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Informação e causa final: classes naturais formadas por meio de informação

Capítulo 5: Matéria como hábitos inveterados

5.2 Informação e causa final: classes naturais formadas por meio de informação

Lembremos primeiramente que a semiótica, considerada o estudo de como devem ser os signos para uma inteligência capaz de aprender com a experiência, constitui-se uma disciplina de natureza normativa – ou seja, é uma ciência que guia os fins do pensamento humano – e, como tal, só poderia ser utilizada como modelo para explicitação do funcionamento sígnico em processos naturais. As leis da natureza, como vimos, evoluem, isto é, possuem em sua constituição a tendência de adquirir hábitos, embora no caso dessas leis, diferentemente da mente humana, a possibilidade de mudança de hábitos se efetua de maneira vagarosa. Essas afirmações fazem parte da metafísica de Peirce, que tem suas bases na lógica concebida como semiótica, no sentido acima considerado: a semiótica pode servir como modelo para explicitar o funcionamento e evolução dos cosmos. Porém, não podemos tomar a metafísica e a semiótica de Peirce de maneira dual: há suas diferenças, evidentemente, mas o funcionamento dessa realidade concebida metafisicamente é determinado pelo processo de interpretação de signos. Por isso, a distinção peirceana não é dualística, motivo pelo qual Peirce não se opôs ao antropomorfismo como método: começamos pelo que é mais próximo ao que podemos observar com mais facilidade (nós mesmos) e então assumimos, economicamente, que o que fundamentalmente sustenta nossa realidade complexa é um subconjunto ou especialização de princípios ou terceiros (no sentido de terceiridade) que se manifestam ou instanciam ou implementam a si mesmos em outras formas e tipos de seres. Usar o que podemos compreender de nosso mundo interior e de seus processos internos para elaborar hipóteses relacionadas à realidade mais ampla ou mais profunda de terceiros que aqueles processos

dependem filogeneticamente é mais legítimo e isso inclusive explica por que somos capazes de fazer corretas hipóteses sobre essa realidade.

Em segundo lugar, lembremos da ocasião em que exemplificamos a bactéria E. Coli e o processo no qual ela interpreta a molécula de açúcar por meio de um signo dicente que instanciava um símbolo, uma vez que a instanciação se efetuava mediante uma regra habitual – o nado em direção ao carboidrato – para manutenção de seu metabolismo e de sua sobrevivência. A cadeia causal assim estabelecida está sob determinação de uma causa final – metabólica. Na descrição daquele processo, salientamos a impossibilidade de que nova forma se estabelecesse, devido à especialização do hábito. Em outras palavras, a restrição das possibilidades, o espectro possível de interpretação, estava determinada por um hábito muito cristalizado e, por isso, a sua possibilidade de mudança é praticamente nula.

Tratamos desse assunto uma vez que a mudança de hábito no contexto da semiótica peirceana é tema árduo e está diretamente ligada ao interpretante lógico último como condição dessa mudança por meio de uma autocrítica deliberada. Assim, lembremos, de acordo com Savan (1976, p. 50) que um hábito é um padrão unitário, e é justamente tal unidade que o permite variar de acordo com as circunstâncias, embora mantenha sua identidade. Essa unidade emerge a partir de alguma ideia geral que surge como uma conjectura ou hipótese (abdução), diante de uma pressão ocasionada pelo meio circundante. Toda a conjectura é um hábito que, tendo um certo propósito, pode ser realizado se puder executar determinado ato: o hábito é, então, a conjectura sintetizadora que nos estimula a uma variedade de atos, primeiro no mundo da imaginação, e então no mundo externo, como que se tentássemos constituir a certeza da conjectura através do crivo da experiência. O hábito assim estabelecido é uma regra de como proceder no futuro. A regra aplica o conceito a objetos de um tipo geral, e predica um resultado de um tipo definido mas geral.

Savan (ibidem, p. 50-51) nos diz que o fato de que a pressão do meio é sucedida por um novo hábito não significa que o processo é crítico. Esse caráter de não criticidade é importante quando tratamos da evolução de hábitos que não são relativos à esfera humana, evidenciando seus aspectos lógico-funcionais, como aqueles processos não verbais que transmitiam informação por meio de dicisignos. Segundo Savan, podemos formar novos hábitos por meio de conjecturas sem que reconheçamos qualquer aspecto da estrutura semiótica argumentativa que está subjacente a esses processos, ou ainda podemos reconhecer o fato de que há causas para formação de nossos hábitos, sem que com isso saibamos das regras gerais envolvidas.

Os hábitos que são formados com base no método científico de investigação incorporam um princípio de autocontrole crítico deliberado. Portanto, o método de formação de hábitos é

aquele que se submete continuamente a avaliação autocrítica. É certo que Peirce vai estudar a mente humana e o protoplasma buscando neles a determinação de como o processo de mudança de hábito se dá, uma vez que a matéria, como hábito especializado, já se encontra em um nível de evolução que não lhe dá margem para modificação dos hábitos. No entanto, é através do processo de raciocínio, sobretudo abdutivo e indutivo, que o hábito se modifica por meio do interpretante lógico. Aqui, estamos na esfera humana, porque essa mudança depende de autocontrole crítico deliberado, como falamos. Como estamos procurando compreender a mudança de hábito não na mente humana, mas nos processos físicos materiais e, conforme indicamos no início desta seção, de que podemos utilizar, como Peirce, o antropomorfismo como método, pressupomos que a mudança de hábito na esfera humana pode nos indicar como o processo de modificação dos hábitos relativos à matéria se deu até chegar no estado que agora conhecemos. Até mesmo Peirce era consciente de uma possível dificuldade em se encontrar o processo de formação do hábito em leis físicas e vai buscar a explicitação desse processo generalizador em processos cuja plasticidade nos permite compreender o funcionamento do hábito e sua modificação:

Não poderíamos esperar encontrá-lo em fenômenos como a gravitação, onde a evolução quase se aproximou do seu limite máximo, de modo que nada que simule irregularidades possa ser encontrado nela. Mas devemos procurar essa tendência generalizada, em vez disso, nos departamentos da natureza onde encontramos plasticidade e evolução ainda em funcionamento (CP, 7.515, 1898, tradução nossa).

Porém, não há efetiva mudança de hábito sem a consideração do processo informativo, visto que o hábito está ligado à ideia geral que o instancia. Por isso, outra maneira de mostrar a mudança de hábito seria aquela em que se considera o caráter da informação nesses processos, nos aproximando daquele que aqui nos é pertinente: a matéria. Como na atual configuração do universo, a possibilidade de mudança da matéria é quase nula (como aquele exemplo da bactéria), então podemos considerar, diferentemente, a matéria como resultado desse processo de especialização do hábito pela informação, como hipótese. Tal resultado se dá porque podemos considerar a matéria, por meio de sua estrutura interna, como uma classe natural resultado de uma classe final.

Além disso, devemos notar que Peirce estende sua teoria da informação, como vimos, para considerar signos não necessariamente simbólicos que também atuam em processos informativos. No entanto, devemos advertir que essa extensão não contradiz a anterior. Isso significa que podemos utilizar a concepção lógica de informação do autor para tentarmos compreender como o processo de informação se dá em processos naturais, ainda que utilizemos

uma linguagem que estende aquela estritamente simbólica (como a dos dicisignos formados por meio de ícones e índices). Por isso, alguns outros caracteres gerais a respeito do conceito de informação de Peirce serão apresentados. A partir de agora, passamos a estabelecer uma relação entre informação e causa final para apresentar a matéria como classes naturais resultantes de processos de causação final, cujo elemento necessário é a informação.

1) Lembremos a noção de classe natural que apresentamos no Capítulo 2, emprestada de Hulswit (2002, p. 120-121, tradução nossa):

Coisas pertencem a mesma classe natural não por causa de certas qualidades essenciais (primeiridade), mas de acordo com uma essência metafísica que é uma causa final (ou terceiridade). Assim, classes naturais de Peirce são caracterizadas como (a) um caráter definidor, que é uma causa final e (b) um número de caracteres da classe ou caracteres empíricos determinados teleologicamente (TDE-caracteres); mais ainda, (c) os TDE-caracteres dos objetos de uma classe natural agrupam-se sob certos valores médios; (d) os TDE-caracteres não são caracteres essenciais por que eles não são condições necessárias nem suficientes para fazer alguma coisa ser um membro da classe; (e) não há linhas fronteiriças claras entre classes naturais intimamente relacionadas; (f) classes naturais, embora reais, não são entidades existentes; a realidade delas é da natureza da possibilidade, não atualidade.

É a essência metafísica como causa final que determina quais os objetos que pertencem a uma classe natural. Em outras palavras, a extensão de uma classe natural é resultado de uma terceiridade real que a determina. O caráter definidor é a compreensão desta classe. O processo informativo se dará a partir de nova compreensão, estabelecida teleologicamente, sem que se diminua a extensão dessa classe, no sentido de que o conjunto formado pelos objetos que estão sob seu governo se manterá o mesmo. Lembremos o que dissemos no Capítulo 1: é através da indução (após a abdução como síntese) que o hábito se estabelece, havendo complexidade real com aumento de dimensionalidade intrínseca. Certos sentimentos são seguidos por uma mesma reação. Um sentimento geral, síntese desses sentimentos, é estabelecido, seguindo-se dele a mesma reação que o gerou. A partir dessa ideia geral segue-se uniformemente aquela reação característica. Diz, então, Peirce (CP, 6.145, 1892, tradução nossa): “Hábito é aquela especialização da lei da mente através da qual uma ideia geral ganha o poder de excitar reações. Mas para que aquela ideia geral possa atingir toda a sua funcionalidade, é necessário, também, que ela deva tornar-se sugestiva por meio de sensações”.Nesse sentido, uma coisa é falar sobre a ideia geral que servirá como forma para que o hábito se instancie em réplicas, outra coisa é o hábito em si mesmo (causa final). O caráter definidor da classe natural como causa final não se confunde com a ideia geral que constitui sua natureza lógica. No entanto, como essa forma geral determina o funcionamento das réplicas de um hábito por meio de causação eficiente, essa

forma é, ela mesma, fruto desse processo generalizador do hábito, de modo que, se possível fosse traçar sua história, o primeiro movimento do hábito como hábito teria identidade com essa forma lógica que lhe dá legitimidade interpretativa quando instanciada em individuais (reside aí mais uma possível solução do problema do realismo estrutural ontológico que não poderia distinguir entre estrutura e elemento). Portanto, fato é que a classe natural resulta de uma causa final, que ocorre no tempo, mas essa causa final, como hábito, nada mais é do que a propagação de ideias gerais (estruturas lógicas) por meio de processos de causação eficiente.

Poder-se-ia traçar um paralelo com a informação essencial como significação mínima para que a classe seja aquilo que ela é. No entanto, não podemos confundir o caráter definidor da classe como terceiridade real com seus caracteres de primeiridade. Por sua vez, o caráter empírico determinado teleologicamente nada mais é do que resultado desse processo generalizador, mas que não constitui necessariamente a classe natural naquilo que ela é. Esse caráter poderia ser denominado, grosseiramente, de acidente e se dá no processo de constituição do hábito e, como tal, é dele resultado.

2) Informação pertence a uma diferente dimensão lógica:

Quando Peirce começou definindo, em 1865, informação como a multiplicação de duas quantidades lógicas, amplitude e profundidade (ou conotação e denotação, ou compreensão e extensão), foi em reconhecimento do fato de que informação era, ela mesma, uma quantidade lógica de ordem superior não redutível ao multiplicador ou ao multiplicando. Ao contrário da adição, a multiplicação muda a dimensionalidade. Informação pertence a uma diferente dimensão lógica, e isso implica que, experimentalmente, ela se manifesta em um plano superior também. Atribuir um predicado a um sujeito por meio de um juízo da experiência é reconhecer que os dois ingredientes multiplicados, um, fruto da denotação, o outro, da conotação, em sua própria multiplicação ou conjunção copulativa, engendram uma nova entidade lógica, uma que não é meramente um fruto do efeito de sua união, mas uma cuja antecipação realmente causou a união. Pragmaticamente, toda proposição, ao se expressar parcialmente, completa a proposta que dirige sua formação353 (De

Tienne, 2005, p. 155, tradução nossa).

Considere-se a proposição sintética seguinte: “Todos as criaturas com coração são criaturas que têm rins”. A extensão da proposição é constituída por “todas as criaturas que

353 When Peirce began defining, in 1865, information as the multiplication of two logical quantities, breadth and

depth (or connotation and denotation, or comprehension and extension), it was in recognition of the fact that information was itself a higher-order logical quantity not reducible to either multiplier or multiplicand. Unlike addition, multiplication changes dimensionality. Information belongs to a different logical dimension, and this entails that, experientially, it manifests itself on a higher plane as well. Attributing a predicate to a subject within a judgment of experience is to acknowledge that the two multiplied ingredients, one the fruit of denotation, the other of connotation, in their very multiplication or copulative conjunction, engender a new kind of logical entity, one that is not merely a fruit or effect of their union, but one whose anticipation actually caused the union. Pragmatically, every proposition in expressing itself partially fulfills the purpose that drives its formation.

possuem coração”. Sua compreensão é formada pelo predicado “ter rim”. A informação “possuir coração é possuir rim”, por sua vez, não é redutível à sua extensão, que se apresentaria meramente como o conjunto de seres com coração; tampouco é redutível à sua compreensão. A informação é uma terceira componente lógica que é irredutível à compreensão e à extensão cuja copulação foi gerada por sua antecipação.

3) A informação não é fruto da copulação de sujeito e predicado, mas do processo teleológico que reside no signo: sua interpretabilidade. Isso significa que a informação é fruto de antecipação: emprestando tal noção de Nadin (2000), a saber, “todo signo está antecipando sua interpretação”, De Tienne dirá que o processo semiótico se dá por dois vetores, e a antecipação de interpretação permite que o vetor do futuro para o presente seja real, caracterizando o processo como teleológico. Assim, a informação não é apenas o resultado da união da compreensão e extensão, mas é aquela cuja antecipação na verdade causou a união. Trata-se de um processo semiótico relativo à causa final, determinando os meios para alcançar seu objetivo e o meio, no presente, é a união copulativa de sujeito e predicado. Isso significa que a informação surge como uma necessidade de causa final: a de interpretabilidade do signo. É sua antecipação que convoca a sua atualização que se efetivará no interpretante.

4) Se você me informa qualquer verdade, e eu já a conheço, não há informação354 (MS

463: 13, tradução nossa). Esse caráter de que só há informação quando o intérprete não a conhece refere-se à seção em que apresentamos o conceito de informação atual, significando que só há informação quando esta é o aumento da compreensão do intérprete sem diminuição da extensão delimitada pela própria definição do conceito ao qual o signo se refere. Assim, é possível falar de um “crescimento de informação”. Estendendo esse caráter epistemológico para um nível em que versa sobre a realidade da informação, devemos notar que ela, de um ponto de vista processual, seria um conjunto real de proposições que vão se refinando teleologicamente na interpretabilidade do signo. Logo, há aumento real de informação na realidade. Diz Peirce: “Análogo ao aumento de informação em nós, há um fenômeno na natureza – desenvolvimento – pelo qual uma variedade de coisas venha a ter uma variedade de caracteres, que devem ter sido envolvidos em alguns caracteres em algumas coisas”355 (CP,

2.420, 1893, tradução nossa). Tal afirmação é passível de verificação científica. Não à toa, Peirce diz que:

354 If you inform me of any truth, and I know it already, there is no information.

355 Analogous to increase of information in us, there is a phenomenon of nature-- development-- by which a

multitude of things come to have a multitude of characters, which have been involved in few characters in few things.

Considere a vida de um animal ou planta individual; ou de uma mente. Observe a história dos estados, das instituições, da linguagem, das ideias. Examine as sucessões das formas mostradas pela paleontologia, a história do globo como mostrado na geologia, da qual o astrônomo é capaz de se pronunciar a respeito das mudanças dos sistemas estelares. Em todos os lugares, o fato principal é o crescimento e o aumento de complexidade356 (EP1:

307; CP, 6.58, 1892, tradução nossa).

5) Da definição que apresentamos no capítulo anterior, temos que “Informação, então, pode ser definida como a quantidade de compreensão que um símbolo tem além daquilo que limita sua extensão”357. Significa que o aumento de informação se dá por meio da compreensão,

por meio de um conjunto de predicados que são atribuíveis ao termo, além daqueles que o significam essencialmente, ainda que neste momento estejamos próximos de um aumento que se dá por meio de um processo abdutivo (o indutivo traria aumento da extensão sem diminuição da compreensão). A extensão é elemento necessário para a informação, como vimos. No entanto, os objetos abrangidos pela extensão de um dado conceito incorporam a informação que é expressa por meio da compreensão deste conceito naquele processo teleológico de causação final.

6) A partir do item anterior podemos relacionar a compreensão relativa à informação com a noção de hábito. Lembremos que, segundo Peirce, “O que nós denominamos um “fato” é alguma coisa possuindo a estrutura de uma proposição [...]358”. Se pudéssemos “visualizar” a

estrutura lógica que compõe a causa final, ela seria formada por dois elementos formais: o primeiro refere-se à ideia geral, incorporada (ou que será incorporada) no objeto – lembrando que o objeto se estrutura a partir do processo de representação, incorporando novas formas –, relativa à primeiridade; o segundo refere-se ao hábito como proposição condicional, relativa à terceiridade (onde consta, inclusive, a condição para sua instanciação por meio de um índice): “sob certas condições as regras são essas e essas”.

7) Aqui encontramos uma “ponte” entre informação e hábito. A necessidade de uma proposição (como um fato) ser interpretada para dar continuidade no processo representativo faz com que a antecipação de interpretação conduza, como causa final, uma copulação entre um signo atual que representa um sujeito e outro que representa o predicado (índice e ícone),

356 Consider the life of an individual animal or plant; or of a mind. Glance at the history of states, of institutions,

of language, of ideas. Examine the successions of forms shown by paleontology, the history of the globe as set forth in geology, of what the astronomer is able to make out concerning the changes of stellar systems. Everywhere the main fact is growth and increasing complexity.

357 Information then may be defined as the amount of comprehension a symbol has over and above what limits its

extension.

358 “What we call a "fact" is something having the structure of a proposition, but supposed to be an element of the

gerando informação. A qualidade no objeto atualiza a ideia geral que o ícone representa e a antecipação está relacionada ao hábito, ligada a uma associação de ideias gerais que conduzem teleologicamente o processo.

8) A relação da informação com a causa final se daria, então, da seguinte maneira: informação, como qualidade geral ou forma, se instala na parte icônica que tem relação com a parte de regra condicional do hábito. Essa relação não pode ser diádica porque o hábito é triádico, de modo que o índice e a conexão deste com o ícone está necessariamente atada aos aspectos icônicos e habituais da causa final. Por ser triádica, não há constituição do hábito sem a ideia geral que o atualiza e que o objeto conota. Significa: informação é o elemento formal do hábito; em outras palavras: hábito é um conjunto de relações que associam informação. Informação é a primeiridade do hábito.

9) Na Seção 4.3, afirmamos que a informação está ligada à referência ao interpretante, já que é por meio dele que os símbolos crescem em informação. Neste momento, um pequeno parêntese é oportuno.

Para Peirce, a Lógica é aquela ciência que “trata de segundas intenções, aplicadas às primeiras intenções”359 (CP, 1.559, 1867, tradução e grifos nossos). Por definição, “[...]

segunda intenção são os objetos do entendimento considerados como representações e as primeiras intenções para as quais eles aplicam são os objetos de tais representações”360 (CP,

1.559, 1867, tradução nossa). Os primeiros, os de representação, são os símbolos, isto é, signos que são pelo menos potencialmente gerais. A lógica trata da referência de símbolos em geral a seus objetos, implicando três modos de estudo científico: o primeiro, denominado gramática