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Para Afonso (1999) o melhor método para selecionar unidades de paisagem(UP) 55 é observá-las a distância. A cartografia temática e os levantamentos aerofotogramétricos facilitam as análises da paisagem, assim como as tomadas fotográficas oblíquas, representação gráfica dos perfis do terreno por meio de cortes e elevações. As observações do sítio do ponto de vista do pedestre permitem complementar a compreensão dos locais pesquisados.A aplicação da Fotogrametria possibilita obter medidas precisas de feições usando os pares estereoscópicos e visualizar o efeito de tridimensionalidade. As ortofotocartas constituem outra aplicação fotogramétrica bastante pertinente. Esse produto tematizado com curvas de nível, acidentes geográficos e edificações possibilita análise precisas. Observa-se que as publicações em arquitetura, urbanismo e paisagismo freqüentemente desprezam dados precisos de localização e transformações temporais de áreas de estudo. Algumas mudanças iniciaram no sentido de incluir coordenadas geográficas em publicações. As plantas Cadastrais, plantas topográficas e fotografias aéreas são elementos essenciais para análise das condições físicas do sítio, da situação e da implantação de obras. A datação exata e identificação da autoria dos projetos são importantes para análises a posteriori. Outras ferramentas para a análise da paisagem consistem em plantas, cortes, elevações, projeções ortogonais verticais ou topológicas. Para a compreensão do funcionamento ecossistêmico da paisagem é necessário utilizar também outros recursos de computação gráfica como a animação. A utilização de Sistema de Informações Geográficas (SIG) viabiliza sobrepor graficamente critérios de análise e coordenadas geográficas tridimensionais auxiliares no planejamento bacias hidrográficas e úteis a preservação da flora e fauna

Steenbergen & Reh (2001) recomendam visualizar da forma do relevo através do exagero vertical. Através da distorção aumentada da escala vertical em relação a horizontal a representação de cortes e elevações as formas das encostas e morros podem ser melhor visualizadas. O uso de modelos digitais de terreno para análise de sítios e como meio de simular projetos paisagísticos também é adequado.

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As unidades de paisagem (UP) representam regiões homogêneas da Geografia e reúnem locais dotados de características semelhantes entre si, determinados por fatores físicos naturais ou antrópicos e culturais. As UP de maior destaque são os padrões de relevo, malhas de espaços públicos e tecidos gerados pelas variadas formas de apropriação do solo. A diferença de altitude, densidade, drenagem, forma e existência de colinas e serras, presença de água e vegetação, clima, traçado de vias, tipologias das edificações resultam em diferentes composições e compõem as feições urbanas e rurais de locais, bairros, cidades, regiões e do país. A mesma autora define talvegue, bacia hidrográfica e espigão, (Afonso,1999:190-209)

talvegue é a linha topográfica que marca o fundo de vale, o encontro de duas vertentes da mesma bacia hidrográfica, linha de pontos baixos para onde converge a água das encostas, eixo do leito do rio ou córrego. (...) bacia de drenagem é o conjunto de rios que são tributários de um mesmo rio principal e o terreno que ocupam; conjunto de rios que correm pelo mesmo vale. Uma bacia hidrográfica é formada de micro-bacias e faz parte de uma macro-bacia. Os divisores de águas delimitam as diferentes bacias.(...)é o divisor de águas, linhas de maior altitude de uma encosta, que divide as águas de duas bacias hidrográficas opostas.

3.8.1 Cartografia

Segundo Scherer (2001) a primeira etapa de planejamento consiste em estratégias de ordenação e planejamento do território através de diagnósticos e conhecimento do espaço. O uso de mapas permite espacializar estruturas 56 características específicas quali-quantitativas, de localização, analisar e sintetizar feições geográficas em meio cartográfico.

Discordamos de Matiello (2001) percebendo ser de vital importância para o projeto paisagístico e de infra-estrutura de apoio aos parques a utilização de ferramentas de auxílio ao projeto como cadastro, mapas, cartas topográficas e levantamentos aéreos.

Para a gestão de áreas verdes um fator essencial se refere ao mapeamento digital das áreas públicas e privadas,o que possibilita o planejamento de áreas de interesse e a aplicação de multas no caso de transgressão da legislação. Percebe-se que os mapas constituem a forma mais adequada para conhecimento do território, pra identificar, localizar e estudar aspectos espaciais, relacionamento do entorno e elemento facilitador da comunicação interdisciplinar.

Afonso (1999) recomenda o uso da cartografia temática e geotécnica 57 para análise de variáveis paisagísticas e ambientais 58e para propostas de configurações espaciais urbanas. A cartografia e a superposição de informações geográficas. A possibilidade de considerar a totalidade de informações disponíveis sobre um local subsidia a tomada de decisão.

Para apoiar o planejamento urbano são necessários outros mapas temáticos: evolução histórica da ocupação, serviços urbanos, tipologia de edificações expressando a forma e estrutura das ruas e espaços livres. Os projetos paisagísticos precisam da base cartográfica temática de águas subterrâneas, biodiversidade,propriedade do solo, demografia e vistas significativas da paisagem. O conhecimento da dinâmica antrópica, dos hábitos da fauna local e regional também é importante pelas fluxos, movimentos e atrações que oferece.

Steenbergen & Reh (2001) indicam ser importante a identificação das feições geográficas, geomorfologia, hidrografia, topografia, dos bosques existentes, de vistas de interesse para prever os usos potenciais e compatíveis com o local.

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Trata de critérios de análise da estrutura, da forma e da configuração. Estrutura -do latim structura, structus, struere, significa entender o arranjo ou inter-relação das partes do todo ou da composição. A análise da morfologia compreende o estudo da forma segundo métodos lógicos.. O termo foi criado por Goethe em 1822 reunindo palavras gregas morphe, forma e logos, palavra. A configuração ou também da gestalt provém do latim configuratio, configurare, com- junto e figura – forma exterior, aspecto, representação, significando o arranjo espacial do meio físico, (Afonso,1999:384).

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O conjunto de mapas temáticos para uma carta geotécnica constam de: topografia, geologia, clinometria (declividades), evidências de movimentação do solo e rocha entre outras ocorrências como riscos iminentes, vegetação e urbanização por intermédio do Cadastro.

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A mesma autora recomenda utilizar de abordagem da paisagem através de critérios biológicos ou ecossistêmicos para analisar, compreender o funcionamento dos sistemas vivos pela associação da espacialidade de forma tridimensional a dinâmica temporal.

3.8.2 Cadastro

Matiello (2001), Rizzardo (1996), Scherer (2001) entre outros autores, relacionaram a dificuldade relativa a implantação de áreas verdes pela falta de estrutura de cadastramento de áreas potenciais para implementação de áreas verdes.

O conhecimento e cadastro das áreas verdes municipais têm importância para a Administração Municipal como base para planejamento urbano e monitoramento florestal e ambiental. Via de regra, no Brasil quase não existe a prática de sistematização de mapeamentos e as bases cartográficas são de confiabilidade duvidosa e desatualizadas. De forma lenta e gradual está ocorrendo uma mudança no sentido de que instituições públicas e privadas unam esforços na causa de mapear, localizar, referenciar, cadastrar, gerenciar, otimizar informações no intuito de participar do planejamento e tomada de decisões.

Spirn (1995) destaca a necessidade de existir informações atualizadas sobre a totalidade da cidade, permitindo visualizar também detalhes específicos. Existindo um banco de dados com informações coletadas pelo governo sobre o meio ambiente, organizações locais e universidades são facilitadas as prioridades de ação.

Conforme Afonso (1999) as plantas cadastrais auxiliam na análise da estrutura, morfologia e configuração dos espaços livres e edificados. A confrontação entre esses espaços construídos e do sistema viário demonstra a alternância da relação fundo e figura.

3.8.3 CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO E GESTÃO DO TERRITÓRIO

Para Loch (1998) CTM constitui um conjunto de informações descritivas que concernem a propriedades imobiliárias situadas dentro do perímetro urbano municipal materializados cartograficamente em uma base de dados visando múltiplas finalidades.

Os objetivos do CTM se associam a correta cobrança de tributos, inventariado de terras, delimitação municipal, geração de dados espaciais, base física para mapeamento e planejamento municipais. Outros benefícios seriam definição e detalhamento das propriedades, usos e ocupação e atendimento por parte de serviços de infra-estrutura – água, esgoto, energia elétrica, coleta lixo e transporte.A base de mapas de apoio inclui o cadastro imobiliário, da rede viária, tributário, infra- estrutura, planialtimétrico, uso do solo e gestão do território.

O CTM é fundamental no planejamento urbano porque oferece as informações básicas

necessárias para a elaboração de planos urbanísticos e gerenciamento de áreas urbanas. De acordo com o mesmo autor auxiliado por programas computacionais é possível gerar um conjunto de mapas cadastrais de uso e aptidão do solo, plani-altimétrico, declividades, informações sobre a qualidade do padrão habitacional, rede de infra-estrutura, serviços urbanos, condições econômicas, sociais, expansão e ritmo de crescimento da cidade.

As ferramentas mais utilizadas na atualidade são técnicas usuais de sensoriamento remoto; aerofotos e imagens de satélite, mapas digitais, sistemas de informações geográficas e e também modelagem e simulações virtuais de quarteirões, terreno, equipamentos urbanos e arborização permitindo análise prévia das transformações propostas contribuindo para resultados mais próximos dos desejados. Recomenda-se a adoção de uma base cadastral em escala grande 1: 2000 ou 1: 1000 executada por levantamento topográfico ou aerofotogramétrico amarrado a rede e pontos de referência.

3.8.4 Sensoriamento Remoto e Sistema de Informação Geográfica (SIG)

Pelas vantagens proporcionadas por tecnologias para coletar informações via satélite, assimilação, manipulação, exposição e modelagem de sistemas segundo técnicas e métodos contemporâneos existe uma facilidade maior para desenvolver soluções integrais e de múltiplos propósitos a serem exploradas.

De acordo com Spirn (1995) os sensores permitem adquirir grande quantidade de informação sobre o meio ambiente natural. Podem ser contratadas imagens de satélite e vôos fotogramétricos, detectando características geológicas, da vegetação, entre outras além de levantamentos precisos a nível topográfico. A Fotogrametria e o Sensoriamento Remoto constituem ferramentas para mapear riscos geológicos e da inundação em cidades. Os tipos de vegetação podem ser identificados com facilidade em fotografias aéreas. Outros aspectos mais complexos precisam de apoio em campo, mas podem ser monitorados por sensores específicos em satélites, por exemplo, clima, qualidade do ar e da água, da geologia, dos solos, hidrologia, vegetação e vida selvagem e coleta de amostras em campo. Para a mesma autora o uso de Sistema de Informação Geográfica (SIG) é particularmente interessantes ao planejamento urbano, pois armazena informações, facilita a atualização, combina informações de formas variadas para demonstrar implicações espaciais, sociais, etc.

Nota-se que a superposição de informações geográficas apoiada por recursos computacionais auxilia na síntese de informações. O SIG possibilita organizar, armazenar e manipular bancos de dados e relacioná-los a localização geográfica sobre base cartográfica. Por isso é bastante útil para combinar critérios ecossistêmicos e apoiar decisões.

Conforme Pilotto (2003b) a existência do cadastro, uso de SIGs e mapeamento em meio digital da cidade de Curitiba permitiu dispor de informações constantemente atualizadas e contribuiu para subsidiar informações aos demais setores de planejamento da PMC.