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6.13.1 Plano Estrutural de Recreação de 1968

Matiello (2001) constatou que a elaboração dos Planos de Recreação foi fundamental para a abordagem e polemização da temática lazer em Curitiba. Além de uma série de outros fatores que influenciaram na política de criação, planejamento e gestão de áreas verdes para lazer no município. O mesmo autor concluiu que a evolução da legislação ocorreu em paralelo ao processo de consolidação da política ambiental.

O autor analisou também os Planos de Recreação muito pertinentes a esta pesquisa como o Plano Estrutural de Recreação de 1968, o Plano de Recreação de 1973, o Plano de Recreação de 1974, a evolução da legislação em paralelo ao processo de consolidação da política ambiental pela Lei 4857/1974, Lei 7440/1990, Lei 7833/1991, Lei 8353/93, entre outras.

O Plano Estrutural de Recreação de 1968 dispôs critérios básicos relacionando espaços, equipamentos e animação qualificados para as áreas verdes. Dados oficiais indicaram o diagnóstico de que em Curitiba o índice de áreas verdes não atingia 0.5m2/hab. As áreas existentes não eram equipadas, sendo pouco utilizadas pela população. Não ocorria observância a legislação, desenvolviam-se loteamentos em áreas non-aedificandi previstas nos termos de leis federais, estaduais e municipais. Tais infrações mereciam maior rigor do poder público. As AVs existentes acabavam sendo locais usados para outras finalidades. O PER de 1968 foi elaborado pelo IPPUC de forma a dispor sobre a implantação de áreas verdes para lazer. Além das diretrizes de pesquisa e previsão ocorreram a avaliação e inventário das zonas naturais selvagens, histórico-culturais. Os objetivos eram a implantação de infra-estrutura. As áreas de interesse foram adquiridas por meio de política de aquisição de áreas com tal potencial, integração rural-urbana compatibilizando os espaços tradicionais e contemporâneos.

As ações, de fato, incluiram a aquisição e reserva de espaços, comissão de animação, execução de programas de parques e praças, planos de prioridade e estudos para novos espaços, entre outros. Na verdade a tal comissão nunca chegou a ser implementada. Em tese seria composta por equipe inter/multidisciplinar de animadores, sociólogos, psicólogos, educadores, especialistas em recreação e comunicação. A ela seria delegada a especificação, inventário de espaços existentes, projetos a executar e programas de desapropriação.

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6.13.2 Plano Estrutural de Recreação de 1973

Este serviu para complementação do plano anterior. Previa a criação de uma fundação para tratamento, manutenção e desenvolvimento de projetos em parceria com o IPPUC. Alguns dos critérios destacados no plano se referia a locação de áreas de recreação em pontos de acesso ou passagem dos bairros, sobretudo em áreas mais freqüentadas. Previa a criação de incentivos para a iniciativa privada e locação de equipamentos. Note-se que eram conhecidos, já neste Plano, os empecilhos para a implantação de um sistema público de áreas verdes de lazer acessível a toda população. A negligência com relação a lazer e aspectos ecológicos, insuficiência de equipamentos e necessidade de mudança de hábito da população foram fatores negativos

O Plano de Recreação de 1974 revisou as definições dos planos de 1968 e de 1973 estabelecendo hierarquias e classificação entre os espaços de recreação: largos, jardinetes e praças, ruas de recreio, núcleos ambientais, áreas verdes (Lei 4857/1974), entre outros. O plano estabeleceu 5 parques concebidos segundo o critério para o controle de vazão dos rios; o Parque da Barreirinha (1972), Barigüi (1972), São Lourenço (1972), Iguaçu (1978, mas inaugurado em 1982 e da Criança (não implementado).

7 LEGISLAÇÃO INCIDENTE NAS ÁREAS VERDES DE CURITIBA

Para facilitar a compreensão global elaborou-se um quadro compilando nossas análises da legislação municipal especificamente criada para o município de Curitiba. O esquema da legislação de forma sintética subsidiou entender a situação e a morfologia espacial da vegetação e florestas remanescentes existentes hoje in situ, vide quadro 10. Essemostra a síntese abrangendo o período entre o ano de 1919 até 2004.Na seqüência foram comentados os aspectos da legislação. Essa análise não pretende em si questionar o mérito das leis em virtude de nossa graduação ser na área de Arquitetura e Urbanismo e dessa pesquisa de Mestrado ter ocorrido dento do curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil com foco no Cadastro Técnico Multifinalitário. Em função desses fatores a “solução” de problemas ambientais ocorrida através de obras de engenharia mereceu também destaque especial.

O objetivo de formular esse quadro panorâmico da legislação ambiental em Curitiba foi de observar a evolução e eficácia da mesma como subsídio ao Cadastro, Planejamento, Preservação e Conservação de Florestas Nativas no município.

184 Quadro 10 – legislação incidente nas áreas florestadas em Curitiba – PR

Lei ou Decreto Conteúdo Lei 527/1919 ou Código de

Posturas Municipal

forneceu instrumentos legais mais específicos para colaborar com o Estado e União na preservação de matas protetoras de mananciais, estimular ao plantio de árvores, evitar a derrubada de florestas e de bosques de pinheiros.

Código de Águas ou lei federal 24643/1934, teria sido o I Código Florestal Brasileiro

impôs restrições ao direito ilimitado de propriedade. Através dele ocorreu a proibição de derrubada de árvores nas margens de rios ou em locais em que existissem espécies raras. No entanto, permitia o desmatamento de 75% da vegetação em propriedades privadas.

Lei municipal 699/1953 sobre a obrigatoriedade de arborizar logradouros públicos e preservação de áreas arborizadas, proibição do corte de árvores sem autorização e/ou derrubada de matas protetoras de mananciais ou de defesa do solo d’água. Definia o zoneamento da cidade em áreas comerciais, industriais, residenciais, Centro Cívico, esportivo e zona rural e agrícola. Regulamentava, ainda, o lançamento de dejetos residenciais, industriais, hospitalares ou de qualquer outra natureza nos rios, córregos, ou modificação do leito, margens, formação de bacias e estagnação das águas e ordena a correta drenagem nos lotes. Lei federal 4771/1965 Criação do Código Florestal Brasileiro

Lei municipal 2828/1966 prescreveu canalizações artificiais a serem implantadas em locais outros que a as avenidas-canais.

Lei municipal 4557/1973 ou Lei de Proteção e

Conservação da Vegetação de Porte Arbóreo

estimulou a preservação e proteção de áreas vegetadas e florestadas

Lei municipal 667/1974 instituiu a Comissão de Áreas Verdes

Lei municipal 4857/1974 regulamentou a proteção de AV, selecionadas previamente por inventário. Indicou a existência de 93 áreas de interesse, dotadas de características de interesse para bosques e águas protegidas. A lei propiciava benefícios fiscais e tributários aos proprietários de imóveis nessas áreas, para uso de parques, lazer e viabilização do controle de enchentes.

Lei municipal 5234/1975/ou Regulamento de Uso e Zoneamento do Solo ou Plano Diretor de 75

prevendo os Setores Especiais de Preservação de Fundos e vale, incluindo área para os parques da cidade

Decreto municipal 226/1978 ou Plano de Arborização Urbana

Decreto Municipal 1092/1979 transformou o Departamento de Parques e Praças em Departamento de Parques, Praças e Preservação Ambiental incumbido de desenvolvimento de preservação de áreas verdes, planejamento de atividades técnicas, pesquisa científica e fiscalização da legislação.

Lei federal 6766/1979 ou lei Lehmann

dimensiona a drenagem em função das características locais da bacia hidrográfica contribuinte, índice pluviométrico, características do solo e da ocupação antrópica na faixa de proteção de fundo de vale, faixa de drenagem e áreas adjacentes com risco de erosão ou inundações. A legislação federal estabelece áreas non-aedificandi mínimas para águas correntes e dormentes e também delega aos órgãos aos órgãos competentes a possibilidade de aumentar faixa pelas características regionais ou legais.

Lei municipal 6819/1986 criação de estímulos à presrvação de áreas verdes e disposição sobre o Setor Especial de Áreas Verdes.- estímulos para a preservação constantes, para proprietários que preservarem e formarem novas áreas verdes. “...bosques destinados à preservação das águas existentes no habitat natural da flora e fauna locais, estabilidade dos solos, proteção paisagística e manutenção equilibradas dos maciços vegetais...” isentando ou reduzindo proporcionalmente o imposto predial ao índice de área verde do terreno, a ocupação ocorre por condições de aproveitamento especiais. A faixa de descontos do impostos predial ou IPTU varia de isenção total para os lotes com mais de 80% de área florestada, de 30% desconto para aqueles de 50 a 80 % de bosque e de 50% para áreas contendo 30 a 49% de bosques, limitando uso de acordo com zoneamento especial e parcelamento com lotes mínimos de 2000 m2 para área urbana. A implementação da lei em 1986 definiu e classificou o lixo. A lei

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também permitiu intensificar o controle sobre os terrenos com áreas verdes e obrigatoriedade do plantio de mudas e lotes residenciais ou não estimulando os proprietários com a isenção ou redução do IPTU; tendo e vista a preservação dos remanescentes da mata nativa.

adendo à legislação federal (Código Florestal/Lei 4771/1965) em 1988

instrumento legal baseado em critério espacial para definir áreas non-aedificandi nas faixas de drenagem, considerando-a proporcional a bacia hidrográfica em detrimento do tamanho do curso d’água

lei municipal 6840/1986 sustenta o plantio de essências florestais adequadas para arborização, embora em áreas edificadas, ou loteadas, segundo índices pertinentes: uso residencial 1árvore/ 150 m2 de área construída, não-residencial 1árvore/ 90 m2 de área construída, industrial 1árvore/ 20 m2 de área construída e loteamentos preservando florestas nativas 1árvore/ 150 m2 de terreno. A discriminação de espécies é objeto do plano de Arborização de Curitiba.

Lei municipal complementar de 1988

delega a Secretaria Municipal do Meio Ambiente o plantio de árvores, arbustos e outras espécies vegetais menores como forrações em áreas non-aedificandi no curso de rios e fundos de vale. O dimensionamento de área de drenagem é feito em função do escoamento de águas pluviais das bacias hidrográficas e 4m de área non-aedificandi nas bacias de área até 25 ha e atingindo 100 m naquelas com área entre 2000 e 5000 há. Ainda existem prescrições sobre vias de tráfego e áreas loteáveis contíguas as áreas que causem confinamento ou seccionem os rios recebem diretrizes especiais de competência do órgão municipal. Lei municipal 7440/1990

substituída pela Lei 7833/1991

coletânea das leis e determinações legais versando sobre o incentivo a práticas sócio-econômicas não prejudiciais/ degradantes ao meio ambiente, provimentos de infra-estrutura sanitária a edificações e espaços públicos, obrigatoriedade de aprovação junto aos órgãos ambientais para instalação de atividades de risco e educação ambiental escolar e comunitária.

Lei municipal 8633/1991 complementar, regulamentando as unidades de conservação, Setores Especiais de Fundo de Vale e Faixas de Drenagem.

Aumentou as áreas de preservação, considerando críticas e utilidade pública não apenas faixas de drenagem, mas setores especiais de preservação de fundo de vale na necessidade de diferencial e potenciais para causar transtornos à população. Alguma s destas áreas características são as bacias hidrográficas contribuintes, a faixa de drenagem non-aedificandi, áreas maiores a 5000 ha, dimensionadas pelo órgão ambiental competente SMMA/PMC. A tipologia adotada para os Setores Especiais de Preservação de Fundo de Vale consiste nos Parques Lineares com atividades de lazer. Para as autoras as características que integram o conceito de qualidade ambiental e saúde pública associam-se a preservação de matas ciliares, controle de poluição hídrica, saneamento, drenagem, etc. Existe a possibilidade de delegar regiões de fundo de vale para uso de proprietários particulares, mas a ele responsabilizará a eles o dever de manter, cercar, equipar e plantar árvores e vegetação rasteira funcionando como parque comunitário.

Previa a participação dos cidadãos nos processos, obrigatoriedade de monitoramento e divulgação de informações sobre meio ambiente, de recuperação de danos ambientais, licença prévia para instalação e/ou funcionamento de atividades impactantes e delegação de poderes a SMMA para participar do processo de zoneamento e uso do solo, aprovar e fiscalizar obras e operações envolvendo extração de recursos naturais e poder de polícia. Normalizou também a condição sine-qua para o corte de árvores, quando aprovada exigindo o plantio de duas outras e previsão de multa para os infratores.

Decreto-lei federal 410/1991 Criação da APA Iguaçu, obedecendo critérios do Sistema Nacional de Unidades de Conservação/SNUC.

Lei municipal 8353/93 regulamentando o solo criado

Lei municipal 9806/2000 instituindo o Código Florestal Municipal e incentivando a preservação de áreas florestadas previstas em lei por meio do anexo de redução proporcional de impostos (expresso em porcentagem). Prevê a deliberação dos casos omissos em lei por um colegiado (Conselho Municipal de Meio Ambiente) do qual fazem parte o poder executivo e legislativo e sociedade civil

Lei federal 6766/ 1979 ou Código Civil * substituído pelo Novo Código Civil

Fonte : elaborado com info de Klüppel(1990), Pilotto(2003a), Pilotto(2003b), Trindade Et Al. (1997), Küster In Matiello (2001), Lorusso & Sá (1992), Lima et al (2000).

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