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CAP 03 REGENERAÇÃO URBANA: UMA ANÁLISE DOS ESPAÇOS SUBUTILIZADOS EM CENTROS URBANOS

10. Reconhecer que os diversos elementos que constituem uma estratégia podem evoluir em ritmos diferentes Onde será necessário redirecionar os recursos e ações, com o

3.6. Leitura dos Aspectos Urbanos Locais na Região da Santa Ifigênia

3.6.2. INFRAESTRUTURA URBANA:

ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO:

A SABESP (empresa responsável pelo fornecimento de água e pelo esgotamento em São Paulo) atende 100% dos domicílios da região de estudo fornecendo água potável e esgota- mento para aqueles que podem arcar com os custos destes. Assim como o restante de São Paulo a área é abastecida pela Bacia Alto Tietê, no entanto, segundo estimativa da SABESP, a disponibilidade hídrica de água potável dessa bacia é de cerca de 200 m³/hab/ano, um vo- lume considerado crítico pela ONU. Este fator, junto da recente crise hídrica vivenciada no ano de 2015 pelos habitantes de São Paulo, sinalizam uma necessidade urgente da implan- tação de novas estratégias de reutilização das águas pluviais e iniciativas que promovam um consumo mais sustentável deste bem.

DRENAGEM:

Apesar de presente em toda a região, a rede de drenagem é bastante antiga, onde a capta- ção é na maioria das vezes realizada através de boca de leão ou de uma combinação entre bocas de lobo e bocas de leão (figura 38). Diversos pontos de captação encontram-se hoje, obstruídos devido ao despejo e ao acúmulo de lixo (figura 39). A região apresenta uma topo- grafia em declive no sentido da Estação da Luz, no entanto diferente do que acontece em ou- tras regiões da cidade, onde a declividade está associada a um quadro de alagamentos cons- tantes, no local, as inundações ocorrem fora da área de declive mais acentuado, nas proximi- dades da Rua Mauá. (RIMA, 2011).

FIGURA 38: Boca de lobo e boca de leão. FONTE: acervo do autor.

FIGURA 39: Acúmulo de Lixo no local. FONTE: acervo do autor.

RESÍDUOS:

Em São Paulo a coleta de resíduos acontece geralmente 6 (seis) dias por semana durante o período noturno, utilizando caminhões compactadores que direcionam os resíduos para os aterros sanitários, destino final padrão destes. Conforme estabelecido pela Lei Municipal 13.478 de 30 de dezembro de 2002, a limpeza urbana é um serviço de responsabilidade da Secretaria Municipal de Serviços, por meio do Departamento de Limpeza Pública (LIMPURB). Na área de estudo, entretanto, esses serviços são realizados pela Logística Ambiental de São Paulo S.A. - LOGA, estabelecido por meio de licitação vigente até o ano de 2024. Os serviços oferecidos pela LOGA, são aqueles vinculados às atividades de coleta, transporte, tratamento e de destinação final dos resíduos sólidos. Na região central, a coleta é feita com miniveículos que percorrem as áreas dos calçadões em horários especiais.

De acordo com levantamento do RIMA (2010), a área em questão possui diversas empresas que geram resíduos como papelão, papel, plástico e isopor, no entanto, por não haver coleta seletiva destes, os catadores locais muitas vezes rasgam os sacos de lixo em busca desse material para revendê-los aos pontos de reciclagem, essa atividade gera uma dispersão da sujeira no espaço público e um trabalho adicional às equipes de limpeza urbana que muitas vezes não dão conta da limpeza adequada. Ainda de acordo com as informações do RIMA (2010), a coleta seletiva não acontece nesse local devido a certas restrições de estaciona- mento e de horário.

.3.6.3. CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS: CLIMA E AMBIENTE URBANO:

Na área de estudo existem fortes indícios do desenvolvimento do fenômeno conhecido como ilhas de calor, onde o clima pode variar em até 6°C de uma área para outra, a depender da arborização existente, do nível de sombreamento e dos tipos de materiais utilizados nas construções. A associação entre uma morfologia urbana pautada pela elevada densidade construtiva, reduzida presença de arborização urbana e elevada concentração de poluição atmosférica e gases de efeito estufa somente potencializa o efeito das ilhas de calor. É impor- tante ressaltar que o espaço urbano tem grande influência na definição das características microclimáticas de um local. As suas características (seja pela morfologia ou pelas diretrizes de projeto e desenho) contribuem diretamente para otimização do conforto urbano local ou para fortalecer os aspectos negativos de uma região. Seja funcionando como barreira urbana para a ventilação predominante, para a iluminação natural e radiação solar, seja através das superfícies de grande potencial de absorção térmico ou da baixa permeabilidade do solo ur- bano. Esses aspectos acabam gerando desconforto, contribuindo para as ilhas de calor e zo- nas de elevado estresse térmico. (EIA-NOVALUZ, 2010).

O Estudo de Impacto Ambiental – EIA (2010) elaborado para a região em questão, através de suas medições e relatórios, aponta para algumas características ambientais preocupantes na região da Santa Ifigênia. Destaca a baixa porosidade urbana promovida pelo alto adensa- mento, seja através das edificações (reduzido uso de pilotis ventilado e mínimo espaçamento entre edifícios), pela pouca presença de áreas verdes distribuídas ao longo do espaço públi- co. Na região, apenas cerca 30% da ventilação natural atinge a área devido à presença de barreiras urbanas construtivas nas proximidades. A composição geral das superfícies e mate-

riais encontrados são de alta absorção de calor e baixa refletância (entre eles telhados de amianto, asfalto, concreto) contribuindo para os efeitos das ilhas de calor e aumento do es- tresse térmico, uma vez que na ausência de vegetação urbana os raios solares incidem dire- tamente nas superfícies bem como nas ruas e calçadas.

Quanto à ventilação local, o EIA (2010) define duas zonas de ventilação principais, as zonas de ventilação por efeito aerodinâmico de corredor (efeito venturi) que fornecem um clima agradável com velocidades em torno de 2-3m/s (nas regiões onde existe alguma arborização e maior largura do sistema viário como Av. Ipiranga, Av. Rio Branco e Av. Duque de Caxias) e zonas de turbulência de ventilação por efeito de redemoinho e de esquina, potencializadas pelas características do espaço construído (demais regiões). Não existem na região corpos de água consideráveis que contribuam para as características ambientais urbanas e a topo- grafia local é relativamente suave, não provocando grandes problemas ou desafios.

QUALIDADE DO AR E CONTAMINAÇÃO DE LOTES:

Segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB (2010), a qua- lidade do ar na região é considerada como variando entre regular e inadequada, sendo de- corrente principalmente do intenso fluxo de veículos que atravessa a região diariamente e do acúmulo de Ozônio. O ozônio é um forte indicador da presença de oxidantes fotoquímicos originados a partir da queima de combustíveis e solventes, no entanto sem uma origem iden- tificada. A baixa umidade presente na região associada à alta absorção de calor, à baixa permeabilidade do solo e à ausência de vegetação, eleva vertiginosamente a característica de insalubridade respiratória no local.

Ainda conforme investigação da CETESB (2010), a região apresenta indícios de danos po- tenciais ao meio ambiente e a população que ali frequenta ou habita. Amostras de solo e de água subterrânea recolhidas no local apontam para uma contaminação das condições natu- rais do local devido à existência de atividades suscetíveis à contaminação que não foram de- vidamente implantadas ou monitoradas, como gráficas industriais, estacionamentos, oficinas mecânicas, postos de gasolina, locais de descarte de material indevido, dentre outras. A par- tir desse levantamento a CETESB (2010) apresenta um mapeamento de lotes contaminados e lotes potencialmente contaminados (figura 40).

FIGURA 40: Mapa dos Lotes Contaminados ou Po- tencialmente Contaminados na área de estudo. FONTE: Elaborado pela CETESB, disponível no RIMA – NOVA LUZ (2010) e tratamento do autor.