• Nenhum resultado encontrado

Com a exploração imobiliária acelerada, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, pelas melhorias infra-estruturais, econômicas pelas quais o país passou ocorreu uma acelerada restrição a criação de áreas verdes e a manutenção das existentes para dar lugar a cidade edificada. Em décadas anteriores as áreas de lazer para a população não eram preocupação do Poder Público em virtude de espaço livre e áreas verdes nativas serem muito extensas.

De acordo com Trindade et al.(1997), Marcondes (2002), Matiello (2001) o Departamento Municipal de Planejamento e Urbanismo foi criado na década de 50 para solucionar as inundações freqüentes, driblar a deterioração ambiental, a ausência de áreas verdes e de opções de lazer, os loteamentos clandestinos, déficit habitacional e viário, entre outros problemas influiu para que houvesse maior controle ambiental restrições a loteamentos, resíduos, entre outros. Pouco a pouco o Plano Agache foi abandonado.

174

planejamento foi responsável pelo empreendimento de diversas obras de saneamanto, retificação de leitos dos rios Belém, Barigüi, Bacacheri, Ivo e Juvevê. Outras ações tentaram coibir loteamentos nas proximidades dos rios e preservar matas ciliares, mas, no entanto esses problemas continuam a existir até os dias atuais.

Para Trindade et al. (1997) na década de 70 Curitiba ainda não haviam solucionado aqueles problemas infra-estruturais de 1950 que haviam piorado com o passar do tempo.

Segundo a mesma autora em 1971 ocorreu a reafoirmação do Sistema de Áreas Verdes (SAV)101 com finalidades de saneamento público, estéticas e recreativas pelo eng. Nelson B. Moreira e eng. Prestes Maia, dando preferência para os fundos de vale para implantação de parques públicos de lazer e preservação de matas nativas,de mananciais e controle de enchentes.

Outra iniciativa foi a arborização de ruas e praças com o plantio de 60 mil mudas em parceria com a população. A Diretoria de Parques e Praças passou a ter mais autonomia a partir de 1971 e em 1974 foi criada a Assessoria técnica de Parques e Praças, vinculada ao Gabinete o Prefeito. O Primeiro Mapeamento de AV e Plano de Arborização Urbana foi realizado nessa ocasião.

Com a criação da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) somando quase 1 milhão de habitantes houve a necessidade de elaborar o Plano de Desenvolvimento Integrado (PDI) de acordo com Menezes (1996) para controlar o crescimento metropolitano.

Hoje a RMC congrega 20 municípios num total de 2.500.000 de habitantes,(Bindo,2000).

6.10.1 Detalhes do Planejamento Baseado no Plano Agache

Conforme Dunin (1990) a mudança urbanística em Curitiba que modificou as feições da cidade para a modernidade ocorreu com o Plano Serete. Apesar de que a tradição urbanística estivesse presente a partir dos anos 40 com o Plano Agache as mudanças representativas ocorreram apenas a partir de 1971. Tanto o plano Agache quanto o Serete foram impostos pelo Poder Público. O primeiro reproduzia uma cidade clássica, cuja estimativa habitacional seria de 150 mil habitantes. Muitas das características podem ser percebidas ainda nos dias atuais, centros comerciais, bairros nobres e eixos determinantes.

101

O projeto do SAV foi também sugerido pelo engenheiro paulista Prestes Maia. A consultoria se baseou na análise do sítio urbano global apoiado em vôos aéreos em Curitiba reforçou as recomendações do Plano Agache para preservação dos fundos de vale dos rios e córregos, (Braga, 1990).

175

Para Mazza (1990) até 1950 Curitiba era um a cidade universitária, cujas características e estruturação social ocorria em função dos acadêmicos. Eles eram o centro das atenções e inovavam nos esportes e recreação rompendo com as tradições da população.

De acordo com o depoimento de Braga (1990) no início da década de 40 já havia desenvolvimento urbano muito intenso em Curitiba. A partir desta demanda foi contratado o Plano Agache (1943) para ordenar o desenvolvimento. O Plano Agache era muito bom, mas precisava ser revisto em 1954 devido a expansão urbana extrapolar a área prevista e em função do plano prever o sistema viário mas não conter disposições sobre o zoneamento. Para o mesmo entrevistado a gestão em Curitiba sempre ocorreu segundo os critérios de Agache. A criação do Depto de Planejamento e Urbanismo influenciou na elaboração do Plano Urbanístico de Curitiba, Planos de Recreação e organização de parques municipais e arborização.

Por outro lado, conforme Raiz (1990) o I Plano Diretor de Curitiba; o Plano Agache não possuía muita preocupação com a preservação além do problema das desapropriações que propunha. Não foram acrescidas mudanças up to date no plano Agache o que implicou em sua obsolescência. A inovação do Plano Serete em relação ao Plano Agache foi a proteção das áreas residenciais concentrando a zona industrial, definindo as linhas mestras de saída da cidade e do sistema de transporte interligado ao projeto de desenvolvimento.

Klüppel (1990) também destacou a necessidade de preservação de fundos de vale e leitos de várzeas para que não fossem ocupados para a construção de casas.

6.10.2 Plano Serete- “uma repetição do plano Agache” x Plano Alternativo

As análises que precederam o Plano Serete (1964-65) realizadas pela paisagista Rosa Kliass indicaram existir uma idéia errônea de que Curitiba era uma “cidade verde”. Através de simulações foi comprovado que o “verde” existia nos jardins e páteos, a medida que as casas fossem demolidas e construídos os prédios o “verde “desapareceria. A partir dessa constatação iniciou a política de reflorestamento e implantação de parques, (Rischbieter,1990).

Para Oliveira (1990) o Plano Serete102 não era um plano novo para Curitiba, mas uma repetição do plano Agache. Era um plano com um novo nome, mas uma idéia antiga e superada. O traçado básico do plano Serete constituía em cópia mal-ajustada, injustificada do Plano Agache.

102

Cf. Rischbieter (1990) o financiamento do Plano Serete de Curitiba pela CODEPAR/BADEP ocorreu em função de condição sine

176

O Plano Serete delineava em projeto, por exemplo, a vias radiais e perimetrais de Agache. De acordo com o entrevistado o arquiteto paulista Jorge Wilheim desconhecia a realidade existente no município de Curitiba e pretendia impor à cidade seu projeto sem conhecer as suas necessidades, vocações de uso e tendências de crescimento. Em 1960 era necessário que o planejamento urbano ocorresse de acordo com uma proposta sintonizada com as tecnologias disponíveis, frente as quais o plano Agache era obsoleto e restrito. Realmente, aquele tinha características positivas para a década de 40 e 50, contraditoriamente diversas delas foram incorporadas ao Plano Serete.

Concomitante ao Plano Serete foi elaborado um Plano Alternativo, mas esse foi descartado pelo Poder Público. Esse pretendia equacionar a situação a fim de evitar problemas urbanos posteriores. Nele o traçado de malha urbana não ortogonal era adaptado a topografia da cidade, a hidrografia, elevações e declividades e integração social da população. Ao contrário o Plano Serete segregava ricos e pobres, estipulava zoneamento e critérios rígidos para a localização de funções urbanas. Não permitia aos habitantes participação das decisões sobre a cidade. Em síntese aquele era um Plano Diretor Viário conjugando ruas e avenidas, no qual a localização de atividades em 1965 se deu a esmo no mosaico urbano,foi também isenta de análises e critérios técnico-científicos, exemplificada pela localização ao acaso de zona industrial no Centro Cívico.