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1 INTRODUÇÃO

2.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

A – Considerando essas exigências metodológicas que o emprego da noção de campo implica, observa-se que construir o espaço de relações entre as mais variadas instituições de ensino em Recife, levando em conta os seus respectivos volumes de capital simbólico como passivos acumulados durante a sua história de existência e de luta, exige que se leve em conta todas as instituições de ensino jurídico na mencionada cidade.

Para, com isso, conseguir analisar como as estratégias que os agentes e as instituições de ensino jurídico, ou seja, as suas tomadas de posição especificamente acadêmicas, políticas, éticas ou econômicas, dependem da posição que eles ocupam

na estrutura do campo, isto é, na distribuição do capital simbólico específico, institucionalizado ou não (reconhecimento interno ou notoriedade externa), e que,

através da mediação das disposições constitutivas de seus habitus (relativamente autônomos em relação à posição), inclina-os seja a considerar seja a transformar a estrutura dessa distribuição, logo, a perpetuar as regras do jogo ou a subvertê-las.26

Na verdade, pelo fato de a noção de campo corresponder a um microcosmo social de lutas onde agentes e instituições lutam em prol da monopolização do capital simbólico específico do campo, a realização de uma pesquisa rigorosa, nesses termos e com essas ferramentas teóricas e metodológicas, exigiria que se considerasse o volume e a estrutura do capital simbólico acumulado por cada instituição de ensino jurídico em Recife.

Assim sendo, seria necessário estabelecer com precisão a metodologia e os instrumentos mediante os quais a realização da seleção das propriedades pertinentes para a contabilização do volume e da estrutura do capital simbólico de cada instituição iria ser realizada pela e na presente pesquisa.

Propriedades como reconhecimento por instituições ou órgãos heterônomos ao campo universitário, tal como a OAB, por exemplo; a última nota que cada instituição alcançou segundo o MEC; o legado e a tradição histórica de determinada instituição, bem como os nomes consagrados pela história que passaram pelas suas fileiras; o nível de dificuldade para nelas ingressar, permitindo assim se analisar em que nível o pertencimento a instituição X ou Y pode ser convertido em signo de distinção e raridade, variável meritocrática do capital nobiliárquico; a quantidade de agentes que ocupam posições de prestígio dos órgãos e entidades que foram formados por determinada instituição.

O emprego desses marcadores de distinção permitiria se medir, ainda que de uma forma um pouco precária, o volume de capital simbólico de que desfruta as instituições em luta no interior do campo das faculdades de direito.

Entretanto, a realização de uma pesquisa que levasse em conta essa metodologia exigiria, já que ela é realizada por um único pesquisador, um tempo razoavelmente superior a 3 anos, já que, sendo o doutorado composto oficialmente por 4 anos, um ano é praticamente dedicado ao cumprimento das disciplinas obrigatórias do cursus e a elaboração dos papers acadêmicos, o que acaba dificultando o trabalho de dedicação praticamente exclusiva que a realização de uma pesquisa rigorosa exige.

A realização de uma pesquisa que considera praticamente a totalidade das instituições de ensino jurídico em uma grande cidade como o Recife também exigiria do pesquisador uma quantidade considerável de capital social. A confiança, nesse caso, é um recurso e uma

26 BOURDIEU, Pierre. Por uma ciência das obras. In.: Razões Práticas: Sobre a teoria da ação. Trad.: Mariza Corrêa. Campinas: Papirus, 1996. p. 63-64.

propriedade da qual o pesquisador deve-se valer, e ela não se conquista de um dia para o outro.

Considerando que, como o curto espaço de tempo que se tem e com o capital social acumulado pelo pesquisador durante as suas trajetórias por instituições de ensino superior como a UNICAP e a FDR/UFPE, a presente pesquisa considerou apenas essas duas instituições.

Levando em conta que a noção de campo das faculdades exige que se considere as relações diferenciais entre dominantes e dominados, pode-se apontar como uma limitação considerável o fato de essa tese se restringir apenas a essas duas antigas e reconhecidas instituições de ensino jurídico em Recife. De nada adiantaria se realizar a presente pesquisa, que exige um desgastante mas recompensador trabalho de coleta de dados, em instituições onde o presente pesquisador não possui um capital social (a confiança é um de seus frutos) considerável para se auferir um bom número de entrevistas.

Reconhecendo essa limitação, as condições de apreciação se tornam propícias para se tomar a presente pesquisa não como um trabalho acabado, mas como um esboço de uma obra a se fazer, como um projeto ou programa de pesquisa que só pode ser adequada e rigorosamente realizado por uma equipe, onde, como diria Durkheim, “um verdadeiro intercâmbio de serviços”27

poderia se instaurar para o desenvolvimento de um trabalho rigorosamente científico e produzido por um coletivo de agentes empenhados no trabalho da crítica, questionamento e análises cruzadas dos dados e de suas significações sociológicas.

Tendo ciência de que o objeto assim construído corresponde a algo complexo demais para ser entregue e desenvolvido por um único agente, com todas as suas limitações, inclusive físicas, sociais e econômicas, seria prudente recebê-la e encará-la como esboço, jamais como um produto plenamente acabado e pronto, produzido por um único agente encarado como indivíduo isolado ou intelectual solitário.

E para fortalecer o argumento de que cada vez mais o desenvolvimento de uma pesquisa de rigor rompe com a imagem de gênio isolado ou de intelectual solitário, basta lembrar o que Durkheim assegurava há muito: “por mais ricamente dotados que sejamos, sempre nos falta alguma coisa, e os melhores dentre nós têm o sentimento de sua insuficiência.”28

A pesquisa científica digna desse nome corresponde a algo importante

27 DURKHIEM, Émile. Da divisão do trabalho social. Trad.: Eduardo Brandão. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010. p. 21.

demais para ser realizado ou entregue a uma única mente, por mais genial que ela seja reconhecida ou que ela se reconheça.

B – Outra limitação da presente pesquisa é decorrente das próprias dificuldades sentidas pelo pesquisador ou pretendente a pesquisador no trabalho de coleta de dados. Não ignorando a relevância que a sondagem multifatorial possui quando utilizada sem que ela seja tomada como a medida de todas as coisas e sem exigir dela aquilo que ela não pode fazer, a dificuldade de aplicação dessa sondagem aos alunos dos últimos períodos do curso de direito tanto da UNICAP quanto da FDR/UFPE (no caso desta última observou-se a mesma dificuldade por parte dos primeiros períodos) foi intensificada pelas faltas muitas vezes generalizadas dos próprios alunos.

Assim como a dificuldade anteriormente explicitada, ela corresponde, como diria Louis Pinto, a uma limitação concernente “a relação teórica e a relação prática com o mundo social.”29

Sendo a sondagem multifatorial integrada a uma determinada teoria do mundo social que o pensa – contra o realismo ingênuo e o empirismo isolado – de forma relacional, a ausência de determinados alunos, muito frequentemente dos últimos períodos, contribui para dificultar a coleta de dados, o trabalho de construção teórica do empírico e para fortalecer a hipótese do pensamento relacional contra as limitações ingênuas das prenoções do senso comum.

Entretanto, essa ausência pode-se mostrar como um possível indicador não apenas de que os alunos estão, como comumente se diz, preparando-se para o exame da OAB ou intensificando os estudos para concursos públicos, mas também – tal como pôde-se constatar a partir das respostas do pouco número de estudantes dos 9º e 10º períodos em comparação ao número dos estudantes dos primeiros períodos entrevistados – de um considerável abalo e desencanto que propicia uma perda considerável da crença nas virtudes intelectuais que o ensino universitário protagoniza, tendo em vista os objetivos particulares dos próprios alunos. A partir das respostas dos alunos do curso de direito da UNICAP e da FDR, constatou- se um certo desencanto em relação a imagem intelectualista, assim como em relação a representação protagonista muito mais presente entre os alunos dos primeiros períodos do curso.

Neste caso, por mais persistente que o pesquisador possa ser ou parecer ser (com várias visitas repetidas e sempre respeitando a permissão e a disponibilidade dos professores) ele não conseguiu remediar o problema do número reduzido de alunos dos últimos períodos

29 PINTO, Louis. Pierre Bourdieu e a teoria do mundo social. Trad.: Luiz Alberto Monjardim. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000. p. 52

entrevistados em comparação aos dos primeiros períodos, muito embora, só revertida nos dias de prova onde todos os alunos comparecem, o número de falta possa ser construído sociologicamente como um forte indicador prático do efeito do desencanto com o curso, fortalecido pelo sentimento de independência no que diz respeito a forma de estudar por parte dos alunos veteranos.

Muito embora os dias de prova tenham se mostrado como oportunidades de se entrevistar um maior número de alunos veteranos (8º, 9º e 10º períodos), considerou-se o quanto poderia ser estressante e até mesmo bastante desconfortável submeter um número considerável de alunos a um questionário com 5 ou 6 questões, tendo em vista a situação específica e os efeitos de violência simbólica próprios que a prática de aplicação de provas, com as suas tensões e medos próprios, pode propiciar.

Assim, muito embora a ausência de determinada categoria de alunos possa ser tomada como um indicador de desencanto com o curso, com o reforço do sentimento de independência no que diz respeito a maneira mais apropriada de se estudar, na preparação para os mais variados concursos e para o exame da OAB, tudo isso reforçado pelo sentimento agudo de responsabilidade social característico de um agente que deve dar provas de sua competência adquirida durante um longo tempo de submissão a doutrina e ao conhecimento jurídico academicamente transmitido, com todas as suas propriedades tácitas ou não tácitas, oficiais e oficiosas, os resultados da sondagem multifatorial, no que tange a esse ponto específico, podem ser considerados como consideravelmente comprometidos.

C – Não há apenas uma única maneira de se aplicar um questionário, assim como a aplicação de um questionário, a depender do ferramental teórico do qual está munido o pesquisador, não se resume a apenas coletar as respostas expressas e faladas, sintáticas, dos entrevistados.

Além da linguagem falada pelos agentes, há todo um conjunto de propriedades sociais, de gestos, de entonações que constituem a linguagem e a própria resposta, bem como também constituem propriedades que podem ser caracterizadas ora como signos de distinção, ora reconhecidos como estigmas (o habitus de classe), os quais são, não raras vezes, alvos de tentativas de dissimulação ou de blefe por parte dos próprios entrevistados.

A presente pesquisa emprega em sua grande maioria uma metodologia que impediu consideravelmente a observação das propriedades sociais da língua nas respostas dadas pelos alunos: na medida em que aplicou-se um questionário escrito que por sua vez deveria ser respondido de forma escrita, o presente pesquisador perdeu uma oportunidade para analisar as propriedades do habitus na locução, na gesticulação e em todo um conjunto de ações que

constituem um modus operandi relacionado a um determinado contexto (a situação de entrevista).

Muito embora, com isso, o pesquisador tenha ganhado tempo: com a metodologia de aplicação do questionário escrito, o pesquisador, em uma única manhã e em apenas duas salas de aula, poderia submeter a sondagem cerca de 120 alunos, enquanto com a metodologia de entrevista onde o entrevistador abordava grupos de alunos dispersos pelo corredor da faculdade e os entrevistava de forma oral ele não totalizava, por mais hábil que pudesse ser, mais de 40-50 alunos dispostos a responder oralmente o questionário ao invés de continuar a “terapêutica” conversa no corredor com os amigos de curso.

Entretanto, a entrevista oral, por mais desgastante que fosse a sua realização, mostrou- se consideravelmente eficiente para se analisar não apenas os efeitos simbólicos (tal como a predisposição para se justificar, por exemplo) e sociais que o contexto da entrevista contribui para criar, mas também as propriedades estilísticas dos alunos, ou seja, o fato de que “toda a estrutura social está presente na interação (e, por aí, no discurso)”30

nas gesticulações, nos receios, na hexis corporal e em todo um conjunto de gestos que muitas vezes podem ser ignorados na interação, mas que correspondem a marcadores sociais e simbólicos de pertencimento a determinada classe.

Enquanto propriedades constitutivas do habitus de classe como um conjunto incorporado de propriedades em conformidade com determinadas condições de existência “elas determinam o discurso por intermédio das relações de produção linguística que elas tornam possíveis e que estruturam.”31

A aplicação oral do questionário multifatorial correspondia a uma oportunidade de se analisar de uma forma mais eficiente o habitus de classe, bem como se analisar os próprios efeitos propiciados pela situação de entrevista: uma verdadeira ciência do discurso deve levar com conta não apenas o discurso dos entrevistados, mas também o que se mostra como fora dele, “nas condições sociais de produção e de reprodução”32

da linguagem.

Todavia, esse método, muito embora eficiente, nesse sentido, mostra-se ineficiente quando se leva em conta o curto tempo de que se dispõe para se entrevistar uma quantidade de alunos, sem se ignorar as próprias limitações físicas que a aplicação dessa metodologia por um único pesquisador intensifica.

30 BOURDIEU, Pierre. Economia das trocas linguísticas. Trad.: Paula Montero. In.: Pierre Bourdieu: sociologia. Org.: Renato Ortiz. São Paulo: Ática, 1983. p. 167.

31 Ibid. 32 Ibid., p. 162.

Neste caso, a sondagem mostra-se comprometida na medida em que a sua aplicação de forma escrita aos alunos em sala de aula e respondida de forma escrita impossibilitou uma análise mais apurada do habitus de classe dos próprios alunos, assim como a relação de conforto escolástico propiciado pela academia e sentido pelos alunos dos 4º - 7º períodos do curso de direito da UNICAP, ou seja, a sensação de conforto propiciado pela não interferência intensa das pressões econômicas voltadas para o mundo de trabalho, algo muito mais presente nos alunos dos nonos e décimos períodos que foram entrevistados oralmente.

Esse conforto escolástico, ou seja, essa predisposição para “prolongar indefinidamente a indeterminação de uma existência sem constrangimentos,”33

mostrou-se sobretudo nas situações onde várias ou vários estudantes demonstraram sentir dificuldades em responder a pergunta referente ao que eles almejavam com o curso de direito (“o que você almeja com o curso de direito?”), e, para tentar responde-la, delegavam a resposta ao amigo ou amiga que estava ao seu lado no grupo abordado no corredor por meio de expressões do tipo “o que você acha que eu almejo com o curso?”ou “eu almejo o mesmo que ela.”

Uma análise mais apurada sobre um possível sentimento de segurança escolástica por parte dos alunos dos 4º - 7º períodos, de se sentir em uma posição desprovida das preocupações referentes a escolher uma “profissão” ou pensar intensivamente nas opções do mercado de trabalho, como se eles ou elas estivessem em um redoma escolástica temporária protegida por todos os lados das pressões do mundo ordinário, não pôde ser realizada tendo em vista a pouca quantidade de alunos entrevistados oralmente e em grupos espalhados nos corredores da faculdade. (Apenas 40 alunos de direito da UNICAP foram submetidos a esse tipo de abordagem, sendo que 4 foram do quarto período; 1 do quinto; 4 do sexto; 17 do sétimo; 5 do oitavo; 5 do nono e 4 do décimo período).

Em suma, limitações físicas, o pouco tempo disponível, a impossibilidade de se constituir uma equipe para a realização de uma tese, tendo em vista as exigências institucionais no sentido de que a tese seja realizada por um único pesquisador, a imprevisibilidade referente a permanência da bolsa necessária para o desenvolvimento da tese acarretada pelas políticas de desmonte dos programas sociais do atual governo, tudo isso contribuiu significativamente para a não realização rigorosa da presente pesquisa, constituindo-se como verdadeiros obstáculos para o trabalho de objetivação do ritual de interação na qual e da qual as respostas orais provinham.

33 PINTO, Louis. Pierre Bourdieu e a teoria do mundo social. Trad.: Luiz Alberto Monjardim. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000. p. 61.

Esses obstáculos impossibilitaram a realização de uma investigação mais rigorosa do habitus dos alunos e o quanto esses habitus se moldam tendo em vista o contexto da entrevista, variando desde a autoafirmação visível em respostas como “eu poderia falar muito mais do que você imagina”, ao sentimento de conforto escolástico e visível na despreocupação característica das pessoas que nunca pensaram sob sua condição para além da complacência acadêmica, ou então nas expressões como “sei lá, eu acho que penso o mesmo que ela” nas respostas que tentam justificar a si próprias como no caso de um aluno que respondeu “eu sempre quis ser advogado, sempre achei uma excelente profissão, a advocacia é para mim algo mais aberto, por isso quero ser advogado” ou nas respostas que tentam renegar tudo o que corresponde especificamente a cultura jurídica e as suas propriedades simbólicas por meio de respostas que poderiam ser muito bem dadas por verdadeiros empreendedores do mundo dos negócios, tal como nas respostas dadas por um casal sentado no chão do corredor da UNICAP, onde ele afirmou “eu quero ficar rico, ganhar muito dinheiro, e esse pessoal que diz que quer fazer justiça ou qualquer outra coisa, está mentindo” e ela corroborou afirmando “eu também quero ser rica, ter muito dinheiro!” Esses obstáculos contribuíram para impossibilitar um maior “acesso a inteligibilidade prática que habita”34 os atos e palavras dos alunos em um contexto de interação submetida a uma situação de pesquisa.

D – Na medida em que se realizou entrevistas orais com os alunos de direito da UNICAP que estavam agrupados em quatro ou mais colegas espalhados pelo corredor, o pesquisador constatou que a desconfiança por parte dos alunos a respeito da veracidade de ele está desenvolvendo uma pesquisa para uma tese de doutorado era redobrada tanto pelo fato de o pesquisador aparentar ser consideravelmente “jovem demais” para estar cursando o doutorado (uma aluna chegou a dizer, depois de perguntar a minha idade, o seguinte, “você é muito novo! Já está no doutorado em direito! Parabéns!”) quanto pela sensação de incômodo ou até mesmo de invasão acarretada pelo surgimento de alguém nunca visto antes pedindo, e interrompendo a conserva descontraída e terapeuticamente construída entre os componentes do grupo, aos alunos para que eles respondessem a determinadas perguntas sobre o curso para o desenvolvimento de uma tese.

Essa situação fez surgir a necessidade de se pensar sobre o quanto a aparência física do pesquisador pode contribuir para gerar alguns efeitos nos entrevistados, bem como a forma de se apresentar, seja como doutorando em direito, mestre ou graduando. Neste caso, seria,

34 PINTO, Louis. Pierre Bourdieu e a teoria do mundo social. Trad.: Luiz Alberto Monjardim. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000. p. 54.

talvez, mais apropriado, tendo em vista a aparência do pesquisador, apresentar-se não como doutorando em direito, mas como um estudante de graduação em direito do décimo período em busca de entrevistas para o desenvolvimento de sua monografia de final de curso, tal como sugeriu certa vez em uma conversa um colega do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPE.

Como lembra Bourdieu a respeito desse tipo de problema, o qual não é nada insignificante ou desnecessário para todos aqueles que sujam as suas mãos na oficina da pesquisa empírica, refletir sobre “a questão de saber se o pesquisador deve declarar a sua qualidade de sociólogo ou apresentar-se com uma identidade mais aceitável – a de etnólogo ou de historiador, por exemplo – , ou antes encobri-la completamente.”35 A depender de algumas variáveis concernentes ao pesquisador, tais como a idade, a aparência, a linguagem, o