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Os seguintes aspectos, com suas respectivas justificativas, não foram realizados nessa pesquisa. Não sendo, portanto, escopo deste trabalho:

• Definição de Políticas para Mitigação, redução ou eliminação do Risco, tendo em vista já estarem essas estabelecidas nos normativos legais vigentes;

• Avaliar os impactos monetários dos riscos nos empreendimentos; e

• Elaboração de estratégias para a mitigação dos riscos e planos contingenciais. A pesquisa limitou-se a fornecer um instrumento para a identificação e classificação de riscos, e não executar o processo de gestão de risco nas estruturas avaliadas;

Diferentemente dos dados colhidos para validação dos Fatores de Risco, os dados utilizados para a Classificação das Barragens foram extraídos do repositório de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, construído a partir das informações coletadas mediante a aplicação de formulários autodeclaratórios a toda sua base de agentes fiscalizados. A técnica de coleta empregada pela Agência, entretanto, impõem algumas restrições ou limitações quanto a sua qualidade.

Isso porque informações de natureza autodeclaratória, mesmo devidamente tratadas,

podem incorrer em erros de seleção adversa e risco moral6. Tais limitações, eventualmente

podem resultar em falsos-positivos e falsos-negativos que somente serão equacionados mediante estressamento do modelo.

6Em teoria econômica e dos contratos, caracteriza-se a ocorrência de assimetria de informação quando

as duas partes de um negócio não possuem as mesmas informações sobre o objeto da negociação. Essa assimetria cria um desequilíbrio de poder nas transações, sendo o risco moral e a seleção adversa duas das possíveis consequências dessa condição. A seleção adversa verifica-se quando os compradores "se- lecionam"de maneira incorreta determinados bens e serviços no mercado, em virtude da assimetria in- formacional existente. Já o risco moral ocorre quando um agente econômico assume uma posição mais arriscada do que deveria, porque uma possível consequência negativa de sua decisão será arcada por um outro agente.

Capítulo 4

Modelo Proposto

A análise de decisão consiste no desenvolvimento e na aplicação de metodologias e técnicas estabelecidas com base em sólida fundamentação teórica, para ajudar a melhorar a tomada de decisões em situações que envolvem problemas complexos, estabelecendo prioridades em contextos diversos, quais sejam: avaliação de alternativas, alocação de recursos, nego- ciação de objetivos múltiplos, incerteza, risco. Este capítulo apresenta e discute o modelo para avaliação de riscos em segurança de barragens, como também apresenta a síntese dos resultados obtidos através da pesquisa de campo, documental e do referencial teórico, organizado em seções referenciadas aos objetivos específicos da pesquisa.

4.1

Descrição do Modelo Proposto

Acidentes com barragens, apresentam com frequência consequências de diversas dimen- sões, implicando em riscos que devem ser estimados e para os quais medidas atenuantes devem ser empregadas. Nesse contexto, de modo preventivo, assumem importância me- todologias para avaliação, qualificação e, em especial, de quantificação desse risco.

Entretanto, conforme visto na Seção 2.2, além de ambiguidade existente nos conceitos de risco, observa-se nesses casos uma limitação inerente a essas metodologias tanto no que diz respeito à consideração das múltiplas dimensões que os impactos de acidentes com barragens podem assumir, como no apoio a processos decisórios envolvendo planejamento, prevenção, supervisão e manutenção de atividades mitigadoras de risco.

Dessa forma, para um tratamento adequado do problema, faz-se necessário o uso de uma abordagem objetiva que seja capaz de tratar estas múltiplas dimensões, classificando- as segundo níveis hierárquicos de risco. Dentre as abordagens que se propõem a tratar deste tipo de problema, destacam-se os métodos para o tratamento da problemática de classificação pertencentes à família ELECTRE, como o ELECTRE TRI.

Por fazer uso de uma lógica não compensatória, O ELECTRE TRI permite, para o problema em questão, uma abordagem que evita suposições rígidas. Além disso, a partir do estudo de relações de sobreclassificação entre alternativas e perfis de referência, explora noções de concordância e discordância entre critérios de forma a tornar possível a comparação e classificação dessas alternativas em categorias de risco pré-definidas pelo decisor.

Tal abordagem possibilita um tratamento mais detalhado e uma maior riqueza de informações do que a dicotomia aceitável-não aceitável dos métodos de avaliação tradici- onais.

A Tabela 4.1 apresenta um quadro comparativo entre a problemática da classificação de riscos e os problemas de decisão contemplados pelo ELECTRE TRI.

Tabela 4.1: ELECTRE TRIvs Riscos

ELECTRE TRI Riscos

Objetivo Classificação de alternativas Classificação de eventos

Tipos de variáveis Subjetivas Subjetivas

Elemento que julga Decisor Especialistas

Fonte: Costa et al, 2007 [158]

Onde se verifica o estabelecimento de correspondência entre as duas abordagens. Am- bas tem por princípio o alcance de uma classificação. A classificação dos eventos, no entanto, tem sua complexidade amplificada face a indisponibilidade de dados estatísticos. Em seu lugar são utilizadas variáveis de natureza subjetivas, uma vez que o risco de se- gurança associado às barragens é mensurado em termos de fatores causadores de falha estabelecidos em lei, que são julgados por um especialista ou decisor.

Essa aproximação foi adotada por Freitas e Costa [159], H. G. Costa et al. [158]

e Queiroz [109]. A primeira investigou a integração do AMD a qualidade dos serviços, a segunda a integração do AMD a riscos industriais, enquanto a terceira, via AMD, analisou os principais contratos comerciais de uma empresa do ramo de terceirização, com o objetivo de classificá-los quanto ao grau de risco associado.

A análise dos diversos aspectos da Lei nº 12.334/2010 desenvolvida no decorrer deste trabalho, conduz à conclusão de que os critérios estabelecidos por essa têm por base as- pectos de representação imprecisos, compostos, em sua maioria, por conceitos subjetivos, inconsistentes, vagos e de avaliação não trivial.

Assim, previamente à aplicação do método ELECTRE TRI, de modo a promover uma

maior assertividade ao modelo, utilizou-se da teoria dos conjuntos fuzzy, partindo-se da

premissa que por meio desses é possível definir construtos que mensurem apropriadamente o universo de barragens previamente estabelecido, no que diz respeito aos seus aspectos de segurança, conforme diagrama da Figura 4.1.

A Figura 4.1 apresenta o modelo de decisão proposto, o qual associa regras fuzzy ao método de decisão multicritério ELECTRE TRI para o problema de avaliação e classifi- cação de barragens de aproveitamento hidrelétrico em termos dos riscos de segurança a elas impostos.

Figura 4.1: Modelo de Avaliação Proposto. Fonte: Autor.

Uma vez definidos os principais eventos de risco em barragens, associam-se a esses os fatores de risco (descritores) correspondentes, observando-se os requisitos regulatoria-

mente pré-estabelecidos (Seção 4.2.1). Em seguida inicia-se a aplicação do ModeloFuzzy,

no qual, por barragem, cada fator de risco é avaliado quanto a sua criticidade com base em uma escala de importância. Concluídas as avaliações, a imprecisão e subjetividade

dessas é traduzida em conjuntos fuzzy ((Seção 4.3.2.1 a Seção 4.3.2.4). A agregação das

avaliações ocorre, no processo de fuzzificação, mediante utilização de média fuzzy (Se-

ção 4.3.2.5. O valor representativo (número real quantificável) por cada conjunto fuzzy é

obtido durante o processo de defuzzificação (Seção 4.3.2.5), no qual obtém-se os índices de risco por tipo de evento que servem de entrada para etapa seguinte, de aplicação do método ELECTRE TRI (Seção 4.3.3), onde as barragens são ordenadas e classificadas quanto ao risco de segurança, dando origem a uma Matriz de Decisão (Seção 4.3.5).

Sendo este modelo adaptado do tratamento adotado por Boente [136] na avaliação de

satisfação de usuário do Produto deSoftware AVA utilizado pelo IST-Rio. A modelagem

do problema deu-se tendo como elementos-chave os seguintes atores: decisor, analista e especialista, sobre os quais, na definição de Almeida [64], atribuem-se os seguintes papéis:

• Decisor: É o responsável pela decisão e possui poder sobre a medida adotada, correspondente, para o caso em análise, ao superintendente de área.

• Analista: Responsável por fornecer suporte metodológico ao processo decisório. Exercendo na maioria das vezes o papel de trabalhar a compreensão dos atores da decisão, representado na pessoa deste pesquisador.

• Especialista: Trata-se do profissional que reconhece no sistema o seu: compor- tamento, mecanismo ou variáveis relacionadas ao problema capaz de influenciar a decisão em estudo. Sendo, para essa condição, identificados três profissionais dire- tamente envolvidos nas ações de avaliação das condições de segurança dos barra- mentos.