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Licenciamento ambiental e Política Nacional do Meio

CAPÍTULO II – DA IMPORTÂNCIA DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

1. Licenciamento ambiental e Política Nacional do Meio

A relação entre o licenciamento ambiental e a política nacional do meio ambiente e merece ser analisada no presente trabalho. O licenciamento organiza a instalação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetivos ou potencialmente poluidores de forma a cumprir a política nacional do meio ambiente e a todas as normas constantes do ordenamento jurídico brasileiro no que tange à proteção ambiental.

A obrigatoriedade do licenciamento ambiental está prevista na Política Nacional do Meio Ambiente, que determina que a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis96.

Em outras palavras, para saber se uma determinada atividade está sujeita ao procedimento administrativo de licenciamento ambiental, é necessário averiguar se ela é potencial ou efetivamente causadora de impactos ao meio ambiente.

Sem exaurir o tema, conforme a Resolução CONAMA nº 01/1986, é considerado impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.97

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo geral a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental98. Preservar significa manter a qualidade do meio ambiente. Melhorar significa tornar a qualidade ambiental do ar, da água e do solo melhor do que o estado anterior. Recuperar é buscar o status quo ante de uma área degradada por meio da intervenção humana (mineração, assoreamento, desmatamento, dentre outros) ou por um acidente originado de um caso fortuito. A recuperação dá-se pela recomposição do meio físico atingido.99

97 Art. 1º, da Resolução CONAMA nº 01/1986. 98 Artigo 2º, caput, da Lei nº 6.938/81.

99 Como objetivos específicos, a Política Nacional do Meio Ambiente visará: I – à compatibilização do

desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; III – ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou

da Administração Pública no artigo 9º, da Lei nº 6.938/81, com intuito precípuo atingir os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, são: I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II – o zoneamento ambiental; III – a avaliação de impactos ambientais; IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de recursos ambientais.

Isto nos leva a refletir o seguinte: o licenciamento ambiental possui uma relação com todos os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente acima relacionados. Tomemos como exemplo o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, essencial ao licenciamento ambiental, pois através das condicionantes contidas na licença ambiental, o órgão ambiental determinará quais os padrões que devem ser respeitados pelo empreendedor,

indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos (Artigo 4º, da Lei nº 6.938/81).

quanto ao solo, aos efluentes gerados e à emissão de fumaça, a fim de que seja obtida e mantida a licença ambiental para a sua atividade ou empreendimento. De outra sorte, as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental podem ser aplicadas no âmbito do licenciamento ambiental, quando há, por exemplo, violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.

Outro instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente ligado ao licenciamento que merece destaque é o zoneamento ambiental, pois com base neste instrumento, se numa determinada área estiver prevista a proibição da instalação de indústrias, o órgão ambiental competente não poderá conceder licença ambiental. Daí decorre a previsão do parágrafo 1º, do artigo 10, da Resolução CONAMA nº 237/97, de que no procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo, sob pena de não ser expedida a licença, que será analisada no item 5 desse Capítulo.