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YANN DUCLOS 286 APENDICE E Modelo de entrevistas

1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Este estudo visa compreender a influência dos procedimentos adotados na área de organização e no equilíbrio financeiro dos clubes de futebol na Europa, por meio da implantação Fair Play Financeiro, em 2010. O estudo é, ainda, relevante em dois sentidos: um prático e outro teórico.

Em termos práticos pode-se citar a importância da indústria do esporte no cenário econômico internacional. Segundo o professor Wladimir Andreff (ANDREFF,

2012), na conferência da Société Européenne de Culture sobre mundialização econômica do esporte, realizada em 8 de junho de 2012 na cidade de Veneza – Itália, o mercado mundial do esporte movimenta aproximadamente um trilhão de dólares por ano, ou seja, 1,78% do PIB mundial. Para Bourg e Gouguet, (2001, p.44) isso representa 3% do comércio mundial. Em países desenvolvidos o peso do esporte na economia varia de 0,5 a 2% (ANDREFF; NYS, 2002, p.3). Acrescente-se, ainda, que o futebol sozinho represente 48% deste mercado (BOURG; GOUGET, 2001, p.45).

Segundo a UEFA a receita dos clubes das principais ligas europeias aumentou em 5,6% ao ano nos últimos cinco anos contra uma média de 0,5% da economia da zona Euro (FRANCK, 2014; MORROW, 2014). Nada mais atual do que estudar a tentativa de organizar esta indústria tão potente no mercado europeu através da regulamentação do Fair Play Financeiro. O futebol, com a liberalização econômica e jurídica imposta pela corte europeia de justiça depois do Caso Bosman, elevou a concorrência dos grandes conglomerados de mídia para a retransmissão do mesmo pelo mundo. O futebol europeu tornou-se um espetáculo visto em todo o planeta. O valor pago pelas redes de televisão para as 5 ligas mais importantes da Europa, as chamadas ligas “big 5” (PEETERS; SZYMANSKI, 2014; MULLER; LAMMERT; HOVEMANN, 2012), chega a 2,535 bilhões de euros por temporada chegando a 71% das receitas totais arrecadadas (Quadro 1).

Quadro 1 - Divisão dos recursos audiovisuais nas Ligas

“Big 5” em duas temporadas.

Fonte: Le Décrochage (UCPF, 2014, p.21).

O contrato da UEFA para a retransmissão de suas duas principais competições, a Liga dos Campeões e a Liga Europa passou de 100 milhões de euros por ano em 1996 para, em torno de, 1 bilhão de Euros em 2013 (PEETERS; SZYMANSKI, 2014, p.356). Para o período 2015-2018 a UEFA distribuirá aos clubes participantes de seus dois maiores campeonatos a quantia aproximada de 4,9 bilhões de euros (UEFA, 2015a).

A relevância prática, ainda, advém da necessidade e da importância de se conhecer o que se está fazendo na Europa, com a intenção de sanear as dívidas dos clubes europeus, tornando o futebol mais competitivo naquele continente. Este conhecimento poderá servir de referência para auxiliar a discussão do assunto junto a outras Ligas e clubes de futebol espalhados no mundo. Isto porque o fair play financeiro representa uma alternativa para:

clubes;

b) planejar o pagamento de suas dívidas;

c) modernizar as gestões, adaptando ao modelo profissional e;

d) equilibrar as competições.

O sistema pode representar uma estratégia para ordenar a gestão esportiva do futebol. Como consequência, os clubes poderiam atrair novos investidores ao esporte, melhorando o nível das competições, além de conseguir mais recursos para investir em equipes qualificadas, subvertendo a lógica atual. Para Drut (2011) o modelo tradicional faz com que os clubes invistam recursos que não possuem para não serem rebaixados nas competições Após o Caso Bosman uma espiral “despesista”, como citou Emanuel de Medeiros, ex-presidente da Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional – EPFL ocorreu devido “a corrida aos melhores jogadores [...] que ameaçava colocar em crise a viabilidade do futebol profissional na Europa” (MORAES et al., 2014, p.2). O Fair play financeiro vem para regular e ordenar a gestão financeira e esportiva dos clubes Europeus.

No sentido teórico, as pesquisas desenvolvidas sobre o tema na Europa (HOLT, 2009; COLLIN, 2004) revelam a preocupação dos pesquisadores em proporcionar resultados científicos para o entendimento do fenômeno junto as organizações esportivas, principalmente, nos clubes de futebol. Na Europa existem pesquisadores em todos os países, trabalhando o tema e, mais, especificamente, o FPF. Na sequência, são citados os principais estudos e pesquisas resultantes da revisão sistemática realizada nas bases de dados (EMERALD, EBSCO, CAPES, SPELL e SCIELO) sobre o tema Financial Fair Play in Football, a partir de 21 de

julho de 2014 até o ano de 2007 (Quadro 2).

Quadro 2 - Bases de dados.

Base de Dados Pesquisado como: Quantitativos

EMERALD All 5

EBSCO Pesquisa básica 4

CAPES Artigos – Professional soccer 8 (3 - repetidos)

SPELL 0

SCIELO 0

Fonte: produção do próprio autor (2015).

Em virtude de o tema ser novo, foram pesquisados, também, documentos elaborados em Universidades, “Journals”, Revistas e textos de autores europeus que estudam o tema gestão e economia do esporte a partir de 2007. O Apêndice A apresenta em ordem cronologia decrescente as publicações de 2014 até 2007.

A ampliação da pesquisa, além das bases de dados proporcionou um conhecimento mais atualizado sobre o assunto. Foi possível verificar que existem pesquisadores em praticamente todos os países europeus publicando sobre o FPF, suas consequências e sua legalidade. Além disso, há o contraditório a esta regulamentação, ou seja, alguns clubes e, principalmente, os agentes de jogadores acionando a Justiça europeia sobre a sua legalidade. Por outro lado, a UEFA, mostra os primeiros resultados que confirmam a boa intenção do FPF. Michel Platini, presidente da UEFA em conferência de imprensa em 2014 (ECOFOOT.FR, 2014) anunciou que: Com o FPF as perdas dos clubes passaram de 1,7 bilhões de Euros para 800 milhões de Euros em duas temporadas. Esta regulamentação começa a ser implementada. As primeiras sanções já foram estabelecidas. A redução das despesas dos clubes já ocorre, como demonstrou a UEFA. O objetivo

do equilíbrio financeiro está sendo alcançado. Resta agora ver o equilíbrio das competições. De que forma a UEFA atingirá esta meta já que os clubes mais ricos do continente continuam a participar da fase final da principal competição da UEFA. A continuidade do FPF mostrará como este objetivo será atingido.