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2.3 QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES FLORESTAIS

2.3.4 Influência do substrato na germinação

Dentre os fatores externos que afetam a germinação de sementes, a escolha do substrato é sem dúvida uma das mais importantes. Nas práticas de laboratório para realização dos testes padrão de germinação é necessário utilizar um meio adequado para o processo germinativo. As Regras para Análise de Sementes trazem especificações quanto ao substrato a ser utilizado conforme a espécie (BRASIL, 1992), mas quase não possui dados sobre espécies nativas do sul do Brasil, como as deste estudo. Portanto, ainda suscitam dúvidas quanto ao melhor substrato de laboratório, para estabelecer uma germinação confiável para pesquisa, controlando as variáveis, o que necessita estudos neste sentido.

A Regra para Análise de Sementes - RAS (BRASIL, 1992), fornecem especificações gerais e detalhadas sobre substratos recomendados para serem utilizados em testes padrão de germinação como papel, pano, areia e solo. Enfatiza ainda a escolha do melhor substrato em relação ao tamanho da semente, sua exigência em água, sensibilidade à luz e a facilidade de manuseio, apresentando os tipos recomendados para cada caso: entre papel, sobre papel, papel plissado, rolo de pano, entre areia, sobre areia, sobre solo e entre solo. Piña-Rodrigues e Vieira (1988), acrescentam ainda os substratos carvão e vermiculita e igualmente apresentam suas vantagens de uso para sementes de espécies florestais.

O substrato constitui o meio no qual a semente é colocada para germinar e tem a função de manter as condições adequadas para a germinação das sementes e o desenvolvimento das plântulas (FIGLIOLIA e AGUIAR, 1993). Nos estudos de germinação, a área de contato do substrato umedecido com a semente é muito importante e pode não ser crítica para a germinação total, mas pode afetar a velocidade. Quando a área de contato das sementes com o substrato é pequena, a velocidade de absorção de água pode ser menor do que a taxa de perda de água (CARVALHO e NAKAGAWA, 1983).

Segundo Borges e Rena (1993), os substratos em geral, tem como principal função, dar sustentação às sementes, tanto do ponto de vista físico como químico e, são constituídos por três frações, a física, a química e a biológica. As frações físico- químicas são formadas por partículas minerais e orgânicas contendo poros que podem ser ocupados por ar e/ou água e a fração biológica pela matéria orgânica.

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Complementa Popinigis (1985), que em função do tamanho e exigências ecofisiológicas das sementes quanto à umidade e luz, cada substrato é utilizado de maneira que ofereça maior praticidade nas contagens e avaliação das plântulas, mantendo a capacidade de suprir as condições ideais no decorrer do teste de germinação. Tonin (2005), após várias citações de trabalhos enfocando o melhor substrato para sementes florestais nativas, considera que em geral, para serem utilizados como componentes de substratos, os materiais devem ser de fácil obtenção, baixo custo, facilmente encontrados e que não tragam fitoxidade para as sementes e plântulas.

Considerações sobre as vantagens do uso de diferentes substratos tem sido feitas por diversos autores. Figliolia et al. (1993), afirma que a vermiculita vem sendo utilizada com bons resultados para as espécies florestais devido sua boa capacidade de absorção, retenção de água, sendo também indicada para sementes com germinação lenta. Já o uso de papel filtro, apesar de ser indicado para sementes pequenas e de rápida germinação, tende a favorecer o desenvolvimento de microorganismos aeróbicos. No substrato sobre papel filtro observou-se menor capacidade de retenção de água, sendo necessário reumedecê-lo durante o teste; o substrato areia, apesar do bom desempenho, apresenta o inconveniente de drenar excessivamente a água, ficando a parte superior ressecada, além de ser pesada e de difícil manuseio no gerbox e o substrato vermiculita além de apresentar bons resultados é de fácil manuseio, inorgânica, neutra e leve (SILVA e AGUIAR, 2004).

Vários trabalhos com espécies florestais nativas enfocando a definição do melhor substrato têm sido publicados. Para Ocotea corymbosa (canela-fedida), (BILIA et al., 1998), o substrato mais apropriado foi o sobre papel. Fowler e Carpanezzi (1998), indicam que o teste de germinação das sementes de Mimosa bimucronata (maricá) em laboratório deve ser realizado com substrato papel toalha, areia, papel mata-borrão ou vermiculita. Santos e Aguiar (2000), concluíram que as sementes de Sebastiania commersoniana (branquilho), germinaram em maior porcentagem no substrato sobre areia. Lopes et al. (2002), concluíram que nas temperaturas alternadas de 20-30ºC os melhores substratos foram sobre areia, sobre papel, entre papel e sobre mistura terra + areia + esterco e na temperatura de 30ºC, os melhores substratos foram sobre papel, entre papel, sobre areia, sobre mistura terra + areia + esterco e entre mistura terra + areia + esterco. Para a germinação de sementes de Cnidosculus phyllacantus (faveleira) em laboratório,

Silva e Aguiar (2004), recomendam os substratos areia, vermiculita, papel germitest e papel filtro. Conforme Abreu et al. (2005), as sementes de Drimys brasiliensis (cataia), obtém maiores valores de velocidade e porcentagem de germinação com o uso de substratos ágar, areia e papel de filtro.

Teses e dissertações têm enfocado a questão do melhor substrato para a germinação de sementes florestais nativas. Catapan (1998), trabalhando com sementes de Ilex paraguariensis (erva-mate), definiu que o substrato que proporcionou as melhores condições de germinação foi sobre areia. As conclusões de Abreu (2002), afirmam que as melhores porcentagens e velocidade de germinação para as sementes de Allophylus edulis (vacum), foram obtidas nos substratos ágar e sobre areia, que proporcionaram as melhores condições de germinação e para Drimys barsiliensis (catraia), as mais adequadas foram ágar, sobre areia e sobre papel filtro. Tonin (2005), trabalhando com emergência de plântulas de Ocotea porosa (imbuia), concluiu que as sementes devem ser semeadas em substrato agrícola, já para sementes de Sapindus saponaria (sabão- de-soldado), os melhores substratos foram o agrícola e de solo de cerrado + serragem, propiciando maiores valores de porcentagem e velocidade de emergência.

Outros trabalhos abordando o melhor substrato para semeadura das sementes, podem ser citados. Figliolia (1984), apresenta vários estudos sobre a influência dos substratos na germinação para várias espécies de interesse e com pouca investigação, fazendo um esforço em procurar padronizar métodos. Ramos e Bianchetti (1984), na mesma linha, definem substratos para semeadura em laboratório de uma lista de espécies florestais nativas. Para Dipterix odorata (cumaru), Mekdece et al. (2001), não encontraram diferenças entre os substratos testados na germinação das sementes entre areia, vermiculita e terra preta. As sementes de Aegiphila sellowiana (tamanqueiro), germinaram melhor em substrato sobre vermiculita e as piores em substrato sobre areia e rolo de papel (Medeiros et al., 2001). Solo de floresta e vermiculita germinaram melhor em qualquer das temperaturas testadas na germinação das sementes de Cariniana legalis (jequitibá- rosa), segundo Rêgo et al. (2001). Ramos et al. (2001), a partir dos dados obtidos, concluiram que para a germinação de sementes de Zeyhera tuberculosa (ipê- felpudo), não houve diferenças entre os substratos testados (vermiculita fina, areia grossa e papel mata-borrão), porém, sugerem o uso de vermiculita, devido a menor

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incidência de microorganismos e necessidade de reumedecimento durante a condução do teste. Nogueira (2001), testou substratos sobre vermiculita, sobre cinco folhas de papel toalha e sobre areia para Tabebuia chrysotricha (ipê-amarelo), concluindo que a faixa de temperatura de 25-35ºC foi melhor, independente do substrato. Tesser et al. (2003), definiu que “sobre areia” foi o substrato que mais se destacou para a germinação de sementes de Croton floribundus (capixingui), porém os demais não diferiram quanto ao índice de velocidade de emergência (rolo de papel, sobre papel, entre areia e entre e sobre vermiculita), já no sobre papel foi constatada a maior porcentagem de sementes mortas.

Trabalhando com uma das espécies alvo deste trabalho, Hirano et al. (2003), em Prunus sellowii (pessegueiro-bravo) encontraram que o rolo de papel se mostrou superior, a areia e a vermiculita foram inferiores ao primeiro mas não mostraram diferenças entre si e o ágar foi inferior aos demais. Medeiros et al. (2003), sugere que a germinação de Anadenanthera bifalcata (angico-pururuca) seja feita em substrato vermiculita em vez de areia, papel mata-borrão e rolo de papel. Os resultados permitiram a Rêgo e Cortês (2003), concluir que a interação da temperatura de 30ºC e o substrato areia, proporcionaram maior porcentagem de germinação de sementes de Cynometria bauiniifolia (mundubirá) e Medeiros e Abreu (2003), recomendam que o teste de germinação de sementes de Casearia sylvestris (guaçatonga) seja conduzido no substrato papel mata-borrão. Ferriani et al. (2005), estudando Piptocarpha angustifolia (vassourão-branco), uma das espécies enfocadas neste estudo, observaram que não houve diferenças significativas entre os substratos papel filtro, vermiculita e casca de arroz queimada. Para Ocotea porosa (imbuia), Zipperer e Hirano (2005), verificaram que o substrato vermiculita foi superior ao substrato areia na germinação e IVG de suas sementes. Grandis e Godoi (2005), recomendam o uso de substrato papel de filtro ou a vermiculita fina nos testes de germinação das sementes de Lafoensia glyptocarpa. Para sementes de Psidium cattleianum (araçá) em testes de germinação, Medeiros et al. (2005) definiram o substrato ágar como o mais indicado, Pacheco et al. (2005), sugerem papel toalha e areia para avaliação da qualidade fisiológica de sementes de Tabebuia aurea (ipê-ouro) e Lopes e Lima (2005), afirmam que podem ser utilizados substratos areia, vermiculita e rolo de papel em testes de germinação de sementes de Bixa orellana (urucu).