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4. O Enoturismo em Portugal

5.5. Inquérito por Questionário

Regularmente, hotéis e atrações realizam pesquisas junto dos hóspedes e visitantes para obter informações sobre o seu perfil, opinião e satisfação (Cooper et.al; 1993:51). Hall et

al. (2000:18) afirmam que o estudo do comportamento do consumidor é essencial para os

interessados em Enoturismo, uma vez que fornece informações importantes sobre quem é o enoturista, o que o motiva a visitar uma adega, a fazer uma visita guiada, a participar num festival vinícola ou a comprar vinho e porquê, permitindo assim a segmentação e adequação da oferta.

O uso de questionários é das técnicas mais utilizadas na investigação em Turismo, principalmente no que se refere à procura turística (Eusébio et.al.; 2003, Altinay & Paraskevas; 2008). De acordo com Neuman (2006:273), o uso de questionários permite conhecer o comportamento, as atitudes e opiniões, as características, as expectativas e o conhecimento dos inquiridos. Este é adequado para interrogar um grande número de pessoas, a baixo custo, permitindo quantificar uma multiplicidade de dados sobre determinada população (Quivy & Campenhoudt; 1998, Altinay & Paraskevas; 2008).

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Por conseguinte, com o objetivo de caracterizar o perfil do visitante e também a sua visita, foi realizado um questionário aos visitantes da Quinta da Avessada. Pretendeu-se identificar a motivação do visitante, avaliar a satisfação e identificar o seu perfil.

O questionário apresentado (ver Apêndice III e Apêndice IV) divide-se em duas partes: caracterização e avaliação da visita, e caracterização do visitante. Carlsen (2004:7) argumenta que variáveis como idade, rendimento, ocupação, conhecimento e consumos de vinho, e preferências dos enoturistas devem ser incluídas em cada questionário que se realize nas adegas de forma a aumentar o conhecimento do mercado enoturístico. A estas variáveis, Getz (2000) acrescenta os interesses, motivações, satisfação, padrões de consumo e fontes de informação.

Considerando a informação divulgada por Carlsen (2004) e Getz (2000), na organização do questionário foram incluídas variáveis demográficas (género, local de origem, idade, estado civil, habilitações literárias e profissão) e variáveis psicográficas/comportamentais (motivações, opinião, satisfação e perceção da visita, intenções, uso de redes sociais, conhecimento e hábito de consumo, fontes de conhecimento, organização da visita e outras visitas).

Figura 16. Estrutura e Conteúdo do Questionário

Fonte: Produção própria

•Caracterização da visita Perguntas 1, 2 e 18 •Motivação Pergunta 3 •Avaliação/satisfação da visita Perguntas 4 e 5

•Probabilidade de voltar a visitar e recomendar a visita

Pergunta 6

•Perfil socio-demográfico

Perguntas 7, 8, 9, 10, 11 e 12

•Uso de redes sociais

Pergunta 13

•Envolvimento com o vinho

Perguntas 14 e 15 •Fontes de conhecimento Pergunta 16 •Organização da visita Pergunta 17 •Outras visitas Perguntas 19, 20 e 21

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O questionário é composto por 21 questões, distribuídas em perguntas abertas e perguntas fechadas. Com as perguntas abertas, pretendeu-se obter uma informação mais precisa e detalhada, permitindo assim explorar novos aspetos ainda não observados. Nas questões abertas, o inquirido tem a liberdade de decidir o aspeto, a forma, o detalhe e o comprimento da sua resposta (Seale; 2004:83). Com as perguntas fechadas, procurou-se elaborar um questionário de fácil e rápido preenchimento. Nas perguntas fechadas, é apresentado um conjunto de respostas alternativas, das quais o inquirido tem de escolher a resposta mais apropriada, de acordo com a sua situação (Finn et.al; 2000, Bryman; 2001, Altinay & Paraskevas; 2008). As respostas alternativas foram construídas de acordo com o enquadramento teórico. Foram usadas escalas nominais e a escala de Likert com cinco categorias. As escalas nominais são utilizadas para fornecer categorias, frequentemente utilizadas em questões sobre o perfil demográfico (Cooper & Schindler; 2016). A escala de Likert é, geralmente, usada para verificar se as pessoas concordam ou discordam com determinada frase/situação. No questionário realizado, usou-se a escala Likert com cinco níveis de concordância, contendo igual número de frases positivas e negativas, de forma a verificar se a tendência é positiva ou negativa em relação aos aspetos questionados. De acordo com Seale (2004:98), quando se quer estudar atitudes padrão ou explorar teorias de atitudes, o procedimento da escala Likert será o mais relevante. Assim, no sentido de comprovar que o questionário se adequava ao seu propósito, foi elaborado um pré-teste.

5.5.1. Pré-teste

O pré-teste resulta na aplicação do questionário a um pequeno grupo de pessoas com características idênticas à população em estudo, permitindo identificar possíveis vulnerabilidades quer a nível de design ou conteúdo e possibilitando a reformulação das perguntas (Finn et.al.; 2000, Bryman; 2001, Moreira; 2007, Altinay & Paraskevas; 2008). Assim, de 9 a 16 de agosto de 2015 foi realizado o pré-teste dos questionários (ver Apêndice V) junto da Quinta de Balão, em Barcelos, sendo inquiridos um total de vinte pessoas. A Quinta de Balão, produtora de vinhos verdes e espumantes, dedica-se também ao Enoturismo, sendo aderente da Rota dos Vinhos Verdes. Apesar da Quinta de Balão se situar numa região distinta (Região dos Vinhos Verdes) da região em estudo no presente trabalho, considerou-se que este facto poderia contribuir para a identificação de aspetos ignorados.

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Em consequência da aplicação do pré-teste, foram alteradas algumas questões resultando no questionário a aplicar aos visitantes da Quinta da Avessada. As alterações verificaram- se na formulação de novas questões (exemplo das questões 4 e 20), na organização das questões (exemplo da questão 21) e também no conteúdo (exemplo da questão 5), de forma a simplificar as questões e ao mesmo tempo obter mais informação.

5.5.2. Administração dos Questionários

Os questionários foram aplicados durante o mês de Setembro de 2015, elegendo os dias com maior fluxo de visitantes. De modo a maximizar a taxa de resposta, os inquiridos foram abordados no final da visita e a administração do questionário foi adaptada à preferência e características de cada inquirido, seguindo o exemplo do estudo de Eusébio

et al. (2003). Ou seja, a administração dos questionários foi efetuada através da

abordagem pessoal, seguida do preenchimento individual assistido, tendo o seu preenchimento a duração de 8 minutos aproximadamente, e também foi efetuada como entrevista estruturada, registadas no questionário pelo entrevistador.

5.5.3. Seleção dos inquiridos

A seleção dos inquiridos resultou numa amostra não probabilística de conveniência. Na amostragem por conveniência, os inquiridos são selecionados devido à sua disponibilidade e acessibilidade (Clark et.al.; 1998; Bryman; 2001, Altinay & Paraskevas; 2008). Apesar de se considerar que esta amostra não é representativa, justifica-se o seu uso em estudos de caso exploratórios, nos quais se pretende identificar aspetos gerais (Vicente et.al.; 1996, Moreira; 2007). Neste caso, procurou-se identificar o perfil do visitante, averiguar a sua satisfação relativamente à visita e obter informação sobre os aspetos que mais valoriza na visita.

Para o tratamento da informação recolhida através dos questionários recorreu-se à utilização do software SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 23.

Foi recolhido um total de 139 questionários válidos e a sua análise teve em consideração a distribuição das frequências.

Por último, procurou-se analisar a comunicação online de empresas enoturísticas, a nível internacional e nacional, através da análise de conteúdo.

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