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Legislação, normalização e recomendações existentes em Portugal

5. Sistemas de Ventilação Correntemente Usados em Edifícios de Habitação em

5.2. Legislação, normalização e recomendações existentes em Portugal

Em Portugal, a legislação, normalização e recomendações sobre ventilação, na sua maioria, trata muito superficialmente a questão da ventilação. A mais relevante é a seguinte (por ordem cronológica):

- Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU: DL 38 382, de 7 de Agosto de 1951 [5.11]);

- Recomendações Técnicas para Habitação Social (Despacho 41/MES/85, de 5 de Fevereiro [5.12]);

- Norma Portuguesa NP 1037-1: Ventilação e Evacuação dos Produtos da Combustão dos Locais com Aparelhos a Gás. Parte 1: Edifícios de Habitação. Ventilação Natural, de 2002 [5.10];

- Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE: DL 79/06, de 4 de Abril [5.13]);

- Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE: DL 80/06, de 4 de Abril [5.14]).

Somente o RCCTE obriga ao cumprimento de um projecto de ventilação em edifícios residenciais, segundo a norma portuguesa NP 1037-1: 2002 [5.10], quando se adopta uma renovação horária mínima (0,6 h-1). Existe, no entanto, uma obrigatoriedade indirecta de executar projectos de ventilação, devida ao facto de aquela norma ser referida em vários regulamentos ligados à área da distribuição de gás canalizado, tais como:

- Portaria 361/98, de 26 de Junho [5.15] (alterada pela Portaria 690/2001, de 10 de Julho): “Regulamento Técnico Relativo ao Projecto, Construção, Exploração e Manutenção das Instalações de Gás Combustível Canalizado em Edifícios”, no seu artigo 57.°, refere "As condições técnicas, os materiais e a montagem dos

dispositivos de ventilação dos locais e evacuação dos produtos da combustão devem obedecer às normas técnicas aplicáveis" e ainda "Nas operações de

conversão ou de reconversão, a entidade exploradora deve verificar as condições de ventilação e evacuação dos produtos de combustão";

- DL 521/99, de 10 de Dezembro [5.16]: “Normas a que ficam Sujeitos os Projectos de Instalações de Gás em Edifícios e Regime Aplicável à Inspecção de Instalações”, no seu artigo 6.º, ponto 3, refere “O projectista deve certificar-se de que as

condições de ventilação dos locais e a evacuação dos produtos da combustão satisfazem os requisitos das normas técnicas aplicáveis” e no seu artigo 14.°, ponto

4, refere "As inspecções previstas (...) abrangem as instalações de gás nos edifícios,

incluindo o interior dos fogos, os aparelhos de queima, a ventilação e a exaustão dos produtos de combustão";

- Portaria 362/00, de 20 de Junho [5.17] (alterada pela Portaria 690/01, de 10 de Julho): “Procedimentos Relativos às Inspecções e à Manutenção das Redes e Ramais de Distribuição e Instalações de Gás”, no seu artigo 9.°, ponto 3, refere "A

verificação das condições de ventilação e de exaustão dos produtos de combustão deve obedecer ao disposto na NP 1037 (...)".

Conclui-se que a NP 1037-1: 2002 [5.10] é o documento mais actualizado que trata dos sistemas de ventilação. Sendo assim, pela importância que esta norma tem no actual contexto legislativo e normativo português, seguidamente far-se-á uma breve apresentação da mesma.

Este documento normativo é parte de um conjunto mais vasto que constitui a já citada norma NP 1037. Esta trata no geral a ventilação e exaustão dos produtos da combustão dos locais com aparelhos a gás. Esta norma é constituída pelas seguintes partes, das quais falta apenas publicar a 2.ª parte:

- Parte l: Edifícios de habitação. Ventilação natural;

- Parte 2: Edifícios de habitação. Ventilação mecânica;

- Parte 3: Volume dos locais. Posicionamento dos aparelhos a gás;

- Parte 4: Instalação e ventilação de cozinhas profissionais.

- o sistema de ventilação das habitações deve ser geral e permanente, ou seja, deve existir permanentemente admissão e exaustão de ar, que origine a renovação horária, nas taxas recomendáveis e em todos os compartimentos. Se adoptarmos a ventilação conjunta, esta deve possuir as admissões de ar nos compartimentos principais e as respectivas exaustões nos compartimentos de serviço;

- estipulam-se taxas médias de uma renovação por hora nos compartimentos principais (quartos e salas, com caudais de ar novo) e quatro renovações por hora nos compartimentos de serviço (cozinhas e instalações sanitárias);

- nos locais onde estiverem instalados aparelhos a gás, o caudal-tipo de admissão a considerar deverá ser proporcional à potência nominal do aparelho, fogão, esquentador ou caldeira, em kW;

- recomenda-se a utilização de grelhas de admissão auto-reguláveis em função da exposição ao vento das fachadas;

- deve-se considerar em separado a ventilação na estação de aquecimento e na estação de arrefecimento, pois, nesta última, a ventilação por tiragem térmica é reduzida. No Verão será necessário abrir as janelas que devem, preferencialmente, estar situadas em fachadas opostas, de modo a aproveitar o mais possível os diferenciais de pressão originados pelo vento;

- o sistema de ventilação funciona na estação de aquecimento, independentemente da abertura de janelas, através de dispositivos instalados nas fachadas ou ainda através de condutas de admissão de ar;

- a permeabilidade ao ar das janelas e das portas deve ser criteriosamente controlada, conforme a classe de exposição ao vento respectiva;

- a ventilação separada de compartimentos é recomendável para casos particulares. É o caso das salas com lareiras e das lavandarias com aparelhos a gás do tipo B. Estes são aparelhos em que o circuito de combustão não é independente dos compartimentos onde estão instalados;

- não é permitida a instalação de extracção mecânica conjuntamente com a ventilação natural, pois tal poderá originar graves alterações ao sistema de ventilação natural proposto;

- são apresentadas algumas recomendações relativas ao posicionamento das saídas das condutas de evacuação de ar.

O sistema de ventilação natural conjunta recomendado na NP 1037-1: 2002, inclui, essencialmente, os seguintes dispositivos [5.10]:

- grelhas de admissão de ar, fixas ou auto-reguláveis, que devem assegurar caudais iguais ou superiores aos previstos para os compartimentos principais onde estão aplicadas, para a diferença de pressão de 10 Pa;

- grelhas ou folgas de passagem de ar;

- grelhas de extracção de ar fixas;

- condutas individuais ou colectivas de exaustão de ar;

- ventiladores estáticos.

5.3. A IMPLEMENTAÇÃO DOS SISTEMAS E A INVESTIGAÇÃO