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Um dos principais intérpretes da discussão sobre o decoro das igrejas foi o arcebispo de Milão, Carlo Borromeo (1538-84), autor da célebre obra Instructionum Fabricae et supellectiles ecclesiasticae. A Instructionum Fabricae é, sobretudo, um manual ou um guia para a gestão das dioceses e paróquias. Redigido em latim e publicado, pela primeira vez em 1577, viria a ter uma larga divulgação no mundo católico. A estrutura analítica e racional com a sistematização e compartimentação da informação, a abordagem do geral para o mais minucioso particular, o recurso a um preceituário pragmático, prescindindo de fundamentação histórica e simbólica (que, no entanto, lhe está subjacente) apontam justamente para uma função de orientação do clero. Refira-se, ainda, a reduzida dimensão material do livro, medindo 7,8 x 14,1 cm, com 222 páginas e uma folha de escala (44,7 x 11,5 cm). Era um tipo de edição que hoje designamos muito apropriadamente «livro de bolso» e que, à época, deve ter sido pensada justamente com esse intuito: um livro útil e de fácil manuseio, que se podia trazer sempre à mão para consulta das instruções sobre a fábrica eclesial e os ornamentos necessários ao decoro das igrejas.

O primeiro a reconhecer a importância da obra de Carlo Borromeo no campo artístico foi Anthony Blunt. No seu entender, a Instructionum Fabricae foi o primeiro e o único tratado a aplicar os preceitos tridentinos ao campo da arquitectura109. No entanto, a classificação de «tratado», atribuída pelo historiador britânico e geralmente aceite, tem vindo a ser criticada, desde a década de 1970, pela historiografia da arquitectura.

Os tratados caracterizam-se, como se sabe, pela abordagem essencialmente teórica sobre princípios abstractos e modelos mentais, sem

109 Blunt 1940.

46| Carlo Borromeo, Instructionum Fabricae et supellectiles ecclesiasticae libri II, folha de rosto da primeira edição (1577).

47| Retrato de Carlo Borromeo (1538-1584), cardeal e arcebispo de Milão, por Giovanni Battista Crespi († 1632).

© Pinacoteca Ambrosiana, Milão

48| Folha de escala em cúbitos, integrada na edição princeps da Instructionum Fabricae.

terem necessariamente relação directa com situações reais. Se Carlo Borromeo por um lado individualizou o campo da arquitectura eclesiástica, fundamentado na história da antiga Igreja Romana, por outro refutou quaisquer dissertações e referências à tratadística e à arquitectura clássica do seu tempo. Os aspectos formais e a referência às ordens da arquitectura resumem-se a uma aceitação de compromisso, tolerando-se o uso do sistema clássico em caso de necessidade para garantir a solidez da construção. Só nesse caso se podia fazer, então, obra dórica, jónica ou coríntia. A Instructionum não fixa tão pouco uma norma geral para os edifícios. Embora advogue a preferência pela planimetria latina, não determina um tipo de igreja ideal, favorecendo assim o emprego de uma diversidade de respostas em termos de articulação do espaço e beneficiando a

tradição e as tipologias regionais.

A questão formal dos edifícios foi, deste modo, neutralizada e relegada para os especialistas – os arquitectos –, aos quais se dava margem criativa para a escolha do partido arquitectónico e dos materiais a utilizar. Fazia-se apenas duas ressalvas: a consideração pelos usos e os costumes de cada lugar; e a erradicação no exterior das igrejas de ornamentação figurativa, à excepção da fachada, desde que com um discurso iconologicamente significativo. O arcebispo de Milão não negou a dimensão disciplinar do debate arquitectónico, remetendo-a para o foro das competências dos arquitectos. No entanto, como explicou Sandro Benedetti, a reorientação do fim prioritário da arquitectura religiosa, entendida principalmente como instrumento de exaltação da glória de Deus, alterou as questões disciplinares inerentes à pesquisa arquitectónica, posicionando-as num plano já não fechado em si próprio. O tópico central deixou de, por conseguinte, de ser a lição antiga, para dar lugar à estruturação prática e eficaz das exigências construtivas, funcionais e simbólicas110.

De acordo com Liliana Grassi, estender a Reforma Católica ao campo da arquitectura, «costruire in modo cultualmente aderente ai decreti di Trento significava seguire norme precise»111. Numa atitude intencionalmente aclássica, Borromeo prestou atenção, sobretudo, às questões racionais e funcionais da fábrica eclesial alheias a problemas de estilo: qualificou a visibilidade, a hierarquia dos elementos, o mobiliário, as medidas, as dimensões das partes e todos os pequenos e singulares aspectos relacionados com os edifícios do culto. Ou seja, através da Instructionum Fabricae, ele informava e definia o programa exacto da obra, só depois complementado pelo parecer de um arquitecto ao nível formal, fixando através desta dinâmica a práxis para a criação da obra nova, na qual é retirado ao operador conceptual o papel de teorizador112.

Pelas razões apresentadas, a Instructionum Fabricae não é,

110 Benedetti 1984, 110. 111 Grassi 1985, 6. 112 Benedetti 1984.

efectivamente, um tratado – classificação incorrecta e inoperativa –, mas sim, como se começou por dizer, um manual de instruções práticas, que subordina a arquitectura à teologia e à liturgia tridentinas. A plena eficiência litúrgica exigia o cumprimento do decoro, cujos parâmetros são estabelecidos por Borromeo. O conceito de «decoro» não oferece uma leitura precisa e unívoca, mas articula-se com as noções de conveniência, ornamento, limpeza e manutenção, provimento, simplicidade e beleza. A partir da atenção meticulosa dada aos aspectos de funcionalidade, de segurança, de conservação e de solidez procurava-se, pois, garantir a adequação dos edifícios à boa realização do culto e a sua durabilidade113.

Considerando a especificidade do texto, da sua organização e tipo de instruções, conclui-se que o principal destinatário de Instructionum Fabricae foi o clero. A sua primeira finalidade era estabelecer um ponto de referência para a realização da visitação pastoral diocesana, uma normativa comum sobre as questões temporais dos edifícios sacros destinada a visitadores e párocos. A racionalidade da gestão dos variadíssimos elementos das igrejas, por vezes explicitando aspectos de tecnologia construtiva, fazia deste livrinho um excelente instrumento de esclarecimento e de apoio às Fábricas paroquiais e aos responsáveis pela fiscalização das igrejas e capelas.

Acrescente-se que, na prática, Carlo Borromeo empreendeu a reforma de algumas estruturas administrativas da arquidiocese de Milão. Designadamente ao definir regras para a descrição, catalogação e classificação dos edifícios sacros nas visitações e instituir uma chancelaria própria para a recolha desses dados. Essas regras foram dadas à estampa num panfleto intitulado Regulae servandae in uniuscuiusque Ecclesiae descriptione, ad Reverendissimum Archiepiscopum quam primum transmittenda (1577). Nele, o arcebispo fornecia indicações quanto ao significado da planta das igrejas, à sua forma e dimensão, aos anexos (que existisse ao menos sacristia, campanário, casa do cabido), à forma, medida

113 Gatti Perer 1995, 31.

e número dos altares. Este formulário tornava-se um instrumento eficiente para a realização de um censo completo de toda a diocese e para um controlo contínuo à distância114. A efectivação de tal controlo sobre os edifícios do culto foi, além disso, concentrada na figura do «Praefectus Fabricae», intendente responsável por todas as intervenções arquitectónicas da arquidiocese de Milão, um cargo criado talvez por influência do «Consiliarius Aedificiorum» jesuíta e do modelo organizativo da Companhia115.

Como sucede com esta pequena publicação, o contexto operativo da Instructionum Fabricae pertence também ao foro eclesiástico, embora se lhe possa atribuir um papel na fixação das directivas práticas da arquitectura e artes litúrgicas que presidiram aos séculos seguintes116. Assumindo orientações inteiramente pragmáticas, sem atenção alguma a considerações ou definições de estilo, elas devem ser comparadas com normas análogas de outras províncias e dioceses europeias, ditadas por ocasião de sínodos, concílios provinciais ou visitas apostólicas. Neste âmbito, as instruções de Carlo Borromeo constituíram, todavia, o caso mais exemplar, e será importante questionar até que ponto estenderam a sua influência à aplicação da Reforma em Portugal, no campo artístico e no debate sobre a arquitectura eclesial.

Contactos do cardeal e arcebispo de Milão com Portugal

As relações entre Portugal e Carlo Borromeo não se encontram totalmente esclarecidas. Existem, no entanto, dados que apontam para o desenvolvimento de contactos regulares, quanto mais não fosse no quadro das relações oficiais portuguesas da coroa e do alto clero. A correspondência conhecida recua, pelo menos, à década de 1550, quando o italiano foi nomeado prior comendatário do mosteiro crúzio de Refóios de Basto, substituindo o

114

Scotti 1972, 58 e 66.

115

Scotti 1972, 66; Benedetti, 1984, 124; Mazzotta 1984, 176.

cardeal D. Henrique. A sua administração fez-se, como era hábito nestes casos, por procuração, recaída no Dr. Domingues de Torres. Quatro anos depois acabou por renunciar ao priorado em Frei Julião de Alva, capelão-mor de D. Sebastião e confessor de D. Catarina, mais tarde bispo de Portalegre117.

As relações com os Crúzios não cessaram com a renúncia ao priorado. Borromeo terá mantido, ao longo da década seguinte, correspondência com os priores de Santa Cruz de Coimbra, além de uma pensão que lhe era paga pelas rendas do mosteiro do Pombeiro118. Facto que pode ter que ver, ainda, com a sua nomeação para o cargo de Protector dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, que o ocupou na defesa dos interesses da ordem junto da corte papal. A anuição ao protectorado seria, aliás, alvo de agradecimento por parte da rainha D. Catarina, que, em 1564, lhe escreve com essa intenção119.

Nos anos de 1560 e 1561, período coincidente com a sua indigitação para a função de pronotário apostólico pelo papa Pio IV, seu tio, Carlo Borromeo foi responsável pela correspondência oficial com o núncio papal em Portugal, então em Lisboa para tratar das questões do Concílio de Trento; bem como com o rei D. Sebastião, a regente D. Catarina e o cardeal D. Infante120. O conhecimento da situação política e religiosa portuguesa e a relação oficial estabelecida desde os anos de 1550 com as esferas do poder em Portugal (continuada enquanto

117 Mártires 1960, III 65.

118

Witte 1966, 123. O ASV guarda registo de correspondência trocada entre C. Borromeu e o prior de Santa Cruz, datada de 1561, versando a questão dos cristãos-novos. ASV, Fondo Segretaria di Stato, Portogallo, Lv. 220 – Carte diverse (1561-1768).

119

Carta de D. Catarina a Carlo Borromeo. Lisboa 8 de Outubro de 1564. Biblioteca Ambrosiana (Milão), F 104 inf, fl. 419-20v. Cfr. Witte 1966, 12.

Fr. Timóteo dos Mártires, autor da Crónica de Santa Cruz, fala da protecção de Borromeo em termos bastantes elucidativos sobre a boa relação com os Crúzios: «A este Santo Cardeal temos grandes obrigações, pelos muitos favores, e boas obras que em sua vida nos fez». Mártires 1960 (1684), I 150.

120

Essa correspondência encontra-se arquivada no ASV, Fondo Segreteria di Stato – Nunziature Diverse / Avvisi Nunziature Diverse, Lv. 107 Reg. Lett. Della Segreteria al nunzio di Spagna e Portogallo (1560-1561). O núncio em representação papal em Lisboa entre 1560 e 1561 era Prospero Santa Croce (1514-1589), bispo de Cisamo.Castro 1939, II 349-50.

ministro das relações externas de Pio V121) terão determinado mais adiante a sua designação para Cardeal Protector de Portugal. Cargo que ocupou entre 1565 e 1572 e que o responsabilizava pela apresentação dos candidatos às cadeiras prelatícias e aos principais benefícios à nomeação do papa em consistório122.

O protectorado de Portugal coincidiu com a tomada de posse do arcebispado de Milão e o início das importantes reformas que Carlo Borromeo ali empreendeu, cujo eco se sentiu por toda a Europa católica. O seu espírito reformador foi influenciado significativamente pelo contacto em Trento com o arcebispo primaz de Braga, D. Frei Bartolomeu dos Mártires (como tem sido salientado pela historiografia nacional e internacional), mas também pelas informações que foi recolhendo sobre as reformas empreendidas noutros Estados. Tal foi o caso, por exemplo, do interesse manifestado ao cardeal D. Henrique em ter uma cópia das Constituições Sinodais do Arcebispado de Lisboa, pedindo-lhe um exemplar das mesmas na carta em que lhe enviou as actas do sínodo provincial de Milão de 1566. Borromeo fez o pedido, explicando que se as tivesse em seu poder, nelas poderia certamente encontrar um modelo de vida cristã e de santidade para aplicar em Milão123.

Após a tomada de posse do arcebispado, em 1566, Borromeo foi tomando pulso às necessidades de reforma da arquidiocese, sobretudo a partir das visitas pastorais que realizou de forma regular em todo o território124. Foi no seguimento desse périplo – o qual lhe garantiu um conhecimento profundo em primeira mão das características e faltas das inúmeras paróquias do extenso arcebispado – que o cardeal Borromeo empreendeu a tarefa minuciosa de compilar a Instructionum Fabricae, et supellectilis ecclesiasticae.

121

C. F. de Witte (1966) confirma a existência de 36 cartas oficiais de Carlo Borromeo dirigidas à Coroa de Portugal do período de 7/1564 a 7/1565, assinadas na qualidade de ministro das relações externas de Pio IV.

122

Witte 1966, 116 n. 4.

123

Carta do cardeal Carlo Borromeo ao cardeal D. Henrique, 27 de Agosto de 1567. Biblioteca Ambrosiana (Milão), R. Sup, fl. 43-43v. Cfr. Witte 1966, 142.

124

Para se avaliar a extensão de tal empresa, refira-se que o bispado de Milão compreendia mais de 2.200 igrejas e cerca de 3.330 membros do clero. Borromeo 1997, 59.

É ainda difícil avaliar a verdadeira extensão da influência da obra do bispo milanês na arquitectura e na arte religiosas portuguesas. A sua obra, em circulação noutros países europeus, certamente terá alcançado Portugal, não só em consequência das relações oficiais do alto clero e de corte portugueses com o autor, como da divulgação que mereceu o próprio texto. Fosse na sua versão original de 1577, ou em edições posteriores que, a partir de 1582, a integraram nas actas do concílio regional de Milão – Acta Ecclesiae Mediolanensis tribus partibus distincta. Quibus concilia provincialia, conciones synodales, synodi diocesanea, instructiones, litterae pastorales, edicta, regulae confratriarum, formulae, et alia denique continentur, quae Carolus S. R. E. Cardinalis tit. S. Parxedis, Archiepiscopus egit (1.ª edição, 1582)125.

A compilação dos instrumentos legislativos do arcebispado de Milão teve, pela sua exemplaridade modelar na sistematização e normalização da aplicação da Reforma, uma difusão alargada pelo mundo católico, pelo que a Instructionum beneficiou também dessa disseminação. Neste particular, é necessário recordar, ainda, que o Ducado de Milão se encontrava, desde 1535, sob o domínio dos Habsburgo, facto que certamente contribuiu para a circulação da obra de Borromeo na Península Ibérica, como de resto no mundo hispânico126.

Actualmente, em Portugal, elencam-se um exemplar da edição original de Instructionum Fabricae et Supellectilis Ecclesiasticae (Milão 1577) e uma reedição de 1747 (Milão) na Biblioteca Nacional de Portugal127. Também as Acta Ecclesiae Mediolanensis se encontram catalogadas na mesma biblioteca, com um exemplar da primeira impressão (Milão, 1583) e o outro de 1683 (Lyon), ambos

125

Barocchi 1962, 403.

126

Gerlero 1985, XXII. A edição das Actas de 1582 circulou amplamente em Espanha, sabendo-se, por exemplo, que para Toledo seguiram 10 exemplares e para Leão mais de 100. Cfr. Borromeo 1997, 43. Sobre a influência de Carlo Borromeo na Península Ibérica, mas sobretudo em Espanha, veja-se Hernandez 1986.

com indicações de posse128. Na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra existem outros três exemplares das Actas: dois da edição de 1683 e o terceiro de 1754, que pertencia ao Colégio Real de São Pedro129. Na Colecção Pombalina da Biblioteca Nacional conserva-se, ainda, uma tradução setecentista do livro II da Instructionum Fabricae intitulada «Ordem que se deve guardar na limpeza das cousas pertencentes ao culto divino, dada por S. Carlos Borromeu»130.

Para avaliar a recepção das Instruções do cardeal italiano no período imediato à sua edição, interessam ao presente estudo especialmente as primeiras edições. Se a edição princeps de 1577 não tem referências ao seu historial, a Acta Ecclesiae Mediolanensis de 1583, à guarda da BNP, está registada como tendo pertencido à Cartuxa de Scala Coeli, cuja rica livraria foi doada pelo arcebispo de Évora D. Teotónio de Bragança (1530-1602). Também o bispo D. Jorge de Ataíde, muito devoto de Carlo Borromeo, teve em sua posse um exemplar das Actas, que lhe foram remetidas pelo cardeal Federico Borromeo, sobrinho de Carlo e também ele arcebispo de Milão131. Não será descabido aceitar que o próprio Carlo Borromeo tivesse expedido cópias, quer da Instructionum Fabricae, quer das Acta Ecclesiae, aos seus contactos em Portugal, considerando que, em 1567, ele mesmo havia enviado ao cardeal infante D. Henrique um exemplar das actas do primeiro sínodo que promovera na arquidiocese.

Que o texto do arcebispo de Milão foi conhecido em Portugal, não há qualquer dúvida, chegando mesmo a influenciar directamente a legislação sinodal portuguesa, como se verá adiante. No entanto, se foi considerado, desde

128

BNP, cotas R. 5428 A.; R. 2688-2689 A. A edição de 1683, publicada em dois volumes, apresenta marca de posse referente ao P.e José Caetano Mesquita e Quadros, canonista, presbítero e vigário da Igreja do Salvador de Lisboa e prior da colegiada de S. Lourenço de Lisboa e missionário apostólico, com a data de 1779.

129

BGUC, cotas R-57-16 e 17; 1-11-11-296 e 297 (Biblioteca Joanina); S.P.-M-15-13 e S.P.-M-15- 14.

130

BNP, PBA 67 - Miscelânea de apontamentos curiosos, fls. 188-197.

131

Carta do cardeal Federico Borromeo a D. Jorge de Ataíde, remetendo os livros da vida do bispo de Novara e as Acta Mediolanensis Ecclesie ultimamente impressas. Milão, 18 de Janeiro de 1601. BNP, PBA 648, fl. 687.

o início, como autoridade no debate sobre a arquitectura religiosa, isso já é mais difícil de avaliar com os dados disponíveis. O que se pode concluir é que a atitude reformadora e as ideias sobre o decoro, exemplarmente representadas na obra de Carlo Borromeo, participavam de um espírito que se estava a generalizar pela Europa Católica, e a que Portugal não foi alheio, bem pelo contrário. Por isso, em vez da noção de influência (entendida como atitude passiva), se deva colocar a questão numa perspectiva mais alargada de contactos e de paralelismos entre experiências e realizações que comungaram, afinal, das mesmas preocupações a respeito da restauração do culto católico.