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É melhor não fazer nada que

LISTA DE COLAGENS (POR PÁGINA)

1 - (págs. 20 e 21): Trechos do texto A desfazer-se, de Vera Mantero. A artista menciona palavras da escritora Marguerite Duras, que aparece na forma de uma penumbra, por meio de imagens que retomam Hiroshima mon amour, filme de Alain Resnais que é uma adaptação do livro de Marguerite Duras.

2 – (pág. 23): Divagações minhas se encontram com uma frase de Kazuo Ohno, presente no livro Treino e(m) poema. As palavras são acompanhadas por uma foto em P&B de William Klein, em que estão Kazuo Ohno, Tatsumi Hijikata and Yoshito Ohno (Tokyo, 1960).

3 – (pág. 33): Apresento algumas questões sobre o corpo câmera e a inscrição de um pensamento que vem dançando, acompanhadas de fotografia. Nela, danço com uma garota que acabei de conhecer numa das festas parceiras do Festival Panorama, no Rio de Janeiro - novembro de 2018. Os QR codes disponíveis abrem para janelas diferentes. Uma para o link da fotografia, publicada na plataforma Facebook, a outra para um vídeo que gravei no início de 2016 com algumas provocações para pensar o processo criativo em videodança.

4 – (pág. 43): Ilustração do processo de investigação em dança-cinema a partir das provocações de Thereza Rocha, em que se corrobora a ideia de um caderno de anotações. Constam imagens de meus processos criativos para o canal Aloka das Américas e um frame de Nadia Vadori-Gauthier dançando num rio para o projeto de videodança Une minute de danse par jour. Além disso, o QR code apresenta a música que estava ouvindo quando organizei a colagem. As diversas provocações metodológicas da pesquisa estão nesse caderno ilustrativo.

5 – (pág. 48): Dois frames de quando danço no Farol de Mandacaru, nos Lençóis Maranhenses. As imagens fazem parte da videodança antes que o farol feche, há uma janela, disponível no canal Aloka das Américas. Um dos QR codes (esquerda) redireciona para a página na plataforma Vimeo onde a videodança está hospedada. O outro (direita) apresenta o trabalho do piauiense Thiago E., xará cuja poesia utilizo na colagem para tensionar as imagens. 6 – (pág. 62) Dois stills de uma videodança filmada nos Lençóis Maranhenses, em julho de 2018, para o canal Aloka das Américas. Fotografias de Fil Pedroso. As imagens acompanham reflexão de Kazuo Ohno disponível em Treino e(m) poema.

7 – (pág. 64 e 65) Encabeçada por uma provocação de Tristan Tzara, em seu manifesto dadaísta, a colagem agrupa devaneios sexo-afetivos de uma noite insone, enquanto tentava dar continuidade a esta dissertação. As palavras escritas à mão dividem espaço com uma publicação na plataforma Instagram, em que danço para a câmera acompanhado de alguma música eletrônica mixada pelo DJ Calvin Harris. O QR code redireciona o leitor para o vídeo, que está dividido em quatro partes. A colagem também convida à interação, com um espaço em branco. 8 – (pág. 75 a 78) Mais uma transcrição cursiva de pensamento, acompanhada de frames da videodança Koquero!, disponível no canal Aloka das Américas. Transbordar a escrita digital e os instrumentos de legitimidade acadêmica do logos científico, especialmente quando o tema se constitui na experiência estética sudaca. Sem autorizações, a escrita analógica faz uma introdução indisciplinada ao anexo da entrevista feita por Dally Schwarz. As passagens em que falo sobre o projeto Aloka são expandidas com o intuito de reverberar o discurso de artista-pesquisador. 9 – (pág. 78) Vários frames de uma videodança filmada em São Luís manifestam a explosão de uma ideia sobre dança. Afinal, o que é apreensível da arte contemporânea? Qual sua exigência? Poderia se falar em algo do gênero? Sem respostas, deixo a musicalidade de Nirvana tomar o processo de escrita com Come as you are. O link do QR code redireciona para o clipe da banda.

10 – (pág. 79) Dois stills da videodança Koquero!, finalizada em 2016 para o canal Aloka das Américas. Nesse filme, danço com uma blusa que afirma: “Assistência de verdade não é caridade”. Ela foi adquirida na época em que fui estudante da Universidade de Brasília. As provocações do projeto Aloka se fundem com a citação de Alain Badiou em 15 teses sobre arte contemporânea. O fragmento do filósofo apenas reitera as provocações das colagens anteriores, ao afirmar que é melhor não fazer nada do que reiterar qualquer processo de dominação.

11 – (pág. 85) O borrão de sangue denota a dura realidade na América Latina, os assassinatos a todas as minorias e resistências políticas, as formas de violência que se materializam como boicote à experiência estética sudaca. 12 – (pág. 89) Stills da videodança luta # luto, a sequência demonstra a relação do corpo dançante com a experiência visual do trabalho de Thalita Andrade, chamado Luto. Fotografias: Georgianna Dantas.

13 – (pág. 92) Um jogo de citações de artistas que baseiam minhas articulações epistemológicas e práticas em dança-cinema. Maya Deren, no texto Amador versus Profissional, Glauber Rocha, em Eztetyka do Sonho, Luiz Rosemberg, em A-B-C do Exibidor, Vera Mantero, em A body made of bones (science) and blood (art) e Kazuo Ohno, a partir das transcrições de seus workshops no Japão, em Treino e(m) poema.

14 – (pág. 97) Montagem com fotografia e algumas provocações de Vera Mantero no espetáculo O limpo e o sujo. O QR code redireciona para a página onde as informações sobre o trabalho estão disponíveis, na página do coletivo português O rumo do fumo. As provocações falam de um corpo dançante em sua sujidade, propostas não-lineares de pensamento em dança contemporânea, ações que privilegiam o inconsciente e a experiência de não saber. 15 – (pág. 104) Conjunto de fotografias em que uso uma calcinha esquecida por uma amiga em meu apartamento, em Salvador. As imagens foram feitas em Campinas, São Paulo, e postadas na plataforma Instagram. Estão seguidas de um vídeo em que ponho o vestido branco sobre a calcinha preta. O QR code redireciona para a página. 16 – (pág. 117) Questões que emergem como crítica à separação entre obra e artista quando, por meio de um pensamento contemporâneo de dança, recusa-se a representação. Dançar seria tornar indissociável do corpo e, portanto, da vida do artista. Um estado de presença cujos vestígios permanecem em filme e memória. Apresento dois QR codes que redirecionam a fotografias em festas de techno em São Paulo. Numa delas sou eu quem dança. 17 – (pág. 126) Fragmentos de uma dança com o vestido branco e a calcinha preta. O conjunto de fotografias traz uma conexão com a colagem da página 104, quando estou só de calcinha e em seguida a escondo com o vestido. As imagens são frames de vídeos disponíveis na plataforma Instagram. O QR code redireciona para o link. 18 – (pág. 137) A partir de uma publicação do artista Davi Sabbag na plataforma Instagram, brinco com as imagens dos androides 17 e 18, do anime Dragon Ball Z. O QR code redireciona para o vídeo, em que ele e o também cantor Mateus Carillo, ambos da extinta Banda Uó, fazem lip sync da música Chandelier, da SIA.

19 – (pág. 147) As fotografias remetem à performance que fiz na festa Outside, em São Luís – MA, e o QR code disponível redireciona para um vídeo da festa Passatta, em São Paulo. Em ambas, toca a dj Carol Shcutzer (Cashu). Ela dança no vídeo disponível na página da Mamba Negra, coletivo que organiza festas do cenário techno. 20 – (pág. 151) As imagens das subcelebridades estão acompanhadas de frases, palavras e falas que surgem nos vídeos de dança. Os QR codes redirecionam para os vídeos na plataforma Facebook.

21 – (pág. 154) Montagem com frames e frase do vídeo de Jay Versace. O QR code redireciona para o Instagram. 22 – (pág. 172) Na imagem de Nadia Vadori sendo abordada pela polícia em frente a Torre Eiffel, está um diálogo entre ela e um internauta anônimo que comentou sobre o vídeo na plataforma Vimeo. Além disso, é possível ler ao

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lado a legenda que a artista usou para identificar o vídeo. As múltiplas cores na Torre homenageavam as vítimas fatais do ataque homofóbico que aconteceu em Orlando, Flórida.

23 – (pág. 177) Nas provocações de minha página do Facebook trago um pensamento que tem a dança como vírus, as imagens anexas aproximam Maya Deren e minhas intervenções performativas em festas. O QR code redireciona para um vídeo que compila 902 fotografias das videodanças de Nadia Vadori. Somos todos corpos virais.

A verdade é o que conta. O novo cineasta é filho de seu tempo: ele já teve o bastante da pré-fabricação, da falsa inteligência. Mesmo os erros, os planos fora de foco, os planos tremidos, os passos inseguros, os movimentos hesitantes, os pedaços superexpostos ou subexpostos fazem parte do vocabulário. As portas para a espontaneidade se abrem; o ar viciado do profissionalismo rançoso e respeitável escapa. O que a velha geração esperta crê importante, o novo artista acha sem importância, pretensioso, entediante e, além do mais, imoral. Ele encontra mais vida e “importância” nos pequenos e insignificantes detalhes secundários. O insignificante, o efêmero, o espontâneo são as passagens que revelam a vida e que possuem todo o entusiasmo e a beleza. Estou cansado dos esnobes e dos pretensiosos que acusam os novos cineastas de câmeras trêmulas e de pobreza técnica, da mesma maneira em que acusam o compositor moderno, o escultor moderno, o pintor moderno de negligência e pobreza técnica. Tenho pena de tais críticos. Eles vivem no passado. Eles perdem o ritmo, o espírito, a essência da época em que vivem – tempos de mudança. Tudo bem gostar de antiguidades. Mas suas antiguidades são falsas, como falsos Vermeer. E não estou mesmo interessado em lhes explicar isto por mais tempo. São incorrigíveis. No entanto, irei passar meu tempo anunciando o novo. Maiakovski disse um dia que há uma zona na mente humana que pode ser alcançada apenas através da poesia, e só através daquela poesia que está constantemente acordada, mudando. Poderíamos dizer ainda que há uma zona na mente humana que pode ser alcançada através do cinema, daquele que está sempre acordado, sempre mudando. Apenas o cinema que está sempre acordado, sempre mudando, pode revelar, descrever, nos conscientizar, dar pistas do que somos ou do que não somos, do que amamos e do que precisamos, ou revelar a verdadeira beleza; apenas este cinema possui as palavras apropriadas para isso. Jonas Mekas, A linguagem mutante do cinema, 25 de janeiro de 1962.