platymiscium floribundum (mocitaiba), segundo Figliolia e Takaki (2003), a indiferença à luz reflete ser uma espécie não exigente a esse fator, podendo suas sementes germinarem tanto em condições abertas como sob o dossel. Pode-se citar ainda como fotoblásticas neutras, Vochysia divergens (cambará) e V. haenkeana (cambarazinho) (ALBRECHT et al., 2003); Sebastiania commersoniana (branquilho) (NOGUEIRA et al., 2005) e Jatropha curcas (pinhão-manso) (NUNES e NUNES, 2005).

As sementes de Cedrela fissilis (cedro), germinaram na luz e no escuro, portanto Santos e Takaki (2001) definiram a espécie como indiferente à luz. Em outro artigo, Almeida e Takaki (2001) afirmam que as sementes de Calycophyllum spruceanum (mulateiro), apresentam fotoblastismo positivo, respondendo a estímulos de luz branca típicos de ambientes abertos com incidência direta de raios solares. Zaniolo et al. (2001), para os regimes de qualidade de luz, a condição vermelho extrema correspondeu as menores médias de germinação de Hedyosmum brasiliense (cidreira). Para Dalbergia nigra (jacarandá-da-Bahia), a luz vermelha, induziu com mais intensidade a germinação e o vigor, concluindo que esta espécie, poderá germinar em áreas abertas ou semi-abertas (RÊGO e POSSAMAI, 2003). Abreu et al. (2003), observaram que as sementes de Allophylus edulis (vacum), são indiferentes ao fator luz. Resultado semelhante foi encontrado para Cordia trichotoma (louro-pardo), em que Balistiero et al. (2003), concluíram que na ausência e na presença de luz, as sementes apresentaram capacidade de germinar, o que pode indicar que a espécie tenha capacidade de germinar em áreas abertas e sob dossel, e ainda, por germinar no escuro, a espécie pode ser capaz de formar banco de plântulas em condições de mata densa.

O estudo de Oliveira et al. (2005), conclui que a condição ideal para realização do teste de germinação em sementes de Tabebuia impetiginosa (ipê- roxo), independente da procedência e do ano de colheita, foi sob luz constante. Para Tabebuia serratifolia (ipê-amarelo), a resposta da germinação ao regime de luz variou conforme o ano de colheita. Testando o efeito da luz na germinação de sementes de Ocotea porosa (imbuia), Zipperer e Hirano (2005), inferiram que em

17

termos gerais as sementes de imbuia são classificadas como fotoblásticas neutras, apresentando germinação em diferentes intensidades de luz. Outras espécies nativas que podem ser classificadas como fotoblásticas neutras são Campomanesia phae (cambuci) (LIRA et al., 2005), Patagonula americana (guajuvira) (SANTOS et al., 2005) e Sebastiania commersoniana (branquilho) (NOGUEIRA et al, 2005).