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Escola de Administração Fazendária – Esaf

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Simples Paulista, 117

Tabela 2. Alíquotas do Simples Nacional no Paraná, 128 Tabela 3. Alíquotas do Simples Nacional no Rio de Janeiro, 130 Tabela 4. ICMS Simples Nacional versus ICMS total, 134 Tabela 5. Atividades do ICMS no Simples Nacional, 136

Tabela 6. Participação % da base de cálculo no valor contábil das saídas, 138 Tabela 7. Exemplo de cálculo 1, 154

Tabela 8. Exemplo de cálculo 2, 155 Tabela 9. Resumo dos exemplos, 155

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

NÚCLEO

1

1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 (CF/1988), em seu conteúdo, preconiza a valo- rização das micro e pequenas empresas por meio de tratamento jurídico diferenciado que incentiva a simplificação de obrigações administrativas, tributárias, previdenciá- rias e creditícias. Esse tratamento teve como mecanismo propulsor a Emenda Constitu- cional (EC) n. 42, de 2003, que alterou o art. 146 da Constituição Federal, elucidando com mais detalhes a implementação do tratamento jurídico tributário diferenciado, simplificado e favorecido aplicável às microempresas e às empresas de pequeno porte (Simples Nacional). É o que segue:

Art. 146. Cabe à lei complementar: [...]

III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: [...]

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.

Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:

I – será opcional para o contribuinte;

II – poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III – o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;

IV – a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.

Ato contínuo, o regime de tributação denominado Simples Nacional foi efetiva- mente implementado com a publicação da Lei Complementar (LC) n. 123, de dezem- bro de 2006. Na referida lei, muitas são as vantagens para as empresas que optam por esse regime, pois são estabelecidas normas gerais relativas ao tratamento tributário

diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias.

Esse novo regime unifica alguns dos tributos federais, o imposto municipal (ISS) e o imposto estadual que incide sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comuni- cações – ICMS – em recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação. Muitos são os benefícios para aqueles que optam pelo Simples Nacional, com carga tributária reduzida, simplicidade no âmbito da legislação tributária, previden- ciária e trabalhista, simplificação no pagamento de diversos tributos abrangidos pelo sistema, mediante uma única guia, possibilidade de tributar as receitas à medida do recebimento dos valores das vendas (regime de caixa), entre outros.

O foco deste trabalho está voltado, como se perceberá adiante, para o ICMS e as consequências da implementação do Simples Nacional nos estados.

Ocorre que a inclusão do ICMS (antigo) no Simples Nacional (novo), na forma como realizada, traz a lume uma série de questões que merecem estudo aprofundado, ou seja, da interação do antigo com o novo, como costuma acontecer, surgem várias novas situações, muitas das quais imperceptíveis em um primeiro momento.

Nessa perspectiva, podemos destacar a seguinte situação (pano de fundo desta abordagem): uma das hipóteses de incidência do ICMS é a realização de operações de circulação de mercadorias, comumente configurada pela saída (a qualquer título) de mercadoria de estabelecimento de contribuinte (arts. 2o e 12 da LC n. 87/1996). As mi-

croempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional somente estão sujeitas à tributação do ICMS por este regime se, e somente se, auferirem receita bruta nas operações que realizarem (consubstanciada pela venda de mercadorias – § 3o do art. 18 da LC n. 123/2006).

Em outras palavras: o ICMS incide, nas operações de circulação de mercadorias, no momento da saída (por meio de uma venda, doação, transferência, etc.). Ocorre que, especificamente em relação às microempresas e às empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional, a incidência do ICMS somente se dá na venda propria- mente dita de mercadoria.

É de se questionar: houve restrição da hipótese de incidência do ICMS no âmbito do Simples Nacional?

Outro ponto relevante é o tema afeto aos benefícios fiscais no âmbito do ICMS, notadamente em razão da nova regra de concessão de benefícios fiscais no âmbito do Simples Nacional.

Também merece destaque a temática relacionada à substituição tributária do ICMS aplicada nos termos do Simples Nacional, especialmente diante das novas regras impostas pela LC n. 147/2014.

Por último, o ponto nuclear deste estudo: a análise dos efeitos da implantação do Simples Nacional na arrecadação estadual, mormente a existência dos três aspectos anteriormente descritos (alteração da hipótese de incidência do ICMS, concessão de benefícios fiscais e novas regras de substituição tributária).

Assim, este estudo tem por objetivo geral analisar os impactos da implementação do Simples Nacional nas arrecadações estaduais, pontuando aspectos constitucionais e legais do imposto, com a finalidade de verificar se houve restrição da regra-matriz (elemento material) do imposto quando observado sob a ótica do Simples Nacional.

Além disso, tem por objetivos específicos: a) descrever a hipótese de incidên- cia do ICMS, contrapondo-a à sistemática do Simples Nacional; b) analisar, sob os aspectos jurídicos e práticos, se o ICMS inserido na sistemática do Simples Nacional é o mesmo imposto previsto no art. 155, II, da Constituição Federal de 1988 e na LC n. 87/1996; c) entender as regras de concessão de benefícios fiscais do ICMS no âm- bito do Simples Nacional; d) trazer evidências acerca do impacto na arrecadação dos estados com a implementação do Simples Nacional; e) discorrer sobre a substituição tributária do ICMS no âmbito do Simples Nacional.