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A insensibilização com CO

zação e suas consequências em termos de bem estar

3.2 A insensibilização com CO

A insensibilização com CO2 da forma como é recomendada se caracteriza pela

colocação sequenciada de 1 a 2 suínos dentro de uma gaiola imersa em um fosso contendo o gás na concentração de 75% de CO2 durante 30 a 40 segundos.

Frequentemente no uso deste sistema, os suínos são mantidos em longos corredores estreitos em fileira simples ou dupla por períodos superiores a 3 minutos. Este procedimento provoca um intenso estresse nos suínos durante o manejo porque no isolamento dentro dos corredores o animal pode manifestar aversão quando se sente bloqueado (gritos, tentativas de fugas). A utilização de bastão elétrico então torna-se indispensável para induzir ao deslocamento.

Na Dinamarca, um novo sistema de insensibilização com CO2 é fundamentado

na condução e atordoamento de grupos animais onde 4 a 5 suínos são manejados simultaneamente. Desta forma os animais sofrem menos estresse (ausência de pânico e de gritos). A taxa de abate com este sistema proporciona de 400 a 800 suínos/hora (CHRISTENSEN, 1999). Comparativamente ao sistema de gaiolas, nesta nova forma de manejo, as condições de trabalho para os operários são consideravelmente melhoradas e estão relacionadas com a forma de condução e com o bem estar dos animais.

O uso da insensibilização com gás CO2 deixa interrogações a respeito do bem

estar do animal porque a ação de insensibilização não é instantânea.

Isto deve-se ao fato de que a insensibilização com CO2 apresenta três fases

distintas (BARTON GADE, 1999):

A fase analgésica que inicia no momento da descida dos suínos ao túnel com CO2

e que se caracteriza pela inalação do gás CO2.

A fase de excitação onde são observados movimentos bruscos de contração e mais raramente alguns gritos.

A fase de anestesia onde o animal entra em um estado completamente inconscien- te.

Conforme a autora, a primeira fase varia de 14 a 20 segundos. A segunda fase, a de excitação, varia de 7 a 24 segundos.

A perda de consciência pelo suíno não é instantânea e nisto se diferencia do atordoamento elétrico. A rapidez da descida das gaiolas e a taxa de concentração do CO2atualmente usados devem ser motivo de avaliação e pesquisa visando acelerar a

fase de inalação do gás CO2e reduzir assim a fase de excitação. Este novo sistema de

insensibilização com CO2 por grupo apresenta um importante avanço em termos de

bem estar animal e também das condições de trabalho dos operários que encaminham os suínos na área de transferência dos animais até a insensibilização dos suínos.

A comparação dos dois sistemas (elétrico e CO2) sobre o bem estar animal mostra

uma vantagem para o novo sistema fundamentado no uso do CO2 principalmente no

momento da condução dos suínos, que não são mais conduzidos individualmente mas sistematicamente em gupo.

O novo sistema elétrico MIDAS permite reduzir o estresse do suíno dentro contedor porque o suíno é levado pela barriga e não é mais comprimido sobre os flancos.

Entretanto, hoje, as interrogações persistem: qual é o impacto da insensibilização com CO2 sobre o bem estar do suíno? As fases de analgesia (inalação do gás

CO2) e de excitação são estressantes para o suíno? O suíno nesta fase ainda está

consciente?

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Conclusão

Atualmente considerar o bem estar animal desde a baia de terminação até o abate se resume em adotar em cada segmento da produção (criador, transportador, abatedor) as medidas de manejo que visam limitar o estresse dos animais. A medidas a serem colocadas em prática são de ordem:

• material;

• logística;

• humana através da educação dos operários envolvidos no manejo (produtores, motoristas-transportadores e os profissionais dos abatedouros).

Na fase de terminação, providenciar áreas de descanso na fase pré-carregamento, além da construção de corredores para carregamento que sejam funcionais e que limitem o estresse e a mortalidade dos suínos durante o transporte (controle do jejum e, um repouso por um período mínimo de duas horas na baia de espera antes do carregamento).

No que se refere a logística, o produtor deve anunciar a oferta dos suínos na quarta feira da semana que antecede o abate. O produtor deverá receber o aviso de retirada dos animais pelo menos 48 horas antes do embarque. A sensibilização dos criadores a respeito do estresse que os suínos sofrem desde a retirada da baia de terminação até o abate e a respeito do bem estar e das suas consequências em termos de qualidade da carne e da imagem da produção, é primordial.

No segmento do transporte, o uso dos caminhões com sistemas de elevação hidráulicos limita o estresse provocado durante o carregamento e o descarregamento e diminui a taxa de mortalidade. A utilização das superficies anti-derrapantes ou de maravalha limita o estresse e as fraturas sofridas pelos animais no momento da carga e descarga. Da mesma forma deve se observar que:

• uma densidade máxima de 2,5 suínos/m2;

• a regulagem das aberturas de aeração;

• a aplicação de duchas;

• a correta condução do caminhão.

São a garantia para reduzir a taxa de mortalidade durante o transporte.

Na estação quente, os suínos devem ser manejados nas horas mais frescas do dia. A definição de um horário de carregamento pré-determinado que tenha sido combinado permite o respeito aos horários de carregamento e de descarregamento fixados de modo a observar o período de jejum e o período mínimo de duas horas na área de descanso antes do carregamento dos animais e da mesma forma permitirá o período mínimo de duas horas de repouso no abatedouro antes do abate. Nos cursos de formação para sensibilizar os motoristas sob os diferentes pontos citados acima são obrigatórios no mínimo 5 anos de experiência (decreto de 24 de novembro de 1999).

Enfim, no abatedouro, a capacidade alojamento de suínos na área de descanso deve corresponder ao equivalente a 4 ou 5 horas de abate de modo a garantir, no mínimo, duas horas de repouso antes do abate e desta forma também é evitada a espera para descarregamento. Do mesmo modo, as condições para aplicar a ducha devem ser compatíveis com o ritmo de abate (uma área de chuveiros para cada 150 suínos abatidos/hora) e desta forma é possível observar o período de descanso dos animais que estão sendo manejados.

Os bebedouros e um sistema de duchas com minuteria acionados por comando elétrico são indispensáveis. O tamanho das baias deve ser proporcional ao tamanho dos compartimentos do caminhão para evitar que ocorram misturas e brigas de suínos terminados em diferentes baias de terminação. A densidade na área de descanso/espera deverá estar entre 0,5 m2/suíno no mínimo 1,0 m2/suíno no máximo.

Do ponto de vista logístico em função do plano de abate o abatedouro deverá fornecer a hora precisa do carregamento dos suínos levando em consideração a capacidade de lotação nas áreas de espera no abatedouro.

A adoção do novo sistema de atordoamento reduz o nível de estresse (MIDAS e atordoamento com CO2com grupos de 4 a 5 suínos) quando comparado aos sistemas

tradicionais existentes.

Hoje, as prioridades referentes às técnicas de abate apontam para um correto manejo da insensibilização, a implantação e inspeção dos equipamentos necessários. O estudo ergonométrico no posto de trabalho dos operários, levando em consi- deração o comportamento do suíno, deve proporcionar através da conscientização a melhoria do bem estar do suíno e também das condições de trabalho dos operários.

A adoção de um compromisso de qualidade-certificação, de identificação, a criação de um selo de produção e a criação de suínos no sistema de produção biológico

contribuem para impor procedimentos de controle em cada elo da cadeia produtiva e desta forma garantem uma maior observância do bem estar animal.

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ESTIMAÇÃO DO RENDIMENTO MAGRO DE CARCAÇAS