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1 PROBLEMATIZAÇÃO E CONFIGURAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

3.3. Instrumentos de construção dos dados

Ao se pensar os instrumentos, foram consideradas duas fontes de informação: as testemunhais – os profissionais da escola e a pesquisadora; e as documentais – a proposta pedagógica da escola e os registros escritos dos dados construídos. Entre estes, a princípio, foram considerados: o diário de campo da pesquisadora; as respostas ao questionário e a transcrição da entrevista semi- estruturada.

Optou-se por utilizar a observação participante para estabelecer o contato e a relação da pesquisadora com os profissionais da escola para poder conhecer suas práticas e acompanhar o seu desenvolvimento, pois, como afirmam Laville e Dionne (1999, p. 178), a observação participante é uma “técnica pela qual o pesquisador integra-se e participa da vida de um grupo para compreender-lhe”.

Outros autores, como Fiorentini e Lorenzato (2006), entendem que a observação, além de participante, é direta, pois é realizada no local em que acontece o fenômeno estudado, “junto aos comportamentos naturais das pessoas quando essas estão conversando, ouvindo, trabalhando, estudando em classe, brincando, comendo” (Ibid., p. 107). Estes autores consideram ainda que o registro da observação deva ser realizado de modo a “produzir pouca ou nenhuma interferência no ambiente de estudo” (FIORENTINI E LORENZATO, 2006, p. 107), mesmo que “o pesquisador possua um grau de interação com a situação estudada” (ANDRÉ, 2005, p. 26).

Foi esta a situação definida. A pesquisadora enquanto realizava o trabalho de campo, interagia com os participantes e se integrava ao grupo, procurando acompanhá-lo em seu movimento natural.

As observações realizadas durante o trabalho de campo eram registradas no diário da pesquisadora, sempre que possível ainda na escola, ou imediatamente após o seu retorno ao município de São Carlos-SP. De acordo com Fiorentini e Lorenzato (2006. p. 108), nas observações registradas em diário de campo “devem constar a descrição dos locais, dos sujeitos, dos acontecimentos mais importantes e das atividades, além da reconstrução de diálogos e comportamentos do observador”.

Além do registro da realidade, os diários devem conter as reflexões, os pensamentos que gostaria de dizer a alguém ou guardar para dizer a si mesmo em momentos futuros... por isso, a pesquisadora os registrou, para não ser traída pela memória e pela grande quantidade de informações que se tem de administrar durante o desenvolvimento das atividades.

Assim, o diário de campo se tornou rica fonte de dados porque, como entende Sousa (2004, p. 38) apoiada em Bogdan e Biklen (1994), ele “têm o intuito e a pretensiosa função de ‘mostrar’ ou ainda de ‘apreender’ um pouco do que se passa no pensamento de alguém, nos momentos em que interage com o conhecimento que se apresenta, na realidade objetiva”.

Outro instrumento utilizado, o questionário (Apêndice D), foi elaborado com o intuito de analisar as características de formação e de atuação profissional dos professores; sua participação e seus entendimentos sobre os momentos de trabalho coletivo na escola; suas concepções sobre formação continuada de professores e sobre desenvolvimento profissional.

Entretanto, as respostas ao questionário foram insuficientes para algumas compreensões e a deixaram com mais dúvidas. Por exemplo, as respostas dadas à questão: “Como são desenvolvidas as HTPC nesta escola?” A essa questão, cerca de 38% dos professores responderam que era desenvolvida em dois momentos: um por série e um coletivo. Mesmo sabendo que eram dois momentos diferentes, a pesquisadora continuava a se perguntar “como, de que forma eram desenvolvidas as HTPC nesses dois momentos diferentes?”

Outro exemplo de questão não respondida totalmente refere-se à formação inicial. A questão era: “Qual é sua formação?” cujas opções de resposta eram: “( )

Magistério ( ) Pedagogia ( ) Outras: __________________________”. Mas o

profissional que assinalava a opção “outras” não especificava o curso realizado. Ausência de respostas como essa, suscitaram novas questões como: “Qual foi o curso que essa professora fez para lecionar nas séries iniciais que não o Magistério e a Pedagogia?” Para tentar responder a questões como esta, foi elaborado outro instrumento de construção de dados, que não estava previsto inicialmente: as narrativas (apêndice E). Precisou de um instrumento que

complementasse as informações obtidas com os questionários e permitisse saber um pouco mais sobre a trajetória pessoal e profissional dos professores.

De acordo com Nacarato (2000, p. 40), “ao se contar uma história não se reproduz simplesmente a história vivida. Há uma recriação, uma reelaboração e reconstrução de significados”. Para a autora, as histórias situam a experiência no tempo e no espaço e são uma forma de compreender o pensamento do professor. Era isto o que precisava. Assim, propôs aos profissionais da escola escrever uma narrativa a partir da comanda: “História de vida, trajetória profissional, relação com a escola, a Matemática e as HTPCs”.

Os dados construídos a partir da observação e registro no diário de campo da pesquisadora, das respostas ao questionário e da produção de narrativa foram determinantes para a composição do último instrumento de construção de dados: a entrevista semi-estruturada (apêndice F).

Ela foi construída durante o desenvolvimento do trabalho de campo, após três meses de observação na escola. A partir das dúvidas surgidas nas respostas dos outros instrumentos de construção dos dados e para aprofundar a compreensão sobre as práticas de formação continuada que ocorriam na escola desde o ano de 2007. Sua organização contemplou três pontos: 1) formação do professor e ensino de Matemática; 2) experiências de formação continuada; e 3) campeonato de Matemática realizado pela coordenadora pedagógica da escola.

Tentou-se, desta forma, apreender as práticas dos profissionais da escola e a sua realidade com uso de quatro instrumentos: observação participante e registro no diário de campo da pesquisadora; questionário; narrativa; entrevista semi- estruturada.