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3 REFLEXÕES TEÓRICAS: A ANÁLISE DO DISCURSO E A CONSTRUÇÃO DO

5.2 Estratégias argumentativas: análise de conteúdo e seus desdobramentos

5.2.1 A inserção das vozes alheias

Para caracterizarmos como se dá a utilização e a recorrência da inserção da voz alheia, observamos, ainda, a partir das redações expostas integralmente na seção anterior, como essas vozes aparecem e quais são as congruências encontradas entre elas. Para tanto, seguimos um padrão de análises para todas as redações que apresentam a inserção das vozes e, ao cabo, apresentamos um quadro demonstrativo das amostras em todas as redações para que possamos explicitar as mais recorrentes. Para a compreensão dos quadros, optamos pela abreviação das escolhas linguísticas, sendo discurso direto (DD), discurso indireto (DI) e modalização em discurso segundo (MDS).

Observemos trechos das redações e suas respectivas análises.

(7) “O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças”. A frase do sociólogo Gilberto Freyre deixa nítida a relação de cuidado que uma nação deve ter com as questões referentes à infância. (8) Assim, a ideia do líder Gandhi de que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente parece fazer alusão ao fato de que não é prudente deixar que a publicidade infantil se torne abusiva, pois as crianças devem lidar da melhor forma com o consumismo.

(9) Afinal, como afirmou Platão: “o importante não é viver, mas viver bem”.

À luz da teoria de Authier-Revuz (1990, 2004) e Maingueneau (2004), observamos (7), no primeiro parágrafo da redação, “O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças'. A frase do sociólogo Gilberto Freyre deixa nítida a relação de cuidado que uma nação deve ter com as questões referentes à infância”; essa frase é incluída no início do parágrafo, seguida da explicação do fio condutor do pensamento do sociólogo com o tema.

Na segunda ocorrência, (8) , no segundo parágrafo, “Assim, a ideia do líder Gandhi de que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente parece fazer alusão ao fato de que não é prudente deixar que a publicidade infantil se torne abusiva, pois as crianças devem lidar da melhor forma com o consumismo.”, a modalização em discurso segundo remete aos dizeres de Gandhi também aparece como fechamento da ideia de um parágrafo. Nesse caso, também, concluindo o argumento.

Por fim, a última inserção, (9), ocorre por meio do discurso direto. Nela, a voz, na íntegra, de um trecho atribuído a Platão, aparece. Nessa passagem, a voz é utilizada para o fechamento do raciocínio que vinha sendo desenvolvido, diferentemente das outras duas ocorrências que eram muito mais basilares e introdutórias ao desenvolvimento do que vinha sendo discutido do que conclusiva, como nesse excerto.

Quadro 9 – Excertos das redações de 2014

REDAÇÃO EXCERTOS FORMAS DE

INSERÇÃO

ESTRATÉGIAS R1-2014 “O ornamento da vida está na forma

como um país trata suas crianças”. A

frase do sociólogo Gilberto Freyre deixa nítida a relação de cuidado que uma nação deve ter com as questões referentes à infância.

Assim, a ideia do líder Gandhi de que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente parece fazer

DD

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para concluir o argumento

alusão ao fato de que não é prudente

deixar que a publicidade infantil se torne abusiva, pois as crianças devem lidar da melhor forma com o consumismo.

Afinal, como afirmou Platão: “o importante não é viver, mas viver bem”.

MDS

DD

Introdução da voz alheia para concluir o argumento

R3-2014 Conforme a OMS, no Reino Unido

há leis que limitam a publicidade para crianças como a que proíbe parcialmente – em que comerciais são proibidos em certos horários -, e a que personagens famosos não podem aparecer em propagandas de alimentos infantis

Sérgio Buarque de Hollanda constatou que o brasileiro é

suscetível a influências estrangeiras, e a publicidade atual é a consequência direta da globalização.

MDS

DI

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

R4-2014 De acordo com Karl Marx, filósofo

alemão do século XIX, para que esse incentivo ocorresse, criou-se o fetiche sobre a mercadoria: constroi- se a ilusão de que a felicidade seria alcançada a partir da compra do produto.

MDS

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

R5-2014 O sociólogo Michel Foucault afirma que “nada é político, tudo é

politizável, tudo pode tornar-se político”.

Ao focar no público infantil, os meios publicitários elencam os códigos e as características do cotidiano da criança, isto é, assumem o habitus – conceito de Pierre

Bourdieu, definido como 'princípios

geradores de práticas distintas e distintivas' – típico dessa faixa etária: o desenho animado da moda, o jogo eletrônico socialmente compartilhado, o brinquedo de um famoso personagem da mídia, etc.

DD

MDS

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

No Quadro 9, percebemos que as inserções variaram entre as estratégias linguísticas utilizadas uma vez que foram registradas 3 (três) ocorrências de discurso direto, 4 (quatro) da modalização em discurso segundo e 1 (uma) ocorrência de discurso indireto. Nesse mesmo ano, notamos que as inserções variaram entre ancorar ou concluir os argumentos que subsidiaram as teses defendidas. É interessante destacar que, embora seja certa a presença dessas vozes de autoridade, em 2014 não se percebe uma padronização entre as estratégias de forma que pareçam textos escritos por um grupo de pessoas que se prepararam juntas, mas sim semelhantes em aspectos gerais. Nos dados, quantitativamente, não tivemos uma diferença considerável dos aspectos vistos, mas percebemos que o efeito de sentido gerado pela utilização dessas estratégias se concentra na ancoragem dos argumentos.

Adiante, observemos os excertos (10) e (11):

(10) “De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 e 2010.”

(11) “Contrariando a célebre frase de Simone de Boavouir ‘não se nasce mulher, torna-se’, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre.”

Em (10), observamos um dado: “De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010.”. Essa citação sustenta a tese do texto, que relata o crescimento da violência contra a mulher nas últimas décadas. Essa ancoragem foi apresentada por meio da modalização em discurso segundo.

Em (11), encontramos um pensamento, no segundo parágrafo e primeiro campo de argumentação, de Simone de Beavouir, introduzido a partir do discurso direto: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Essa inserção foi representativa para explicitar o quanto esse pensamento é refutado em larga escala numa sociedade machista.

Nessa última questão, o pensamento é utilizado para refutar a sociedade que coloca a mulher como submissa ao homem independente do convívio social ou de alguns outros fatores, o que acaba sendo base para a dificuldade de estabelecer punições aos referidos agentes dos casos que envolvem a violência contra a mulher. Isso se sustenta no sistema patriarcal que é majoritariamente edificado pela sociedade.

Quadro 10 – Excertos das redações de 2015

REDAÇÃO EXCERTOS FORMAS DE

INSERÇÃO ESTRATÉGIAS

R1-2015 De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de

mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010.

Contrariando a célebre frase de Simone de Beavouir “Não se nasce

mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre.

MDS

DD

Introdução da informação para ancorar o argumento

Introdução da voz de Simone de Beavouir para ancorar o desenvolvimento do argumento

R2-2015 De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser

comparada a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si.

Outras medidas devem ser tomadas, mas, como disse Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação. ”

MDS

DD

Introdução da voz alheia para concluir o argumento

Introdução da voz alheia para concluir o argumento

R3-2015 Essa é a opressão simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bordieu: a violação aos Direitos

Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está – sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou de um grupo social

MDS Introdução da voz alheia para concluir o argumento

R6-2015 De acordo com o site “Mapa da

Violência”, nas últimas três décadas

houve um aumento de mais de 200% nos índices de feminicídio no país.

MDS Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Fonte: autoria própria.

No quadro 10, percebemos que as inserções variaram entre as estratégias linguísticas utilizadas, embora, nas redações analisadas desse ano (no que concerne ao nosso corpus), não tenha sido utilizada a forma de inserção que corresponde ao discurso indireto. Foram registradas 4 (quatro) ocorrências de modalização em discurso segundo e 2 (duas) ocorrências de discurso direto. As inserções foram, também, variadas entre ancorar ou concluir os argumentos que subsidiaram as teses defendidas.

Tanto em relação às redações 2014 quanto às redações de 2015, concluímos o quanto é interessante a percepção que se cria dos dados, pois, embora seja certa a presença dessas vozes de autoridade, não é nítida uma padronização no que diz respeito à presença de vozes alheias que concebem, por si sós, a massificação dos textos. Entretanto, ainda assim, todos os textos permanecem muito semelhantes quanto à presença das estratégias e de aspectos gerais.

Adiante, os exemplos em (12), (13) e (14):

(12) “Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas ‘Memórias Póstumas’ que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.

(13) “Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade.”

(14) “De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de pensar.”

No exemplo (12), a tese da redação é introduzida por meio da reflexão resgatada de uma obra de Machado de Assis. A referência é feita por meio do discurso indireto que explicita que o personagem de sua obra não havia tido filhos e, portanto, não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Essa reflexão é concluída com o posicionamento do autor da redação que determina que, no contexto posto como tema da redação, essa postura de não deixar herdeiros é positiva visto que “muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento”.

Na segunda inserção, (13), localizado no segundo parágrafo, observamos o primeiro ponto de sustentação que observamos na argumentação desse texto, “É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema”. A afirmação posta será retomada logo após sua inserção a partir do dito por Aristóteles, que é a segunda inserção da voz alheia desse texto, inserida por meio da modalização em discurso segundo.

Em (14), inserção resgatada do terceiro parágrafo, o tópico “Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de discriminação, destacando-se o preconceito religioso como principal impulsionador do problema.” servirá como norte para o segundo argumento. Essa citação sustenta um argumento que é refletido com base em outra voz demarcada, dessa vez, de Durkheim, terceira inserção de uma voz alheia de forma explícita por meio da modalização em discurso segundo.

Quadro 11 – Excertos das redações de 2016

REDAÇÃO EXCERTOS FORMAS DE

INSERÇÃO ESTRATÉGIAS

R1-2016 Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não

teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.

Conforme Aristóteles, a poética

deve ser utilizada de modo que, por meio da jsutiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade.

De acordo com Durkheim, o fato

social é a maneira coletiva de agr e de pensar.

DI

MDS

MDS

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

R2-2016 De acordo com Albert Camus, escritor argelino do século XX, se houver falhas na conciliação entre justiça e liberdade, haverá intempéries de amplo espectro.

Segundo Albert Einstein, cientista

contemporâneo, é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito enraizado.

Apenas sob tal perspectiva, poder- se-á respeitar a liberdade e combater a intolerância de crença no Brasil, pois como proferido por Karl

Marx: as inquietudes são a

locomotiva da nação.

MDS

MDS

MDS

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para concluir o argumento

R3-2016 Além disso, é cabível enfatizar que,

de acordo com Paulo Freire, um

seu livro "Pedagogia do Oprimido", é necessário buscar uma "cultura de paz".

MDS Introdução da voz alheia para concluir o argumento

R4-2016 Sob essa conjectura, a tese marxista

disserta acerca da inescrupulosa

atuação do Estado, que assiste apenas a classe dominante.

MDS Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

R5-2016 Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como

disserta Gilberto Freyre em “Casa-Grande Senzala”.

MDS Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

De outra parte, o sociólogo

Zygmunt Bauman defende, na

obra “Modernidade Líquida”, que o individualismo é uma das principais características – e o maior conflito – da pós-modernidade, e,

consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de tolerar diferenças.

Nesse sentido, um caminho possível para combater a rejeição à diversidade de crença é descontruir o principal problema da pós- modernidade, segundo Zygmunt

Bauman: o individualismo.

DI

MDS

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para concluir o argumento

R7-2016 Segundo Immanuel Kant, em sua

teoria do Imperativo Categórico, os indivíduos deveriam ser tratados, não como coisas que possuem valor, mas como pessoas que têm dignidade.

MDS Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

R8-2016 Como já disse Adorno, sociólogo

que estudou a Indústria Cultural, a mídia cria certos esteriótipos que tiram a liberdade de pensamento dos espectadores, forçando imagens, muitas vezes errôneas, em suas mentes.

MDS Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Fonte: Autoria própria.

No quadro 11, diferentemente dos dois quadros analisados anteriormente, notadamente percebemos uma grande semelhança entre a utilização dos recursos linguísticos. Na maioria das inserções, 6 (seis) ocorrências, os autores das redações optaram pela modalização em discurso segundo, seguindo de 2 (duas) ocorrências do discurso indireto e 1 (uma) do discurso direto. No que diz respeito às estratégias utilizadas a partir desse recurso, também houve variação entre ancorar ou concluir a argumentação que subsidia as teses defendidas.

Para compor a análise do nosso segundo conjunto de dados, observemos, as marcas analisadas nos excertos (15) e (16).

(15) “Consoante Aristóteles no livro ‘Ética a Nicômaco’, a polícia serve para garantir a felicidade dos cidadãos”

(16) “No entanto, segundo o pensador e ativista francês Michel Foucault, é preciso mostrar às pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos errôneos construídos em outros momentos históricos.”

O trecho que compõe o excerto (15) diz respeito ao início da argumentação que está no terceiro parágrafo da redação. Esse trecho traz o que aponta Aristóteles a respeito de a política servir para garantir a felicidade dos cidadãos. Essa ideia é utilizada para apontar sua deturpação no território brasileiro, uma vez que é afirmado que, no contexto apresentado, os direitos permanecem no papel. Essa inserção se deu pela modalização em discurso segundo.

No quarto parágrafo da redação, encontramos (16), o tópico “Outrossim, o preconceito da sociedade ainda é um grande impasse à permanência dos deficientes auditivos nas escolas.”, que servirá como norte para o segundo argumento defendido no texto. E, para compor a reflexão desse argumento, a voz de Michel Foucault é inserida também pela modalização em discurso segundo para determinar a necessidade de alertar as pessoas quanto à liberdade que possuem.

Quadro 12 – Excertos das redações de 2017

REDAÇÃO EXCERTOS FORMAS DE

INSERÇÃO ESTRATÉGIAS

R1-2017 Consoante Aristóteles no livro

“Ética a Nicômaco”, a polícia serve para garantir a felicidade dos cidadãos

No entanto, segundo o pensador e

ativista francês Michel Foucault, é

preciso mostrar às pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos errôneos construídos em outros momentos históricos.

MDS

MDS

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

R2-2017 Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado

de Assis expõe, por meio da repulsa

do personagem principal em relação à deficiência física (ela era “coxa), a maneira como a sociedade brasileira trata os deficientes.

Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites

do campo da visão de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo que a cerca, ocorre porque a educação básica é deficitária e pouco prepara cidadãos no que tange aos respeito às diferenças.

Essa conjuntura, de acordo com as

ideias do contratrualista Johm

MDS

DI

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Locke, configura-se uma violação

do “contrato social”, já que o Estado não cumpre sua função de garantir que tais cidadãos gozem de direitos imprescindíveis (como direito à educação de qualidade) para a manutenção da igualdade entre os membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma condição de ainda maior exclusão e desrespeito.

MDS

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R3-2017 Isso por ser explicado segundo o

sociólogo Talcott Parsons, o qual

diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.

MDS Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

R4-2017 Nesse sentido, algo deve ser feito para alterar essa situação, uma vez que milhares de surdos de todo o país têm o seu direito à educação vilipendiado, confrontando, portanto, a Constituição Cidadã de

1988, que assegura a educação

como um direito social de todo o cidadão brasileiro.

DI Introdução da voz alheia para concluir o argumento

R5-2017 A Declaração Universal dos Direitos Humanos – promulgada em 1948 pela ONU – assegura a

todos os indivíduos o direito à educação e ao bem-estar social.

DI Introdução da voz alheia para concluir o argumento

R6-2017 Sob a perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino, todos os

indivíduos de uma sociedade democrática possuem a mesma importância, além dos mesmos direitos e deveres

O filósofo italiano Norberto

Bobbio afirma que a dignidade

humana é uma qualidade intrínseca ao homem, capaz de lhe dar direito ao respeito e à consideração por parte do Estado.

MDS

DI

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

R7-2017 Segundo o pensamento de Claude

Lévi-Strauss, a interpretação

adequada do coletivo ocorre por meio do entendimento das forças que estruturam a sociedade, como os

MDS Introdução da voz alheia para ancorar o argumento

eventos históricos e as relações sociais.

Outro ponto relevante, nessa

temática, é o conceito de

Modernidade Líquida de

Zygmunt Bauman, que explica a

queda das atitudes éticas pela fluidez dos valores, a fim de atender aos interesses pessoais, aumentando o individualismo.

DI

Introdução da voz alheia para concluir o argumento

R8-2017 Helen Keller – primeira mulher surdo-cega a se formar e tornar-se escritora – definia a tolerância

como maior presente de uma boa educação.

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Fonte: Autoria própria.

No Quadro 12, extremamente parecido com o quadro anterior, ficou registrada a escolha mais utilizada: 7 (sete) ocorrências, da modalização em discurso segundo, seguido de 6 (seis) ocorrências do discurso indireto. No que diz respeito às estratégias utilizadas, a partir desse recurso, houve variação entre ancorar ou concluir o raciocínio da argumentação que subsidia as teses defendidas.

Com base nas análises feitas e explicitadas nos quadros, identificamos que, nos quatro anos de análise das redações que compõem o corpus, os recursos utilizados e as estratégias feitas a partir deles vão, ao longo dos anos, se moldando, ou seja, vão criando uma espécie de padronização. A inserção das vozes por meio da modalização em discurso segundo é utilizada em todos os anos, mas seus maiores índices de ocorrência se concentram nos anos de 2016 e 2017.

A modalização em discurso segundo, conforme Maingueneau (2004), é uma forma simples e discreta que um enunciador pode recorrer para indicar que não é o responsável por um determinado enunciado. Além disso, há, nessa utilização, a exposição da posição do enunciador que é exposta por meio de um modalizador. Nas redações do ENEM, os candidatos