• Nenhum resultado encontrado

2 AS ORGANIZAÇÕES E O AMBIENTE EXTERNO

2.1 AS ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS As organizações no enfoque clássico eram vistas

como sistemas relativamente fechados. A eficácia e o sucesso dependiam da eficiência das operações internas. As organizações e políticas administrativas eram criadas para realizar um conjunto estável de tarefas e metas organizacionais. Para os estudiosos do pensamento clássico, não era relevante verificar a adaptação da organização às mudanças no ambiente externo (AMBONI, 1997; ANDRADE; AMBONI, 2010).

Circunstâncias de mudanças pedem diferentes tipos de ação e de resposta. Flexibilidade e capacidade de ação criativa, assim, tornam-se mais importantes do que a simples eficiência. A compartimentalização engendrada pelas divisões mecanicistas entre diferentes níveis hierárquicos, funções, papéis e pessoas tende a criar barreiras e obstáculos (ANDRADE; AMBONI, 2010). Os problemas quando surgem são tratados de forma fragmentada e não holística, podendo ser resolvidos através das políticas organizacionais, dos procedimentos e dos padrões de especialização já existentes. O enfoque mecanicista da organização tende a limitar e não a ativar o desenvolvimento das capacidades humanas, modelando os seres humanos para servir aos requisitos da organização mecanicista em lugar de

construir a organização em torno dos seus pontos fortes e potenciais.

As organizações como sistemas abertos apresentam, segundo Katz e Kahn (1978) e Andrade e Amboni (2010), as seguintes características:

Importação ou entrada (input) - os sistemas

recebem ou importam insumos do ambiente externo para suprir-se de recursos, energia e informação. O sistema precisa de um fluxo de entradas de recursos (que são os insumos necessários às atividades e operações do sistema) capazes de lhe proporcionar energia, matéria ou informação. Estes recursos são colhidos no meio ambiente com que o sistema interage dinamicamente através de relações de interdependência.

Conversão ou transformação - os sistemas

processam e convertem suas entradas em produtos ou serviços, que são os seus resultados. Cada tipo de entrada (como matérias, máquinas e equipamentos, mão-de-obra, dinheiro e créditos, tecnologia) é processado através de subsistemas específicos ou especializado naquele tipo de recurso. Assim, dentro do sistema ocorre um fenômeno de diferenciação pelo fato dos subsistemas se especializarem no processamento dos tipos desiguais de insumos que o sistema importa do meio ambiente.

Exportação ou saída (output) - as entradas

devidamente processadas e transformadas em resultados são exportadas de novo ao ambiente. As saídas são decorrentes das atividades de conversão ou processamento do sistema, através das operações realizadas pelos diversos subsistemas em conjunto.

Retroação ou retroalimentação (feedback) - é à

entrada de caráter informativo que proporciona sinais ao sistema a respeito do ambiente externo e do seu próprio funcionamento e comportamento. A retroação permite ao

sistema corrigir seu comportamento, ao receber de volta a informação ou uma energia, que retorna para realimentá-lo ou alterar o seu funcionamento, em função dos seus resultados ou saídas.

A retroação é basicamente um mecanismo sensor, que permite ao sistema determinar os desvios que devem ser corrigidos para alcançar seu objetivo.A retroação pode ser de dois tipos: retroação positiva - atua como meio para aumentar a variação da saída do sistema em relação aos objetivos ou padrões preestabelecidos. A retroação positiva encoraja o sistema a mudar ou acelerar o seu funcionamento. Assim, se a ação do sistema for insuficiente, a retroação positiva deve estimulá-lo para que suas saídas produzam ação mais intensa. A retroação negativa se incumbe de inibir ou restringir o seu funcionamento, para que as novas saídas sejam menores ou produzam uma ação menos intensa.

Estabilidade - mediante os mecanismos de

retroação, o sistema apresenta a característica de estabilidade ou auto-regulação. Quando submetido a qualquer distúrbio ou perturbação, o sistema ativamente volta ao seu estado de equilíbrio anterior. Esse equilíbrio é dinâmico e visa a manter: a) as partes ou estrutura do sistema (e seus subsistemas); b) as relações entre as partes (que constituem a rede de comunicação do sistema); c) as interdependências entre os subsistemas e entre o sistema e o seu meio ambiente.

Homeostasia - é um equilíbrio dinâmico obtido

através da auto-regulação, ou seja, através do autocontrole. É a capacidade que tem o sistema de manter certas variáveis dentro de limites, mesmo quando os estímulos do meio externo forçam essas variáveis a assumir valores que ultrapassam os limites da normalidade. A homeostase é obtida através de

dispositivos de retroação (feedback), que são basicamente sistemas de comunicação que reagem ativamente a uma entrada de informação.

Adaptabilidade - é a característica que leva o

sistema a se modificar ou crescer através da criação de novas e diferentes partes, relações e interdependências para se adaptar às mudanças ocorridas no meio ambiente.

Entropia - a entropia significa que partes do

sistema perdem sua integração e comunicação entre si, fazendo com que o sistema se decomponha, perca energia e informação e degenere. Nas situações em que a organização perde energia sem conseguir buscar novas energias, ela está praticando a entropia positiva. A entropia é positiva quando a organização não consegue reabastecer o sistema. Neste caso, a organização tende a desaparecer do mercado. Já nas situações em que a organização conseguir lançar forças contrárias ao processo de deterioração ou morte para sobreviver, ela está praticando o processo entrópico negativo. O sistema, neste sentido, consegue armazenar energia para adquirir a entropia negativa. Por exemplo, a organização quando lança uma estratégia para incrementar a sua participação de mercado, visando à obtenção de maior rentabilidade e competência pode guardar energia para não desaparecer do mercado.

Diferenciação - todo sistema aberto tem vocação

para a diferenciação de suas partes, isto é, à multiplicação e elaboração de funções especializadas, hierarquizadas e altamente diferenciada. Através da diferenciação, o sistema adquire uma estrutura.

Equifinalidade - os sistemas abertos se

caracterizam por este princípio. Um sistema pode alcançar, por uma enorme variedade de meios e de caminhos, o mesmo estado final ou objetivo, partindo de

diferentes condições iniciais.

Ciclos de eventos - o funcionamento do sistema

aberto tem um caráter cíclico e repetitivo. Todas as atividades do sistema constituem ciclos de eventos recorrentes de entradas, conversões e saídas que se repetem e se alternam indefinidamente.

Limites ou fronteiras - o sistema aberto

apresenta limites ou fronteiras, isto é, barreiras ou demarcações entre o que é o sistema e o que passa a ser o ambiente externo no qual estão inseridos. Os limites definem as áreas de transações ou de intercâmbio entre o sistema e o ambiente, ou seja, onde ocorre a interface entre o sistema e o ambiente. Os limites podem apresentar graus variados de permeabilidade ou de abertura com o ambiente. Quanto mais aberto o sistema, maior o intercâmbio com o ambiente. Quanto mais fechado, menor o intercâmbio. Todas estas características, em conjunto, proporcionam um acentuado grau de complexidade aos sistemas, além da diversidade, já que cada uma das características varia enormemente de um sistema para outro.