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Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Com- plementar:

Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais relativas ao Imposto sobre a Transmis- são Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos – ITCMD, previsto no art. 155, inciso I, da Constituição Federal.

CAPÍTULO I DA COMPÊTENCIA

Art. 2o Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto, observado o seguinte:

I – relativamente a bem imóvel e respectivos direitos, na transmissão de proprie- dade ou domínio útil, o imposto compete ao Estado ou ao Distrito Federal da situação do bem, ainda que:

a) o processo de inventário, de arrolamento, de divórcio ou de dissolução de união estável seja processado em outro Estado ou no Distrito Federal ou no exterior;

b) a escritura pública de partilha amigável de bens seja lavrada em outro Estado ou no Distrito Federal;

c) o doador, o donatário, o cedente ou o cessionário não tenha domicílio ou residência naquele Estado ou no Distrito Federal;

II – relativamente a bens móveis, títulos, créditos e direitos em geral, compete ao Estado ou Distrito Federal:

a) na hipótese de transmissões causa mortis, onde:

* Este projeto de lei foi elaborado pelo GT 51 no âmbito da Cotepe/Confaz e ainda não foi apresentado ao Congresso. Seu número deverá ser dado por umas das Casas do Congresso.

1. tramitar o processo judicial de inventário ou arrolamento;

2. tenha sido o último domicílio do autor da herança, no caso de escritura pública; b) na hipótese de transmissões por doação, onde tenha domicílio o doador.

Art. 3o Tratando-se de bens móveis, títulos, créditos e imóveis, bem como de di- reitos a eles relativos, localizados fora do território brasileiro, é competente para exigir o imposto o Estado ou o Distrito Federal onde tiver domicílio o donatário, o herdeiro ou o legatário residente no País, nas hipóteses em que:

I – o doador resida ou tenha domicílio no exterior;

II – o de cujus era residente ou domiciliado ou teve seu inventário processado fora do País.

Art. 4o Na hipótese de excedentes de meação ou de quinhão em que o valor total do patrimônio atribuído ao donatário for composto de bens e direitos suscetíveis à tributação por mais de uma unidade da Federação, o imposto compete:

I – relativamente a bem imóvel e respectivos direitos, ao Estado ou ao Distrito Federal da situação do bem, na proporção do valor desses em relação ao valor total do patrimônio atribuído ao donatário;

II – relativamente a bem móvel, títulos e créditos, ao Estado ou ao Distrito Fede- ral em que tiver domicílio o doador, na proporção do valor total desses em relação ao valor total do patrimônio atribuído ao donatário.

CAPÍTULO II DA INCIDÊNCIA

Art. 5o O imposto incide sobre a transmissão de qualquer bem ou direito havido: I – por sucessão legítima ou testamentária, inclusive na sucessão provisória; II – por doação.

§ 1o Nas transmissões referidas neste artigo, ocorrem tantos fatos geradores

distintos quantos sejam os herdeiros, legatários, donatários, usufrutuários e demais beneficiários, ainda que o bem ou direito seja indivisível.

§ 3o Doação é o ato pelo qual uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu

patrimônio bens ou direitos para o de outra, que os aceita, expressa, tácita ou presu- midamente, com ou sem encargo.

§ 4o Está compreendida na incidência do imposto a transmissão de bens e di-

reitos que, na divisão de patrimônio comum, na partilha ou na adjudicação, forem atribuídos a um dos cônjuges, a um dos companheiros, ou a qualquer herdeiro, acima do valor da meação ou do respectivo quinhão.

§ 5o Considera-se nova doação a retratação do contrato que já houver sido la-

vrado e transcrito.

§ 6o Considera-se também como doação a renúncia, a cessão não onerosa, a

desistência de herança com determinação do beneficiário, e o ato de que resulte exce- dente de meação ou de quinhão.

Art. 6o Sujeita-se ao imposto a transmissão causa mortis e por doação de: I – bem imóvel e direitos a ele relativos;

II – bem móvel, mesmo que representado por título, crédito, certificado ou re- gistro, inclusive:

a) semovente, joia, obra de arte e mercadoria;

b) qualquer título ou direito representativo do patrimônio ou capital de socie- dade e companhia, tais como ação, quota, quinhão, participação civil ou comercial, nacional ou estrangeira, direito societário, debênture e dividendo;

c) dinheiro, em moeda nacional ou estrangeira, depósito bancário, em conta corrente, em caderneta de poupança e a prazo fixo, quota ou participação em fundo mútuo de ações, de renda fixa, de curto prazo, e qualquer outra aplicação financeira e de risco, seja qual for o prazo e a forma de garantia;

d) bem incorpóreo em geral, direitos autorais e qualquer direito ou ação que deva ser exercido.

§ 1o Sujeitam-se ao imposto, também, a instituição de quaisquer direitos reais,

exceto os de garantia.

§ 2o Na hipótese de transmissão de participação societária cujo capital social

relativos menos de cinco anos antes da morte ou da doação, para efeito de tributação, considerar-se-á transmitido cada imóvel ou direito a ele relativo.

CAPÍTULO III DA NÃO INCIDÊNCIA

Art. 7o O imposto não incide sobre a transmissão causa mortis ou por doação: I – em que figurem como adquirentes:

a) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

b) autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; c) partido político, inclusive suas fundações;

d) templo de qualquer culto;

e) entidade sindical de trabalhadores, instituição de educação e de assistência social, sem fins lucrativos;

II – de livro, jornal, periódico e de papel destinado a sua impressão. § 1o O imposto não incide também:

I – sobre a transmissão em que o herdeiro ou legatário renuncie à herança ou legado, quando feita sem ressalva ou condição, em benefício do monte, configurando renúncia pura e simples e que não tenha o renunciante praticado qualquer ato que demonstre aceitação da herança ou legado;

II – no recebimento de capital estipulado de seguro de vida ou pecúlio por morte; III – na extinção de usufruto ou de qualquer outro direito real que resulte na consolidação da propriedade plena;

IV – sobre o fruto e rendimento do bem do espólio havidos após o falecimento do autor da herança ou legado.

§ 2o As hipóteses de não incidência previstas para as entidades mencionadas nas

alíneas “b” e “d” do inciso I do caput aplicam-se às transmissões de bens ou direitos vinculados às suas finalidades essenciais.

I – na hipótese da alínea “b” do inciso I do caput, além das finalidades essen- ciais, a não incidência alcança também as transmissões de bens ou direitos vinculados a outras delas decorrentes.

§ 3o A não incidência de que tratam as alíneas “c” e “e” do inciso I do caput:

I – compreende somente bens ou direitos relacionados às finalidades essenciais das entidades ali mencionadas;

II – condiciona-se à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nelas referidas:

a) não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de sua renda, a qual- quer título;

b) aplicar integralmente, no país, os seus recursos na manutenção dos seus ob- jetivos institucionais;

c) manter escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de for- malidades capazes de assegurar sua exatidão.

§ 4o O disposto neste artigo não dispensa a prática de atos assecuratórios do

cumprimento das obrigações acessórias previstas na legislação tributária.

§ 5o A não incidência a que se refere a alínea “e” do inciso I do caput aplica-se

à instituição de educação ou de assistência social, sem fins lucrativos, que preste os serviços para os quais foi instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado.

§ 6o Para os efeitos de aplicação da não incidência a que se refere a alínea “e”

do inciso I do caput, as entidades e as organizações de assistência social deverão estar registradas no órgão competente e ser detentoras do respectivo certificado.

CAPÍTULO IV