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3. Enoturismo

3.2. Oferta

3.2.1. Principais Regiões Enoturísticas

As principais regiões vinícolas encontram-se classificadas em “Velho e Novo Mundo” (Banks & Overton; 2010:57). Por um lado, encontra-se a Europa, com uma longa história de produção e consumo de vinho e com as regiões vitivinícolas e Rotas do Vinho mais antigas, descrita como o “Velho Mundo”. Por outro lado, encontram-se os países emergentes na produção de vinho como os Estados Unidos da América, Austrália, Argentina, Chile e África do Sul, denominados como o “Novo Mundo” (Hall & Mitchell; 2000:450, Cholette et al.; 2005, Manila; 2012:58).

24 Figura 6. Mapa das principais regiões vinícolas do "Velho e Novo Mundo"

Fonte: Gourmmelier.com4

Enquanto a Europa apresenta uma tradição ancestral de ligação ao vinho, onde os métodos de cultivo das uvas e de vinificação foram desenvolvidos e aperfeiçoados de geração em geração, no “Novo Mundo”, o desenvolvimento e a inovação são características notórias da produção vinícola. As variedades de castas não estão limitadas a locais específicos, como acontece no “Velho Mundo” (através do sistema de denominação de origem). Ao passo que no “Velho Mundo”, os modos de produção são, geralmente, em pequena escala, de base artesanal e local, estando subvencionados por fundos comunitários, o “Novo Mundo” apresenta modos de produção em grande escala/expansionista e em sociedades, suportados tanto a nível institucional como particular (Inácio; 2007, Inácio & Cavaco; 2010, Banks & Overton; 2010).

É a existência destas realidades distintas que molda a atividade enoturística nestes territórios. Na Tabela 1, apresentam-se as principais características da atividade enoturística quer no “Velho Mundo” como no “Novo Mundo”, na qual se pode também observar as suas principais diferenças.

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Tabela 1. Características da atividade enoturística no "Velho e Novo Mundo"

“Velho Mundo” “Novo Mundo”

 Vinho é parte da cultura;  Vinhos reconhecidos;  Resistência na adesão ao

Enoturismo;

 Estabelecimento das primeiras Rotas do Vinho;

 Maioritariamente pequenos e médios produtores que aderem ao

Enoturismo;

 Fraca política de "porta aberta";  Forma adicional de vendas;  Venda do "terroir", fator de

atratividade turística;

 Património é considerado uma vantagem estratégica;

 Criação de Aldeias Vinhateiras;  Organização de Festivais e Eventos

associados a grandes marcas;  Forte ligação ao Turismo Cultural e

Gastronómico;

 Diminuição no consumo de vinho.

 Maior produção de estudos (1º Congresso de Enotursimo);  Originalidade e consolidação da

imagem como estratégia;  Venda da marca;

 Enoturista como canal de distribuição;

 Fidelização do enoturista à marca;  Elevado grau de inovação e

criatividade;

 Adegas edificadas como parques de diversão;

 Uso do conceito de desenvolvimento sustentável;

 Festivais com grande pendor cultural e artístico;

 Instituições focadas na viticultura;  Aumento do consumo do vinho;  Experiência enoturística como um

estilo de vida.

Fonte: Produção própria (baseada em Hall et.al; 2000, Inácio; 2008; Chartes; 2009; Manila; 2012).

De acordo com Getz (2000:21), a experiência do Enoturismo na Europa mantem-se em grande parte como um exercício de Turismo Cultural. Na verdade, é na Europa que se encontram as mais antigas regiões, rotas e aldeias vinhateiras com eventos e festivais que se associam a marcas de vinho conhecidas e assim garantem a sua atratividade turística, onde a qualidade e reputação dos vinhos reconhecidas são o seu grande fator de motivação. Existe uma ligação de Turismo Cultural e Gastronómico, procura-se a valorização da herança cultural do passado, da tradição e da autenticidade. Contrariamente ao chamado “Novo Mundo”, as vendas diretas realizadas através da atividade enoturística são irrelevantes, pois a atividade vitivinícola tem já definidos os seus canais de distribuição, principalmente através de lojas e supermercados. Os produtos

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são conhecidos e beneficiam de uma reputação de mercado, sendo os seus preços elevados. Até à explosão da produção vinícola no “Novo Mundo”, o bom vinho era assumido como Francês ou Italiano (op.cit.:18). Embora, os produtores do “Velho Mundo” tenham apenas começado a apostar no Enoturismo devido à queda nas vendas do mercado interno e de exportação (consequência da concorrência dos países emergentes na produção vinícola), no “Novo Mundo”, o desenvolvimento do Enoturismo resultou, não só, do crescimento da indústria vinícola e da necessidade de vendas diretas, mas também do comportamento do consumidor que deseja esta experiência como estilo de vida (Charters; 2009:374).

Se no “Velho Mundo” o Enoturismo tem sido desenvolvido com o objetivo de manutenção e conservação do património através de uma estratégia adaptativa, no “Novo Mundo”, o seu desenvolvimento é feito através de uma estratégia criativa com o objetivo de recreação e formação dos seus visitantes (Salvat & Bosqué; 2008).

De forma a compreender um pouco mais as dinâmicas do Enoturismo, na Figura 7, apresentam-se as principais características do desenvolvimento da atividade enoturística em algumas das regiões mais conhecidas, quer no “Velho e Novo Mundo”.

Figura 7. Características do desenvolvimento do Enoturismo nas diferentes regiões

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As modalidades de oferta de Enoturismo são várias, dependendo da natureza do território e da atividade vitivinícola, podendo existir combinações entre elas. Dentro das formas que diversificam a oferta de Enoturismo, encontram-se: as Rotas do Vinho, as Aldeias Vinhateiras, as Feiras, Festivais e Eventos do Vinho, os Museus do Vinho e da Vinha e os Centros de Interpretação, os Cruzeiros, a Visita a Quintas, os Circuitos e estadias organizadas em Quintas, assim como Estágios Enológicos, Spas Vitivinícolas, entre outras (Inácio & Cavaco; 2010:764). Ainda que algumas caves e adegas, feiras, festivais e eventos se encontrem em espaços urbanos de grande e média dimensão, a maioria dos destinos enoturísticos são rurais, caracterizando-se por pequenas cidades e aldeias de baixa densidade demográfica (Inácio; 2010:41).

Embora existam várias modalidades de oferta enoturística, esta está principalmente organizada e estruturada sob a forma de Rotas do Vinho (Simões; 2008:270). Assim sendo, em seguida, apresenta-se uma breve explicação sobre as Rotas do Vinho.