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CAPÍTULO 5 – A COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS EXPORTADORAS DE CALÇADOS DA PARAÍBA.

5.3 DINÂMICA RECENTE DAS EMPRESAS EXPORTADORAS DE CALÇADOS DA PARAÍBA.

5.3.3 Inovação, Cooperação e Aprendizado

Analisando as empresas calçadistas da Paraíba quanto à introdução de Inovações percebe-se que, no caso das grandes empresas elas investem em pesquisa e desenvolvimento (P&D) com vistas a inovar no produto e no processo produtivo. Porém elas também apresentam uma postura imitativa observando as tendências nos mercados internacionais. Além disso, elas buscam executar procedimentos diferenciados dos seus concorrentes externos e investem intensamente em pesquisas de mercado, que permitem um conhecimento da demanda para melhor planejarem suas a oferta.

No caso da MPE’s o que se percebe é que no tocante a inovação elas têm uma postura imitativa. Este processo de imitação acontece da seguinte forma: as empresas participam de feiras, observam os produtos expostos nas vitrines, trocam informações com empresários do mesmo segmento, participam de discussões sobre as novas tendências da moda e depois de adquirir e adensar todas as informações executa o processo de imitação incorporando ao seu produto uma matéria-prima, ou insumo, agregando valor ao mesmo. Então a inovação ocorre com a adaptação pela empresa imitativa de um modelo já existente no mercado visando atender a preferência, gosto, estilo dos demandantes.

Em relação à introdução de inovações no setor percebe-se ainda que as MPE’s não realizam estudos sobre a demanda. O que acontece é que, a partir da participação em feiras, há uma observação das tendências no mercado nacional, internacional e regional e lança-se um produto, sem fazer um estudo do mercado para o qual vai se dirigir a produção. Ou seja, existe uma “queima de etapas” que, juntamente com a deficiência da gestão, gera uma fragilidade ao setor.

A necessidade de investimentos em P&D percebe-se a partir da grande diferença entre importar uma tecnologia e desenvolver uma tecnologia. Tome-se, por exemplo, a utilização de um software que sirva para a criação de modelos de calçados, importado para o CTCC: monta-se uma estrutura técnica, mas por outro lado se gasta muito com o processo de aprendizado da utilização da técnica, através da capacitação dos técnicos locais e a sua qualificação constante na localidade onde foi desenvolvida a tecnologia. Ou seja, o custo com manutenção57, conserto, aprendizagem torna-se elevado por exigir permanente consultoria externa, uma vez que não há o esforço local para desenvolver o processo de aprendizagem

57 Mesmo tendo informações contidas no manual, precisa-se de capacitações para entendê-los e desenvolver

requerido para o uso e aprimoramento dessa tecnologia. Em suma, há uma deficiência entre a ciência e a técnica o que implicará em custos para a empresa.

No tocante a existência de cooperação e interação entre as empresas e instituições do setor analisando sob a ótica das MPE’s percebe-se que a cooperação mais intensa é com a instituição de gestão, o SEBRAE, em relação à promoção comercial, via participação em feiras nacional e internacional.

No caso das grandes empresas percebe-se maior interação entre os empresários e a esfera governamental em relação aos incentivos (fiscal e financeiro) oferecidos, e uma interação incipiente com as instituições de promoção tecnológica porque essas empresas já detêm de capacitação técnica, inovativa e organizacional no seu interior.

Uma ação de política pública advinda do governo estadual foi a concessão de um espaço físico, galpões e instalações para dar viabilidade ao processo produtivo em condições favoráveis como ambiente amplo, bem iluminado, ventilado, entre outros, aos micro- empreendimento do setor calçadista. Essa atitude além de fornecer condições para que as empresas produzam de maneira formal também favoreceu uma possibilidade de cooperação por estarem concentradas em um mesmo espaço físico.

A atuação das instituições organizacionais é considerada boa, porém precisa ser mais articulada e densa, através de interação com as esferas governamentais e as demais instituições que tem o papel de promover as empresas no cenário internacional e as que possibilitam a liberação de crédito para gerar eficiência competitiva, porque ação isolada se anula diante de problemas conjunturais e estruturais inerentes a uma economia que está em freqüente transformação.

A cooperação entre as empresas e os atores presente no ambiente local é prejudicada pela desarticulação da cadeia produtiva, consequentemente impossibilita a geração de externalidades positivas decorrente dessa cooperação como, por exemplo, a difusão de informações técnicas, inovativas e organizacionais.

Tendo em vista essa deficiência, percebe-se a necessidade de atuação das instituições governamentais e organizacionais para que elas possam estabelecer alternativas por meio de Políticas Públicas, por exemplo, para amenizar os “gargalos” e cada vez mais buscar fortificar a indústria de calçados, capacitando-as a reagir às forças do mercado, pois não adianta abrir novos mercados se as empresas não têm capacidade para se inserir no cenário nacional e internacional.

Neste sentido torna-se importante a interação dos seguintes órgãos: SESI, responsável pela capacitação empresarial; SENAI a quem cabe a qualificação da mão-de-obra; SEBRAE,

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responsável pela gestão empresarial, CTCC responsável pela capacitação tecnológica, CIN/PB a quem cabe a atribuição de inseri-las no mercado internacional; esferas governamentais pra que tenha atuação abrangente para contemplar as MPE’s e as grandes empresas e, adotar instrumentos que permita a cooperação entre elas.

Além disso, devem interagir também os prestadores de serviço, as instituições financeiras disponibilizando crédito acessível às empresas de diferentes portes e as esferas governamentais estabelecendo investimentos prioritários em prol do Estado e estabelecendo reformas, em nível estrutural e conjuntural, para minimizar a influência desses acontecimentos na viabilização da atividade produtiva.

Essas articulações entre esferas governamentais, instituições e empresários favorecerão a indústria de calçados da Paraíba a adquirir eficiência nos aspectos produtivo, técnico, inovativo, e organizacional.

A participação em feiras e o inter-relacionamento com os empresários que trabalham no mesmo segmento é importante para associar o produto local a uma marca consolidada e conhecida no cenário interno e externo, tendo em vista que os produtos locais ainda não consolidaram esses atributos. Esta participação é estimulada pelo apoio financeiro proporcionado pelo SEBRAE, Governo do Estado e empresários.

Em relação ao processo de aprendizado percebe-se que nas empresas do setor calçadista ele ocorre externamente e internamente. O Aprendizado interno se dá a partir de treinamento das pessoas que estão se inserindo nas atividades da empresa pelos profissionais experientes e ocorre mais intensamente nas grandes empresas. Neste caso, um dos pré- requisitos para a contratação é ter concluído o ensino médio e a exigência para assumir alguns cargos é de que o contratado realize cursos necessários á execução da atividade (aprendizado externo), como a operação de empilhadeira. Neste aspecto torna-se importante a interação das empresas com as instituições, como o SENAI, dado que isto permite o aproveitamento de pessoal que já tenha realizado cursos técnicos.

As MPEs deveriam formar , consórcios de exportações e organizar fóruns locais de discussão, onde teriam informações sobre as vantagens provenientes da aglomeração produtiva como aquisição e disseminação de informações sobre obtenção de insumos, matérias-primas, fornecedores, concorrentes, mercados, demanda; reinvidicações conjuntas direcionadas às esferas governamentais, obtenção de linhas de financiamento, obtenção de economias de escala; gestão empresarial, entre outros. Isto possibilitaria o fortalecimento do arranjo e a conquista de sinergia que tenha repercussão em todo o ambiente econômico.

O processo de interação ainda se mostra incipiente entre os agentes que fazem parte da cadeia produtiva do segmento calçadista, as esferas governamentais e as instituições. Entretanto se faz necessário uma mudança neste aspecto para que o setor calçadista se adeque à reestruturação do setor industrial apresentada pela Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), o qual estimula não apenas as grandes empresas, mas também os micro- empreendimentos a se tornarem dinâmicos e competitivos em suas exportações. A PDP pretende construir uma articulação entre inovação e exportação, através dos instrumentos fiscais e financeiros, típicos de Políticas Industriais, mas estendidos para abranger os sistemas produtivos do setor de serviços.