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intervenções que tenham sido desenvolvidas com o candidato

No documento guia apoio rvcc (páginas 41-45)

anteriormente, o Portefólio ganha, desde o início da etapa de reconhecimento, a sua condição de instrumento do processo, consistindo parte do trabalho dos técnicos avaliar se os comprovativos que o integram reflectem ou não o domínio das tarefas/unidades de competência do referencial de RVCC profissional, face ao qual o candidato está a ser avaliado. Quando este é o caso, a intervenção do profissional de RVC tende a ser mais ágil, não se justificando processos de identificação de competências muito pormenorizados, pois o próprio Portefólio apresenta-se já bastante consolidado e estruturado, cabendo, neste caso, apoiar o candidato a melhorar a sua organização, em função da Ficha de percurso profissional e de formação que preencheu.

Em qualquer das situações, a Ficha de percurso profissional e de formação preenchida constitui sempre parte integrante do Portefólio do candidato no momento em que se inicia a intervenção do tutor de RVC.

Em conjunto com a Grelha de auto-avaliação, o Portefólio é, assim, analisado pelo tutor de RVC o qual, a partir daí, e caso se justifique, dá início ao preenchimento da Ficha de análise do Portefólio, e informa o candidato acerca de outros possíveis comprovativos que este pode recolher, em função do seu percurso e experiência, de forma a provar, de forma consistente, o exercício de determinadas tarefas.

Embora o Portefólio vá sendo enriquecido no decorrer do processo, o maior apoio do tutor de RVC na recolha de comprovativos deve ser feito na fase anterior ou imediatamente após uma primeira entrevista com o candidato e, eventualmente, resultar no preenchimento da Ficha de análise do Portefólio (c.f. ponto 3.6.3). Esse apoio pode, também, ser mais ou menos intenso, dependendo do grau de autonomia revelado pelo candidato.

Após a intervenção, necessariamente mais genérica e ao mesmo tempo mais abrangente e ampla, do profissional de RVC, o tutor de RVC, porque possui um domínio técnico relativamente à saída profissional face a qual o candidato está a ser avaliado, deve permitir uma maior consolidação do Portefólio, em dois sentidos: por um lado, ao garantir que a informação e os comprovativos nele constantes constituem, verdadeiramente, evidências credíveis da execução de determinadas tarefas pelo candidato; e, por outro lado, ao “dirigir” melhor o trabalho de recolha de elementos e comprovativos por parte do candidato, em função do seu percurso e experiência técnica na área profissional.

Os resultados da entrevista técnica, bem como das demonstrações práticas desenvolvidas no âmbito da etapa de reconhecimento, de validação e/ou de certificação do processo de RVCC devem também integrar o Portefólio, na medida em que constituem, eles próprios, uma forma de comprovar o domínio da execução de determinadas tarefas/evidência de determinadas competências.

Quando necessário, o Portefólio poderá incluir registos da equipa técnico-pedagógica do Centro Novas Oportunidades, que explicitem a forma como determinados elementos e comprovativos, aí constantes, aferem o domínio que o candidato tem da execução de determinadas tarefas.

O Portefólio é propriedade do candidato, com ele devendo permanecer ao longo e após a conclusão do processo de RVCC. Acompanha o candidato no caso de ser encaminhado para um percurso formativo externo ao Centro Novas Oportunidades e, nesse contexto, continua a ser desenvolvido e consolidado, com base nas competências que for adquirindo.

Quando o candidato, após um processo de auto-formação ou de formação em posto de trabalho, regressa ao Centro Novas Oportunidades, a validação das competências adquiridas é feita perante a equipa do Centro que, neste contexto específico, desenvolve uma sessão de validação (profissional de RVC, tutor de RVC e avaliador de RVC), com base na comparação entre o PPQ e as evidências constantes do Portefólio. Tal como referido no ponto 2.1 (Etapa D2), caso a informação e os comprovativos integrados no Portefólio não sejam considerados consistentes para a validação das competências em falta, serão novamente mobilizados os instrumentos de avaliação que permitam uma explicação oral ou uma demonstração prática dessas mesmas competências, devendo o resultado da sua aplicação integrar o referido Portefólio.

Uma vez concluída a sessão de validação, o candidato é “encaminhado” para a sessão de júri de certificação, na qual apresentará o seu Portefólio devidamente consolidado e em função do Referencial da saída profissional onde pretende obter a qualificação.

3.6 Aplicar os instrumentos do “kit de avaliação”

3.6.1 Do Referencial de RVCC profissional ao “kit de avalia-

ção”

O ponto 1.3 refere que é a partir do Referencial de RVCC profissional definido para cada saída profissional específica que são construídos os cinco instrumentos de avaliação através dos

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quais se operacionalizam os processos de RVCC profissional. Estes instrumentos obedecem à mesma estrutura que o Referencial de RVCC profissional: encontram-se organizados em unidades de competência (que mantêm correspondência com Unidades de Formação de Curta Duração do respectivo Referencial de formação tecnológica que consta do CNQ) e, dentro dessas, identificam-se as tarefas específicas.

Assim, as unidades de competência são as unidades de referência a partir das quais se estrutura o “kit de avaliação”, e integram o conjunto de tarefas, conhecimentos e saberes sociais e relacionais a elas associados, relativamente aos quais o candidato é avaliado. As tarefas correspondem ao conjunto de acções observáveis, ou seja, constituem as unidades mínimas de observação e avaliação no âmbito dos processos de RVCC profissional, através das quais o candidato demonstra o domínio das competências requeridas para a validação de cada unidade de competência.

3.6.1.1 Unidade de Competência e tarefas nucleares e não nucleares

As diversas tarefas têm em cada “kit de avaliação” importância distinta, uma vez que, numa dada profissão, o seu grau de importância também é diferenciado. Esta diferenciação evita que um candidato “sofra” a mesma penalização, no caso de não saber desempenhar uma tarefa considerada imprescindível (nuclear) numa determinada profissão, e no caso de não saber desempenhar uma tarefa considerada pouco relevante. Traduz-se, nos vários instrumentos de avaliação, em diferentes ponderações atribuídas a cada uma delas, numa escala de 1 a 5:

5 – Tarefa nuclear, isto é, considerada fundamental e imprescindível no âmbito da UC;

4 – Tarefa muito importante no âmbito da UC; 3 – Tarefa importante no âmbito da UC;

2 – Tarefa de importância relativa no âmbito da UC; 1 – Tarefa pouco importante no âmbito da UC.

Ao grau de importância de um conjunto de tarefas está associado o grau de importância da correspondente unidade de competência. Assim, uma unidade de competência que contenha uma ou mais tarefas nucleares é considerada, ela própria, uma unidade de competência nuclear, isto é, fundamental no âmbito do respectivo Referencial de RVCC profissional, o que significa que, se não for validada, condiciona a atribuição

de uma certificação profissional ao candidato. Tal permite considerar que as unidades de competência nucleares têm um carácter eliminatório para a atribuição de certificação.

Independentemente das diferentes ponderações/nuclearidade das tarefas e da nuclearidade das unidades de competência previamente definidas no Referencial de RVCC profissional e nos respectivos instrumentos de avaliação, compete ao tutor de RVC e ao avaliador de RVC, no decorrer do processo de RVCC profissional e da aplicação desses instrumentos, atribuir uma classificação/pontuação a cada uma das tarefas avaliadas, numa escala de 1 a 5, em que:

5 – Executa muito bem a tarefa; 4 – Executa bem a tarefa;

3 – Executa satisfatoriamente a tarefa; 2 – Executa de forma insatisfatória a tarefa; 1 – Não executa a tarefa.

Deste modo, a mobilização dos diversos instrumentos de avaliação pressupõe a atribuição de uma pontuação a cada tarefa, utilizando a escala acima descrita.

3.6.1.2 Condições de validação (certificação das unidades de competência e das tarefas)

As competências do candidato são avaliadas por unidade de competência, ficando a validação destas dependente da verificação, em simultâneo, das duas condições seguintes:

A pontuação atribuída ao candidato em cada uma das tarefas nucleares tem de ser igual ou superior a 3. A média ponderada das pontuações atribuídas ao somatório das tarefas (nucleares e não nucleares) tem de ser igual ou superior a 3.

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Se o candidato não demonstrar que sabe executar uma tarefa nuclear, não será validada a correspondente UC, mesmo que a execução das restantes tarefas que integram essa UC fique demonstrada. Deste modo, pode afirmar-se que as tarefas nucleares têm um carácter eliminatório, também para a validação das UC onde se integram.

Inversamente, as tarefas não nucleares, embora sendo importantes para a obtenção dos resultados finais, não têm um carácter eliminatório. Tal significa que, ao contrário do que se passa com as tarefas nucleares, caso o candidato não saiba

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desempenhar uma tarefa não nuclear, isso não conduz, de forma

imediata e automática, à não validação da correspondente UC. Assim, a diferenciação do grau de importância das várias tarefas integradas numa dada UC é essencial para efeitos de tomada de decisão relativamente à validação ou não da referida UC. A categorização das tarefas enquanto nucleares e não nucleares permite, pois, fazer opções relativas à validação/certificação de competências.

Por seu turno, a certificação total do candidato relativamente à saída profissional no âmbito da qual desenvolve o processo de RVCC depende da validação de diferentes unidades de competência o que significa, em termos operatórios, e de acordo com as regras acima enunciadas, a verificação, em simultâneo, das duas condições seguintes:

• Estão validadas todas as UC nucleares.

• Estão validadas pelo menos 50% das UC não nucleares. A verificação destas duas condições implica, necessariamente, que todas as unidades de competência que integram o Referencial de RVCC profissional face ao qual o candidato está a ser avaliado, sejam objecto de avaliação no decorrer do processo de RVCC.

Para cada “kit de avaliação”, a plataforma informática permite, de forma automática, processar os cálculos necessários, em função das diferentes ponderações pré-definidas para as tarefas e das diferentes pontuações que o tutor e/ou o avaliador de RVC lhes atribuem, e tendo em consideração as regras de avaliação acima expostas. Desta forma, embora no decorrer do trabalho directo dos técnicos junto do candidato, os instrumentos devam ser utilizados em suporte papel, os resultados daí decorrentes devem ser registados na referida plataforma informática de modo a garantir o cálculo automático que permite concluir, de imediato, acerca da condição de validação ou não validação das unidades de competência, e consequente certificação do candidato.

Ao longo do processo avaliativo e, em particular, à medida que os diversos instrumentos de avaliação forem sendo aplicados, o candidato deve ser enquadrado pelo tutor de RVC e/ou avaliador de RVC, participando, através dos procedimentos de auto- avaliação, nas decisões que forem sendo tomadas.

Por último, é oportuno observar as implicações que, do ponto de vista da operacionalização do processo, resultam do facto de o RVCC servir, simultaneamente, um objectivo certificativo e

um objectivo de posicionamento em percursos de formação à medida das necessidades de cada candidato.

De facto, é importante frisar que o processo de RVCC tem de resultar do equilíbrio que deve existir entre as características das organizações e do emprego de cada candidato (que condicionam largamente o tipo de tarefas que este sabe executar e a forma como as executa) e as evoluções tecnológicas, técnicas e organizacionais que ocorrem nas diversas profissões.

Ou seja, a avaliação que tutores de RVC e avaliadores de RVC fazem no âmbito do processo de RVCC profissional não deve limitar-se a considerar as características do posto de trabalho de cada candidato (que podem ser condicionantes, quando esse posto de trabalho se baseia em práticas obsoletas), mas antes encarar o processo como uma oportunidade de promover a melhoria da sua qualificação e a sua actualização permanente. Considere-se o exemplo da segurança, higiene e saúde (SHS) que, não se traduzindo directamente em nenhuma tarefa concreta, é um tema repetidamente associado a muitas tarefas, de um grande número de referenciais de RVCC profissional. Nestes casos, pela sua relevância, a temática não pode ser ignorada no trabalho do tutor de RVC e no do avaliador de RVC. Ou seja, mesmo que o candidato trabalhe numa organização que não reúna condições para o cumprimento das regras de SHS indicadas no “kit de avaliação”, este tema deverá ser obrigatoriamente trabalhado no decurso do processo de RVCC profissional, sempre que seja relevante para a execução das tarefas.

O tutor de RVC e o avaliador de RVC deverão reflectir sobre a atitude global do candidato face ao cumprimento destas regras, sendo que uma avaliação menos positiva a este nível justificará uma anotação a este respeito no Plano Pessoal de Qualificação, o qual deve dar indicações precisas sobre a necessidade do candidato desenvolver estas competências, em formação posterior ou em prática real de trabalho.

3.6.2 Aplicar a Grelha de auto-avaliação

A Grelha de auto-avaliação constitui o ponto de partida do reconhecimento de competências profissionais, a partir do posicionamento do candidato face ao conjunto de tarefas/ unidades de competência que integram o referencial de RVCC relativo à saída profissional na qual se centra o processo de RVCC em curso.

Como o próprio nome sugere, é um instrumento de auto- preenchimento, que permite o auto-diagnóstico do candidato.



Este deve preenchê-la, nela registando se, sim ou não, sabe executar uma a uma, as tarefas aí listadas. O auto-diagnóstico antecipa, a partir de percepções pessoais do candidato, as suas áreas de força e de fraqueza face ao referencial em causa, sendo necessário, no decurso do processo, confirmar a fiabilidade dessa auto análise.

O preenchimento da Grelha de auto-avaliação marca o início da intervenção do tutor de RVC na etapa de reconhecimento de competências. Frequentemente, é feito na última sessão de trabalho de reconhecimento com o profissional de RVC, na qual também está presente o tutor de RVC. A presença deste último é imprescindível por razões que se prendem com a natureza do instrumento, que é específico de uma dada saída profissional e, como tal, tem de ser aplicado por alguém com pleno domínio da terminologia e dos conteúdos técnicos em causa.

Neste âmbito, o papel do tutor de RVC relativamente à Grelha de auto-avaliação é essencialmente de dois tipos:

• apoio directo ao seu preenchimento, apenas nos casos em que as características do candidato o justifiquem, descodificando a linguagem técnica associada às tarefas, e “traduzindo-a” em termos reconhecíveis pelo candidato; • análise da coerência dos “sim” e “não” nela registados, face

aos conteúdos do Portefólio (que inclui a Ficha de percurso profissional e de formação) e à informação que lhe for veiculada pelo profissional de RVC relativa ao candidato, tendo em vista a preparação da entrevista técnica.

Este “cruzamento” da informação registada na Grelha de auto- avaliação com as evidências identificadas no Portefólio e com a informação que o profissional de RVC possa adiantar sobre o candidato é fundamental para minorar a subjectividades inerente aos processos de auto-avaliação.

Por esta razão, aliás, é importante destacar que a Grelha de auto- avaliação não possui efectivo valor avaliativo, na medida em que o seu preenchimento nunca determina, por si só, a validação ou não validação de tarefas/unidades de competência. De facto, o auto-diagnóstico constitui, como se referiu, uma importante base de trabalho para o tutor de RVC, mas não determina a avaliação propriamente dita que este terá de prosseguir.

3.6.3 Preencher a Ficha de análise do Portefólio

A Ficha de análise do Portefólio é um instrumento que deve ser utilizado pelo tutor de RVC na etapa de reconhecimento de competências, após a aplicação da Grelha de auto-avaliação, e

antes ou logo após a realização da entrevista técnica.

Com base na verificação/análise dos comprovativos já reunidos e devidamente contextualizados pelo candidato, na análise da Grelha de auto-avaliação preenchida e na informação veiculada pelo profissional de RVC, o tutor de RVC avalia se tem condições de validar alguma tarefa, assinalando-o, em caso afirmativo, na Ficha de análise do Portefólio.

O Portefólio (e, consequentemente, a respectiva Ficha de análise) possui, deste modo, valor avaliativo na medida em que pode conduzir à validação de tarefas. O contrário, contudo, não é verdadeiro, uma vez que não é possível concluir que determinadas tarefas não podem ser validadas, apenas com base no processo de recolha de comprovativos/análise do Portefólio. Tal significa, na prática, que só as tarefas validadas por via da análise do Portefólio é que não têm de ser, necessariamente, avaliadas através do recurso a outros instrumentos de avaliação.

No entanto, esta possibilidade avaliativa tem de ser gerida de forma prudente, na medida em que, frequentemente, o que é apresentado como um comprovativo constante de um Portefólio não constitui em si mesmo prova suficiente de que o candidato detém determinadas competências, tornando-se necessária, no decorrer do processo de RVCC profissional, a mobilização de outros instrumentos de avaliação para verificar a sua fiabilidade.

Em alguns casos (e compreendem-se como casos excepcionais), o desenvolvimento do processo de RVCC profissional (e, muito frequentemente, a realização da entrevista técnica) pode conduzir à revisão do preenchimento da Ficha de análise do Portefólio, sobretudo no sentido em que permita concluir que, afinal, determinado documento, que parecia comprovar o domínio de execução de uma tarefa, não era consistente e fiável.

Nesta situação, o resultado da nova verificação da tarefa deve ser registado no Guião de entrevista técnica ou ainda nos instrumentos de avaliação relativos à demonstração prática, se houver necessidade de recorrer a estes. No âmbito da plataforma informática, este segundo registo/alteração elimina automaticamente o registo anterior, que tinha sido feito na Ficha de análise do Portefólio.

A Ficha de análise do Portefólio pode ainda ser preenchida logo após a entrevista técnica quando, na sequência desta, o tutor de RVC proponha ao candidato a reunião e contextualização de mais informação e respectivos comprovativos. Nesta situação, e caso os novos elementos sejam considerados fidedignos,



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