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Linguagem Científi ca; tipos de pesquisa científi ca; pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa

No documento METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÊMICO (páginas 55-60)

Tipos de Pesquisa

A pesquisa é denominada de pura quando busca o progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos científi cos sem a preocupação direta com suas aplicações e conseqüências práticas. Seu desenvolvimento tende a ser bastante formalizado e objetiva à generalização, com vistas à construção de teorias e leis.

A pesquisa aplicada, por sua vez, apresenta muitos pontos de contato com a pesquisa pura, pois depende de suas descobertas e se enriquece com o seu desenvolvimento; todavia, tem como característica fundamental o interesse na aplicação, utilização e conseqüências práticas dos conhecimentos. Sua preocupação está menos voltada para o desenvolvimento de teorias de valor universal que para a aplicação imediata numa realidade circunstancial. De modo geral é este o tipo de pesquisa a que mais se dedicam os psicólogos, sociólogos, assistentes sociais e outros pesquisadores sociais.

As pesquisas podem ainda ser classifi cadas segundo diferentes categorias. Podemos, entretanto, distinguir três níveis de pesquisa descrição, classifi cação e explicação. A classifi cação mais adotada, na atualidade, classifi ca as pesquisas em três tipos: estudos exploratórios, estudos descritivos e estudos que verifi cam hipóteses causais.

• Pesquisas Exploratórias: Têm como principal fi nalidade desenvolver, esclarecer e modifi car conceitos e idéias, com vistas à formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa,

envolvem levantamento bibliográfi co e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso. Procedimentos de amostragem e técnicas quantitativas de coleta de dados não são costumeiramente aplicados nestas pesquisas. São desenvolvidas tais pesquisas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis.

• Pesquisas Descritivas: Têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classifi cados sob este título e uma de suas características mais signifi cativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde, etc. Pesquisas que se propõem estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, etc. Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identifi cação da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso, tem-se uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa.

• Pesquisas Explicativas: Têm como preocupação central identifi car os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Pode-se dizer que o conhecimento científi co está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. Isto não signifi ca, porém, que as pesquisas exploratórias e descritivas tenham menos valor, porque quase sempre constituem etapa prévia indispensável para que se possam obter explicações científi cas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra, descritiva, posto que a identifi cação dos fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja sufi cientemente descrito e detalhado. As pesquisas explicativas nas ciências naturais valem-se quase que exclusivamente do método experimental. Nas ciências sociais, em virtude das difi culdades já comentadas, recorre-se a outros métodos, sobretudo ao observacional. Nem sempre se torna possível a realização de pesquisas rigidamente explicativas em ciências sociais, mas em algumas áreas, sobretudo da Psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau de controle, chegando mesmo a ser designadas “quase-experimentais”.

Pesquisa Quantitativa

Adequada quando se deseja conhecer a extensão (estatisticamente falando) do objeto de estudo, do ponto de vista do público pesquisado. Aplica-se nos casos em que se busca identifi car o grau de conhecimento, as opiniões, impressões, seus hábitos, comportamentos, seja em relação a um produto, sua comunicação, serviço ou instituição. Ou seja, o método quantitativo oferece informações de natureza mais objetiva e aparente. Seus resultados podem refl etir as ocorrências do mercado como um todo ou de seus segmentos, de acordo com a amostra com a qual se trabalha.

O instrumento de coleta de dados mais utilizado é o questionário, que pode conter questões fechadas (alternativas pré-defi nidas) e/ou abertas (sem alternativas e com resposta livre).

Metodologia do Trabalho

Acadêmico

Técnicas Utilizadas na Pesquisa Quantitativa

A metodologia quantitativa, de modo geral, é a mais utilizada em pesquisa de mercado e opinião. Esta metodologia permite mensurar opiniões, reações, sensações, hábitos e atitudes, etc., de um universo (público-alvo) através de uma amostra que o represente de forma estatisticamente comprovada. As amostras podem ser aleatórias ou por cotas (estratos pré-defi nidos de sexo, idade, classe social, região, etc).

O método quantitativo orienta para a utilização de questionários estruturados predominantemente elaborados com questões fechadas (lista de respostas pré-codifi cadas).

Em toda pesquisa quantitativa, sem exceção, é necessário calcular a margem de erro para o grau de confi ança que se pretende, podendo, assim, tomar decisões com segurança.

A pesquisa quantitativa é realizada a partir de entrevistas individuais, apoiadas por um questionário convencional (impresso) ou eletrônico (computador ou Pocket PC).

As entrevistas são conduzidas por um entrevistador ou através de auto-preenchimento. Algumas técnicas de abordagem utilizadas são:

• Face a face: Entrevistas realizadas pessoalmente junto ao entrevistado. Estas entrevistas, dependendo do objetivo da pesquisa, podem ser realizadas no domicilio, no local de trabalho, em pontos de fl uxo (abordagem de indivíduos em trânsito) ou em local pré-defi nido, preparado para realização de entrevistas com indivíduos recrutados previamente.

• Por telefone: Entrevistas realizadas via telefone, assistenciadas por um questionário eletrônico formatado para receber as informações diretamente no sistema de processamento. Esta técnica garante um controle de qualidade ainda maior que as demais técnicas de abordagem, pois, além de permitir o acompanhamento simultâneo das entrevistas (através de escuta programada), é possível também realizar uma crítica eletrônica em tempo real, evitando inconsistências de aplicação do questionário. Outras vantagens asseguradas são o prazo e o custo, que normalmente tendem a ser menores.

• Pela Internet: Entrevistas realizadas junto a um público especifico que comprovadamente tenha acesso à internet. Esta técnica permite agilidade na fase de coleta e processamento de dados, além de garantir ao entrevistado total impessoalidade no registro das informações.

• Auto-Preenchimento: Até pouco tempo a única maneira utilizada era o questionário impresso, enviado para um grande número de pessoas (em virtude do baixo índice de retorno de questionários preenchidos) de um determinado segmento. Com os recursos tecnológicos, este método passou a ser realizado, também, através de palm e internet.

• Arrolamento: Esta técnica, na realidade, é um levantamento ou contagem de eventos, realizado através da observação e registro de informações de transeuntes, veículos ou equipamentos urbanos, seja de caráter público, empresarial ou domiciliar. Normalmente usa-se esta técnica quando queremos saber, por exemplo, qual o número diário de freqüentadores de um shopping center, ou qual o número de consumidoras que foram atraídas por uma promoção em um supermercado, ou quantos supermercados, farmácias, postos de gasolina, etc. existem em uma determinada região geográfi ca. O instrumento de coleta pode ser através de planilha

Na pesquisa quantitativa, a fi m de comprovar as hipóteses, os recursos de estatística nos dirão se os resultados obtidos são signifi cativos ou mero fruto do acaso.

A pesquisa qualitativa é baseada em rígidos critérios estatísticos, que servem de parâmetro para defi nição do universo a ser abordado pela pesquisa. Como o nome já diz, o método quantitativo é útil para o dimensionamento de mercados, levantamento de preferências por produtos e serviços de parcelas da população, opiniões sobre temas políticos, econômicos, sociais, dentre outros aspectos.

Os passos para o desenvolvimento e aplicação do método quantitativo têm início com a defi nição dos objetivos que o cliente pretende alcançar. Em seguida, faz-se o levantamento amostral do universo, ou seja, o número de entrevistas a serem realizadas; elaboração e aplicação de pré-teste para validação do questionário e, posteriormente, a pesquisa em campo; apuração, cruzamento e tabulação dos dados; e, por fi m, elaboração de relatórios para análise estratégica.

Pesquisa Qualitativa

A pesquisa qualitativa é uma designação que abriga correntes de pesquisa muito diferentes. Em síntese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrários ao modelo experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos experimentais. Os cientistas que partilham da abordagem qualitativa em pesquisa se opõem, em geral, ao pressuposto experimental que defende um padrão único de pesquisa para todas as ciências, calcado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes cientistas se recusam a admitir que as ciências humanas e sociais devam-se conduzir pelo paradigma das ciências da natureza e devam legitimar seus conhecimentos por processos quantifi cáveis que venham a se transformar, por técnicas de mensuração, em leis e explicações gerais.

Um segundo marco que separa a pesquisa qualitativa dos estudos experimentais está na forma como apreende e legitima os conhecimentos. A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um signifi cado. O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de signifi cados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações.

Aspectos da Pesquisa Qualitativa

A pesquisa qualitativa tem alguns aspectos característicos, tais como:

a) A delimitação e formulação do problema - o problema, na pesquisa qualitativa, não é uma defi nição apriorística, fruto de um distanciamento que o pesquisador se impõe para extrair as leis constantes que o explicam e cuja freqüência e regularidade pode-se comprovar pela observação direta e pela verifi cação experimental. O problema decorre, antes de tudo, de um processo indutivo que se vai defi nindo e se delimitando na exploração dos contextos ecológico e social, onde se realiza a pesquisa; da observação reiterada e participante do objeto pesquisado e dos contatos duradouros com informantes que conhecem esse objeto e emitem juízos sobre ele.

b) O pesquisador - é parte fundamental da pesquisa qualitativa. Ele deve, preliminarmente, despojar-se de preconceitos, predisposições para assumir uma atitude aberta a todas as manifestações que observa, sem adiantar explicações nem conduzir-se pelas aparências imediatas, a fi m de alcançar uma compreensão

Metodologia do Trabalho

Acadêmico

c) os pesquisados - na pesquisa qualitativa todas as pessoas que participam da pesquisa são reconhecidas como sujeitos que elaboram conhecimentos e produzem práticas adequadas para intervir nos problemas que identifi cam. Pressupõe-se, pois, que elas têm um conhecimento prático, de senso comum e representações relativamente elaboradas que formam uma concepção de vida e orientam as suas ações individuais;

d) os dados - os dados não são coisas isoladas, acontecimentos fi xos, captados em um instante de observação. Eles se dão em um contexto fl uente de relações: são “fenômenos” que não se restringem às percepções sensíveis e aparentes, mas se manifestam em uma complexidade de oposições, de revelações e de ocultamentos. Na pesquisa qualitativa todos os fenômenos são igualmente importantes e preciosos: a constância das manifestações e sua ocasionalidade, a freqüência e a interrupção, a fala e o silêncio.

Algumas pesquisas qualitativas não descartam a coleta de dados quantitativos, principalmente na etapa exploratória de campo ou nas etapas em que estes dados podem mostrar uma relação mais extensa entre fenômenos particulares.

Técnicas de Pesquisa Qualitativa

A pesquisa qualitativa privilegia algumas técnicas que coadjuvam a descoberta de fenômenos latentes, tais como a observação participante, ação e pesquisa-intervenção, história ou relatos de vida, análise de conteúdo, entrevista não-diretiva, estudo de caso etc., que reúnem um corpus qualitativo de informações que, segundo Habermas, se baseia na racionalidade comunicacional. Observando a vida cotidiana em seu contexto ecológico, ouvindo as narrativas, lembranças e biografi as e analisando documentos obtém-se um volume qualitativo de dados originais e relevantes, não fi ltrados por conceitos operacionais, nem por índices quantitativos.

A pesquisa qualitativa pressupõe que a utilização dessas técnicas não deve construir um modelo único e exclusivo. A pesquisa é uma criação que mobiliza a acuidade inventiva do pesquisador, sua habilidade artesanal e sua perspicácia para elaborar a metodologia adequada ao campo de pesquisa, aos problemas que ele enfrenta com as pessoas que participam da investigação. O pesquisador deverá, porém, expor e validar os meios e técnicas adotados, demonstrando a cientifi cidade dos dados colhidos e dos conhecimentos produzidos.

O projeto é uma das etapas componentes do processo de elaboração, execução e apresentação da pesquisa. Esta necessita ser planejada com extremo rigor, caso contrário o investigador, em determinada altura, encontrar-se-á perdido num emaranhado de dados colhidos, sem saber como dispor dos mesmos ou até desconhecendo seu signifi cado e importância.

Entretanto, antes de redigir um projeto de pesquisa, alguns passos devem ser dados. Em primeiro lugar, exigem-se estudos preliminares que permitirão verifi car o estado da questão que se pretende desenvolver sob o aspecto teórico e de outros estudos e pesquisas já elaborados. Tal esforço não será desperdiçado, pois qualquer tema de pesquisa necessita de adequada integração na teoria existente e a análise do material já disponível será incluída no projeto, sob o título de “revisão da bibliografi a”. A seguir, elabora-se um anteprojeto de pesquisa, cuja fi nalidade é a integração dos diferentes elementos em quadros teóricos e aspectos metodológicos adequados, permitindo também ampliar e especifi car os quesitos do projeto, a “defi nição dos termos”. Finalmente, prepara-se o projeto defi nitivo, mais detalhado e apreprepara-sentando rigor e precisão metodológicos.

No documento METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÊMICO (páginas 55-60)