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Um dos sinais mais visíveis das crianças rotuladas de PHDA envolvem o movimento físico: mexendo-se constantemente,

contorcendo e correndo quando lhes é pedido para estarem sentadas e quietas (Armstrong, 1999, p.73). As estratégias recomendadas para auxiliar as crianças com esta característica são sobretudo, ações que pretendem canalizar de forma produtiva essa energia para atividades mais controladas, contribuindo gradualmente para um sentimento de maior autocontrolo.

São vastos os benefícios das atividades lúdicas referidos na literatura, nomeadamente no que diz respeito às atividades desportivas e atividades artísticas. Algumas das estratégias encontradas são:

• Atividades extracurriculares. Antunes, Silva & Afonso (2014) revelam a importância da participação das crianças em atividades extracurriculares de forma a desenvolverem o pensamento crítico, gestão de tempo, assim como ter consciência das suas capacidades académicas, intelectuais e interpessoais. Na escolha das atividades a frequentar é importante ter em consideração a opinião da criança relativa aos seus gostos e interesses, de forma a melhorar a sua motivação e envolvimento na atividade pretendida, assim como a carga horária da criança, de forma a não causar impactos negativos na sua vida.

• Permitir o movimento controlado. Jacobelli & Watson (2008,p.79) defendem que os professores deveriam permitir, aos alunos com PHDA, o movimento controlado na sala de aula, como forma de recompensa ao comportamento adequado. Esta sugestão consistia em por exemplo, permitir que o aluno balançasse na cadeira enquanto fazia os trabalhos de casa. Esta ideia, pode parecer, à primeira vista, um pouco contraditória, mas de acordo com Jacobelli & Watson (2008, p.78), a energia utilizada em mover a cadeira contribui para baixar o seu nível de energia, permitindo que preste atenção ao trabalho que está a realizar, sentindo menos necessidade de procurar estimulação extra. De acordo com Armstrong (1999, p.75) diversos exemplos/ testemunhos de professores demonstraram que obtiveram melhores resultados, ao permitir o movimento controlado dentro da sala de aula através de estratégias como permitirem

o baloiçar na cadeira ou colocarem objetos na secretária que facilitassem a estimulação táctil, como bolas antisstress, para que a criança mantenha as mãos ocupadas enquanto ouve o professor.

• Música. De acordo com Antunes, Silva & Afonso (2014,p.64) são diversos os estudos que indicam o impacto positivo que a música tem na vida das crianças, descrevendo melhorias nas mais diversas competências, tais como: autodisciplina,

paciência, sensibilidade, coordenação, capacidade de memorização, concentração, expressão pessoal e também ajuda ao nível do relaxamento. Armstrong (1999, p.94) revela estudos, onde a música provou conseguir acalmar grupos de estudantes com PHDA. Contudo, alguns sons, podem ter um efeito contrário, sendo

considerados fatores de distração nas crianças, como

sons de obras por exemplo. Contudo, outros sons, como música de fundo, podem ser considerados como uma espécie de terapia, proporcionando estimulação, auxiliando positivamente na

aprendizagem, concentração e comportamento.

• O Exercício físico e o desporto. Alguns dos benefícios do desporto incluem melhorias ao nível do controlo dos impulsos, aumento da atenção, reforço da memória e das capacidades de aprendizagem. Acrescenta-se que o exercício físico reduz a ansiedade e canaliza, de uma forma positiva e saudável, o dispêndio da energia da criança. Os desportos em grupo, como o futebol, são particularmente vantajosos para o relacionamento interpessoal com os pares, bem como para aumentar a resistência à frustração e a capacidade de autorregulação.

• Relaxamento. Uma das formas de ajudar as crianças com PHDA a lidar com os seus altos níveis de atividade onde é pedido que estejam paradas é modular as suas tensões através de técnicas de relaxamento como o yoga, respiração e o imaginário. Algumas das técnicas que são aconselhadas às crianças são:

métodos de relaxamento de 1 minuto, controlar a respiração, ensinar a respirar fundo devidamente, auxiliando a descarregar a energia física, relaxando os músculos, diminuindo a tensão diária e centrar o seu foco de atenção. As técnicas relacionadas

com o imaginário, consistem em exercícios de visualização cinestésicas, por exemplo “imagina que estás a dar uma volta à sala”. Este exercício ajuda a que criança transforme a energia física em mental e pode ser aplicado mais tarde, pela criança em sala de aula (Armstrong, 1999, p.77).

Outra atividade que é recomendada por diversos autores é a ioga, tendo como benefício a redução do stress e o aumento do foco de atenção. Antunes, Silva & Afonso (2014, p.64),

referem diversas posturas de ioga e “exercícios lentos” que podem ser ajustados a atividades divertidas para crianças e desta forma acrescentar motivação, como por exemplo: fingir que é uma boneca de pano, um espantalho, um peixe, um barco, um crocodilo,

• Alimentação. Relativamente ao impacto que a alimentação pode ter nos nossos comportamentos e bem-estar Armstrong (1999, p.102) argumenta que:

“Seen in the proper context, food actually represents a wide range of “drugs” that we safely ingest every day.

Understanding how different foods affect the brain can give us a better understanding of how we can help improve a child’s behavioral chemistry”.8

A intervenção alimentar é muito importante no tratamento de qualquer perturbação e a PHDA não é exceção. A comida que ingerimos pode ser usada como tratamento e pode influenciar positivamente ou negativamente a cognição, sentimentos e comportamentos (Amen, 2002).

Gordon (2008, p.31) defende fortemente que uma dieta saudável, consiste na eliminação da comida que contém açúcar processado, produtos lácteos, produtos com glúten e aditivos artificiais.

Amen (2002) refere, que quando os seus pacientes são convencidos a adotar uma dieta mais saudável verifica-se uma melhor

estabilidade no humor, melhor foco, menor distração e menor

sonolência, que correspondem a diferenças positivas no tratamento e melhoria dos sintomas da PHDA.

8 “Visto no contexto apropriado, os alimentos realmente representam uma ampla gama de “drogas” que ingerimos com segurança todos os dias. Compreender como os diferentes alimentos afetam o cérebro pode nos dar uma melhor compreensão de como podemos ajudar a melhorar a química comportamental de uma criança”

Referências Bibliográficas Capítulo 1