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“A PHDA representa para a família desafios acrescidos. Os familiares sentem grande incompreensão perante os motivos pelos quais uma criança aparentemente “normal” tem tantas dificuldades em cumprir regras e ordens, originando um desgaste físico e emocional enorme” (Antunes, 2014, p. 45).

De acordo com Rief (2012, p.20) é importante ter em conta os desafios diários que existem numa casa em que uma ou mais que uma das crianças tem PHDA, pois esta perturbação causa um forte impacto em toda a família. Conforme Antunes (2014) refere, os comportamentos desajustados da criança com PHDA podem afetar negativamente todo o âmbito familiar. Sendo esta mais irrequieta, impulsiva e de temperamento instável, a criança geralmente não aceita medidas de disciplina, levando os pais à exaustão e por vezes até ao ponto de eles próprios perderem a capacidade de tolerar e compreender o comportamento dos filhos. Reações por parte dos pais que expressem raiva, irritabilidade e/ou agressividade não resolvem em nada os conflitos e podem mesmo agrava-los ainda mais.

Infelizmente, muitas vezes os professores e o próprio agregado familiar desconhecem ou subestimam as dificuldades que estas famílias têm de enfrentar.

dificuldade ou um problema que causa constrangimento e um impacto social negativo, os pais no seu papel de educadores tendem a ser vistos como os primeiros culpados (ou muitas vezes eles próprios sentem-se culpados) e incapazes de lidar com a situação. A crítica alheia passa a ser algo que têm de enfrentar

frequentemente, quer por pessoas fora do agregado familiar como, vizinhos, colegas de trabalho, amigos ou mesmo no seio familiar como tios, primos, avós fazem comentários e criticam a forma como deve ser aplicada a disciplina e educação dos seus filhos (Rief, 2012, p. 21).

As consequências deste comportamento, resultam num aumento de stress acrescido ao que estas famílias já possuem, podendo levar os próprios pais a duvidarem de si mesmos e da educação e disciplina que dão aos seus filhos. Outra consequência resulta no isolamento por parte destas famílias, como forma a evitar situações de mau comportamento por parte dos filhos em locais públicos, que dão origem às criticas e consequentes tensões e conflitos familiares. Como defende Rief (2012) os pais são o principal exemplo e modelo na vida da criança. Desta forma é importante que demonstrem e ensinem comportamentos e competências que ajudem os seus filhos a melhorar comportamentos sociais e interpessoais. Parte do plano de intervenção multimodal envolve a formação sobre técnicas de modificação do comportamento e disciplina positiva tais como, compreender e saber lidar com comportamentos desafiadores, comunicar eficazmente e evitar problemas.

Estilos Parentais

Desta forma torna-se importante adotar um estilo parental e modelo educativo adequado que auxilie a criança quer no desenvolvimento de competências, quer na sua autorregulação. O estilo parental traduz-se por um conjunto de atitudes que criam um clima emocional e comportamental, no qual se expressam valores, decisões,

linguagem corporal, tom de voz, atenção e afeto (Antunes, Silva & Afonso, 2014). Dentro dos diferentes estilos parentais que podem ser adotados, o estilo democrático é o que tende a trazer maiores benefícios para a criança, sobretudo para as que possuem PHDA, promovendo um maior nível de integração com os outros, maior cooperação e autonomia, autoconfiança, autocontrolo e melhorias nas interações sociais.

As principais características deste estilo parental traduzem-se por: • Elevados níveis de afeto, mas também de controlo (nos pontos de discordância);

• Incentivo ao diálogo e comunicação; expetativas adequadas às competências da idade da criança;

• Atenção às necessidades da criança e incentivo à autonomia (Antunes, Silva & Afonso, 2014).

Comunicação entre Pais e Filhos

Para além do estilo parental adequado é também necessário estabelecer uma comunicação saudável entre pais e filhos, onde o diálogo, partilha de vivências e histórias entre ambos, permita demonstrar diferentes alternativas e ajude a reajustar comportamentos, que se irão refletir mais tarde numa maior

capacidade de autocontrolo e autorregulação das próprias emoções (Antunes, Silva & Afonso, 2014).

Também na comunicação é importante adotar de entre os vários estilos, um estilo de comunicação assertivo, pois facilita a comunicação e desenvolve a paciência e colaboração. Os pais que apoiam as crianças e têm expectativas positivas, promovem um aumento da sua autoestima, motivação e diminuição da frustração que resulta no seu melhor desempenho. Pelo contrário, os pais que dão pouco retorno e não se envolvem são relacionados com baixas aspirações de conquista.

Este estilo de comunicação (assertivo) caracteriza-se por respeitar os seus sentimentos e os da outra pessoa; exprimir-se de forma direta, honesta e apropriada; manter uma postura adequada ao conteúdo verbalizado; ser claro e objetivo; olhar os outros nos olhos; facilitar a expressão dos outros; promover uma educação com base na confiança e no respeito mútuo; cativar a admiração dos outros; reduzir tensões e mal-entendidos nas relações sociais; diminuir probabilidade de conflitos (Antunes, Silva & Antunes, 2014). Neste sentido, devido à importância que a comunicação entre pais e filhos acarreta, Antunes, Silva & Afonso (2014, p.60) definem algumas das estratégias que se tornam eficazes e a ter em conta, sendo elas:

que estas crianças possuem em distanciar-se do que está a ser transmitido, torna-se importante comunicar de forma consistente e direta, evitando ambiguidades, tentando sempre cumprir com o que é transmitido, tanto em recompensas como em punições, pois ajuda na modelação e reajustamento do comportamento.

• Ter uma escuta ativa, ou seja, tomar atenção à criança

demonstrando interesse, esclarecendo duvidas, partilhando ideias, opiniões e sentimentos.

• Falar num tom de voz calmo, sereno, mesmo nos momentos de maior tensão e conflito, uma vez que ajuda a modular o

comportamento, (funcionando como um espelho).

• Elogiar sempre que a criança colaborar. Torna-se numa ferramenta essencial ao desenvolvimento da criança e funciona como forma de motivação, desenvolvendo comportamentos adequados. No entanto, deve, apenas, ser utilizado em situações concretas, com um significado real e que cumpra um objetivo em vez de criar expetativas irrealistas.

1.3.2 | Escola

Tal como refere Rief (2012) a maior parte das crianças com PHDA não são diagnosticadas até entrarem no primeiro ano escolar. No entanto, os sintomas de hiperatividade, impulsividade e desatenção são muitas vezes identificados desde cedo, na pré-escola ou até mais cedo. A escola é um dos locais onde a criança passa a maioria do seu tempo, logo onde os seus problemas serão mais visíveis e terão maior impacto. Neste sentido os agentes educativos têm um papel fulcral no percurso e apoio destas crianças. Para isso é importante que adotem esforços e medidas que auxiliem a lidar com os comportamentos desajustados, manter a disciplina, a criar um ambiente estruturado, uma rotina de sala de aula e a apostar em atividades atrativas que despertem o interesse na aprendizagem (Antunes, Silva, & Afonso, 2014).

Na sala de aula

Devido aos comportamentos característicos das crianças com PHDA, os professores podem acabar por rotular estas crianças, numa primeira instância, de desobedientes e mal-educadas. No entanto, sabe-se que a criança apresenta tais comportamentos devido à

própria perturbação que lhe dificulta o ajustamento às regras da sala de aula. Desta forma, torna-se importante adotar estratégias que melhorem o ambiente de sala de aula, tanto para o professor, como para as restantes crianças na sala de aula (Antunes, 2014).

Relação e Comunicação entre Professor e Aluno

Algumas das estratégias que são recomendadas a exercer por parte do professor são:

• Manter a proximidade física do aluno e a circulação pela sala de aula. Esta técnica ajuda não só, a modular e reajustar o

comportamento da criança, e em consequência o aluno mantém um maior foco de atenção e concentração nas tarefas pedidas;

• Comunicar de forma entusiasta e motivante. A comunicação deve ser feita de forma direta e objetiva relativamente ao tema em estudo, evitando ambiguidades, metáforas ou trocadilhos; • Chamar a atenção do aluno antes de ensinar pontos-chave da matéria;

• Ter um som ou gesto especial combinado com a criança (bater uma palma, acender e apagar a luz) de forma a indicar-lhe que deve parar e concentrar-se no professor;

• Evitar a crítica destrutiva e situações embaraçosas para o aluno, principalmente junto dos colegas, privilegiando o contacto individualizado com a criança para fazer as chamadas de atenção necessárias (Antunes, Silva & Afonso, 2014, p.69);

• Elogiar e transmitir feedback positivo, sempre que for possível, quando o aluno realiza as tarefas propostas ou tentou com empenho realiza-las;

• Dar sempre que possível uma instrução de cada vez;

• Estabelecer instruções multissensoriais – sinais visuais e gráficos com explicações verbais simples (Rief, 2012, p. 140).

Recreio

Os recreios são um dos locais de maior importância, na vida de todas as crianças. São espaços mais livres, de socialização, onde se desenvolvem diversas competências. No entanto, para as crianças com PHDA, é também um dos locais onde as suas características próprias se confrontam com o cumprimento das regras sociais e acabam por dificultar a sua integração. A impulsividade e/ou hiperatividade faz com que ajam repentinamente, muitas das vezes magoando os colegas ou a si próprios, revelando fraca resistência à

frustração quando perdem em alguma situação. A desatenção faz com que não prestem atenção às conversas com os outros, regras de jogos ou atividades (Antunes, 2014).

Desta forma, algumas das estratégias que importam considerar são: • A presença e supervisão de um adulto, que pode ajudar na gestão e ocorrência de conflitos entre as crianças;

• A organização de atividades estruturadas, pois a falta de atividade e aborrecimento são fatores que podem potenciar atividades descontroladas e conflitos entre os alunos (Antunes, Silva, & Afonso, 2014, p. 72);

• A sensibilização do professor para os colegas interagirem com a criança, através de jogos, brincadeiras ou trabalhos de grupo; • Da mesma forma deve alertar a criança com PHDA, quando esta tem comportamentos desadequados (Barros, 2014);

• Evitar privar a criança dos intervalos como forma de punição, pois esta medida acaba por fazer o efeito contrário, aumentando ainda mais as características de desatenção, impulsividade e hiperatividade na criança que precisa de pausas e movimentar-se para descomprimir (Antunes, Silva & Afonso, 2014).