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A legislação ambiental municipal versus os problemas ambientais de três cidades do interior de Pernambuco

No documento Resíduos sólidos: (páginas 102-111)

Capítulo 2. Gerenciamento de resíduos sólidos em entes federativos

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

2.6 A legislação ambiental municipal versus os problemas ambientais de três cidades do interior de Pernambuco

2.6 A legislação ambiental municipal versus os problemas ambientais de três cidades do interior de Pernambuco.

QUIRINO, Ana Maria Siqueira Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) anasiqueira17@hotmail.com COELHO, Juliana Paula Gonçalves Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade raole@hotmail.com NUNES, Ana Valéria do Amaral Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFPR)

anavaleriauast2@hotmail.com

RESUMO

A educação ambiental é um instrumento que pode contribuir na formação de cidadãos críticos e responsáveis, sendo um processo contínuo de aprendizagem, voltado para o exercício da cidadania. O Brasil é um país que possui uma legislação bem definida, no entanto passa por problemas ambientais graves. Este trabalho tem como objetivo elencar os principais problemas ambientais dos municípios de Custódia, Salgueiro e Serra Talhada, no Estado de Pernambuco, como também verificar a aplicabilidade da legislação ambiental nesses municípios. Pode-se concluir que estas cidades enfrentam problemas quanto à destinação adequada dos resíduos sólidos, ausência de coleta seletiva, extração ilegal de madeira e principalmente o descumprimento da legislação ambiental.

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PALAVRAS-CHAVE: Legislação ambiental, Educação ambiental, Sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO

O meio ambiente natural ou físico, conforme o § I do Art. 3º da Lei n. 6938, de 31 de agosto de 1981, citado por Farias (2006), é constituído pelos recursos naturais, como o solo, a água, o ar, a flora e a fauna, e pela correlação recíproca de cada um destes elementos com os demais. Desde os primórdios, o ser humano interage com o ambiente. Entretanto, nas sociedades primitivas, essa relação homem-natureza era muito mais evidente devido à dependência de conhecimento desse ambiente para o uso e manejo dos recursos naturais que garantiam sua sobrevivência (ODUM, 1988). Com a finalidade de melhorar a percepção da sociedade para uma reflexão sobre a valorização da natureza e da biodiversidade, estudos envolvendo educação ambiental têm sido cada vez mais utilizados por profissionais de diversas áreas.

De acordo com Lima (2010), a industrialização e a globalização, apesar de sua importância, levaram ao consumismo desenfreado, provocando o desequilíbrio ambiental e comprometendo a vida na terra, com o desmatamento, as chuvas ácidas e desertificação, o aquecimento global, a atmosfera poluída e a diminuição das calotas polares. E à medida que os anos passam, causam graves problemas à natureza e à própria humanidade. Segundo Araújo e Silva (2004), a superpopulação trouxe a preocupação de como continuar se desenvolvendo com qualidade, se os recursos naturais estão se tornando escassos. A partir daí, surge a necessidade de desfrutar do presente preservando o futuro.

Para enfrentar os impactos causados no meio ambiente pelo consumo exacerbado, foram surgindo algumas propostas de políticas ambientais, tais como o consumo verde, consciente, ético, responsável e sustentável (CONSUMO SUSTENTÁVEL, 2005). Segundo Costa e Ignácio (2011), a sociedade deve procurar formas mais sustentáveis para garantir seu progresso, sem prejudicar o meio ambiente. Desenvolvimento sustentável, conforme citado por Mendes (2011), significa atender às necessidades da atual geração, sem comprometer a capacidade das futuras gerações em prover suas próprias demandas.

Os vários trabalhos na área de educação ambiental realizados pelo mundo relatam as diversas dificuldades que estão relacionadas aos conceitos desta área de estudo, além das áreas de ecologia e meio ambiente, os quais são influenciados por questões políticas, socioculturais e científicas (BOSCHILIA, 2009). Assim, para que essas práticas se tornem possíveis, é necessário revoluções, tanto científicas quanto políticas. De acordo com Sorrentino et al. (2005), a transformação social que trata da educação ambiental requer superação das injustiças ambientais, da desigualdade social, da apropriação capitalista e funcionalista da natureza e da humanidade.

De 1930 a 1970 foi o período no qual o Brasil obteve um crescimento com a implementação do II Plano Nacional de Desenvolvimento. Nesta mesma época não havia uma política econômica voltada para a proteção ambiental, o país estava em um processo de industrialização e urbanização de forma desordenada, o que foi um fator agravante para o atual quadro de degradação ambiental (MORAES e TUROLLA, 2004). Durante os anos 80 houve um grande avanço na criação de Unidades de Conservação Federais e Estaduais e à complementação da legislação ambiental que vai se aperfeiçoando.

O Brasil é um país que possui uma legislação ambiental bem definida, onde na Constituição Federal de 1988 o capítulo VI é dedicado as causas ambientais (TOLOMEI, 2013). A educação ambiental apareceu na legislação brasileira em 1973 pela recomendação da Conferência de Estocolmo (1972) com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente - Sema. Em 1981 foi promulgada no Brasil a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981).

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Mundialmente, a Organização das Nações Unidas organizava conferências sobre o gênero ambiental e social pelo mundo todo, e o avanço da educação ambiental no Brasil ocorreu a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Eco-92 ou Rio-92. Em 1992, nesta conferência, foram elaborados tratados, jornadas de educação ambiental, e documentos que até hoje são referências (CARVALHO, 2008), nos quais é realçada a ideia de que os recursos naturais são finitos e que o modelo de desenvolvimento vigente na maioria dos países provoca inúmeras injustiças sociais, o que difunde a noção de desenvolvimento sustentável, mas o torna pouco preciso, a medida em que busca uma integração sistêmica entre a exploração de recursos naturais, desenvolvimento tecnológico e mudança social (ALMEIDA, 1997).

Em 27 de abril de 1999 foi promulgada a Lei n. 9.795, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999). Esta Lei foi regulamentada pelo Decreto 4.281, de 25 de junho de 2002 (BRASIL, 2013). As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental foram estabelecidas pela Resolução CNE 02, de 15 de junho de 2012. De acordo com a Lei n. 9.795/99 (BRASIL, 1999) entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A educação ambiental a partir desse momento passa a ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal (BRASIL, 2014).

Moraes e Turolla (2004) elencaram os quatro principais problemas ambientais a nível nacional: poluição atmosférica, resíduos sólidos, poluição hídrica e desflorestamento, além do crescimento populacional desordenado, que é um fator que contribui para o agravamento destes problemas. Inseridos nesta problemática estão os municípios de Custódia, Salgueiro e Serra Talhada, situados no sertão pernambucano. Este trabalho tem como objetivo elencar os principais problemas ambientais desses municípios, como também verificar a aplicação da legislação ambiental municipal.

2. METODOLOGIA

A metodologia está descrita em dois tópicos, área de estudo, localizando os municípios objeto da presente reflexão, e materiais e métodos, com os procedimentos metodológicos propriamente ditos.

2.1. Área de estudo

O município de Custódia (Figura 1) está localizado a uma latitude 08º05'15" sul e a uma longitude 37º38'35" oeste, estando a uma altitude de 542 metros acima do nível do mar. Com população estimada de 33.874 habitantes, apresenta paisagem típica do semiárido nordestino, com Caatinga hiperxerófita e clima semiárido (IBGE, 2015).

O município de Salgueiro (Figura 1) localiza-se à latitude 08°04'27" sul e à longitude 39°07'09" oeste, estando situado na mesorregião do sertão de Pernambuco, microrregião de Salgueiro, limitando-se ao norte com Penaforte (CE), ao sul com Belém de São Francisco e a oeste com Terra Nova. Possui altitude de 420 metros acima do nível do mar, localizado a aproximadamente 450 km da capital do Estado, Recife. Possui temperatura média anual de 26 C°, clima tropical chuvoso e uma área de 1.733,7 km², com população estimada de 56.641 habitantes (IBGE, 2015).

O município de Serra Talhada (Figura 1) está localizado na mesorregião do sertão pernambucano, microrregião do Pajeú, com uma área territorial de 2.952,8 km², limitando-se ao norte com o Estado da Paraíba, ao sul com Floresta e parte de Betânia, a leste com Calumbi, parte de

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Betânia e Santa Cruz da Baixa Verde e a oeste com São José do Belmonte e Mirandiba. A sede municipal está situada a 420 metros de altitude em relação ao nível do mar e tem sua posição geográfica determinada pelo paralelo 07°59’10’’ sul e 38°17’47’’ oeste. Pertence a bacia hidrográfica do Rio Pajeú, seu clima é semiárido quente e sua vegetação predominante é de caatinga hiperxerófita (IBGE, 2015)

Figura 1: Mapa do Estado, com destaque para os municípios de Salgueiro, Serra Talhada e Custódia.

Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-xAivZ-o0Quk/Tspysr4F _sI/AAAAAAAAKEc/N_MJR5ATRXo/s1600/mapa_pernambuco.gif>. 2015.

2.2. Materiais e métodos

Este trabalho é uma pesquisa documental, realizada por meio de uma revisão bibliográfica sobre as legislações ambientais dos municipios de Custódia, Serra Talhada e Salgueiro, no Estado de Pernambuco, tendo sido dividida em duas etapas. No primeiro momento, foram realizadas pesquisas sobre o tema em revistas, periódicos e livros disponíveis na internet, publicados entre os anos de 1996 a 2015, como também nas prefeituras dos respectivos municípios. Na segunda etapa, após a seleção dos trabalhos e das legislações que abordam o tema da pesquisa, foram elencados problemas ambientais nos municípios pesquisados e confrontados com a legislação ambiental vigente.

3. RESULTADOS

3.1. Percepção da educação ambiental em Custódia, Serra Talhada e Salgueiro

Nos três municípios foi possível notar que há uma carência relacionada à educação ambiental, seja ela no âmbito escolar, como também em outras instituições governamentais e não governamentais. Educação ambiental é um instrumento que contribui na formação de cidadãos críticos e responsáveis, um processo de aprendizagem voltado ao exercício da cidadania, que tem como instrumento os sistemas educacionais, através das instituições de ensino, e as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização, organização, mobilização e participação da coletividade, que envolve não só o comprometimento da escola, mas também da família e da comunidade em geral (CARVALHO, 2006).

Segundo Lima (2010), constitui ferramenta importante de redescobrimento, sendo um processo educativo constante, dinâmico, criativo e interdisciplinar. É considerada como um instrumento que desencadeia um processo de conscientização sobre a questão ambiental. A ausência da educação ambiental em atividades relacionadas ao cotidiano de cada munícipe afeta diretamente alguns problemas ambientais, como por exemplo a destinação adequada dos resíduos

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sólidos, o descarte adequado dos vasilhames de agrotóxicos, a consciência que o desmatamento é ilegal, e a descoberta de que há outros meios de obtenção de renda, como por exemplo, o Manejo Sustentável na Caatinga, que trabalha a retirada de lenha através de sistema rotativo e a prática de reutilização, redução e reciclagem de materiais descartados. A partir do momento que educação ambiental é vista como estratégia viável na promoção da sustentabilidade, proporcionando melhor interação entre homem e natureza (LIMA, 2010), nota-se a diminuição nas condutas lesivas contra o meio ambiente, como também a aplicação de suas sanções através das legislações ambientais

3.2. Custódia

Os problemas socioambientais do município de Custódia estão principalmente relacionados com a destinação inadequada dos resíduos sólidos e o desmatamento pela extração ilegal de madeira. Em relação aos resíduos sólidos, constataram-se irregularidades no tocante ao tratamento e a destinação. Tais resíduos encontram-se expostos em terreno a céu aberto, o que contraria a legislação ambiental vigente. De acordo com Philippi Júnior e Aguiar (2005), os aterros sanitários, ao contrário dos lixões, são os locais corretos de destino para os resíduos urbanos produzidos.

A extração ilegal de madeira, provavelmente proveniente do baixo rendimento das atividades econômicas nas propriedades rurais, propicia a expansão do desmatamento. Schlickmann e Schauman (2007) relatam que de todas as razões promotoras de desmatamento, 10% são referentes à extração irregular de madeira. Ocorrido o desmatamento, o primeiro dano imediato ao meio

ambiente é a perda do habitat da região, devido à retirada da formação vegetal. Em razão do crime

ambiental, haverá uma redução imediata na biodiversidade local de espécies vegetais, pois com o ato um número acentuado de espécies vegetais importantes é danificado, atingindo também as espécies animais, por causa da diminuição de abrigos e alimentos destinados a estes (FEARNSIDE, 2006).

De acordo com a Lei n. 0998/2013, expresso em seu Art. 2°, compete a Secretária Municipal

do Meio Ambiente - Semma, planejar, coordenar e executar políticas, diretrizes e ações que visem à proteção, recuperação, conservação e melhoria da qualidade ambiental do município. Portanto, é necessário maior empenho por parte desta secretaria para que esses projetos sejam colocados em pratica. Necessário também se faz a fiscalização dos problemas ambientais no município de Custódia, por parte do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - Condema, pois essa ação fiscalizadora está prevista na Lei Orgânica do Município e na legislação ambiental, no Art. 7°.

3.3. Salgueiro

No município de Salgueiro são encontrados açudes poluídos tanto por resíduos sólidos, oriundos das residências próximas a estes, como também por resíduos de agrotóxicos utilizados na agricultura local. Estes fatos contradizem a legislação ambiental municipal, Lei n. 1.635 de 2008 (BRASIL, 2008) que garante a preservação e controle das águas subterrâneas, considerando sua importância como manancial de abastecimento de água, preservação, recuperação e controle da rede hidrográfica, constituída pelas nascentes, cursos d’água, cabeceiras de drenagem e planícies de inundação, considerando sua importância na composição do meio e suas funções hidrológicas e de drenagem. Outra problemática encontrada é a falta de vegetação urbana. Na mesma Lei nº 1.635 de 2008 (BRASIL, 2008) no Art. 38, da subseção 1, relata que a arborização com plantas nativas deve ser estimulada, entretanto, até a presente data a cidade não se encontra arborizada.

Bastante notável também é a ausência de coletores de lixo, inviabilizando a coleta seletiva em toda a cidade. Todavia, na legislação municipal consta a ampliação do número de equipamentos públicos urbanos destinados à disposição dos resíduos sólidos gerados pelos transeuntes (lixeiras), como também a formação de uma consciência comunitária sobre a importância da opção pelo

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consumo de produtos e serviços que não afrontem o meio ambiente e com menor geração de resíduos sólidos, e ainda sobre a relevância da adequada separação e disponibilização do lixo domiciliar para fins de coleta.

3.4. Serra Talhada

Em Serra Talhada, existem citações sobre preservação e conservação do meio ambiente na Lei Orgânica do Município (BRASIL, 2008) e no seu Plano Diretor (BRASIL, 2008), porém sua maior consistência está na Lei Complementar n. 199, de 27 de junho de 2013 (BRASIL, 2013), que dispõe sobre a Política Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, a criação do Sistema Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade; cria o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente e o Fundo Municipal do Meio Ambiente e dá outras providências, entre elas a afirmação de que compete à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Igualdade Racial fiscalizar a execução de aterros sanitários. Outra Lei que contempla a preservação e conservação do meio ambiente é a Lei Complementar n. 214/2013 (BRASIL, 2013), que dispõe sobre a criação da Agência Municipal de Meio Ambiente e o sistema de licenciamento ambiental.

Segundo dados do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (APAC, 2013) foi realizado um estudo sobre a regionalização da destinação final dos resíduos sólidos de Pernambuco, levantando uma proposta de implantação e utilização de aterros sanitários em arranjos consorciados para os municípios do Estado. Esta proposta afirma que os municípios de Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Solidão, Tabira, Ingazeira, Quixaba e Iguaracy utilizarão o aterro Sanitário em Afogados da Ingazeira; já as cidades de Serra Talhada, Santa Cruz da Baixa Verde, Triunfo, Calumbí e Flores, farão uso do aterro sanitário que será implantado em Serra Talhada.

Em recente entrevista a site local, o Prefeito de Serra Talhada, levantou a possibilidade de o aterro sanitário regional ser instalado em Tabira, afirmando que “o aterro sanitário é um equipamento ambientalmente controlado e não traria nenhum dano ao meio ambiente. Se Tabira é contra, o município vai ter que apontar outra solução. Se Tabira for indicada para receber o aterro ou uma usina e não aceitar vai criar uma dificuldade” (ALVEZ, 2013). Esses dados confirmam que os municípios do Pajeú vivem o mesmo drama em relação ao lixo, a prática dos lixões ainda é uma realidade na região. Outro problema ambiental percebido é a prática da população em geral e do Centro de Zoonoses do município em exterminar morcegos (na maioria espécies insetívoras e frugívoras) que se encontram em área urbana. Os morcegos são espécies silvestres e, no Brasil, estão protegidos pela Lei de Proteção à Fauna Silvestre (BRASIL, 1967) devido a importância ecológica (disseminador de sementes, polinização, entre outras), a perseguição, caça ou destruição são considerados crimes.

A Lei Complementar n. 214/2013 (BRASIL, 2013), cria a Agência Municipal de Meio Ambiente – AMMA, e cita como uma de suas competências a aplicação de penalidades aos infratores da legislação ambiental vigente, inclusive definindo medidas compensatórias, bem como exigindo medidas mitigadoras, e classifica as infrações para fins de imposição e gradação de penalidades em leves, as infrações que coloquem em risco à saúde, a biota e os recursos naturais, não provocando, contudo, alterações ou danos ao meio ambiente; em graves, as infrações que venham causar dano à saúde, à segurança, à biota, ao bem-estar da população e aos recursos naturais, ou que alterem negativamente o meio ambiente e; em gravíssimas, as infrações que importem em perigo iminente ou efetivamente causem dano irreparável ou de difícil reparação à saúde, à segurança, à biota, ao bem-estar da população, aos recursos naturais (BRASIL, 2013). Segundo esta Legislação Municipal, o extermínio de morcegos em área urbana pode ser classificado como de infração grave, porém esta infração não tem sua penalidade aplicada.

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A Lei Complementar n. 199/2013 (BRASIL, 2013), afirma que compete à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Igualdade Racial fiscalizar as questões relacionadas ao meio ambiente, operacionalizando meios para a sua preservação, nos aspectos relacionados com o saneamento, tratamento de dejetos, reciclagem ou industrialização do lixo urbano. A Lei Complementar n. 214/2013 (BRASIL, 2013), afirma que compete à Agência Municipal do Meio Ambiente - Amma o desenvolvimento de ações que visem a adequada destinação dos resíduos sólidos gerados no território do município (BRASIL, 2013). Porém, o município possui um carro coletor que quebra com frequência e abrange apenas a área urbana e que mesmo assim não é contemplada em sua totalidade, além da prática de liberação dos dejetos sem tratamento, diretamente no rio Pajeú, com a presença de esgotos a céu aberto em muitos pontos da cidade.

4. CONCLUSÕES

Educação ambiental constitui uma ferramenta importantíssima no que se refere a mitigar os problemas ambientais, e esta intrinsicamente relacionada com legislação ambiental, seja ela no âmbito federal, estadual, como também municipal. A legislação ambiental não é apenas punitiva, é mais que isso, tem ênfase pedagógica, pois busca através de seu texto orientar, conscientizar quanto à questão ambiental, no que tange à degradação do meio ambiente, ao destino dos resíduos sólidos, as práticas de queimadas e desmatamento, e toda conduta que possa de alguma forma prejudicar o meio ambiente.

Os municípios de Salgueiro, Serra Talhada e Custódia apresentam problemas ambientais relacionados ao destino dos resíduos sólidos, ausência de coleta seletiva e extração ilegal de madeira, no entanto, nas legislações municipais constam artigos sobre essas questões ambientais, que quando não exercidas de forma eficiente podem resultar em consequências negativas às populações. Sendo assim, há necessidade de promoção de políticas públicas, que visem à execução e planejamento de atividades incentivadoras da educação ambiental, como também a implementação de ações mitigadoras, para minimizar ou sanar essas problemáticas.

REFERÊNCIAS

APAC - Agência Pernambucana de Águas e Climas. Regionalização da destinação final dos resíduos sólidos de Pernambuco. 2013. Disponível em: <http://www.apac.pe.gov.br/COBHs/ipojuca/mapa_da_

regionalizacao_da_destincao_final_dos_residuos_solidos_de_pernambuco.pdf.>. Acesso em: 05. Jan. 2015. ALVEZ, J. 2013. Prefeito de Serra Talhada diz que se Tabira for contra instalação do aterro sanitário, o município terá que encontrar outra solução. Blog Tabira Hoje, Tabira, 13 de agosto de 2013. Disponível em: <

http://www.tabirahoje.com.br/?p=35911>. Acesso em: 05. Jan. 2015.

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BOSCHILIA, J. F. Implementação de programas de educação ambiental nas escolas municipais de Curitiba,

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