• Nenhum resultado encontrado

Jarra de colarinho para armazenamento "Collared Rim Jar"

No documento Hebreus e Filisteus na terra de Canaã (páginas 147-153)

TIPOS DE CERÂMICA SEGUNDO OS PERÍODOS ARQUEOLÓGICOS

f'9

«O

Q

¢0

[s.i— , - « to

D

; •I <®< * "O

O

/ \ )

o

< S ^

o

•■€

O °

M

i_ ri

OD

D

d. * [) I i ft

D

n

(D

O

r ï

0

!.£>

■=!)

D

1- Período Calcolítico 3-Período d o Bronze Médio

2- P. do Bronze Antigo 4-P. do Bronze Tardio

5- P.do Ferro I 6- P. d o Ferro II.

Três exemplares de panelas em cerâmica, que talvez, possam servir de critério para aferimento de evolução cultural.

A: Panela do see. X1II-XII AC. de colarinho triangular invertido.

B: Panela do meado do séc. XII AC, de colarinho menos pontiagudo.

Na antiguidade, outro elemento indicativo da mudança de populações e culturas é o uso da cerâmica que, como é sabido, muda lentamente. Ora, durante o B.T (1500-1200), uma única forma de "panela de cozer" nos é conhecida em Canaã e aparece por toda a parte em qualquer nível do B.T. Trata-se dum recipiente com colarinho triangular invertido, classificado de Tipo A. É ele que aparece a Zertal, de maneira preponderante, nas escavações do Monte Ebal, estrato II, com

data de cerca de 1300 AC. Desaparece, entretanto, durante o séc.XII AC,

sendo substituido pela "panela de cozer" Tipo B, cujo uso se prolonga até

meados do séc. XI AC. Os arqueólogos identificam-na como típica dos

hebreus, caracterizando-a pelo colarinho em forma de língua, erecto ou

inclinado, e que dura até ao séc. X AC, quando se inicia a monarquia israelita l? . Eis, pois, outro critério para fazer notar o aparecimento de algo diferente em Canaã, ao nível da população e seus usos.

Descendo para sul, sempre na crista da zona das montanhas e nas

franjas do deserto, a pesquisa arqueológica torna-se mais difícil, e os

territórios das antigas tribos de Benjamim e de Judá têm sido pouco

estudados. Isto deve-se principalmente à presença dos "palestinianos" aí

estabelecidos (zonas ocupadas) e aos condicionalismos e inconvenientes

da "Intifada". Como quer que seja, uma coisa, desde já, parece certa: a

extensão habitacional para sul no período do ferro foi mais tardia.

O território de Benjamim, cerca de 10 km. entre Betel e Jerusalém, apresenta como lugares mais explorados: Gabaon (El Gib ),

Guibea (Tell el Fui ), Masfa ou Mizpah (Tell en-Nasbeh ) e Hibert Dawara

is. Os dados arqueológicos parecem indicar que foi na parte oriental, do lado do deserto, que se concentrou a actividade do povo chegado no

1 7 IDEM -Ibidem.

período do F.I, até porque, segundo a Bíblia, ali perto, mais a ocidente, estavam as cidades dos gabaonitas. Muitos acontecimentos dos

primórdios da Monarquia, em tempos de Samuel e Saúl, passam-se, precisamente, neste território; são relatados pela Bíblia em pormenor e

estão, geograficamente, bem localizados e foram identificados com segurança (I Samuel).

Quanto ao território de Judá {Montanha dejudá ), mesmo para a

Bíblia, a história hebraica de Judá é tardia, só começa com David. Ele foi o

fundador da "Casa de Judá" { TTJVV JTn , II Sam. 2,4-11) . No período do F.I, reglstam-se 10 a 12 sítios, segundo Finkelstein 19, sendo os mais significativos Jerusalém, Bet-Zur, Guiloh, Hebron e Hirbet Rabud {Rebir ).

A "survey" de Kochavi, em 1967-68, já havia demonstrado que a zona era pouco povoada no F. I.

Finalmente, resta-nos sondar a parte sul, desértica, no vale de Bersheba. Também aqui há poucos lugares do F.I: Arad, Tell Bersheba, Tell Esdar e Tell Masos 20 . A ocupação foi lenta e pacífica, não unificada, pelo que não resulta fácil desenhar a imagem dos ocupantes: se hebreus, se amalecitas, se semi-nómadas {osShasu das fontes egípcias). A verdadeira ocupação hebraica ter-se-á dado nos finais do séc. XI e

princípios do séc. X AC, quando se fizeram as fortificações de Arad, Tell Bersheba e Tell Masos.

Agora, se regressarmos aos montes de Manasses e caminharmos para norte, veremos como a infiltração da população característica do

F. I se rarefaz.

1 9 FINKELSTEIN, I. - O. c, 47 - 53; LEMAIRE, André - la montagne de Juda (Xin-XI ° siècle av. J.C.) , "La protohistoire d'Israël, Paris, Cerf, 1990, 293 - 298.

2 0 FNKELSTEIN, I. - O. c., 34-37; KEMPINSK1, Aharon - L'installation des clans et des tribus dans le bassin de Beersheba , "La protohistoire...", 298 -

Na planície de Jezreel ou de Esdrelon até Beth-Shean conhecem-se dezenas de sítios do F.I com três centros principais: Beth-Shean, Meguido, Taanak. Todavia, os hebreus não terão ali chegado antes do séc.X, quando David conquistou Meguido, o que corresponderia à "Meguido VI A" ( jos. 17,11-13; Jz.1,27; I Re,9,15.19) 21. A própria Bíblia diz expressamente que, aquando das campanhas de Josué, os hebreus não tomaram as cidades dos cananeus situadas nesta zona.

No sector oriental da Baixa Galileia, o influxo dos hebreus não se teria feito sentir antes do séc. X pois, nesses sítios, constata-se a ausência de jarras de colarinho 22. A planície costeira da Galileia

ocidental já está fora dos limites da instalação dos hebreus, e isso resulta claro tanto das escavações arqueológicas, de que Tell Keisan é uma boa

amostra, como dos relatos bíblicos.

A Alta Galileia e o vale do extinto lago Huleh, segundo as sondagens de superfície efectuadas desde 1950 por Aharoni, colocam

problemas cuja interpretação choca com as vagas informações bíblicas acerca da campanha de Josué contra os reis do norte (Jos. 11). É evidente

que a lista das cidades e povoações apresentada no livro de Josué é posterior e tardia. As escavações, sobretudo em Hasor, Dan, Har Adir, Sasa, Tell Harashin e os surveys de Aharoni fornecem elementos de cultura material que, de modo genérico, se assemelham aos da zona montanhosa do centro, mas com denotada marca regional. Em alguns sítios, aparecem jarras de colarinho, que os arqueólogos preferem chamar pithoi da Galileia, marcando, assim, a semelhança e a diferença.

Entretanto, grande polémica estalou: enquanto Aharoni, adepto da teoria da infiltração pacífica de Alt, defendia a diferença e colocava as lutas

2 1 FINKELSTEIN, I.- O. c, 92 - 93. 2 2 IDEM - Ibidem , 94 - 97.

No documento Hebreus e Filisteus na terra de Canaã (páginas 147-153)