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Design de comunicação e a perturbação de hiperatividade e o défice de atenção

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Academic year: 2021

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Daniela Filipa Lopes Leal

Orientação: Doutor Marco Neves

Presidente do Jurí: Doutora Teresa Olazabal Cabral

Arguente: Doutor Paulo Noriega

Design de Comunicação

e a Pertubação de Hiperatividade

e o Défice de Atenção:

O Jogo e materiais didáticos

para crianças dos 6 aos 10 anos

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer aos meus pais por me terem dado a possibilidade de evoluir e enriquecer as minhas competências com a realização deste mestrado e por me terem prestado todo o apoio e colaboração sempre que foi necessário.

Agradeço ao meu orientador, Professor Marco Neves, por ter aceitado ser meu orientador e por sempre ter mostrado acreditar no projeto. Agradeço por toda a sua disponibilidade, apoio, dedicação, conselhos e partilha de conhecimentos que contribuíram de forma muito positiva na concretização desta dissertação.

Agradeço às minhas irmãs por se terem mostrado sempre disponíveis em colaborar e apoiar em todas as fases do projeto. Agradeço à Dra. Rita Antunes por todo o conhecimento partilhado, disponibilidade, ajuda e dedicação em todas as fases do projeto. Agradeço, uma vez mais aos meus pais, por se terem disponibilizado na leitura do documento.

Agradeço a todos os que se disponibilizaram para participar nos testes de usabilidade do produto. Foi muito gratificante para mim, observar todo o interesse e curiosidade demonstrado pelo projeto, o impacto positivo que causou no primeiro contacto. Foram um contributo essencial para esta investigação.

Por último quero agradecer a todos os familiares, amigos e colegas, que de alguma forma contribuíram positivamente para o sucesso da presente investigação.

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“The kids who need the most love will

ask for it in the most unloving ways”

1

(Russel Barkley)

1 “As crianças que precisam de mais amor, procuram-no das piores formas possíveis”- T.L.

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Resumo

A perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) começa por manifestar os seus sintomas desde muito cedo, mais concretamente, a partir da fase pré-escolar e caracteriza-se pelo decaracteriza-senvolvimento de níveis inapropriados de desatenção, impulsividade e hiperatividade, comparativamente com indivíduos da mesma idade ou grau de desenvolvimento.

As características comportamentais presentes nas crianças com PHDA, causam impactos negativos quer em ambiente escolar, como familiar, trazendo problemas de insucesso escolar, dificuldades de organização e/ou planeamento de tarefas e manter atenção ao que é pedido. Consequentemente, surgem dificuldades de relacionamento com os outros, tanto com familiares como com colegas escolares e/ou professores o que conduz frequentemente ao isolamento e baixa autoestima.

Os recursos qualificados e materiais utilizados como intervenção na PHDA, sejam de âmbito clínico, educacional, ou em casa, são escassos e pouco abrangentes, no entanto as técnicas que têm sido criadas e adotadas pelos profissionais de saúde mostram resultados positivos na melhoria do comportamento destas crianças.

Desta forma, este estudo pretende através das capacidades do design de comunicação, desenvolver objetos que possam ser integrados no plano multimodal das crianças com PHDA, podendo ser utilizados em âmbito de consulta de psicologia, na escola ou em casa, sempre com a monotorização dos agentes de educação, com o objetivo de melhorar os sintomas e a vida das crianças com PHDA entre os 6 e os 10 anos de idade.

Assim, desenvolveu-se um projeto, composto por 2 objetos que pretende trabalhar a impulsividade, desatenção, irrequietude psicomotora e motivação nas crianças com PHDA, podendo, também, ser utilizado por crianças que não tenham sido diagnosticadas com a perturbação, mas onde os sintomas e problemáticas do comportamento descritos estejam presentes. Na finalização da investigação, obteve-se um projeto que responde às

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necessidades dos utilizadores, auxiliando e melhorando na gestão dos seus comportamentos e emoções, obtendo-se um conjunto de objetos didáticos e interativos.

Palavras Chave:

Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção; Design de Comunicação; Design de Interação; Crianças

(13)

Abstract

Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) reveal its symptoms clearly in a very early stage, more precisely, from the kindergarten. Its characteristics’ can be noticed through the development of inappropriate levels of inattentiveness, impulsivity and hyperactivity in comparison to individuals of the same age or degree of

development.

The behavioral characteristics of children with ADHD conduct to negative impacts in educational environment and familiar context leading to problems in school achievement as well as difficulties in organization and planning of tasks besides capacity to be focus in the requested. In addition to this fact, difficulties ascend in interpersonal relations within family and educational scope that might lead to isolation and low self-esteem.

The convectional resources and techniques adopted in PHDA’s intervention whether clinical, educational or familiar context fail to provide a global and adequate comprehensive to the health condition. However new techniques created and adopted by health professionals highpoint positive results in improving the behavior of these children.

Furthermore, the aim of this study is to develop a methodology associated with brand new techniques that can be used psychology consultation for multidisciplinary contexts related to children with ADHD. It is based in the capacities of the communication design that can be integrated in the multimodal learning plan of the children with ADHD. The innovative approach can provide adequate monitoring to the educational agents to restrain the symptoms and life of children with ADHD between 6 and 10 years of age.

According to these premises a project was developed, consisting of two items that intend to work the impulsiveness, inattention, abnormal psychomotor activity and motivation in children with ADHD. Its intention is to be used by children who have not been diagnosed with the disorder but disclose the behavioral problems associated with ADHD.

(14)

As a result of this a project including new techniques has been designed to meet the needs of the users through the contribution in improving behavior and emotional management by obtaining a set of didactic and interactive items.

Keywords:

Attention deficit hyperactivity disorder; Communication Design; Interaction Design; Children

(15)

Lista de Acrónimos e Abreviaturas

PHDA – Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção

ADHD – Attention Deficit Hyperactivity Disorder

APA – American Psychological Association

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Índice Geral

V Dedicatória VII Agradecimentos IX Epígrafe XI Resumo XIII Abstract

XV Lista de Acrónimos e Abreviaturas

XVI Índice Geral

XVIII Índice de Figuras

XX Índice de Tabelas 01

Introdução

05 1 | Problematização 07 2 | Objetivos 07 2.1 | Objetivos Gerais 07 2.2 | Objetivos Específicos 08 3 | Desenho da Investigação 11

Enquadramento Teórico

14

Capítulo 1

15 1 | Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção

17 1.1 | Etiologia

20 1.2 | Diagnóstico

22 1.2.1 | Tipo Predominantemente Hiperativo- Impulsivo

24 1.2.2 | Tipo Predominantemente Desatento

26 1.2.3 | Índice de Gravidade

27 1.3 | Intervenções Práticas

27 1.3.1 | Papel dos Pais

30 1.3.2 | Escola 32 1.3.3 | Autocontrolo e autorregulação 35 1.3.4 | Atenção 36 1.3.5 | Autoestima e autoconfiança 38 1.3.6 | Irrequietude Psicomotora 44

Capítulo 2

45 1 | Design de Comunicação

(17)

47 1.1 | Objeto de Design como Modificador do Comportamento

50 1.2 | Design de Interação

53 1.3 | Compreender o Utilizador

55 1.3.1 | Design centrado no Utilizador

59

Argumento

61

Investigação Ativa

62

Capítulo 3

63 1 | Projeto

63 1.1 | Definição de Requisitos para o Desenvolvimento do Projeto

65 1.2 | Conceção e Prototipagem do Projeto

67 1.2.1 | Jogo de Tabuleiro

87 1.2.2 | Planeador Mensal

90

Capítulo 4

91 1 | Validação do Projeto

91 1.1 | Estudo de Usabilidade

93 1.2 | Interpretação da Análise dos Resultados dos Testes da Usabilidade

96 1.3 | Iteração e Melhorias 102

Conclusão

103 1 | Conclusões 105 2 | Recomendações Futuras 106 Referências Bibliográficas 111 Bibliografia

Anexos (CD)

Anexo A - Cartas do Jogo

Anexo B - Plano de Estudo de Usabilidade Anexo C - Formulário de Participação

Anexo D - Guião de Questionário de Avaliação Anexo E - Notas de Observação

Anexo F - Quadros de Análise síntese dos Questionários de Avaliação

Anexo G - Análise Síntese de Notas de Observação

(18)

Índice de Figuras

Figura 1 | Organograma do processo Investigativo. PÁG. 7

Figura 2 | Diagrama das áreas de estudo abrangidas pela investigação. PÁG. 12

Figura 3 | Tipografia. Fonte Linotte e From Where you Are. PÁG. 66

Figura 4 | Evolução da elaboração das Personagens. PÁG. 67

Figura 5 | Evolução da elaboração das Personagens em versão de Super-heóis. PÁG. 67

Figura 6 | Superativos. PÁG. 69

Figura 7 | Hiperatentos. PÁG. 69

Figura 8 | Conjunto das 8 Personagens. PÁG. 69

Figura 9 | Áreas do Comportamento e respetivas cartas. PÁG. 70

Figura 10 | Capas das quatro categorias das cartas. PÁG. 71

Figura 11 | Carta de “Questão”. Categoria Regula e Controla. PÁG. 72

Figura 12 | Carta de “Desafio”. Categoria Regula e Controla. PÁG. 72

Figura 13 | Carta de “Exercício”. Categoria Regula e Controla. PÁG. 73

Figura 14 | Carta de “Racionaliza”. Categoria Regula e Controla. PÁG. 73

Figura 15 | Carta de “Mímica”. Categoria Regula e Controla. PÁG. 74

Figura 16 | Carta de “Repete”. Categoria Regula e Controla. PÁG. 74

Figura 17 | Carta de “Questão” Categoria Para e Pensa. PÁG. 75

Figura 18 | Carta de “Desafio” Categoria Para e Pensa. PÁG. 75

Figura 19 | Carta de “Memoriza” Categoria Para e Pensa. PÁG. 75

Figura 20 | Carta de “Completa” Categoria Para e Pensa. PÁG. 75

Figura 21: A, B, C, D, E, F, G, H e I | Exercícios do Bloco de Atividades. PÁG. 76

Figura 22 | Bloco de Atividades. PÁG. 77

Figura 23 | Carta de “Atividade” Categoria Para e Pensa. PÁG. 77

Figura 24 | Carta de “Mímica” Categoria Toca a Mexer. PÁG. 78

Figura 25 | Carta de “Questão” Categoria Toca a Mexer. PÁG. 78

Figura 26 | Carta “Tu és uma Marioneta” Categoria Toca a Mexer. PÁG. 78

Figura 27 | Carta de “Cena, ação!” Categoria Toca a Mexer. PÁG. 79

Figura 28 | Carta de “Freeze” e “Atividade“. Categoria Toca a Mexer. PÁG. 79

Figura 29 | Carta de “Questão” Categoria Tenta e Ganha. PÁG. 79

Figura 30 | Carta de “Tenta e Diz” Categoria Tenta e Ganha. PÁG. 79

Figura 31 | Carta “Completa” Categoria Tenta e Ganha. PÁG. 80

Figura 32 | Carta de “Mímica” Categoria Tenta e Ganha. PÁG. 80

(19)

Figura 34: A-B | Superpoderes. PÁG. 81

Figura 35: A-B | Esboços dos Planetas e Tabuleiro. PÁG. 82

Figura 36: A-F | Planetas do Tabuleiro. PÁG. 82

Figura 37 | Casa de Partida do Tabuleiro. PÁG. 83

Figura 38 | Casas do tabuleiro. PÁG. 83

Figura 39 | Casas dos Superpoderes do Tabuleiro. PÁG. 83

Figura 40 | Casa Surpresa. PÁG. 83

Figura 41 | Casa de Mudança de Direção. PÁG. 83

Figura 42 | Caixa do Jogo de Tabuleiro. PÁG. 84

Figura 43: A, B, C, D e E | Livro de Instruções. PÁG. 84

Figura 44 | Tabuleiro. PÁG. 85

Figura 45 | Roleta. PÁG. 85

Figura 46 | Elementos do Jogo de Tabuleiro. PÁG. 86

Figura 47 | Capa do Planeador. PÁG. 87

Figura 48 | Página de Identificação do Planeador. PÁG. 87

Figura 49 | Página do Horário do Planeador. PÁG. 87

Figura 50: A, B, C e D | Páginas mensais do Planeador. PÁG. 88

Figura 51 | Página de Notas do Planeador. PÁG. 89

Figura 52: A e B | Páginas de Autocolantes do Planeador. PÁG. 89

Figura 53 | Redesenho das cartas do Jogo. PÁG. 96

Figura 54 | Redesenho da carta “Freeze“. PÁG. 97

Figura 55: A, B, C e D | Redesenho dos exercícios “Encontra o objeto escondido”.PÁG. 97

Figura 56: A, B, C e D | Redesenho dos exercícios “Sopa de Letras”. PÁG. 98

Figura 57: A, B, C e D | Redesenho dos exercícios “Descobre qual o objeto igual ao da imagem”. PÁG. 98

Figura 58: A e B | Exercício “Descobre qual o objeto Intruso”. PÁG. 99

Figura 59: A, B, C, D, E, F e G | Redesenho do Manual de Instruções. PÁG. 99

Figura 60: A e B | Redesenho do Cartão dos Superpoderes. PÁG. 100

Figura 61: A, B, C e D | Passaporte dos Intergaláticos. PÁG. 100

Figura 62: A-B | Redesenho da Página mensal do Planeador. PÁG. 101

(20)

Índice de Tabelas

Tabela 1 | Características dos Sujeitos que fizeram parte do estudo de Usabilidade. PÁG. 92

(21)
(22)
(23)

Introdução

1 | Problematização

2 | Objetivos

2.1 | Objetivos Gerais

2.2 | Objetivos Específicos

3 | Desenho de Investigação

(24)
(25)

Introdução

A presente investigação no âmbito de Design de Comunicação, pretende debruçar-se sobre um tema, que afeta entre 5 a 8% de crianças em idade escolar, denominado por perturbação de hiperatividade e défice de atenção, também conhecida por PHDA (Antunes et al., 2013).

Esta é uma perturbação que se manifesta desde muito cedo, sendo que a presença dos seus sintomas permite a realização do diagnóstico quando a criança frequenta o ensino do 1º ciclo de estudos. Tendo sido, desta forma, selecionado o público para a investigação, crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos.

A investigação pretende relacionar e perceber de que forma pode o design de comunicação auxiliar a mudança de comportamentos e pensamentos destas crianças.

As motivações presentes na realização desta investigação, tratam-se sobretudo pelo gosto e vontade de saber mais acerca das disciplinas envolventes ao tema como o design de interação e como pode o design contribuir para a mudança de comportamentos.

Para além disso, a PHDA é uma área onde os recursos e materiais de qualidade disponíveis para a exploração e atenuação dos seus sintomas são escassos, tratando-se por esse motivo, de uma grande motivação poder contribuir ativamente na construção de materiais lúdicos e didáticos que podem modificar e fazer a diferença na vida destas crianças.

De forma a identificar que contributo pode o design de comunicação trazer a estes objetos, foram definidas e analisadas as áreas do comportamento afetadas pela PHDA que se pretendem melhorar, assim como, as intervenções utilizadas no seu tratamento, de forma a perceber o que funciona junto destas crianças e o que se encontra em falta. A análise e obtenção de conclusões relativamente a este tema, bem como, o aprofundamento de conhecimentos nas áreas de design de interação, design para a mudança de comportamentos e design centrado no utilizador, permitiram a definição dos requisitos, que consequentemente possibilitaram a elaboração do projeto.

(26)

O projeto realizado apresenta, um conjunto de objetos que procuram através de estratégias e exercícios criados, transmitir às crianças quais os comportamentos adequados a tomar, auxiliando-as, igualmente, a gerir e controlar as suas emoções.

(27)

1 | Problematização

Faz parte da natureza comportamental das crianças serem mais ativas, prestarem menos atenção às tarefas que lhe são pedidas, assim como, controlarem e adequarem o seu comportamento às diferentes situações do quotidiano. Na maior parte dos casos este comportamento é normal e ajustado à faixa etária em que a criança se encontra e à medida que as crianças vão crescendo estas características acabam por se atenuarem regulando-se naturalmente. No entanto, existem crianças que apresentam estas características com níveis superiores ao que é considerado normal, ou seja, possuem um nível de atividade superior e um nível de atenção muito baixo em relação ao padrão.

Em alguns destes casos podemos estar perante uma criança que possui perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA). Ao contrário do que se possa pensar esta perturbação não está relacionada com um acompanhamento descuidado por parte dos pais, estando a origem do seu aparecimento relacionada com causas hereditárias.

Trata-se de uma perturbação ao nível do neuro desenvolvimento que afeta sobretudo o funcionamento do sistema nervoso. Sem o devido acompanhamento e reconhecimento do problema, a PHDA pode trazer consequências graves no futuro, como o insucesso escolar e uma maior propensão para

comportamentos delinquentes.

Noutros casos, a criança pode recorrer ao isolamento, por se sentir constantemente rejeitada e/ou castigada quer pelos pais, professores ou, até mesmo pelos próprios colegas.

No entanto, com o acompanhamento adequado, através de uma abordagem multimodal que reúna estratégias, vigilância e orientação constante entre todos os intervenientes da vida da criança, nos diferentes ambientes em que convive, casa e escola, é possível obter melhorias no seu comportamento.

Contudo, a carência de objetos e materiais didáticos, motivantes e dedicados a responder às necessidades das crianças com PHDA é notória, despertando para uma lacuna, que se pretende resolver. Sendo as crianças com PHDA de hoje, os futuros adultos desta

(28)

sociedade, esta investigação pretende melhorar a sua qualidade de vida.

A questão que se pretendeu responder no decurso da presente investigação foi a seguinte:

• De que forma pode o design de comunicação contribuir para a modificação de comportamentos e atenuação dos sintomas da PHDA?

(29)

2 | Objetivos

2.1 | Objetivos Gerais

• Adaptar e aliar as estratégias e princípios utilizados no tratamento das crianças com PHDA com o Design de Comunicação de forma a melhorar a sua qualidade de vida, estimulando e melhorando as suas capacidades cognitivas e comportamentais;

• Melhorar a relação entre as crianças com PHDA e os seus pais e professores.

2.2 | Objetivos Específicos

• Estabelecer uma interligação entre a PHDA e o Design de Comunicação que permita a criação de soluções que sejam eficazes, motivantes e úteis para as crianças com PHDA; • Contribuir com a criação de materiais didáticos que ensinem e ponham em prática, técnicas e estratégias úteis, não só para crianças com PHDA, como para todas as crianças;

• Contribuir para a compreensão, conhecimento e aceitação da PHDA, sendo esta perturbação cada vez mais frequente na nossa sociedade.

(30)

3 | Desenho da Investigação

A metodologia utilizada no decorrer desta investigação foi de natureza mista, assente em métodos intervencionistas e não intervencionistas de base qualitativa.

Iniciou-se com a recolha, seleção, análise e síntese crítica da literatura mais relevante a tratar, resultando no enquadramento teórico, que permitiu a formação do argumento. Este passo consistiu na metodologia qualitativa não intervencionista.

De forma a provar o argumento, recorreu-se à investigação ativa, que conteve a conceção e desenvolvimento do protótipo do projeto final, com base nos requisitos pré-estabelecidos que consistiu no método de investigação intervencionista. A partir do estudo de usabilidade, foi possível efetuar a avaliação do protótipo do projeto por um grupo selecionado, composto pelos agentes educativos presentes na vida das crianças com PHDA, exteriores à investigação. A partir dos resultados obtidos através do estudo de usabilidade, foi possível identificar os pontos a melhorar. Desta forma, foram efetuadas as melhorias necessárias, regressando à fase projetual, obtendo assim um projeto que melhor fosse de encontro às necessidades e expectativas dos utilizadores, validando desta forma o argumento. Através dos resultados obtidos, foram elaboradas as conclusões finais e ainda, criadas as recomendações para futuros projetos. Todo o procedimento descrito pode ser visualizado através da Figura 1.

Figura 1 | Organograma do processo Investigativo. Fonte: Investigadora (2017)

(31)
(32)
(33)

Enquadramento Teórico

Capítulo 1

1 | Perturbação de Hiperatividade e Défice

de Atenção

1.1 | Etiologia

1.2 | Diagnóstico

1.2.1 | Tipo Predominantemente

Hiperativo-Impulsivo

1.2.2 | Tipo Predominantemente Desatento

1.2.3 | Índice de Gravidade

1.3 | Intervenção e Estratégias Práticas

1.3.1 | Papel dos Pais

1.3.2 | Escolas

1.3.3 | Autocontrolo e Autorregulação

1.3.4 | Atenção

1.3.5 | Autoestima e autoconfiança

1.3.6 | Irrequietude Psicomotora

Capítulo 2

1 | Design de Comunicação

1.1 | Objeto de Design como Modificador

do Comportamento

1.2 | Design de Interação

1.3 | Compreender o Utilizador

(34)

Figura 2 | Diagrama das áreas de estudo abrangidas pela investigação. Fonte: Investigadora (2017)

(35)

Enquadramento Teórico

Na elaboração do enquadramento teórico efetuou-se uma revisão da literatura, analisando e referenciando os principais autores das principais temáticas da investigação. Numa primeira fase,

inicia-se com o estudo da PHDA, a sua etiologia, principais sintomas, diagnóstico e intervenções práticas. Numa segunda fase é analisado dentro da disciplina do Design de Comunicação, o objeto de design para a modificação de comportamentos, o design de interação assim como o design centrado no utilizador, delimitando desta forma as áreas de atuação da investigação.

(36)

Capítulo 1

Perturbação de Hiperatividade

e Défice de Atenção

Sendo um dos principais objetivos desta investigação, desenvolver soluções e materiais para crianças com PHDA, passou-se ao estudo desta perturbação. Procurou-se conhecer as suas causas, os principais sintomas e como é efetuado o diagnóstico. Um dos tópicos de maior realce neste capítulo passou pela recolha e análise de dados relativamente às áreas do comportamento mais afetadas pela perturbação, assim como, que estratégias e intervenções são efetuadas para a amenização dos sintomas.

(37)

1 |

Perturbação de Hiperatividade

e Défice de Atenção

“Attention- deficit/hyperactivity disorder, or ADHD, is a developmental disorder of self-control. It consists of obvious problems with attention span, impulse control, and activity level. The disorder is also reflected in impairment in will or the capacity to control the child’s own behavior relative to the passage of time, that is, to keep future goals and consequences in mind”2 (Barkley,

1995, p.19).

Tal como Barkley (1995) refere, é comum para a maior parte das pessoas descredibilizar a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), pois trata-se de uma perturbação que ao contrário de muitas outras, não apresenta sinais físicos exteriores de qualquer incapacidade. No entanto, sabe-se que existem alterações ao nível do sistema nervoso e cerebral destas crianças que afetam as zonas inerentes à concentração, impulsividade, controlo de movimentos, entre outros. Na verdade, o que distingue uma criança com PHDA das outras é a frequência e severidade destes comportamentos, que são demonstrados, e que podem levar a experienciar maior enfraquecimento em muitos domínios da vida.

Para além dos sintomas de hiperatividade, impulsividade e

desatenção, existem muitos outros, que estão associados e podem variar a sua intensidade de criança para criança, são eles: a memória de curto prazo, ou seja, apenas se lembram do que lhes foi pedido para fazer no momento; um cérebro muito ativo, o que significa que gostam de estar sempre ocupados; pouca paciência, ou seja, se têm de esperar durante algum tempo não conseguem estar quietos e interrompem quando as outras pessoas estão a falar (Daley et al, 2010, p.16).

2 “A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção, ou PHDA, consiste numa perturbação do desenvolvimento do autocontrolo. Consiste em problemas com atenção, impulsividade e nível de atividade. A perturbação também se reflete na deficiência ou na incapacidade da criança controlar o seu próprio comportamento, que afetam manter objetivos e metas futuras e as consequências dos seus atos em mente.” – T.L.

(38)

A disposição para altos níveis de atividade tende a dissipar-se à medida que as crianças vão crescendo, no entanto, os problemas com a atenção e concentração permanecem para a vida adulta. Desta forma, torna-se de extrema importância tomar medidas que ajudem a estimular estas competências desde muito cedo (Daley et al, 2010, p.18). Os sintomas acima referidos são detetados precocemente na vida das crianças, quer em ambiente familiar como escolar, no entanto, o que é realmente importante é reconhecer o problema e acompanha-lo devidamente.

Na verdade, a vida de uma criança na qual esta perturbação não é reconhecida, devidamente tratada e acompanhada pode trazer graves impactos negativos para o adolescente e adulto, pela maior probabilidade de insucesso escolar, profissional e social.

Segundo Barkley (1995) entre 30% a 50% destas crianças fica retida na escola pelo menos uma vez. Assim como 35% não completam o ensino secundário. Cerca de 50% destas crianças sofre de problemas relacionais e sociais, graças ao seu comportamento desafiador e de oposição que pode levar a mal-entendidos, ressentimentos, repreensão e punições frequentes que conduzem a um maior potencial de delinquência e abuso de substâncias ilícitas mais tarde. A falta de reconhecimento e tratamento desta perturbação pode levar a uma grande sensação de fracasso em muitos domínios da vida.

No entanto, Honos-Webb (2007) defende que ao trabalhar com diversas crianças com PHDA, foi possível denotar o desenvolvimento noutras competências e áreas como a criatividade, a inteligência emocional, intuição e uma maior disposição para a consciência ecológica e social.

(39)

1.1 |

Etiologia

“A PHDA é a perturbação neuro-comportamental mais frequente na criança, cuja etiologia é multifatorial. Pensa-se que resulta de uma interação complexa de fatores genéticos/hereditários, neurobiológicos e ambientais” (Neto, 2014, p. 26).

Esta complexidade resulta numa grande variabilidade na expressão dos sintomas e na idade em que são reconhecidos, bem como na severidade, comorbilidades (patologias associadas), evolução e resposta ao tratamento.

Hughes & Cooper (2007, p.85) defendem que para além de um diagnóstico de PHDA existem, muitas das vezes, dificuldades comportamentais coexistentes com a PHDA, como o transtorno de oposição e desvio de conduta, entre outros. Cada criança que possui PHDA pode apresentar características diferentes e únicas, tornando-se de extrema importância tratar cada caso de forma individual. De acordo com Barkley (1995, p.83) uma das razões encontradas que possui um papel fundamental na causa e aparecimento da PHDA é a hereditariedade. Após vários estudos, foi possível saber que pais de crianças com PHDA têm normalmente mais problemas psicológicos como depressão, comportamento antissocial, má conduta, alcoolismo, bem como, PHDA.

Tal como Nascimento & Ferreira (2014, p.26) referem, cerca de 25% das crianças com PHDA têm um familiar próximo com o mesmo diagnóstico, verificando-se um risco aumentado entre irmãos de 30% a 40% e particularmente em gémeos monozigóticos com 90% de probabilidade.

Com o avanço das novas tecnologias e existência de novos meios, foi possível provar a existência da PHDA através de imagens da

estrutura e atividade cerebral em funcionamento de crianças e adultos com PHDA e compara-lo com aqueles que não possuem a perturbação (Barkley, 1995, p.72).

A partir dessas imagens, obtidas através de ressonâncias magnéticas, tal como Rief (2012) refere, têm sido identificadas, diferenças estruturais no cérebro das crianças com PHDA. Essas diferenças apresentam uma descida do nível de atividade e menores

(40)

níveis de metabolismo (maioritariamente na zona frontal e gânglios da base), menor metabolismo da glucose (fonte de energia do cérebro) na região frontal, uma diminuição do fluxo sanguíneo para certas regiões cerebrais, assim como certas estruturas cerebrais específicas menores do que em crianças que não possuem PHDA. De acordo com Nascimento & Ferreira (2014), essas zonas do cérebro são as principais responsáveis pelo controlo da atenção, organização, planeamento, motivação, cognição e controlo dos impulsos, assim como planeamento, raciocínio abstrato, flexibilidade mental e memória de trabalho.

Outro dos fatores associados à PHDA nas crianças é o consumo de álcool durante a gravidez. Segundo Barkley (1995), o consumo de álcool ou tabaco por parte da mãe durante a gravidez aumenta 2,5 vezes o risco do filho desenvolver PHDA que em relação aos restantes. De acordo com Nascimento & Ferreira (2014) a prematuridade e o baixo peso ao nascer podem ser outros fatores, assim como, infeções do sistema nervoso central e traumatismos cranianos, que são responsáveis por mudanças estruturais e funcionais do cérebro.

Existem ainda outros fatores que podem ser relevantes na PHDA, de natureza psicossocial/familiar e comportamental. O ambiente familiar, conflituoso, pouco estruturado, o baixo nível socioeconómico,

perturbações psiquiátricas e o abuso de substâncias nos prestadores de cuidados mostraram associação com o risco das crianças

desenvolverem e agravarem os sintomas de PHDA (Nascimento & Ferreira, 2014, p. 29).

De acordo com Jacobelli & Watson (2008, p.14) através de diversas pesquisas foi possível perceber que o cérebro de uma criança exposta a eventos traumáticos se desenvolve de forma diferente do normal. Essas experiências traumáticas causam diferenças no cérebro ao nível dos lobos frontais (responsáveis por resistir a impulsos cerebrais desregulados). Este desequilíbrio produz uma série de problemas neuropsiquiátricos e comportamentos violentos. O tipo de estilo parental adotado na educação da criança tem um impacto direto no comportamento da criança. O convívio com a violência e o abuso emocional em casa, mesmo que não seja direto para a criança, mas que faça parte do seu ambiente, relaciona-se

(41)

com um aumento dos problemas no comportamento da criança (Jacobelli & Watson, 2008, p. 23).

Em suma, a PHDA é descrita, de acordo com Nacimento & Ferreira (2014) como uma doença de base neurológica, estritamente vinculada com a genética e modulada pelo ambiente em que se desenvolve.

(42)

1.2 |

Diagnóstico

O correto diagnóstico e encaminhamento para um tratamento adequado ainda não constitui um processo fácil e representa, para muitas crianças, um problema.

Desta forma, Barkley afirma: “Several studies indicate that fewer than 60% of all children who have ADHD are diagnosed or treated properly for the disorder and that only half or fewer of these are treated with medication”3 (Barkley, 1995, p. 23).

De acordo com Neto (2014), não existem diagnósticos de PHDA antes da idade escolar, no entanto, com a experiência profissional dos psicólogos, juntamente com a observação direta da criança em consultório e relatos dos pais e professores é possível prever se a criança poderá vir a ser diagnosticada com PHDA depois de entrar para a escola.

Não existe, até ao momento, um teste ou uma medida única para determinar se a criança tem ou não PHDA. No entanto, seguindo as orientações das associações médicas e psiquiátricas a PHDA pode ser diagnosticada de forma confiável (Rief, 2012).

A suspeita de que uma criança tem PHDA pode surgir por parte da família, do professor ou da informação que é relatada ao pediatra por parte dos pais. Caso o pediatra suspeite do diagnóstico de PHDA, deve orientar a criança para profissionais habilitados, que possuam recursos apropriados à realização de um diagnóstico através de consulta, entrevista clínica e questionários adequados (Neto, 2014). Uma correta avaliação da PHDA exige a recolha de informação o mais completa possível sobre a vida da criança, constituindo uma parte fundamental do diagnóstico. Esta informação é obtida através de entrevistas com os pais, uso de questionários (preenchidos pelos pais em consulta), revisão dos registos médicos e registos escolares. Ao serem fornecidas estas informações o médico especialista obtém dados importantes sobre o nascimento da criança, doenças e lesões,

3 “Diversos estudos revelam que menos do que 60% das crianças que têm PHDA são diagnosticadas ou tratadas apropriadamente para a sua perturbação e só metade dessas poucas são tratadas com uso a medicação” – T.L.

(43)

metas alcançadas, habilidades, comportamento escolar, entre muitas outras (Rief, 2012).

O professor e a própria escola da criança tornam-se elementos essenciais para o processo de diagnóstico, pois conseguem ter um termo de comparação entre as diversas crianças da mesma idade. Pode ser pedido aos professores, através do psicólogo, as suas observações acerca da criança através de escalas, questionários, entrevistas por telefone ou outro tipo de medidas, assim como, informação relativa ao desempenho do aluno a nível académico, comportamental e social (Rief, 2012, p. 25).

Rosa & Antunes (2014) referem que os métodos utilizados na avaliação da criança são compostos por testes padronizados de acordo com a faixa etária e observação direta do comportamento e níveis de atividade em diversas situações. Estes testes pretendem avaliar as áreas e dimensões psicológicas ao nível da atenção, memória (memória de trabalho, verbal/internalização do discurso), linguagem, funções executivas, motricidade, lateralidade,

autorregulação entre outras (consoante o historial da criança). Caso haja confirmação por parte do médico especialista do diagnóstico do pediatra, é pedido à psicologia, a avaliação

psicopedagógica da criança. Depois de elaborado o relatório final, este deve ser discutido com os pais pelo psicólogo que o realizou. O processo de diagnóstico fica concluído com a decisão relativa à intervenção adequada para a criança (Neto, 2014).

No entanto tal como Neto (2014, p.34) refere: “Se há crianças com PHDA cujo diagnóstico e acompanhamento é relativamente fácil e linear, outras há que são situações complexas pela coexistência de outros problemas. Ou seja, a PHDA pode estar associada a outras patologias, carecendo todas de intervenção e algumas de

terapêutica farmacológica”.

Segundo Barkley (1995), a maioria dos profissionais clínicos como, médicos, psicólogos, psiquiatras, acreditam que a PHDA consiste em três problemas principais na capacidade de controlo do comportamento: desatenção, impulsividade e baixos de níveis de autorregulação do comportamento.

(44)

consciencialização, má memoria de trabalho, dificuldades na gestão de tempo e planeamento de ações futuras, dificuldade em obediência às regras e instruções, falta de motivação, resolução de problemas, entre outros.

Tendo em conta as orientações da Associação Americana de Psiquiatria (APA) são consideradas três formas de apresentar clinicamente a PHDA:

• Predominantemente desatento,

• Predominantemente hiperativo-impulsivo

• Tipo misto ou combinado que apresenta sintomas dos dois tipos. Importa evidenciar que de todas as formas clínicas apresentadas existem sempre sintomas de desatenção em maior ou menor grau. Os critérios de inclusão do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders4 (DSM-5) para o diagnóstico de PHDA são:

• Os sintomas devem ter uma duração mínima de seis meses e aparecer antes dos 12 anos de idade;

• A criança apresenta seis manifestações de desatenção ou de hiperatividade-impulsividade, ou ambas;

• As manifestações têm de estar presentes em dois ou mais

ambientes sociais diferentes (casa, escola, situações sociais ou outro ambiente);

• Evidência clara de interferência ou redução da qualidade do funcionamento social, académico ou laboral;

• A sintomatologia não pode ser atribuível a outra perturbação do desenvolvimento ou do foro psiquiátrico (Afonso, 2014, p. 39).

1.2.1 |

Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo

Segundo Rief (2012, p.7), apesar de todos os comportamentos característicos de uma criança com PHDA estarem presentes em todas as crianças dentro da sua idade, importa salientar, que nos casos de PHDA, estes comportamentos de inatenção, impulsividade e hiperatividade, excedem o que é esperado dentro do normal

(45)

desenvolvimento da criança quer em frequência, nível e intensidade. Na PHDA, a hiperatividade pode ser motora, verbal ou cognitiva. Sendo a atividade, quase permanente, incontrolada e incontrolável, caracterizando-se por não ter um objetivo concreto e por surgir em momentos inoportunos (Afonso, 2014).

De acordo com Rief (2012) as principais características e sintomas da hiperatividade são:

• Dificuldade em ficar parado (na sala de aula, mexe-se constantemente na cadeira);

• Demonstra altos níveis de energia e movimento constantes; • Corre ou salta em momentos e situações inapropriados;

• Inquietação constante; necessita de ter sempre objetos nas mãos para brincar, atirar ou colocar na boca;

• Quando é forçado a ficar parado, por exemplo na cadeira, contorcesse movimentando as mãos e os pés;

• Vagueia na sala de aula;

• Tem dificuldades em fazer atividades e jogos em silêncio;

• Dificuldade em saber os limites, intromete-se nas brincadeiras e jogos dos outros, dificultando a sua relação com os outros; dificuldade para se acalmar; falam de forma excessiva.

Porém, tal como Afonso (2014) refere a agitação motora vai diminuindo ao longo da infância, sendo que, na adolescência é substituída por sentimentos de inquietude e incapacidade para se dedicar a atividades sedentárias ou tranquilas.

De acordo com Afonso (2014) as crianças predominantemente hiperativas/impulsivas têm dificuldade em alterar a sua focalização do “aqui e agora” para o futuro, por isso agem de forma impulsiva. Revelam impaciência, não sendo capazes de esperar pelos reforços positivos e recompensas. Devido à sua incapacidade de utilizar o senso temporal para guiar o seu comportamento, acabam por realizar primeiro as tarefas que consideram divertidas e estimulantes e recusam-se a fazer o que consideram aborrecido, frustrante e difícil. Segundo Rief (2012) as principais características da impulsividade nestas crianças são:

• Dificuldade em situações que requerem ter de esperar

(46)

e atividades, ou até mesmo colocar a mão no ar e esperar por ser chamado;

• Interrompem e incomodam os outros;

• Respondem antes da pergunta chegar ao fim; • Dificuldade em ter as mãos e pés parados;

• Conhecem as regras e as consequências, mas repetem os mesmos erros; metem-se em confusões por não ter capacidade de parar e pensar antes de agir;

• Fazem ruídos e sons inapropriados e desestabilizadores;

• Não pensam nas consequências, colocando-se em situações de risco e perigosas (propensos a acidentes);

• Dificuldade em inibir e regular o comportamento (dizem o que lhes vem à cabeça e respondem a figuras de autoridade);

• Iniciam atividades sem esperar pelas instruções;

• Apressam-se ao máximo a terminar tarefas, não revendo ou corrigindo os trabalhos, acabando por dar muitos erros; • Estão constantemente à procura de algo mais interessante ou estimulante no ambiente à sua volta;

• Podem ter comportamentos agressivos quando ficam aborrecidas ou irritadas.

1.2.2 |

Tipo Predominantemente Desatento

As crianças diagnosticadas como predominantemente desatentas, tendem a ser incompreendidas e injustamente rotuladas como preguiçosas, desmotivadas, teimosas, pois ao contrário do tipo impulsivo e hiperativo não possuem comportamentos que perturbam nem tentam chamar a atenção de forma negativa para elas mesmas (Amen, 2002, p.32).

De acordo com Afonso (2014) as crianças desatentas apresentam sintomas desde o 1º ciclo de escolaridade, quando lhes começa a ser pedido que se concentrem numa tarefa durante um tempo superior ao que é permitido a uma criança com esta perturbação. Na realidade tal como Barkley (1995) refere, estas crianças possuem uma inteligência normal ou por vezes acima da média, mas

verifica-se uma enorme inconstância nos seus trabalhos, sendo incapazes de manter o mesmo grau de compromisso.

(47)

De acordo com Rief (2012) as principais características das crianças com PHDA predominantemente desatentas são:

• Facilidade em se distraírem por estímulos visuais, sonoros, movimentos do ambiente à sua volta;

• Quando falam diretamente para elas parecem não estar a ouvir; • Dificuldade em relembrar o que lhes foi pedido para fazer; • Dificuldade em manter a atenção até em tarefas lúdicas,

agravando-se em situações que consideram aborrecidas ou que não querem realizar;

• Esquecem-se de executar tarefas quotidianas;

• Perdem objetos com facilidade, como material escolar;

• “Desligam” facilmente, sendo dito normalmente que estão “com a cabeça na lua”;

• Sonham acordadas, o pensamento está noutro lugar; • Sentem-se mais facilmente stressadas e sobrecarregadas; • Dificuldade em iniciar ou preparar tarefas;

• Evitam e resistem para realizar tarefas que exigem esforço mental (trabalho de casa por exemplo);

• Nas relações sociais costumam ser mais tímidos e passivos, apresentando também menor competitividade.

Importa, ainda, referir que as crianças que têm PHDA do tipo misto são as que, por definição, apresentam simultaneamente sintomas de défice de atenção e de hiperatividade-impulsividade.

A criança com PHDA tem muitas vezes dificuldade em prestar atenção ao detalhe e muitas das vezes deslocar atenção de uma tarefa para outra. Os trabalhos são normalmente confusos e

inconsistentes. Têm dificuldades na organização e evitam atividades que requerem esforço mental e atenção permanente. Atividades que são novas e estimulantes ajudam a suster a atenção da criança, ao contrário das que são longas, monótonas e repetitivas (Jacobelli & Watson, 2008, p. 17).

(48)

1.2.3 |

Índice de Gravidade

Após a obtenção de todas as informações relativas ao

comportamento da criança, quer em casa, como na escola, é possível obter um perfil, que pode ser classificado de acordo com o seu grau de gravidade (Antunes e Rosa, 2014).

De acordo com Rief (2012, p.14) a PHDA pode ser classificada como ligeira, moderada ou grave, consoante o nível de interferência no quotidiano das crianças. Nenhuma criança apresenta todos os sintomas nem a perturbação é apresentada da mesma forma. Os sintomas variam de criança para criança, e mesmo observando a criança individualmente os sintomas podem diferenciar de dia para dia.

Segundo Afonso (2014), as manifestações podem ocorrer com níveis de disfunção diferentes nos mais variados contextos, mas tendem a ocorrer com mais frequência e gravidade em lugares públicos, em contextos socias, como por exemplo, quando há visitas em casa e na sala de aula. Os comportamentos são normalmente mais adequados num ambiente estruturado e quando a criança recebe uma atenção mais individualizada.

No entanto, tal como Rief (2012, p.11) defende nem todas as crianças que apresentam sintomas de PHDA têm uma perturbação. Existem outros fatores e condições (médicas, psicológicas do desenvolvimento, psiquiátricas, emocionais, sociais e do ambiente) que podem causar comportamentos de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Neste sentido é muito importante avaliar todas estas situações e desviar estes sintomas antes de efetuar um diagnóstico de PHDA. De acordo com Afonso (2014), em qualquer que seja a situação uma preocupação a ter com estas crianças é a baixa autoestima, resultante das reações negativas por parte dos pais, professores e colegas que pode levar à desmotivação

e ao isolamento.

Pondo de parte a existência de uma perturbação que se pareça com a PHDA, é muito provável que em adição à PHDA, possa existir também outra condição associada. A PHDA pode consistir numa parte do diagnóstico total.

(49)

1.3 |

Intervenção e Estratégias

Práticas

Tal como Rief (2012, p.29) refere, é importante ter em conta que a PHDA não tem cura, mas os seus sintomas podem ser reduzidos e geridos eficazmente se a criança tiver o correto acompanhamento. Na maior parte dos casos é necessário existir uma abordagem multifacetada, composta por diferentes intervenções e adaptada às necessidades individuais da criança e família.

Um plano multimodal geralmente inclui uma parceria entre pais, educadores e profissionais de saúde.

1.3.1 |

Papel dos Pais

“A PHDA representa para a família desafios acrescidos. Os familiares sentem grande incompreensão perante os motivos pelos quais uma criança aparentemente “normal” tem tantas dificuldades em cumprir regras e ordens, originando um desgaste físico e emocional enorme” (Antunes, 2014, p. 45).

De acordo com Rief (2012, p.20) é importante ter em conta os desafios diários que existem numa casa em que uma ou mais que uma das crianças tem PHDA, pois esta perturbação causa um forte impacto em toda a família. Conforme Antunes (2014) refere, os comportamentos desajustados da criança com PHDA podem afetar negativamente todo o âmbito familiar. Sendo esta mais irrequieta, impulsiva e de temperamento instável, a criança geralmente não aceita medidas de disciplina, levando os pais à exaustão e por vezes até ao ponto de eles próprios perderem a capacidade de tolerar e compreender o comportamento dos filhos. Reações por parte dos pais que expressem raiva, irritabilidade e/ou agressividade não resolvem em nada os conflitos e podem mesmo agrava-los ainda mais.

Infelizmente, muitas vezes os professores e o próprio agregado familiar desconhecem ou subestimam as dificuldades que estas famílias têm de enfrentar.

(50)

dificuldade ou um problema que causa constrangimento e um impacto social negativo, os pais no seu papel de educadores tendem a ser vistos como os primeiros culpados (ou muitas vezes eles próprios sentem-se culpados) e incapazes de lidar com a situação. A crítica alheia passa a ser algo que têm de enfrentar

frequentemente, quer por pessoas fora do agregado familiar como, vizinhos, colegas de trabalho, amigos ou mesmo no seio familiar como tios, primos, avós fazem comentários e criticam a forma como deve ser aplicada a disciplina e educação dos seus filhos (Rief, 2012, p. 21).

As consequências deste comportamento, resultam num aumento de stress acrescido ao que estas famílias já possuem, podendo levar os próprios pais a duvidarem de si mesmos e da educação e disciplina que dão aos seus filhos. Outra consequência resulta no isolamento por parte destas famílias, como forma a evitar situações de mau comportamento por parte dos filhos em locais públicos, que dão origem às criticas e consequentes tensões e conflitos familiares. Como defende Rief (2012) os pais são o principal exemplo e modelo na vida da criança. Desta forma é importante que demonstrem e ensinem comportamentos e competências que ajudem os seus filhos a melhorar comportamentos sociais e interpessoais. Parte do plano de intervenção multimodal envolve a formação sobre técnicas de modificação do comportamento e disciplina positiva tais como, compreender e saber lidar com comportamentos desafiadores, comunicar eficazmente e evitar problemas.

Estilos Parentais

Desta forma torna-se importante adotar um estilo parental e modelo educativo adequado que auxilie a criança quer no desenvolvimento de competências, quer na sua autorregulação. O estilo parental traduz-se por um conjunto de atitudes que criam um clima emocional e comportamental, no qual se expressam valores, decisões,

linguagem corporal, tom de voz, atenção e afeto (Antunes, Silva & Afonso, 2014). Dentro dos diferentes estilos parentais que podem ser adotados, o estilo democrático é o que tende a trazer maiores benefícios para a criança, sobretudo para as que possuem PHDA, promovendo um maior nível de integração com os outros, maior cooperação e autonomia, autoconfiança, autocontrolo e melhorias nas interações sociais.

(51)

As principais características deste estilo parental traduzem-se por: • Elevados níveis de afeto, mas também de controlo (nos pontos de discordância);

• Incentivo ao diálogo e comunicação; expetativas adequadas às competências da idade da criança;

• Atenção às necessidades da criança e incentivo à autonomia (Antunes, Silva & Afonso, 2014).

Comunicação entre Pais e Filhos

Para além do estilo parental adequado é também necessário estabelecer uma comunicação saudável entre pais e filhos, onde o diálogo, partilha de vivências e histórias entre ambos, permita demonstrar diferentes alternativas e ajude a reajustar comportamentos, que se irão refletir mais tarde numa maior

capacidade de autocontrolo e autorregulação das próprias emoções (Antunes, Silva & Afonso, 2014).

Também na comunicação é importante adotar de entre os vários estilos, um estilo de comunicação assertivo, pois facilita a comunicação e desenvolve a paciência e colaboração. Os pais que apoiam as crianças e têm expectativas positivas, promovem um aumento da sua autoestima, motivação e diminuição da frustração que resulta no seu melhor desempenho. Pelo contrário, os pais que dão pouco retorno e não se envolvem são relacionados com baixas aspirações de conquista.

Este estilo de comunicação (assertivo) caracteriza-se por respeitar os seus sentimentos e os da outra pessoa; exprimir-se de forma direta, honesta e apropriada; manter uma postura adequada ao conteúdo verbalizado; ser claro e objetivo; olhar os outros nos olhos; facilitar a expressão dos outros; promover uma educação com base na confiança e no respeito mútuo; cativar a admiração dos outros; reduzir tensões e mal-entendidos nas relações sociais; diminuir probabilidade de conflitos (Antunes, Silva & Antunes, 2014). Neste sentido, devido à importância que a comunicação entre pais e filhos acarreta, Antunes, Silva & Afonso (2014, p.60) definem algumas das estratégias que se tornam eficazes e a ter em conta, sendo elas:

(52)

que estas crianças possuem em distanciar-se do que está a ser transmitido, torna-se importante comunicar de forma consistente e direta, evitando ambiguidades, tentando sempre cumprir com o que é transmitido, tanto em recompensas como em punições, pois ajuda na modelação e reajustamento do comportamento.

• Ter uma escuta ativa, ou seja, tomar atenção à criança

demonstrando interesse, esclarecendo duvidas, partilhando ideias, opiniões e sentimentos.

• Falar num tom de voz calmo, sereno, mesmo nos momentos de maior tensão e conflito, uma vez que ajuda a modular o

comportamento, (funcionando como um espelho).

• Elogiar sempre que a criança colaborar. Torna-se numa ferramenta essencial ao desenvolvimento da criança e funciona como forma de motivação, desenvolvendo comportamentos adequados. No entanto, deve, apenas, ser utilizado em situações concretas, com um significado real e que cumpra um objetivo em vez de criar expetativas irrealistas.

1.3.2 |

Escola

Tal como refere Rief (2012) a maior parte das crianças com PHDA não são diagnosticadas até entrarem no primeiro ano escolar. No entanto, os sintomas de hiperatividade, impulsividade e desatenção são muitas vezes identificados desde cedo, na pré-escola ou até mais cedo. A escola é um dos locais onde a criança passa a maioria do seu tempo, logo onde os seus problemas serão mais visíveis e terão maior impacto. Neste sentido os agentes educativos têm um papel fulcral no percurso e apoio destas crianças. Para isso é importante que adotem esforços e medidas que auxiliem a lidar com os comportamentos desajustados, manter a disciplina, a criar um ambiente estruturado, uma rotina de sala de aula e a apostar em atividades atrativas que despertem o interesse na aprendizagem (Antunes, Silva, & Afonso, 2014).

Na sala de aula

Devido aos comportamentos característicos das crianças com PHDA, os professores podem acabar por rotular estas crianças, numa primeira instância, de desobedientes e mal-educadas. No entanto, sabe-se que a criança apresenta tais comportamentos devido à

(53)

própria perturbação que lhe dificulta o ajustamento às regras da sala de aula. Desta forma, torna-se importante adotar estratégias que melhorem o ambiente de sala de aula, tanto para o professor, como para as restantes crianças na sala de aula (Antunes, 2014).

Relação e Comunicação entre Professor e Aluno

Algumas das estratégias que são recomendadas a exercer por parte do professor são:

• Manter a proximidade física do aluno e a circulação pela sala de aula. Esta técnica ajuda não só, a modular e reajustar o

comportamento da criança, e em consequência o aluno mantém um maior foco de atenção e concentração nas tarefas pedidas;

• Comunicar de forma entusiasta e motivante. A comunicação deve ser feita de forma direta e objetiva relativamente ao tema em estudo, evitando ambiguidades, metáforas ou trocadilhos; • Chamar a atenção do aluno antes de ensinar pontos-chave da matéria;

• Ter um som ou gesto especial combinado com a criança (bater uma palma, acender e apagar a luz) de forma a indicar-lhe que deve parar e concentrar-se no professor;

• Evitar a crítica destrutiva e situações embaraçosas para o aluno, principalmente junto dos colegas, privilegiando o contacto individualizado com a criança para fazer as chamadas de atenção necessárias (Antunes, Silva & Afonso, 2014, p.69);

• Elogiar e transmitir feedback positivo, sempre que for possível, quando o aluno realiza as tarefas propostas ou tentou com empenho realiza-las;

• Dar sempre que possível uma instrução de cada vez;

• Estabelecer instruções multissensoriais – sinais visuais e gráficos com explicações verbais simples (Rief, 2012, p. 140).

Recreio

Os recreios são um dos locais de maior importância, na vida de todas as crianças. São espaços mais livres, de socialização, onde se desenvolvem diversas competências. No entanto, para as crianças com PHDA, é também um dos locais onde as suas características próprias se confrontam com o cumprimento das regras sociais e acabam por dificultar a sua integração. A impulsividade e/ou hiperatividade faz com que ajam repentinamente, muitas das vezes magoando os colegas ou a si próprios, revelando fraca resistência à

(54)

frustração quando perdem em alguma situação. A desatenção faz com que não prestem atenção às conversas com os outros, regras de jogos ou atividades (Antunes, 2014).

Desta forma, algumas das estratégias que importam considerar são: • A presença e supervisão de um adulto, que pode ajudar na gestão e ocorrência de conflitos entre as crianças;

• A organização de atividades estruturadas, pois a falta de atividade e aborrecimento são fatores que podem potenciar atividades descontroladas e conflitos entre os alunos (Antunes, Silva, & Afonso, 2014, p. 72);

• A sensibilização do professor para os colegas interagirem com a criança, através de jogos, brincadeiras ou trabalhos de grupo; • Da mesma forma deve alertar a criança com PHDA, quando esta tem comportamentos desadequados (Barros, 2014);

• Evitar privar a criança dos intervalos como forma de punição, pois esta medida acaba por fazer o efeito contrário, aumentando ainda mais as características de desatenção, impulsividade e hiperatividade na criança que precisa de pausas e movimentar-se para descomprimir (Antunes, Silva & Afonso, 2014).

1.3.3 |

Autocontrolo e Autorregulação

“One of the key frustrations for teachers and parents of children with ADHD is getting the child to stop, listen, and comply with adult directions or commands”5 (Rief, 2012, p. 139).

Devido à dificuldade de inibição e controlo do comportamento, as crianças com PHDA são incapazes de parar a atividade que estão a fazer (principalmente se for uma atividade do seu agrado), demonstrando incapacidade em desligar e reposicionar o seu comportamento para o que lhe foi pedido executar e/ou realizar pelo adulto caso seja menos motivante. Para além disso, a sua desatenção reduz a probabilidade de ouvir e seguir as orientações fornecidas e a sua fraca memória contribui para mais facilmente se esquecerem do

5 “Uma das principais frustrações para os professores e pais de crianças com PHDA é fazer com que a criança pare, ouça e cumpra as direções ou ordens dos adultos”– T.L.

(55)

que lhes foi dito e/ou pedido (Rief, 2012).

Desta forma, a organização, gestão de tempo e hábitos de estudo são áreas do quotidiano onde tendem a ter grandes dificuldades, esquecendo-se frequentemente dos trabalhos e materiais para as aulas. A fraca gestão de tempo faz com que cheguem atrasados, não cumprindo prazos importantes (Rief, 2012, p.207).

Todas estas questões são características do seu défice nas funções executivas que envolvem áreas como a memória, análise e gestão do tempo, manter a atenção, o esforço e a capacidade de trabalhar para atingir objetivos e metas futuras.

Algumas das estratégias importantes a adotar são:

• Rotinas bem estruturadas. Uma vez que as crianças que possuem PHDA têm dificuldades em compreender a noção de tempo e espaço é muito importante existir uma rotina bem concebida nas suas vidas, pois ajuda a criança a planear e adequar melhor o seu comportamento. Torna-se importante que interiorizem uma sequência de ações, como: chegar a casa da escola, lanchar, fazer os trabalhos de casa, ir tomar banho, jantar, lavar os dentes e ir dormir. Caso surja alguma alteração na rotina da criança torna-se importante avisa-la verbalmente de como irá decorrer o plano do dia seguinte, acerca das atividades diárias prioritárias, nunca referentes à semana ou ao mês (Antunes, Silva, & Afonso, 2014).

No entanto, é necessário preservar, também, algum tempo e espaço para os tempos livres nos quais a criança possa brincar, desenvolvendo a sua capacidade de imaginação através do “faz de conta” contribuindo para uma maior autonomia (Antunes, Silva, & Afonso, 2014).

• Horários. Para além de uma rotina bem estipulada é importante o estabelecimento de horários de forma a apoiar a organização e autorregulação do comportamento da criança (Rief, 2012). Em casa, os pais devem adotar estratégias práticas que auxiliem nos estudos e T.P.C, como:

- apoiar na planificação das tarefas, estabelecendo diariamente as que são prioritárias;

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sempre que possível, os finais de dia, pelo maior cansaço e maior dispersão da atenção;

- Estipular tempos livres no dia-a-dia, para que a criança se possa sentir reforçada e recompensada pelo esforço e empenho nas tarefas escolares (Antunes, Silva, & Afonso, 2014, p. 61). • No auxílio à organização de tarefas diárias é por exemplo os “post-its” deixados em locais estratégicos, ou adquirir um quadro de cortiça ou magnético, com as tarefas a realizar;

• Estabelecer um local fixo para realizar os trabalhos de casa, iluminado, longe das distrações; permitir breves pausas e intervalos entre o estudo (por exemplo 20 minutos de trabalho e 5 minutos de pausa);

• Reforçar sempre que a criança elaborou o trabalho ou o comportamento desejado (Antunes, Silva & Afonso, 2014). • Incentivar o uso de uma agenda ou um bloco de planeamento escolar que possa estar presente com a criança diariamente e ser usado sempre que seja necessário. Deve ter um local de arrumação específico para não ser esquecido (Rief, 2012).

• Repetição de regras. As crianças com PHDA sabem as regras, mas nem sempre as conseguem cumprir porque se dispersam facilmente para outros estímulos. Logo, é importante relembrar verbalmente as regras a cumprir de forma simples e clara relativas ao espaço onde se encontram (Barros, 2014).

(57)

1.3.4 |

Atenção

“Keeping a student with ADHD focused and on-task is a monumental challenge to teachers, and one that requires experimenting with a variety of approaches”6 (Rief, 2012, p.145).

Daley et al., (2010, p.88) defende que uma das melhores estratégias para melhorar a concentração nas crianças com PHDA, é através da utilização do jogo e do brincar. As crianças com PHDA, apenas mantêm o foco e atenção em atividades ou tarefas que lhes

despertem interesse e motivação. Como tal, o jogo é uma ferramenta que proporciona uma recompensa rápida e desta forma mantém a criança interessada, despertando a sua curiosidade e desenvolvendo as suas capacidades cognitivas. Para além disso, Daley et al., (2010, p.90) defende que: “Play helps children learn to express their feelings rather than having to act them out”7.

Rief (2012) defende que uma das estratégias mais efetivas para melhorar a participação e atenção das crianças com PHDA é criar trabalhos ou pequenas interações em grupo. Esta estratégia permite que a criança partilhe ideias, clarifique a informação e pratique e desenvolva o seu vocabulário.

De forma a auxiliar a criança a focar a atenção Antunes, Silva & Afonso (2014, p.67) definem também algumas das estratégias que devem ser utilizadas, em contexto escolar, sendo elas:

• Posicionar a criança perto do professor para que seja mais fácil criar contacto visual;

• Ajudar o aluno a organizar o espaço de trabalho, desimpedindo-o de elementos de distração;

• Pedir, ocasionalmente à criança para que explique por palavras suas o que lhe foi solicitado, para perceber se a mensagem e o conteúdo chegaram de forma desejada;

• As instruções devem ser curtas, num tom de voz tranquilo,

6 “Manter um aluno com PHDA focado nas tarefas é um desafio monumental para os professores, e que exige a experimentação de várias abordagens” – T.L.

7 “O jogo ajuda e ensina as crianças a expressar seus sentimentos ao invés de ter que coloca-los em ação” – T.L.

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mas firme;

• Usar sinaléticas que estabeleçam sinais visuais e auditivos de forma a captar a atenção dos alunos. Combinar entre

professor e aluno um sinal que funcione como uma chamada de atenção individualizada;

• Criar uma caderneta de bom comportamento divertida; apresentar as tarefas mais longas e complexas de forma repartida, dar primeiro uma ficha de trabalho e quando o aluno terminar entregar a seguinte, e assim sucessivamente.

1.3.5 |

Autoestima e Autoconfiança

Segundo Rief (2012), as crianças e adolescentes com PHDA, costumam ter dificuldades nos relacionamentos interpessoais, quer em casa, quer na escola. Alguns dos comportamentos que afetam negativamente as suas interações sociais e aceitação são: falta de autocontrolo e inibição do comportamento, dificuldade em regular as emoções e respostas, má capacidade de resolução de problemas e reação negativa (discussões, lutas, nomes inapropriados), dificuldade em gerir a raiva, fraca autoconsciência (inconscientes dos seus comportamentos e de como afetam os outros), dificuldade em controlar e modular o seu tom de voz e linguagem, fraca capacidade de comunicação (ouvir os outros, interrompem), facilmente se desperta e estimula, tendo dificuldade em se acalmar. Todos os desafios socias podem resultar numa serie de resultados negativos e consequentemente numa baixa autoestima, assim como numa grande fonte de dor e frustração, não só para a criança, mas para toda a família (Rief, 2012, p. 55).

No entanto, importa referir que nem todas as crianças com PHDA possuem problemas a nível social, sendo algumas delas, crianças com bastantes capacidades socias e de popularidade nos grupos de amigos.

Algumas das crianças com PHDA com problemas sociais podem demonstrar competências sociais em contextos não escolares como, teatros comunitários, voluntariados ou outros contextos sociais. Apesar das crianças apresentarem dificuldades no ajustamento social dentro e fora da escola, as suas dificuldades podem estar mais relacionadas com o seu tipo de personalidade, individualismo ou

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pela sua natureza do que com os défices relacionados com a PHDA (Armstrong, 1999, p.87).

De acordo com Rief (2012) é importante perceber que muitas crianças com PHDA têm níveis de inteligência iguais ou superiores à média a nível intelectual, musical ou atlético. Dando-lhes as ferramentas que necessitam e desenvolvendo as suas forças, talentos e interesses, têm todas as competências para triunfarem na vida.

Algumas das técnicas utlizadas de forma a combater a fraca autoestima e autoconfiança são:

• Reforço Positivo. De acordo com Rief (2012, p.218) as crianças com PHDA necessitam de incentivos adicionais quando realizam ou completam uma tarefa dentro do tempo esperado. Por exemplo, referir que quando acabar os trabalhos de casa pode ir ver televisão ou brincar lá fora, pode tornar-se numa forma de motivação para acabar a tarefa. Outra das formas de reforço positivo é através do elogio, sempre que se justifique e o comportamento tenha sido bom. Esta técnica, por mais simples que possa parecer, pode constituir um fator de motivação para a criança e ajudar a manter o comportamento ajustado por mais tempo (Antunes, Silva, & Afonso, 2014).

• Auto monitoramento. Ensinar à criança técnicas de auto

monitoramento e diálogo interno (inclui ensinar à criança questionar o que fazer, antes de o fazer, parar e pensar nas consequências do seu comportamento antes de agir de certa forma). Procurar áreas de competências sociais (deportos, música) de forma a diminuir comportamentos agressivos em casa e na escola (Amen, 2002, pp. 547-548).

• Melhorar as competências Sociais. As tarefas que permitem que os alunos estejam altamente envolvidos e interajam com os outros são de extrema importância, especialmente para os alunos com PHDA (Rief, 2012, p. 50). Providenciar um ambiente positivo, de sucesso e experiências positivas, assim como, convidar amigos para passar tempo juntos.

(60)

Uma das formas de aumentar o conhecimento apropriado é discutir com a criança interações que estas veem na rua ou na televisão. De acordo com Rief (2012, p.60) algumas das aptidões que devem ser estimuladas e que contribuem para uma melhoria das competências sociais são as seguintes:

• Cumprimentar os outros;

• Desenvolver competências de ouvir e só depois responder; • Mostrar interesse e fazer perguntas;

• Respeitar o espaço pessoal dos outros; • Brincar e trabalhar cooperativamente;

• Aprender a ler sinais socias nos outros (linguagem corporal, expressões faciais);

• Aprender a entrar numa brincadeira ou jogo que já foi iniciado; • Aprender a ignorar as provocações;

• Gerir a raiva usando estratégias corretas (conhecer o que lhe desperta a raiva, procurar formas apropriadas de expressar, usar frases positivas para si mesmo);

• Seguir instruções e respeitar regras; consciência dos seus sentimentos e dos outros;

• Dar e receber feedback positivo; • Dar e receber feedback negativo; • Evitar e/ou lidar com bullies;

• Resolver os problemas de forma calma e não agressiva, (através de negociação e compromisso).

1.3.6 |

Irrequietude Psicomotora

Um dos sinais mais visíveis das crianças rotuladas de PHDA envolvem o movimento físico: mexendo-se constantemente,

contorcendo e correndo quando lhes é pedido para estarem sentadas e quietas (Armstrong, 1999, p.73). As estratégias recomendadas para auxiliar as crianças com esta característica são sobretudo, ações que pretendem canalizar de forma produtiva essa energia para atividades mais controladas, contribuindo gradualmente para um sentimento de maior autocontrolo.

São vastos os benefícios das atividades lúdicas referidos na literatura, nomeadamente no que diz respeito às atividades desportivas e atividades artísticas. Algumas das estratégias encontradas são:

Imagem

Figura 2 | Diagrama das áreas de estudo abrangidas pela  investigação. Fonte: Investigadora (2017)
Figura 4 | Evolução da elaboração das Personagens. Fonte:  Figura 5 | Evolução da elaboração das Personagens em versão
Figura 8 | Conjunto das 8 Personagens. Fonte: Investigadora (2017)
Figura 9 | Áreas do Comportamento e respetivas cartas. Fonte: Investigadora (2017)
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Referências

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