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Esta pesquisa tem como objeto principal identificar fatores preponderantes para como um processo formativo de professores da educação profissional de área técnica de modo que esses professores atuem como agentes formadores de alunos-leitores da educação de jovens e adultos, que frequentam curso de formação inicial e continuada ofertado pelo Centro de Educação de Jovens e Adultos da Asa Sul – CESAS, uma escola diferenciada em virtude da sua oferta de cursos dedicada ao atendimento do público da educação de jovens e adultos (EJA) no Distrito Federal.

Embora o ensino da leitura tenha sua centralidade no aluno da EJA, enfocamos tal questão sob o ângulo do professor de educação profissional e tecnológica de área técnica que atua na educação de jovens e adultos, discutindo como esse profissional se insere no mencionado cenário em relação à formação de alunos leitores, ou seja, colaborar no ensino da leitura.

Para tanto, o presente estudo está organizado em 05 (cinco) capítulos.

Depois dessa introdução, serão tratados os elementos teóricos que sustentam os questionamentos da pesquisa, focando nos seguintes pontos: concepções de leitura, letramento e conceitos que permitem entender a complexidade do ato de ler a partir de requisitos para compreensão textual e demais pontos relacionados à leitura.

Ainda no segundo capítulo, serão levantadas outras discussões as quais permitem vislumbrar a relação entre o ensino da leitura e a educação profissional e tecnológica.

Será abordada a metodologia aplicada durante a pesquisa, qual seja: a pesquisa participante, uma vertente metodológica situada na esfera da pesquisa qualitativa, esclarecendo assim os aspectos metodológicos que serviram de base para a intervenção no CESAS, desde a escolha da instituição e até produção de dados obtidos.

No capítulo subsequente, será abordada a metodologia aplicada durante a pesquisa, qual seja: a pesquisa participante, uma vertente metodológica situada na esfera da pesquisa qualitativa, esclarecendo assim os aspectos metodológicos que serviram de base para a intervenção no CESAS, desde a escolha da instituição e até produção de dados obtidos.

Na sequência, no quarto capítulo, demonstramos os principais apontamentos suscitados na produção dados. Por meio destes, é verificado como a leitura

acontece no âmbito de um curso de formação inicial e continuada (FIC) de assistente administrativo ofertado para alunos da educação de jovens e adultos, sob perspectiva das professoras. De modo que, é analisada a visão de leitura das professoras participantes e, sendo isto considerado um problema no EJA, investiga-se quais estratégias utilizam como resposta quando percebem que um ou mais alunos possuem dificuldade com a leitura.

No quinto capítulo, é apresentado o produto educacional, concebido na forma de um livreto em que buscamos abordar aspectos teóricos sobre leitura, com subsídios para que os professores de EPT (área técnica) possam trabalhar a leitura de textos técnicos ou não objetivando também o ensino da leitura e assim contribuindo na elevação da capacidade de leitura dos alunos.

Já a sexta e última parte trata das considerações finais, onde replicamos algumas ponderações contidas na análise das informações, trazendo à tona as reflexões mais relevantes do corpo deste trabalho, contemplando perspectivas e novas possibilidades de investigações que o tema em estudo suscitou.

Desse modo, o presente trabalho investigativo parte de um problema bem amplo: o analfabetismo funcional que, por sua vez, guarda íntima relação com as dificuldades de leitura no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA), tanto em virtude dos alunos terem muito dificuldade com a leitura de textos escritos, como pela ausência de acesso aos livros no ambiente doméstico ou de incentivo no espaço escolar.

Sendo assim, a importância deste estudo se justifica diante da Lei nº 13.005/2014, a qual aprova o Plano Nacional de Educação (PNE), responsável pela elaboração de um conjunto 20 (vinte) metas para educação nacional a serem cumpridas até 10 (dez) anos a partir de sua vigência.

Nesse contexto, entre tantas metas, destaca-se a seguinte: “elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015”, bem como “até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional”.

Ademais, o Relatório do 2º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em 2018, descortina uma série de dados, que permitem entender aspectos sobre a dimensão do problema do analfabetismo e do

analfabetismo funcional.

Percebemos, dessa maneira, que o analfabetismo funcional é uma referência relevante para uma compreensão preliminar do problema da leitura no contexto da educação de jovens e adultos, pois o tempo de escolarização do público com idade de 15 (quinze) anos ou mais entra na composição do conceito de analfabetismo funcional usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando, assim, o analfabeto funcional como aquela pessoa com menos de 04 (quatro) anos completos de estudos (INEP, 2000, p. 06).

Conforme os dados produzidos no citado relatório baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2016, o Brasil contava com 16,6%

(dezesseis vírgula seis por cento) de analfabetos funcionais.

Por meio de dados dispostos nesse relatório, observamos que o analfabetismo funcional é um fenômeno que acontece de forma heterogenia no Brasil. Na região Nordeste, a taxa de analfabetos funcionais representa 25,9%; na região Nordeste; Na região Norte, 20,2%; Na região Centro-Oeste, 15,9%; na região Sudeste, 12,8% e na região Sul representa 10,5%.

No que se refere as unidades da Federação, o documento (INEP, 2018, p.

173) faz a seguinte observação:

Todos os estados das regiões Sul e Sudeste obtiveram, em 2016, taxas de analfabetismo funcional abaixo da nacional (16,6%), enquanto que os três estados da região Centro-Oeste exibiram taxas iguais ou superiores à nacional: Mato Grosso do Sul (17,7%), Goiás (16,6%) e Mato Grosso (19,2%). O Distrito Federal foi a unidade da Federação com a menor taxa de analfabetismo funcional (9,3%), seguido por São Paulo (9,9%).

Convém-nos frisar, nesse cenário, que a educação de jovens e adultos constitui uma significativa resposta para o enfrentamento do analfabetismo funcional no Brasil. O que não se tem mensurado ainda é o grau de efetividade dessa resposta, ou seja, em que medida a oferta da EJA tem constituindo uma resposta à altura do problema refletida na qualidade do ensino. Essa incerteza se fundamenta na inexistência de avaliação oficial e confiável com relação ao ensino ofertado nessa modalidade.

De outro lado, diferente da metodologia utilizada pelo Inep, supra mencionada, a Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro, uma associação civil e uma organização não-governamental, respectivamente, ambas sem fins lucrativos,

construíram o Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional (Inaf), através do qual se considera que:

Alfabetismo é a capacidade de compreender e utilizar a informação escrita e refletir sobre ela, um contínuo que abrange desde o simples reconhecimento de elementos da linguagem escrita e dos números até operações cognitivas mais complexas, que envolvem a integração de informações textuais e dessas com os conhecimentos e as visões de mundo aportados pelo leitor. Dentro desse campo, distinguem-se dois domínios: o das capacidades de processamento de informações verbais, que envolvem uma série de conexões lógicas e narrativas, denominada pelo Inaf como letramento, e as capacidades de processamento de informações quantitativas, que envolvem noções e operações matemáticas, chamada numeramento (2018, p. 04).

Destacamos que, conforme o apontado acima, uma pessoa alfabetizada é aquela com capacidade de entender e aplicar a mensagem escrita, por isso é plausível inferir que se trata de alguém que possui determinado nível de letramento, detendo competência e habilidade de interpretar comunicados ou leituras mais complexas.

De acordo com estudos preliminares do Inaf Brasil (2018), fundamentados em entrevista e teste cognitivo aplicado em pessoas de 15 (quinze) a 64 (sessenta e quatro) anos, integrantes de todas as regiões do país, apontam que os analfabetos funcionais abrangem 03 (três) de cada 10 (dez) brasileiros, os quais têm muita dificuldade para fazer tanto o uso da leitura e da escrita, como das operações matemáticas em situações de vida cotidiana.

Ocorre que, a produção de dados, oficiais ou não, realizada com metodologias diferentes, apontam que o analfabetismo funcional é uma realidade comum na sociedade brasileira. Além disso, mesmo que indiretamente, os dados apontam para carência na qualidade da prestação educacional quanto ao atendimento de jovens e adultos, ainda bastante frequente os bancos escolares, inviabilizando o exercício pleno da cidadania através do acesso à educação de qualidade.

Fazendo um outro recorte dessa realidade, descortina-se que o problema da leitura pode estar associado ao analfabetismo funcional ou determinado por outros fatores, como, por exemplo, metodologias equivocadas de ensino da leitura, interferindo no fracasso do papel primordial da escola, qual seja: desenvolver práticas de leitura que promovam emancipação dos sujeitos pelo exercício da cidadania plena.

Os dados sobre analfabetismo funcional certamente não tratam do único indicador a sinalizar a dificuldade da leitura apresentada pelos jovens e adultos, mas revelam a necessidade premente de avaliação, mudanças específicas e melhorias na qualidade da oferta de cursos da educação de jovens e adultos.

Nesse cenário, a complexidade da situação, ora constatada nos conduz a uma importante reflexão: a prática de leitura e da escrita não pode ficar limitada à disciplina de Língua Portuguesa, mas deve ser abrangida, em sua plenitude, por outras disciplinas, buscando sempre a perspectiva de outros espaços de aprendizagem, inclusive fora do ambiente escolar.

Calha-nos pensar na importância de que um curso da EPT ofertado para o público da educação de jovens e adultos se constitui como espaço de aprendizagem da leitura. Dito isto, se faz preciso também a promoção de formação continuada do docente da Educação Profissional e Tecnológica, além de repensar e ressignificar sua prática de sala de aula, contribuir com desenvolvimento da leitura dos estudantes, que frequentam cursos da educação profissional no Centro de Educação de Jovens e Adultos da Asa Sul (CESAS).

Com base nessas ideias, assinalamos como problema de pesquisa: superar o analfabetismo funcional por meio da integração dos componentes curriculares, em torno de práticas pedagógicas voltadas ao domínio das estruturas da proficiência na leitura.

Por conseguinte, o objetivo geral desse processo investigativo é identificar fatores preponderantes para como um processo formativo para professores da educação profissional de área técnica de modo que esses professores atuem como agentes formadores de alunos-leitores da educação de jovens e adultos, que frequentam curso de formação inicial e continuada ofertado pelo Centro de Educação de Jovens e Adultos da Asa Sul – CESAS.

Nessa esteira, caminham os objetivos específicos: construir, conjuntamente com professores de EPT de área técnica, estratégias de leitura voltadas para público da EJA, fornecer subsídios teóricos mínimos para que professores de EPT de área técnica promovam o ensino da leitura em suas disciplinas e analisar como o professor da educação profissional pode contribuir efetivamente na formação de alunos-leitores.

Além disso, buscamos com a presente pesquisa promover uma concepção de leitura em que o leitor seja sujeito ativo na construção de sentido a fim de formar seu

senso crítico e autonomia, bem como estratégias de leitura que proporcionem um trabalho interdisciplinar na formação de professores para lidar com ensino de leitura, como resposta à fragmentação do saber.

Portanto, ao final desta pesquisa buscaremos apontar caminhos para enfrentamento do problema da leitura apresentado no contexto da Educação de Jovens e Adultos ofertada em uma escola pública do Distrito Federal, sendo a principal delas a construção de um produto educacional que permita o engajamento de professores de outras disciplinas diversas da Língua Portuguesa, sejam da formação profissional ou da formação geral, com vistas a ampliar práticas pedagógicas voltadas para ensino da leitura.

2 TEORIZANDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EPT DE