• Nenhum resultado encontrado

3.RESULTADO E DISCUSSÃO

No documento Resíduos sólidos: (páginas 162-177)

Foi possível constatar que os lixões não só estão presentes, como também aumentaram em quantidades em alguns municípios. Pôde-se observar que além da sede municipal é comum a existência de lixões nos distritos (Quadro 1, 2 e 3).

Quadro 01 – Localização da disposição irregular dos resíduos sólidos municipais.

Município Localização Geográfica Classificação Ações antrópicas observada

Carpina 25 M 251032 UTM 9128944 Lixão Ativo Poluição Visual Queimada Poluição do Ar Catação

Paudalho 25M 259990 UTM 9128038. Lixão Ativo Poluição Visual Queimada Poluição do Ar Catação

Timbaúba 25 M 251010 UTM 9128970. Lixão Ativo

Poluição do Ar Poluição Visual Provável Poluição hídrica (próximo a uma barragem) Macaparana 25 M 0231686 UTM 9172173 Lixão Ativo Poluição Visual Queimada Poluição do Ar Buenos Aires Distrito do Outeiro 25L 0290684 UTM 9110767 25M 0236769 UTM 9140485 Lixão Ativo Lixão Ativo Poluição do Ar Poluição Visual Catação Nazaré da

Mata 25M 0251126 UTM 9141022. Lixão Ativo Poluição do Ar Queimada e Catação Proliferação de vetores Goiana Distrito de Pontas de Pedra 25M 0279097 UTM 9158562 25M 0299534 UTM 9156551 Lixão Desativado Lixão Ativo Poluição Visual Queimada Catação Fontes: os autores

162

Quadro 02 – Localização da disposição irregular dos resíduos sólidos municipais.

Município Localização Geográfica Classificação Ações antrópicas observada

Tracunhaém 25M 0254797 UTM 9137015 Lixão Ativo

Poluição do Ar Poluição Visual Queima Catação Proliferação de vetores Deposição de equipamentos eletrônicos e veículos motores Glória de

Goitá 25M 0256378 UTM 9161780 Lixão Ativo

Poluição do Ar Poluição Visual Catação Proliferação de vetores

Camutanga 25M 0249851 UTM 9182484 Lixão Ativo

Poluição do Ar Poluição Visual Provável Poluição hídrica (próximo a duas pequenas

barragens) Catação Proliferação de vetores Lagoa de

Itaenga 25M 0248148 UTM 9124252. Lixão Ativo Poluição do Ar Queimada e Catação Proliferação de vetores Vicência Distrito de Trigueiros 25 M 0247300 UTM 9149730 25 M 0248156 UTM 9157982 Lixão Ativo Lixão Ativo Poluição do Ar Poluição Visual Queimada Poluição hídrica Lixo nas

encostas

Lagoa do

Carro 25 M 0242274 UTM 9127516 Lixão Ativo

Poluição do Ar Poluição Visual Queima Catação

163

Quadro 3. Localização da disposição irregular dos resíduos sólidos municipais

Município Localização Geográfica Classificação Ações antrópicas observada

Itambé Distrito De Caricé Distritos de Quebec e Ibiranga 25 M 0249657 UTM 9186026 25M 0267907 UTM 9172560. 25M 0249851 UTM 9182484 Lixão Ativo Lixão Ativo Lixão Ativo Poluição do Ar Poluição Visual Queimação Catação Proliferação de vetores

Ferreiros 25M 0249549UTM 9174167. Lixão Ativo

Poluição do Ar Poluição Visual Provável Poluição hídrica (próximo a duas pequenas barragens) Catação Proliferação de vetores Condado 25 M 0264667 UTM 91600484 Desativado Lixão Poluição Visual

Chã de

Alegria 25L 0256492 UTM 9113966 Lixão Ativo

Poluição do Ar Poluição Visual Catação Proliferação de vetores

Aliança 25M 0256372 UTM 9161785 Lixão Ativo Poluição Visual Poluição do Ar Catação

Itaquitinga 25 M 0266611 UTM 9150816 Lixão Ativo

Poluição do Ar Poluição Visual Queimada Poluição hídrica Lixo nas encostas Fonte: os autores

Para Mucelin e Bellini (2008), situações de poluição pela disposição inadequada de lixo provocam impactos ambientais negativos em diferentes ecossistemas da cidade, como as margens e leito dos rios, margens de ruas e estradas, Fundos de Vale e lotes baldios. Os problemas socioambientais advindos dos lixões são diversos; contaminação dos recursos hídricos, contaminação do solo, contaminação do ar, poluição visual, aumento na proliferação de vetores transmissores de doenças, dentre outros (Figuras 2 e 3).

164

Figura 2. Lixão da sede do município de Carpina

Fonte: os autores

Figura 3. Lixão ativo da sede do município de Vivência Fonte: os autores

Como definido por Machado (2007), o termo resíduo sólido, é denominado de lixo, refugo e outras descargas de materiais sólidos, que engloba as operações industriais, comerciais e agrícolas e de atividades da comunidade. A Politica Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010), traz em seu Capitulo 2 que,

X – gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano Política Nacional de Resíduos Sólidos 2ª edição 11 municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta lei;

165

XI – gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010, Art 3º)

O uso de estratégias da dimensão política urbana no gerenciamento de lixo, no espaço municipal, significa a aprovação e aplicação de leis atinentes a essa atividade como forma de contribuir para o exercício da governabilidade nessa área (Vieira, 2006, p. 73). Esse autor ainda salienta que, para se alcançar níveis de eficiência do gerenciamento do lixo, construir parcerias de cogestão com os indivíduos envolvidos, e desenvolver vínculos, buscando cooperações, com segmentos econômicos e do governo é de extrema importância. De acordo com Lima (2012), os lixões ainda são, no Brasil, as principais formas de depósitos de resíduos. Segundo Borges (2014), os lixões não possuem nenhum tipo de controle quanto à deposição dos resíduos, ou seja, resíduos que apresentam baixa periculosidade são misturados com resíduos industriais e hospitalares.

Em termos ambientais, os lixões agravam a poluição do ar, do solo e das águas, além de provocar poluição visual. Nos casos de disposição de pontos de lixo nas encostas é possível ainda ocorrer a instabilidade dos taludes pela sobrecarga e absorção temporária da água da chuva, provocando deslizamentos. (MARQUES, 2011, p.25)

De acordo com o presente estudo, pode-se observar a maioria dos municípios pesquisados continuam a destinar seus resíduos aos lixões, perfazendo um total de 20 lixões na região. O Estado elaborou a proposta de regionalização da destinação final dos resíduos sólidos de Pernambuco, definido como o compartilhamento de um aterro sanitário, por vários municípios (Quadro 4), diminuindo assim o gasto com manutenção do equipamento, além de incentivar o consórcio público.

Para Machado (2007) uma forma eficiente é a substituição dos atuais lixões a céu aberto pelos aterros sanitários. Segundo a Sociedade Americana de Engenheiros Civis, aterro sanitário é definido como um método de disposição de refugo na terra, sem provocar prejuízos à saúde e segurança pública, pela utilização de princípios e técnicas de engenharia que limitam o refugo ao menor volume possível, cobrindo-o com uma camada de terra na conclusão da operação, ou de acordo com o necessário.

Segundo a Sociedade Americana de Engenheiros Civis, o aterro sanitário é definido como um método de disposição de refugo na terra, que não provoca prejuízos à saúde e à segurança pública, já que este utiliza de princípios e técnicas de engenharia que limitam o refugo ao menor volume possível, cobrindo-o com uma camada de terra na conclusão da operação, ou de acordo com o necessário. Alguns municípios de outras regiões do Estado, como Paranatama, Araripina, Iatí e Olinda, respectivamente investiram recursos do FEM (Fundo de Apoio aos municípios) para construção de: Unidade de Compostagem; Construção de um galpão com centro de Triagem de resíduos sólidos; Mitigação e ampliação do aterro sanitário; Construção de estação de transbordo de resíduos sólidos.

O escritório de projetos da Seplag - Secretaria de planejamento e Gestão do Estado, que no ano de 2015 aprovou 13 projetos na área de resíduos sólidos beneficiando 83 municípios, demonstra que a divulgação, bem como o apoio técnico e financeiro fará a diferença na alteração do cenário atual. A Semas continua orientando outros municípios a fazerem o mesmo, ou seja, buscar recursos juntos ao FEM - Fundo de Apoio aos municípios e a Funasa - Fundação Nacional de Saúde. Além dos financiamentos privados existentes oferecidos pelos bancos.

166

Quadro 4. Levantamento Dos Equipamentos De Destinação Final Dos Resíduos Sólidos Utilizado Pelos Municípios. E Proposta Regionalização e Composição Gravimétrica- PERS 2012

Municípios Agrupados Quantidade

e Destinação Final/ 2015

Proposta Estadual de

Regionalização Média da Composição Gravimétrica 2010 ( %) Aliança Timbaúba Macaparana Vicência Ferreiros Camutanga 1 Lixão 1 Lixão 2 Lixões 1 Lixão 1Lixão (Itambé) 1Lixão (Itambé) Aterro Sanitário em Timbaúba (Implantação) Reciclável 31,14 Rejeitos 15,53 Matéria Orgânica 53,02 Bueno Aires Carpina Glória de Goitá Chão de Alegria Lagoa do Carro Lagoa de Itaenga Nazaré da Mata Paudalho Tracunhaém 2 Lixões 1 Lixão 1 Lixão 1 Lixão 1 Lixão 1 Lixão 1 Lixão 1 Lixão 1 Lixão Aterro Sanitário em Carpina (Implantação) Reciclável 25,77 Rejeitos 15,58 Matéria Orgânica 57,92 Condado Goiana Itaquitinga Itambé CTR –Igarassú CTR-Igarassú 1 Lixão (Distrito) 1 Lixão (Sede) 2 Lixões Aterro Sanitário em Goiana (Ampliação) Reciclável 28,10 Rejeitos 11,82 Matéria Orgânico 59,75

Fonte: elaboração do autor, 2015 e PERS (2012).

Investimentos voltados às unidades de compostagem e triagem de material reciclável seriam de grande valia, uma vez que o percentual de material orgânico presente nos resíduos varia entre 53% e 60 % e o percentual de material reciclável varia entorno de 25 % a 32% (Quadro 4). Observa- se também que a maioria dos municípios pesquisados continuam a destinar seus resíduos aos lixões,

167

destinação final dos resíduos sólidos de Pernambuco, definido como o compartilhamento de um aterro sanitário, por vários municípios, diminuindo assim o gasto com manutenção do equipamento. Além de incentivar o consórcio público.

A partir do programa Sig-Caburé (Figura 3), pode-se buscar temas referentes a resíduos sólidos, unidades de conservação e recursos hídricos. Em resíduos sólidos é possível visualizar os lixões ativos, desativados e os aterros sanitários das regiões de parte do agreste ao sertão do Estado de Pernambuco, resultado do plano regional de gestão integrada de resíduos sólidos da bacia hidrográfica do submédio São Francisco (vale salientar que os dados coletados neste levantamento para Zona da Mata Norte, ainda não foram lançados no sistema de informações).

Figura 3. Imagem da tela do Sig-Caburé

Fonte: CPRH 2015

Alguns municípios têm dificuldade de mão de obra especializada e recursos financeiros. E de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010) em seu Art. 16, é necessário que os Municípios elaborem seus Planos de Resíduos Sólidos para terem acesso aos recursos da União, destinado a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos. O capítulo VI

dessa mesmas Lei, proibi o lançamento in natura a céu aberto (exceto os resíduos da mineração) e a

queima a céu aberto como destinação ou disposição final para os resíduos sólidos. (BRASIL, 2010). A Lei obriga também, a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios a destinarem adequadamente os rejeitos no ambiente e a extinção dos lixões a céu aberto (BRASIL, 2010), que de

acordo com Lima (2012) desaparecerão gradativamente e lentamente, da realidade de nosso país.

4. CONCLUSÕES

O levantamento das coordenadas geográficas dos pontos de destinação final dos resíduos sólidos municipais, para alimentar o sistema de informação e georreferenciamento do Estado,

Sig-168

Caburé, leva-se a concluir que o cenário da destinação inadequada dos resíduos sólidos municipais e respectivamente do Estado expandiram nos últimos anos. Sendo assim, reforça-se a necessidade e a importância de iniciativas de cooperação e cogestão entre os entes públicos e privados, bem como incentivos e ampliação de projetos e recursos voltados à área.

O apoio governamental tanto na esfera federal quanto municipal são de suma importância para alterar o cenário. No caso do Estado de Pernambuco, o apoio nas áreas de recursos financeiros como o FEM e técnico como do Sig-Caburé, além da Seplag são de fundamental importância para alteração do cenário atual. Assim como, a pressão legal exercida, pelo Ministério Público de Pernambuco, para que os municípios se adéquem à Lei 12.305 de 2010 com prazos e etapas pré-definidas. É sabido que existe muito a ser feito, principalmente no tocante a sensibilização dos gestores, da população em geral, e capacitação técnica municipal.

REFERÊNCIAS

BORGES, J, F. Acúmulo de lixo: ações de intervenção para destino correto do lixo na cidade de Palmópolis – Minas Gerais. 2014. 30f. TCC. (Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do titulo de Especialista em atenção básica em saúde da família) Universidade Federal de Minas Gerais. Teófilo Otoni. 2014

CPRH. Agência Pernambucana de Meio Ambiente. Sistema de informação Sig- Caburé. Disponível em: http://www.cabure.cprh.pe.gov.br/. Acesso em: 13 maio de 2015.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <

http://cidades.ibge.gov.br/xtras/uf.php?coduf=26> Acessado em: jun de 2015.

LIMA, L. M.Lixo Urbano: De problema à possibilidade. Conteúdo Jurídico, Brasilia-DF: 11 dez. 2012.Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.41092&seo=1>. Acesso em: 12 maio 2015 .

MACHADO, P. A.L. Direito Ambiental Brasileiro. 15. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros, 2007. MAGRO, D. L. G.; BARBOSA D. R.. Lixo urbano: Descarte e Reciclagem de Materiais. 2008. Disponível em http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/Sala%20de%20Leitura/conteudos/SL_lixo_urbano.pdf. Acesso em: 22 out. 2014.

MARQUES, R, F, P, V. Impactos Ambientais da Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos no solo e na água superficial em três municípios de Minas Gerais. 2011. 95f. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos em Sistemas Agrícolas) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2011. MUCELIN, C. A.; BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. Sociedade & Natureza. jun. 2008. Uberlândia, 2008. Disponível em:

www.sociedadenatureza.ig.ufu.br/include/getdoc.php?id=632. Acesso em: 08 abril 2015.

PERNAMBUCO. Lei nº 14. 236, de 13 de dezembro de 2010. Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos, e dá outras providências. Governo de Pernambuco. Disponível em:

http://www.semas.pe.gov.br/web/semas/legislacao. Acesso em: 12 de Abril de 2015.

169

Pernambuco. Disponível em: http://www.semas.pe.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=5037eb0f-6f80-40d2-9302-6ccc b92f3e 4ª &gr ou pId=709017. Acesso em: 10 de Março de 2015.

SENADO. Lixões Persistem. Revista Em Discussão. Secretaria Agência e Jornal do Senado. Ano5. Número 22. Setembro de 2014

Vieira, A. E. Lixo – Problemática socioespacial e gerenciamento integrado: experiência de Serra Azul (SP).

2006. 199f. Tese (Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Geografia) Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2006.

170

2.12 Implantação da coleta seletiva no município de contagem: mobilização social, educação ambiental e participação dos catadores

RATES, Natalie de Oliveira

Diretora de Coleta Seletiva da Secretária Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Contagem natalierates@yahoo.com.br

OLIVEIRA, Matheus

Gerente de Reciclagem da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Contagem matheus.ambiental@hotmail.com

RESUMO

Toda atividade humana gera resíduos sólidos. Sendo assim, é fundamental interferir para a minimização do impacto ambiental destes resíduos, realizando a destinação correta dos mesmos. O gerenciamento adequado dos resíduos gerados por sua população é um dos grandes desafios das administrações públicas municipais. O presente trabalho tem como objetivo apresentar ações de educação ambiental, mobilização social e participação dos catadores na implantação da coleta seletiva, tendo como estudo de caso o município de Contagem. O intuito é avaliar as ações que são capazes de promover o envolvimento do poder público e da população no cuidado com a cidade, bem como os desafios e possibilidades da implantação da coleta seletiva.

171

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos, Coleta Seletiva, Educação Ambiental, Mobilização Social e Catadores

1. INTRODUÇÃO

Toda atividade humana gera resíduos sólidos. Entretanto, os problemas causados pelos resíduos tendem a se tornar cada vez mais graves especialmente nos grandes centros urbanos. A ocupação irregular das cidades, a desinformação e os hábitos inadequados de parcela da população, degrada o ambiente e muitas vezes geram situações de riscos e calamidades. Além disso, o modo de vida com base na produção e no consumo cada vez mais rápido de bens são aspectos da realidade moderna que resultam em um grande impacto na geração de resíduos.

Sendo assim, é fundamental interferir para a minimização do impacto ambiental dos resíduos sólidos, realizando a destinação correta dos mesmos. A separação dos resíduos de acordo com sua natureza constitui prática adequada também para despertar o interesse por informações sobre a origem e o destino de cada produto, induzindo questionamentos que venham a promover alterações nos hábitos de consumo e desperdício da sociedade.

Um dos grandes desafios enfrentados pelas administrações municipais é o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos gerados por sua população. Esse gerenciamento deve ser integrado, ou seja, deve englobar etapas articuladas entre si, desde a não geração até a disposição final ambientalmente adequada. Portanto, nesse processo é indispensável que haja uma participação ativa do governo, iniciativa privada e a sociedade civil, onde cada um desempenha suas responsabilidades respectivamente. A adoção de um programa de coleta seletiva de resíduos pela prefeitura municipal vem reforçar a inscrição da cidade no âmbito da adoção de medidas que permitem a mitigação dos impactos gerados pelos resíduos sólidos junto à natureza.

O presente trabalho visa apresentar ações de educação ambiental, mobilização social e participação dos catadores na implantação da coleta seletiva, tendo como estudo de caso o município de Contagem. O intuito é avaliar as ações que são capazes de promover o envolvimento do poder público e da população no cuidado com a cidade, bem como os desafios e possibilidades da implantação da coleta seletiva

2. O MUNICÍPIO DE CONTAGEM

Contagem está localizada na região Central de Minas Gerais e no Campo das Vertentes, na Zona Metalúrgica de Minas Gerais. A cidade pertence à Região Metropolitana de Belo Horizonte e faz limite com os municípios de Ribeirão das Neves, Esmeraldas, Betim, Ibirité e Belo Horizonte. A origem da cidade de Contagem se dá na Fazenda Sítio das Abóboras. Esta fazenda, era um posto de registro de gado, onde eram fiscalizados e registrados todos os movimentos das pessoas, mercadorias, cargas e tropas de viajantes.

Inicialmente, por volta do século XVIII, o município de Contagem tinha como principais atividades econômicas, a agricultura, a pecuária e o comércio, oferecendo apoio às áreas circunvizinhas mineradoras, sendo seu papel e o apoio e o controle das atividades mineradoras, uma vez que a mesma não possuía as características de uma região rica de minerais. Posteriormente à isso, foram instaladas indústrias no município, ocasionando a vinda de grande número de pessoas de cidades do interior de Minas Gerais e até de outros estados em busca de oportunidades de trabalho nas indústrias. Devido ao ocorrido, houve assim um grande crescimento demográfico e,

172

conseqüentemente um aumento da demanda de infra-estrutura e dos serviços públicos. Atualmente, Contagem é um dos polos industriais de Minas Gerais.

3. COLETA SELETIVA E A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

No Brasil, em 02 de Agosto de 2010 foi sancionada pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, a Lei Federal 12.305 (BRASIL, 2010) que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, sendo regulamentada em dezembro do mesmo ano, através do Decreto Federal 7404. Depois de tramitar por 19 anos no congresso, a Lei aponta vários desafios para os setores públicos, privados e a população brasileira, que são os responsáveis pela geração direta e/ou indireta de resíduos sólidos. Em seu capítulo 2, dispõe que:

Art. 4° A Política Nacional dos Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos”. (BRASIL, 2010, Art4º)

Os princípios e objetivos dispostos na Lei representam um avanço sistemático fomentado pela integração, articulação e regulação da Política Nacional do Meio Ambiente, Política Nacional de Educação Ambiental e a Política Federal de Saneamento Básico.

Um dos aspectos fundamentais apresentando na PNRS aponta para a retomada prática e aplicável do reduzir, reutilizar e reciclar – 3 R's propostos pela Agenda 21 e tão discutidos nas últimas décadas. Destaca-se sua priorização pela saúde pública e qualidade ambiental, por meio do Princípio da Responsabilidade Compartilhada em que todas as esferas de poder público e privado, e da sociedade civil desempenhem papéis essenciais para efetivar a lei.

A política incumbe aos municípios e ao Distrito Federal a gestão integrada dos resíduos

No documento Resíduos sólidos: (páginas 162-177)