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Instrumentos utilizados nos estudos de Validade Convergente e Divergente

Capítulo V: Estudo I Construção da Escala de Desenvolvimento Grupal no

5.4. Instrumentos utilizados nos estudos de Validade Convergente e Divergente

Com a finalidade de realizarmos o estudo psicométrico da Escala de Desenvolvimento Grupal no Desporto (EDG_D), nomeadamente no que diz respeito à validade concorrente procedemos à aplicação de um de conjunto de outros instrumentos, designadamente: a Escala de Avaliação do Conflito Intragrupal (EACI-F) (Dimas, 2007), a Portuguese Job Related Affective Well-Being Scale (PJAWSN), resultante do trabalho de adaptação realizado por Ramalho, Monteiro, Lourenço e Figueiredo (2008) para a língua portuguesa e para o contexto de grupos a partir do Job Related Well-Being Scale, (JAWS) desenvolvida por Katwyk, Fox, Spector e Kelloway (2000); e o Questionário de Percepção de Desenvolvimento de Equipas (PDE) (Miguez & Lourenço, 2001).

5.4.1. Escala PJAWSN - Portuguese Job Related Affective Well -

Being Scale (Ramalho, Monteiro, Lourenço & Figueiredo, 2008)

A PJAWSN - Portuguese Job Related Affective Well - Being Scale - segundo Ramalho et al. (2008) (Cf. Anexo B, pp. 8) possibilita a identificação e a avaliação da ocorrência de emoções negativas e positivas em contextos de grupos de trabalho.

A PJAWSN resultou de um trabalho de adaptação da JAWS (Job Related Affective Well-Being Scale) construída por Katwyk et al. (2000). Este trabalho de adaptação foi realizado por Ramalho et al. (2008).

A JAWS, na sua versão original, procurava medir as emoções que o trabalho provocava nas pessoas, consideradas individualmente, registando a frequência de 30 emoções (negativas e positivas) em função do seu nível de activação (Ramalho et al., 2008).

Mais especificamente, Ramalho et al. (2008) desenvolveram um trabalho de adaptação da JAWS, para a língua portuguesa, aplicando-a em contexto dos grupos de tarefa, procurando identificar emoções grupais na situação normal, isto é, sem apelar à evocação, por parte dos inquiridos, de qualquer situação específica ocorrida no grupo. Em termos de estrutura, a PJAWSN é composta por 28 itens (15 itens referentes a emoções negativas e 13 itens relativos a emoções positivas) que medem as emoções experienciadas no contexto de grupos de trabalho, utilizando uma escala do tipo Likert que varia entre 1 (Nunca) até 5 (Sempre).

No trabalho desenvolvido por Ramalho et al. (2008) o instrumento revelou boas qualidades psicométricas (Alpha de Cronbach associado às emoções negativas de .87 e emoções positivas de .91).

Estudo das Qualidades Psicométricas da PJAWSN

Uma vez que o instrumento utilizado se encontrava previamente validado por Ramalho et al. (2008), como vimos anteriormente, efectuámos somente a análise da consistência interna através do cálculo do Alpha de Cronbach e da análise das correlações entre cada um dos itens e a dimensão em que se inserem, procedimento assumido como a melhor estimativa de fidelidade de um teste (Muñiz, 2001; Nunnaly, 1978). Com base na consulta do Quadro 9 podemos constatar que, no presente estudo, ambas as dimensões, emoções positivas e emoções negativas, apresentam excelentes níveis de consistência interna (α =.94 para a dimensão emoções positivas e α =.94 para a dimensão emoções negativas)7.

Podemos igualmente observar no Quadro 9 que nenhum item, quando eliminado, iria aumentar o Alpha. Para além disso, a totalidade dos itens correlaciona-se com a respectiva dimensão acima do valor de referência de .30, sugerido por Bryman e Cramer (2001), apresentando correlações moderadas a elevadas com a dimensão em que se inserem, com excepção do item 15, com uma correlação de .35, considerada baixa.

7Nunnally (1978), consideram um valor de Alpha de Cronbach superior a.90, excelente; entre .80 e .90, bom; entre .70

Quadro 9 – PJAWSN: Valores do Alpha de Cronbach e correlações item/dimensão (n=43) Dimensões Média Desvio

Padrão

Correlação item/dimensão

Alpha total

sem o Item Alpha Emoções Positivas .94 Itens 1 4.07 .93 .58 .94 4 3.66 1.05 .80 .94 6 3.38 1.07 .73 .94 7 3.72 1.14 .84 .93 10 3.69 1.05 .83 .93 11 3.69 .98 .67 .94 12 3.80 1.05 .79 .94 13 3.21 1.11 .74 .94 16 3.96 1.03 .75 94 20 3.77 .97 .66 .94 21 2.81 1.13 .66 .94 27 3.35 1.10 .75 .94 28 3.77 1.06 .58 .94 Emoções Negativas .95 Itens 2 2.11 1.04 .79 .93 3 1.75 .86 .60 .94 5 2.02 1.01 .77 .93 8 2.08 1.16 .83 .93 9 1.93 .95 .81 .93 14 2.02 1.13 .84 .93 15 2.80 1.19 .33 .95 17 2.49 1.30 .74 .93 18 1.74 .93 .80 .93 19 2.29 1.14 .76 .93 22 2.14 1.01 .64 .93 23 1.85 1.06 .84 .93 24 2.89 1.09 .36 .94 25 1.97 .99 .71 .94 26 1.98 1.14 .64 .94

5.4.2. Escala de Avaliação do Conflito Intragrupal (EACI-F)

(Dimas, 2007)

Com o propósito de medirmos a frequência de conflitos nas dimensões tarefa e socioafectiva, optámos por utilizar a Escala de Avaliação do Conflito Intragrupal (EACI-F) (Cf. Anexo B, pp. 10) de Dimas (2007).

Esta escala foi construída por Dimas (2007) e avalia as duas dimensões do conflito já mencionadas (socioafectiva e tarefa), recorrendo a uma escala de resposta tipo Likert de sete pontos, onde a expressão central é “acontece” (1 – nunca acontece; 2 – acontece muito pouco; 3 – acontece pouco; 4 – acontece algumas vezes; 5 – acontece bastantes vezes; 6 - acontece muitas vezes; 7 – acontece sempre). A escala é composta por nove itens, sendo que cinco medem a dimensão tarefa e quatro a dimensão socioafectiva.

Os respondentes, recorrendo à escala de Likert apresentada anteriormente, devem indicar com que frequência surge tensão no seu grupo de trabalho, motivada pelas diversas situações apresentadas.

Dimas (2007) validou a EACI-F com base na realização de dois estudos para atestar as suas qualidades psicométricas. No primeiro estudo, os 9 itens da EACI-F foram submetidos a uma análise em componentes principais (ACP), que conduziu a uma solução de 2 factores, capazes de explicar 63.00% da variância total. O primeiro factor mede a dimensão tarefa do conflito intragrupal (5 itens), enquanto que o segundo factor avalia a dimensão socioafectiva (4 itens). O valor do Alpha de Cronbach foi .85 para a dimensão tarefa e .80 para a dimensão socioafectiva.

Por seu turno, no segundo estudo, recorreu-se à Análise Factorial Confirmatória, o que possibilitou a confirmação da bidimensionalidade da escala e demonstrou as suas adequadas qualidades psicométricas.

Importa acrescentar que a EACI-F foi igualmente utilizada em outras investigações que atestaram igualmente as boas qualidades psicométricas (e.g., Bastos, 2008; Guimarães, 2009; Marques, 2010; Monteiro, 2007)8.

Estudo das Qualidades Psicométricas da EACI-F

Em virtude da EACI-F já se encontrar validada pela sua autora (Dimas, 2007), optámos por analisar somente a sua consistência interna, a qual foi avaliada através do cálculo do Alpha de Cronbach e da análise das correlações entre cada um dos itens e a dimensão em que se enquadram.

Com base na análise do Quadro 10 é possível apurar que as dimensões Tarefa e Socioafectiva apresentam bons níveis de consistência interna (α =.90 e α =.85 respectivamente) significativamente acima do valor de referência de .70 (Nunnally, 1978), corroborando os valores obtidos nos estudos anteriores a que nos referimos. Por outro lado, ainda com base na consulta do Quadro10, podemos observar que a totalidade dos itens se

correlaciona com a respectiva dimensão bastante acima do valor de referência de .30 (Bryman & Cramer, 2001). Os resultados mostram, igualmente, que nenhum item quando eliminado iria aumentar o Alpha, sugerindo, desta forma, que a totalidade dos itens deveria ser mantida.

Quadro 10 – EACI-F - Valores do Alpha de Cronbach e correlações item/dimensão (n=438)

Dimensões Média Desvio Padrão Correlação Item/Dimensão Alpha total sem o Item Alpha Tarefa .90 Itens 2 2.84 1.43 .74 .88 5 3.65 1.64 .75 .88 6 3.52 1.57 .81 .87 7 2.75 1.44 .70 .89 8 3.18 1.56 .77 .87 Socioafectiva .85 1 3.01 1.53 .74 .78 3 3.24 1.50 .73 .79 4 2.90 1.44 .58 .85 9 3.13 1.50 .70 .80

5.4.3. Percepção de Desenvolvimento de Equipas (PDE) (Miguez

& Lourenço, 2001)

O instrumento designado por Percepção de Desenvolvimento de Equipas (PDE) (Cf. Anexo B, pp. 12) construído por Miguez e Lourenço (2001), permite identificar, com base na descrição de quatro cenários, assentes no MIDG, a fase de desenvolvimento em que o grupo de trabalho se encontra. Cada cenário descreve um conjunto de processos grupais, simultaneamente centrais em qualquer grupo e específicos de cada uma das quatro fases desenvolvimentais propostas pelo modelo em que se apoia.

Aos inquiridos é solicitado que seleccionem o cenário (um único cenário, de entre os quatro apresentados) que consideram que melhor caracteriza o seu grupo/equipa no momento em que é aplicado o instrumento. Importa relevar a necessidade de deixar bem claro que os

respondentes não deverão direccionar a sua escolha no cenário por eles desejado, mas sim, no que efectivamente descreve o que acontece na sua equipa naquele momento.

O PDE foi objecto de estudos de validade de conteúdo, realizados por Lourenço (2002). Num primeiro momento, e após a elaboração da primeira versão dos quatro cenários descritivos de cada nível de existência grupal, procedeu-se à sua apresentação e discussão com um painel de especialistas, constituído por investigadores e docentes das Faculdades de Psicologia e Ciências da Educação das Universidades do Porto e de Coimbra.

Após se proceder a uma análise minuciosa da totalidade das afirmações que cada cenário continha, com base no conhecimento científico e na sua experiência relativa aos grupos/equipas de trabalho, os investigadores e docentes mencionados, procederam a um conjunto de sugestões relativas à redacção de cada cenário.

Na segunda fase do processo conducente à validação do conteúdo do PDE, o instrumento foi aplicado a estudantes da Licenciatura em Psicologia e do MBA em Gestão (cerca de 40 sujeitos no total). Procedeu-se, em seguida, a uma reflexão falada, com o propósito de serem identificados problemas relativos à compreensão das instruções e do conteúdo dos diversos cenários. Adicionalmente, foi solicitado a cada sujeito que identificasse os itens de um Questionário do Desenvolvimento Grupal (QDEG), que foi construído tendo por base o Modelo Integrado de Desenvolvimento de Grupos de Wheelan (1990, 1994) e que avaliva o estádio de desenvolvimento grupal, que corresponderia a cada cenário do PDE (Lourenço, 2002). Os resultados revelaram uma elevada correspondência item-cenário/fase desenvolvimental.

A partir da sua validação o PDE tem sido utilizado em diversas investigações (e.g., Dimas, 2007; Guimarães, 2009; Marques, 2010; Peralta, 2009) obtendo bons resultados relativamente à capacidade de predição da fase de desenvolvimento grupal em que as equipas se encontram.