• Nenhum resultado encontrado

Inquérito por entrevista realizado a Investigadores em Tecnologia Educativa

CAPÍTULO III – PERCURSO DE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

3.2 METODOLOGIA DE RECOLHA DE DADOS

3.2.2 Inquérito por entrevista realizado a Investigadores em Tecnologia Educativa

consideradas fatos de sociedade que podem abrir e anteceder a utilização de outras técnicas de recolha de dados ao permitirem, por exemplo, identificar uma lista de sujeitos a entrevistar (Saint- Georges, 1997), o que se fez na segunda etapa com a realização de entrevistas a quatro Investigadores em TE. Os Investigadores desempenhavam funções docentes em 3 IESPP (Universidade do Minho, Universidade de Lisboa e Universidade de Évora), em cursos de formação

- 95 -

de professores. Os Investigadores faziam parte da equipa responsável pelo desenvolvimento do

Referencial de “Competências TIC” de professores (Costa et al., 2008).

O inquérito por entrevista foi adotado no âmbito deste estudo, uma vez que se considerou que estes Investigadores poderiam dar sugestões práticas ao nível de estratégias para o desenvolvimento de PF professores do EB para o uso de tecnologias, nos vários contextos de formação (inicial, contínua e pós-graduada), em particular, nas UC de TE e de DC. Esta informação foi mais um contributo para a recolha de informação na Fase I de investigação.

A entrevista pode ser organizada com um conjunto de questões e que podem ter diferentes níveis de estruturação (não estruturada, estruturada e semiestruturada) (Bogdan & Biklen, 1994; Carmo & Ferreira, 1998; Pardal & Correia, 1995). Neste estudo adotou-se a entrevista semiestruturada, permitindo construir uma estrutura de questões flexível, sem que a ordem destas fosse seguida de forma rígida, possibilitando correções, esclarecimentos e adaptações ao longo da sua realização (Bogdan & Biklen, 1994; Carmo & Ferreira, 1998; Pardal & Correia, 1995).

O guião da entrevista está disponível no Apêndice 3, e organiza-se em três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão). O Quadro 16 apresenta as etapas e objetivos gerais da entrevista realizada aos quatro Investigadores em TE.

Quadro 16 – Partes, objetivos gerais e específicos da entrevista realizada aos Investigadores

PARTES OBJETIVOS GERAIS OBJETIVOS ESPECÍFICOS/ QUESTÕES

Intr

odu

ção

1. Explicitar os objetivos e o contexto da entrevista;

2. Esclarecer os contornos da realização da entrevista, designadamente: previsão da duração da realização da entrevista de cerca de 60 minutos; garantia do anonimato das informações recolhidas, salvo indicação em contrário dos entrevistados; solicitação de autorização para efetuar uma áudio-gravação; explicação de que se pode “corrigir” a transcrição, isto é, analisar em que medida o que se transcreve corresponde ao que se disse durante a entrevista; esclarecimento de que se dará conhecimento das conclusões no final da investigação.

D

esenvolviment

o

1. Recolher posições ou orientações sobre possíveis articulações entre o Referencial de “Competências TIC” de professores, a desenvolver ao nível da formação contínua, com as

“Competências TIC” que se pretende desenvolver em estudantes de pós- graduação já profissionalizados (2.º Ciclo de Bolonha) e que favoreçam a articulação e continuidade nas diferentes fases de formação de professores (contínua e pós- graduada).

1.1 Identificar as “Competências TIC” passíveis de serem aprofundadas/desenvolvidas em UC de formação em Didática, em particular, das Ciências (Questões 1.1 e 1.2).

- 96 -

Quadro 16 – Partes, objetivos gerais e específicos da entrevista realizada aos Investigadores

PARTES OBJETIVOS GERAIS OBJETIVOS ESPECÍFICOS/ QUESTÕES

2. Conhecer as sugestões dos entrevistados sobre “estratégias” a desenvolver em unidades curriculares relacionadas com a “Didática das Ciências” e “Tecnologia Educativa”, ao nível da formação pós-graduada de Educadores e Professores do 1.º e 2.º Ciclo de EB, e que ajudem a promover uma visão integrada para a formação de professores no âmbito da

integração das tecnologias no processo de E/A, em geral, e das Ciências, em particular.

2.1 Descrever os conteúdos curriculares relacionados com a Tecnologia Educativa, numa lógica de

articulação com conteúdos curriculares da “Didática das Ciências” (Questão 2.1).

2.2 Identificar e selecionar recursos tecnológicos que poderão auxiliar o desenvolvimento de experiências de aprendizagem das Ciências, relevantes para os estudantes de pós-graduação (ex. Educadores de Infância e Professores do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico) (Questão 2.2).

2.3 Delinear estratégias/atividades de E/A que poderão ser preconizadas nas UC relacionadas com a Tecnologia Educativa e Didática das Ciências (Questão 2.3).

2.4 Identificar e selecionar as atividades e instrumentos de avaliação das aprendizagens dos estudantes a integrar nas UC supracitadas (Questão 2.4).

C

onclusão

1. Colocar o entrevistado à vontade para acrescentar qualquer informação que considere pertinente para a investigação;

2. Sondar a possibilidade de um contato posterior, em caso de questões entretanto surgidas em relação à informação providenciada na entrevista;

3. Agradecer a colaboração do entrevistado e finalizar a entrevista.

O guião da entrevista foi sujeito a uma validação interna (junto dos orientadores científicos do estudo) e a uma validação externa junto de dois investigadores, um em TE e outro em DC. A aferição da validade de conteúdo do guião da entrevista foi apoiada em três indicadores de verificação da qualidade: i) opinião sobre a possível omissão de algum aspeto considerado importante relativamente à formação de professores do EB em tecnologias; ii) sugestões de melhoria do guião da entrevista; e iii) a opinião sobre a formulação, extensão e conteúdo das questões existentes e a interligação com as dimensões, categorias e indicadores de análise do estudo. A partir das respostas dos peritos externos foi possível constatar que, genericamente, o guião da entrevista respondia aos objetivos propostos. As sugestões de alteração do guião da entrevista apresentadas pelos investigadores foram incluídas na versão final do instrumento (Apêndice 3).

As entrevistas decorreram durante o mês de novembro de 2009 nas instituições onde estes Investigadores desempenhavam funções, nos seus respetivos gabinetes, o que possibilitou um ambiente tranquilo e sem interrupções. O tempo médio de realização das entrevistas foi cerca de 60 minutos, cada.

- 97 -

A entrevista permitiu recolher dados utilizando a comunicação verbal (Anderson, 2000) através de uma conversa intencional entre a Investigadora do estudo (entrevistadora) e o Investigador convidado (entrevistado) (Morgan, 1988), havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde (Foddy, 1996; Vieira, 2003). Embora a entrevista semiestruturada não fosse inteiramente livre e aberta, sendo orientada por um leque flexível de questões estabelecidas à priori, esta permitiu que o discurso dos entrevistados fluísse espontaneamente, o que possibilitou recolher as suas perceções sobre estratégias para o desenvolvimento de PF de professores do EB para o uso de tecnologias, ajudando à compreensão do fenómeno em estudo (Pardal & Correia, 1995).

Apesar da entrevista se ter mostrado como o método de recolha de dados que mais se adequava ao cumprimento dos objetivos do estudo, reconheceram-se algumas fragilidades. Assim, sublinhou-se o risco de interferência da entrevistadora nas respostas dos entrevistados (ex. pela sequência das questões, por questões incorretamente formuladas e/ou de modo enviesado, por imprecisões por parte do entrevistador, pelo contexto social, espacial e temporal, entre outros) (Amado, 2009; Foddy, 1996; Yin, 1994).

Cada uma das entrevistas realizadas foi áudio-gravada e posteriormente transcrita, seguindo- se as convenções utilizadas na transcrição das gravações adotadas por Martins (1989), que se encontram no Anexo 2. Na transcrição das entrevistas manteve-se a linguagem original utilizada por cada entrevistado e entrevistador, incluindo as pausas, repetições, indecisões e enganos ocorridos. A gravação das entrevistas aos Investigadores em TE trouxe algumas vantagens, tais como: um maior tempo disponível à Investigadora, por não existir a preocupação de tomar notas durante a entrevista; e a garantia de um maior rigor na análise das transcrições e pela possibilidade de comprovar todas as intervenções de cada entrevistado durante a entrevista.

A transcrição das entrevistas aos Investigadores está disponível no Anexo 3. Após o processo de transcrição procedeu-se à análise dos dados recorrendo à técnica de análise de conteúdo, que será apresentada no ponto 3.3. Os resultados referentes à análise dos protocolos das entrevistas aos Investigadores em TE serão apresentados no Capítulo IV (ponto 4.2).