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Iniciativas do meio Empresarial: Fundações, Institutos e Associações

2.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

2.3.5 Iniciativas do meio Empresarial: Fundações, Institutos e Associações

Num estudo sobre a responsabilidade social corporativa na América Latina, Correa, Flynn e Amit (2004) destacaram as iniciativas empresariais e de Organizações Não- Governamentais - ONGs nacionais e internacionais que têm se envolvido com o tema, sintetizadas a seguir:

• Argentina. O atual interesse na responsabilidade social corporativa surgiu no país paralelamente à crise econômica de 2001, que ressaltou a importância da participação do setor empresarial no processo de revitalização do país. A crise econômica revelou-se um catalisador para fomentar maior consciência social. Entretanto, não há evidências que a responsabilidade social corporativa seja parte integral da estratégia de negócios, por estar ainda muito relacionada com filantropia e programas comunitários.

• Brasil. O assunto vem sendo explorado há décadas no país, sob diversas perspectivas. Embora tenha sido vinculada a atividades filantrópicas até a década de 1980, a partir da década de 1990 ocorreram muitas mudanças no cenário; principalmente pelo fato de iniciativas da sociedade civil terem conquistado o apoio do meio empresarial, como o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE. Há também o apoio e envolvimento de instituições acadêmicas e do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas - GIFE.

• Demais países da região. Também tiveram forte envolvimento com atividades filantrópicas até a década de 1990, época em que associações empresariais locais e regionais começaram a se engajar no movimento em prol da profissionalização da responsabilidade social corporativa na América Latina. São diversas as iniciativas empresariais para promover o tema, primordialmente voluntário. (CORREA, FLYNN e AMIT, 2004, tradução nossa).

A necessidade de organização das iniciativas de responsabilidade social corporativa tornou-se uma prioridade do setor privado, tendo em vista o anseio por contribuições efetivas para o desenvolvimento econômico e social, local ou regional onde são exercidas as suas atividades. Da mesma forma, companhias que exercem atividades em diferentes nacionalidades começaram a dar um tom mais profissional e padronizado para suas práticas socioambientais.

Representantes de diferentes regiões das Américas começaram a se reunir e discutir formas de fortalecimento do papel do setor privado na sociedade. Trata-se do Forum Empresa, aliança criada em 1997 por um grupo de 150 empresários e lideranças da região, que atualmente reúne organizações empresariais que têm como propósito promover práticas de responsabilidade social na América Latina.

O Forum Empresa reúne cerca de 3.000 empresas e trabalha em prol do conhecimento e entendimento do assunto na região. O Quadro 2.5 apresenta as principais instituições que reúnem grupos de empresas engajadas em causas socioambientais por país.

País Fundação, Instituto ou Associação

Argentina

Fundación del Tucumán

Instituto Argentino de Responsabilidad Social –IARSE Brasil Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Canadá Canadian Business for Social Responsibility -CBSR

Chile Acción Empresarial

Colômbia Centro Colombiano de Responsabilidad Social Empresarial -CCRSE El Salvador Fundación Empresarial para la Acción Social – FUNDEMAS Estados Unidos Business for Social Responsibility - BSR

Guatemala Centro para la Acción de la Responsabilidad Social Empresarial Honduras Fundación Hondureña de Responsabilidad Social Empresarial

México

Alianza para la Responsabilidad Social Empresarial – ALIARSE Centro Mexicano para la Filantropia - CEMEFI

Panamá Centro Empresarial de Inversión Social CEDIS Peru Peru 2021

Uruguai Desarrollo de la Responsabilidad Social – DERES

Venezuela Centro de Divulgación del Conocimiento Económico, A.C. - CEDICE Quadro 2.5: Fundações, Institutos e Associações Voltadas para a Questão Socioambiental

Fonte: Elaboração própria

Essas organizações compartem uma relação estreita com o meio empresarial, para divulgação, padronização de práticas socioambientais, além de incentivos para auto-avaliação destas.

A organização Business for Social Responsibility - BSR desempenhou um papel importante na provisão de modelos socioambientais para as organizações latino-americanas, além de ter sido uma importante assessora, nas primeiras etapas de implantação em vários países da região. Entretanto, as associações trabalham de forma independente nos países em que foram concebidas.

Atualmente esta reunião de associações empresariais trabalha com apoio mútuo para transferência de experiências, manuais e medidas adotadas para padronização de práticas de responsabilidade social corporativa.

Porém, os desenvolvimentos acerca do nível de implantação, conscientização e organização prática de atividades socioambientais no ambiente empresarial de cada país depende também de outras questões. Dessa forma, o nível de adesão do meio empresarial a tais questões, varia muito entre os países latino-americanos, principalmente pelo processo de transição de atividades filantrópicas para atividades socioambientais estrategicamente gerenciadas pelas organizações.

Podem ser encontrados padrões gerais em um extremo, como as atividades de responsabilidade socioambiental mais profissionalizadas no Brasil, enquanto no México e na Colômbia, as atividades filantrópicas são predominantes. A Argentina se posiciona entre esses dois extremos, enquanto as atividades no Chile são comparativamente menores em ambos os casos. No México, as atividades de responsabilidade social corporativa são entendidas ocasionalmente como a promoção de organizações empresariais de metas políticas particulares ou setoriais. No Peru, a principal organização no âmbito da responsabilidade social corporativa visualiza sua ação como dedicada primordialmente à tarefa de criar uma visão nacional do país. Na Colômbia, as principais fundações estão interessadas em proporcionar esquemas para a agenda política nacional. Brasil e Chile se encontram em outro extremo. No Chile, as principais organizações enfatizam a dimensão de neutralidade, ainda que diversos fatores tendam de algum modo a contrastar esta ênfase: na troca dos membros de uma organização religiosa, uma participação política mais ativa por parte das lideranças empresariais, ou ênfase menor em alguns dos indicadores, que efetivamente puderam demonstrar essa neutralidade. (AGUERO, 2002).

A seguir são apresentadas algumas das principais contribuições teóricas e práticas sobre o tema em países latino-americanos:

Argentina

Não há uma organização central na Argentina que possa ser associada ao desenvolvimento da responsabilidade social corporativa no país, entretanto, o conselho de fundações se aproxima mais desse papel. As instituições BSR e Forum Empresa têm se esforçado para a criação de uma organização central, como em outros países, mas têm encontrado dificuldades. Em parte, isso pode ser explicado pelo resultado não só de demandas por lideranças competitivas e personalizadas, como também pela complexa e multifacetária natureza da prática e tradição filantrópica no país. (AGUERO, 2002).

Este quadro também foi afetado na última década como resultado da recorrente crise econômica e uma profunda crise de legitimidade do Estado. O Estado é crescentemente percebido como incapaz de colocar o país em um caminho de crescimento econômico, ao mesmo tempo em que simultaneamente sucumbe à corrupção. (AGUERO, 2002).

A mudança desse quadro se completa pelo recente surgimento e difusão nos últimos quatro anos, da noção de responsabilidade social corporativa, como algo distinto da filantropia. Isto é parcialmente o resultado da ativa proliferação de organizações e empresas

internacionalmente conectadas que instalaram a noção de responsabilidade social corporativa, gerando sua própria dinâmica. Por sua vez, isso deveria ser visto como resultante de outros fatores mais profundos em jogo. Os fatores mais importantes são: uma sociedade civil cada vez mais poderosa, mudanças nos setores empresariais e sua percepção, e uma pressão mais forte de empresas estrangeiras. (AGUERO, 2002).

Outro aspecto importante tem sido a mudança na disposição do setor empresarial, que deseja envolver-se mais sistematicamente em atividades de responsabilidade social corporativa. Entretanto, uma grande parte do tema tem lugar através de fundações empresariais e não necessariamente através da real disposição de uma empresa ter, como poderia idealmente se esperar, uma atividade de responsabilidade social corporativa. As atividades mais sistemáticas nesse sentido se refletem no trabalho do Grupo de Fundaciones

Empresariais, comparativamente um modesto equivalente na Argentina do que o GIFE representa no Brasil. (AGUERO, 2002).

O estudo conduzido por Paladino e Mohan (2002) teve por objetivo analisar o desenvolvimento da responsabilidade social no âmbito das empresas estabelecidas na Argentina. Dando destaque aos aspectos sociais, políticos e econômicos que influenciaram e influenciam o comportamento das organizações, os autores identificaram os primeiros passos das empresas rumo à organização e profissionalização das atividades de filantropia. De acordo com os autores, a responsabilidade social das empresas ainda é um tema muito incipiente no país.

Para Schlosser (2003) as ações sociais empresariais na Argentina são orientadas principalmente pela filantropia tradicional, ou seja, doações. Entretanto, conforme outros autores, é crescente o número de empresas que mantêm fundações orientadas a um campo integral de responsabilidade social, com programas estratégicos focados em investimentos sociais, alianças com ONGs e programas de voluntariado. (LARRETA, 2003; STURZENEGGER, VIDAL e STURZENEGGER, 2003).

Newell e Muro (2006) analisaram historicamente diferentes fases da evolução do debate sobre práticas de responsabilidade social e ambiental na Argentina. Os autores enfatizaram questões políticas, econômicas e sociais do país e identificaram vários aspectos que influenciam o desenvolvimento do tema, como tamanho, setor, diversidade das estratégias corporativas, nível de nacionalização e questões sociais em nível local, nacional e internacional. Em adição, os autores destacaram as influências exercidas por multinacionais naquele país, sobre a promoção da responsabilidade social e ambiental entre as corporações.

Brasil

O país se destaca por ter implementado práticas de responsabilidade social corporativa mais desenvolvidas na América Latina. O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, o GIFE e o IBASE têm papéis importantes no surgimento e nas atuais discussões sobre o tema.

A mobilização dos anos 1980 e 1990, de inspiração religiosa de alguns líderes empresariais organizados na Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas - ADCE, o representante no Brasil da União Internacional das Associações Patronais Cristãs - UNIAPAC, e no Instituto de Desenvolvimento Empresarial - IDE, que posteriormente passou a ser denominado Fundação Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social - FIDES. Estes grupos expressaram, desde os anos de 1960, uma preocupação com a extrema pobreza e fazendo um chamado aos empresários para que adquirissem consciência sobre o fato, e especificamente, propondo um balanço social para as empresas, movimento este que ganhou mais força quando foi liderado pelo sociólogo Betinho, em meados da década de 1990.

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC é um órgão voltado para a promoção da boa governança corporativa no país. Fundado em 1995, o instituto é o responsável pela criação do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC. Entre as várias recomendações desse código, a responsabilidade social corporativa é destacada da seguinte forma:

Conselheiros e executivos devem zelar pela perenidade das organizações (visão de longo prazo, sustentabilidade) e, portanto, devem incorporar considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. Responsabilidade Corporativa é uma visão mais ampla da estratégia empresarial, contemplando todos os relacionamentos com a comunidade em que a sociedade atua. A ‘função social’ da empresa deve incluir a criação de riquezas e de oportunidades de emprego, qualificação e diversidade da força de trabalho, estímulo ao desenvolvimento científico por intermédio de tecnologia, e melhoria da qualidade de vida por meio de ações educativas, culturais, assistenciais e de defesa do meio ambiente. Inclui-se também a contratação preferencial de recursos (trabalho e insumos) oferecidos pela própria comunidade. (IBGC, 2004).

Outra iniciativa ligada ao mercado financeiro do país foi a Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA, ao criar a Bolsa de Valores Sociais e Ambientais, uma opção de investimento diferenciada para -impulsionar projetos realizados por ONGs brasileiras, visando

(BOVESPA, 2010). Além disso, a BOVESPA incentiva a prática da divulgação de informações socioambientais entre as companhias de capital aberto no país.

O país está adiantado sobre o tema em relação aos demais da região, as iniciativas do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, assim como as do IBASE, mostram um grande crescimento e institucionalização em termos de número de associados e empresas que apresentam relatórios socioambientais; como também a diversidade e qualidade das atividades que promovem. E elas dão expressão ao processo que se encontrava em formação por um bom tempo e que têm um sustento sólido da sociedade civil. Porém, serviços de consultoria admitem a existência oculta das preocupações cosméticas de empresas acerca da necessidade de apresentar algum tipo de relatório. Outro aspecto se relaciona com a medição precisa do que realmente está sendo feito, e o impacto qualitativo sobre a comunidade e inadequações. A natureza fragmentária dessas atividades torna difícil saber o que realmente isso significa em sua totalidade. (AGUERO, 2002).

O ambiente acadêmico do país tem apresentado uma imensa produção. A seguir são referenciados alguns dos estudos que mais se aprofundaram na efetiva institucionalização da responsabilidade social corporativa no Brasil.

Com o objetivo de analisar os efeitos da atuação social das empresas na dinâmica empresarial, Borger (2001) conduziu um estudo multicaso junto a três empresas brasileiras. Os resultados da investigação revelaram que “o conjunto de variáveis independentes que caracterizam a atuação orientada para a responsabilidade social empresarial estão interrelacionadas assim como o conjunto das variáveis dependentes que caracterizam a dinâmica empresarial”. (BORGER, 2001, p. 244).

Através de um estudo de casos múltiplos, junto a 5 empresas do setor de agronegócios e atuantes no Brasil, Machado Filho (2002) investigou as motivações que têm levado as organizações a se engajarem em práticas de responsabilidade social. De acordo com o autor, o investimento em ações de responsabilidade social é percebido pelas organizações por gerar retornos positivos para a imagem destas.

Para explorar a percepção dos públicos interno e externo de uma organização brasileira do setor de cosméticos, quanto aos seus projetos sociais, Mollicone (2003) conduziu entrevistas junto a funcionários e clientes da empresa. De acordo com o autor, os resultados da pesquisa destacaram que o envolvimento da empresa em ações sociais não deve prescindir de uma atitude voltada para a assunção das responsabilidades sugeridas pelo modelo proposto por Carroll (1989), as responsabilidades econômicas, legais, éticas e filantrópicas. Essas variáveis são amplamente influenciadas pelas ações sociais da organização, além de

proporcionar retornos a curto e a médio prazos para todos os stakeholders envolvidos com os projetos.

Através de um estudo baseado nas representações de projetos sociais de empresas, Belizário (2008) teve como objetivo identificar de que forma os beneficiários desses projetos se apropriam do discurso social. A análise qualitativa de entrevistas junto a sete beneficiários de projetos de filantropia empresarial permitiu à autora verificar que:

A partir da contratualidade informal, a empresa se legitima como agente autorizado a implementar políticas públicas com fins privados, pois, mesmo que o projeto seja direcionado aos excluídos sociais, ele atende a interesses privados, relativos à reputação e à imagem empresarial. (BELIZÁRIO, 2008, p. 96).

A produção acadêmica sobre o tema no Brasil é intensa, aborda várias perspectivas, e cita-se, por exemplo: consumo responsável, percepção dos consumidores, gestores e outros

stakeholders sobre o envolvimento de uma ou mais organizações com o tema, estudos de casos específicos sobre setores, regiões ou estados brasileiros, análise de relatórios dedicados ao tema, além de estudos sobre a responsabilidade social de universidades e ONGs. Muitos destes são citados em outros capítulos, ao longo da pesquisa.

Chile

No Chile, as discussões sobre responsabilidade social corporativa é muito mais recente do que nos demais países da região. A instituição Acción Empresarial, criada em maio de 2000, adotou oficialmente a promoção da responsabilidade social corporativa, uma reunião de empresas e indivíduos em prol da promoção do tema no país.

De acordo com Aguero (2002), a difusão e o desenvolvimento do discurso socioambiental no país, como ocorre na BSC e no Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, não foi possível até então, devido às dificuldades locais, em razão da grande influência política que as associações locais exercem no país. O financiamento de campanhas políticas, além dos reflexos ainda atuais do cenário da ditadura são exemplos de forças que influenciam as atividades de responsabilidade social corporativa no Chile.

Outras dificuldades dizem respeito às diferenças entre diferentes setores. O setor privado ainda não assumiu a necessidade de melhorar as condições de trabalho e aumentar a participação de todos os seus membros nos processos de tomada de decisão. E soma-se a este cenário, a maior parte das iniciativas de responsabilidade social são desenvolvidas por grandes empresas. (AGUERO, 2002).

As pesquisas sobre responsabilidade social corporativa no Chile indicam que o assunto ainda é incipiente. (TEIXIDÓ, CHAVARRI e CASTRO, 2002). Após a condução de uma série de entrevistas junto a formadores de opinião da área de administração no Chile, de acordo com Beckman, Colwell e Cunningham (2009) as companhias multinacionais e as ONGs são os atores chave na promoção e disseminação da responsabilidade social corporativa no país.

México

Desde o final da década de 1960, alguns eventos contribuíram para o desenvolvimento da sociedade civil, como a crescente capacidade de grupos privados. Há um substancial número de atividades desenvolvidas por pessoas muito influentes, geralmente associadas a grandes empresas e fundações. Este é o caso de Lorenzo Servitje, do grupo Bimbo, Roberto Hernández, da Banamex, Carlos Slim da Telmex, e Manuel Arango, da Concord S.A. (AGUERO, 2002).

Há um crescente número de iniciativas no campo da responsabilidade social. Estudos realizados pela CEMEFI, pelo Instituto Tecnológico de Estudios Superiores de Monterrey - ITESM e por Zimmat, indicam que um número expressivo de empresas participam de atividades, embora em montantes relativamente pequenos, a maioria dessas iniciativas carecem de um plano permanente. Não há fontes muito completas de informações que proveem um quadro fidedigno da magnitude da atividade filantrópica no país.

Há também um número de empresas que são ativas na prática de responsabilidade social corporativa em matéria de meio ambiente, situação habitacional, desenvolvimento comunitário, serviços financeiros, cultura, ciência e tecnologia, capacitação, nutrição e promoção da filantropia. Em muitos casos, as atividades são planejadas e executadas diretamente pelas empresas, mas um grande número dessas opera através de doações a outras instituições. Entre os melhores exemplos de responsabilidade social corporativa, estão as companhias multinacionais que transferem sua experiência internacional em matéria adaptada às condições locais, ainda que tais exemplos se restrinjam exclusivamente às empresas estrangeiras. (AGUERO, 2002).

Com foco na responsabilidade social corporativa de três companhias estabelecidas no México, Logsdon, Thomas e Van Buren III (2006) investigaram a natureza de tais investimentos, sob os aspectos históricos e culturais. Os resultados, de acordo com os autores, indicaram que a responsabilidade social corporativa não é um tema novo no país, e também

não é influenciada por empresas americanas, como muitos imaginam, mas pelo contexto cultural e ambiente interno das companhias mexicanas.

Paul et al. (2006) analisaram qualitativamente os relatórios socioambientais divulgados por uma amostra de 10 companhias estabelecidas no México, no período de 2000 a 2003. De acordo com os autores, grande parte das companhias usa o conceito de

stakeholder, conceituam responsabilidade social corporativa em termos de filantropia e o assunto é mais destacado em companhias dos setores de petróleo, cimento, de cigarros e química.

Alguns pesquisadores se dedicaram a estudar comparativamente os desenvolvimentos da responsabilidade social corporativa no México e na África do Sul (ACUTT, MEDINA- ROSS e O’RIORDAN, 2004), no México e na França (BLASCO e ZØLNER, 2008). Os resultados desses estudos identificaram profundas diferenças culturais que levam a diferentes níveis de desenvolvimento do tema entre o México e os demais países envolvidos nas comparações.

Husted e Allen (2006) investigaram as estratégias das companhias multinacionais para responder às pressões de stakeholders. Os autores conduziram uma survey junto a profissionais de 88 multinacionais estabelecidas no México e verificaram que as pressões dos

stakeholders guiam as decisões das organizações em relação à responsabilidade social corporativa no país.

No âmbito das empresas mexicanas do setor automotivo, Muller e Kolk (2009) conduziram uma survey, com o objetivo de analisar a relação entre o desempenho dessas companhias e três dimensões da responsabilidade social corporativa: meio ambiente, emprego e comunidade. Os resultados, de acordo com os autores, mostraram que as companhias locais se engajam num tipo de atividade de responsabilidade social corporativa comumente associada com o tema em países desenvolvidos. Ou seja, o assunto não é visto de forma diferente, entre países desenvolvidos ou em desenvolvimento.

São poucos os estudos sobre a divulgação de informações socioambientais nos relatórios de companhias estabelecidas no México, mas esses têm indicado que o tema ainda é incipiente no país. (CHAVARRÍA, 2008; SALGADO e HERNÁNDEZ, 2007).